MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

considerada profissional, que faz com que o ator administre os aspectos que
envolvem seu trabalho como se fossem produtos.
3.1.8- Diversidade como desafio: o teatro bom para o outro
Quando você percebe que uma pessoa tem muito complexo,
muita insegurança, é muito pessimista,
muito destrutiva, muito auto-destrutiva,
você tem que dar exercícios para ela se valorizar, para se elevar.
(Myrian Muniz)
Quando ministrava seus cursos, Myrian Muniz recebia não só os
candidatos a ator, mas pessoas que tinham outras profissões e buscavam o teatro
pelas mais diversas razões:
Eu trabalho assim, aceito qualquer pessoa. Eu diversifico mesmo os
grupos iniciantes. É dentista misturado com psicólogo, misturado com
dona de casa. Quem quer saber como é o teatro, quem tem curiosidade,
eu aceito! Naturalmente, depois eu seleciono pra poder dar aula
especificamente pro ator! Mas eu dou aula de teatro pra qualquer
pessoa. (JANUZELLI e JARDIM, 1999/2000)
Essa diversidade de alunos-atores, que em um primeiro momento poderia
representar uma dificuldade, acabava se transformando em um desafio para
Myrian, pois ela sabia identificar as necessidades de cada um e buscava
desenvolver um trabalho específico. Porém esse trabalho não se realizava em um
curto prazo:
Quando eu percebo que o aluno tem uma dificuldade, que é naquele
ponto que ele “emperra”, aí eu adoro! Fico pensando como é que eu vou
solucionar aquele problema. E aí eu dou milhares de exercícios, insisto,
insisto até ele superar! Eu fico muito contente e ele também,
naturalmente! O teatro é mágico por causa disso, você acaba se
transformando mesmo. É milagroso! É alquimia pura! E para trabalhar
alquimia demora séculos, precisa ter uma paciência. Gosto de gente que
acredita que é processo, vai e sabe que demora. Dizem até que eu
desanimo as pessoas quando falo que precisam ser dez anos, no
mínimo, para começar a entender alguma coisa! Aí você pode começar a
112