MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp
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Myrian afirmava que a energia liberada durante a atividade sexual era<br />
importante para proporcionar o relaxamento necessário para o trabalho no palco.<br />
Gisele Sater relata o que ela disse, com relação a esse assunto, a um grupo que<br />
dirigia:<br />
Todo mundo nervoso, histérico e ela se impressionava com aquilo porque<br />
era muito difícil trabalhar o pessoal naquele estado. Sabe o que ela<br />
disse? _ “Eu aconselho vocês a se masturbarem antes de virem para a<br />
aula. Assim vocês se acalmam.” Todo mundo riu nervoso mas ela<br />
continuou: “Estou falando sério!” (IDEM, p. 233)<br />
Ela tinha um extremo despudor de abordar esse tema em suas aulas-<br />
ensaios e, utilizando uma maneira irreverente de tratar o assunto, propiciava uma<br />
real compreensão dos alunos-atores sobre a importância dessa experiência. Ela<br />
afirmava que a energia liberada pela atividade sexual permitia ao ator travar<br />
contato com aquilo que Grotowski chamou de “estratos de espontaneidade” 21 .<br />
3.1.6- O teatro é alquímico<br />
Quando estou trabalhando me sinto uma intermediária,<br />
entre uma coisa impalpável que certamente existe<br />
e a minha pessoa-artista.<br />
Myrian Muniz<br />
Segundo Antonin Artaud, existe uma semelhança essencial entre teatro e<br />
alquimia. A matéria produzida pelo primeiro, de natureza espiritual e imaginária, é<br />
de eficácia semelhante ao processo de produção de ouro, preconizado pela<br />
segunda.<br />
Enquanto a alquimia, através de seus símbolos, é como um Duplo<br />
espiritual de uma operação que só tem eficácia no plano da matéria real,<br />
também o teatro deve ser considerado como o Duplo não dessa<br />
realidade cotidiana e direta da qual ele aos poucos se reduziu a ser<br />
apenas uma cópia inerte, tão inútil quanto edulcorada, mas uma outra<br />
21 [...] a eliminação dos obstáculos que o organismo coloca à fluida realização dos impulsos interiores.<br />
(GROTOWSKI, 2007, p. 88)<br />
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