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MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

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de orgone. Segundo ele, o orgone é a energia que move o motor da vida.<br />

O ponto alto da descoberta de Reich nesse campo foi localizar no<br />

orgasmo sexual o instrumento natural e espontâneo da nossa natureza<br />

fisiológica para corrigir a má distribuição energética, graças à dissolução<br />

súbita e provisória do ego da pessoa e a um “curto-circuito” energético<br />

que rompe todas as barreiras neuromusculares de suas couraças. Para<br />

Reich, portanto, o orgone é a energia que deve fluir livremente em nosso<br />

corpo ... e que o orgasmo sexual tem o poder de mobilizar e libertar.<br />

(FREIRE, in Tesão pela vida, p. 35)<br />

Myrian acreditava que essa energia essencial era fundamental para o<br />

trabalho do ator, pois seria capaz de liberar a espontaneidade e a criatividade,<br />

através da quebra das couraças musculares. Para ela “o sexo é uma experiência<br />

tão essencial no ser humano-ator quanto o ato teatral [...]” (VARGAS, 1998, p. 19)<br />

Sobre esse assunto, Cristina Pereira comentou:, “Myrian dizia que um ator<br />

tem que representar por todos os seus buracos e que não é possível representar<br />

com o cu preso”. (VARGAS, 1998, p. 214) Paulo Betti também ressaltou que as<br />

propostas de Myrian, em sala de ensaio, buscavam resgatar essa energia: “Todos<br />

os exercícios terminavam em orgasmo coletivo. Me lembro muito que os<br />

laboratórios acabavam com todo mundo embolado, simulando prazer sexual.”<br />

(IDEM, p. 207) Lília Cabral, relembrando a época em que foi aluna de Myrian na<br />

EAD, relatou:<br />

Me lembro bem das aulas dela, da maluquice dela, do humor dela e de<br />

como para ela tudo era sexo. Ela me dizia que, quando entrasse em<br />

algum lugar, tinha que entrar com a vagina. Então eu entrava na escola<br />

sempre assim, com a perna aberta e com uma cara de quem sabe aonde<br />

vai. (RIBEIRO, 2007, p. 23)<br />

Ela utilizava várias estratégias para resgatar, nos alunos-atores, a energia<br />

já experimentada no orgasmo, em exercícios que promoviam uma proximidade<br />

física, tais como o exercício de tato, segundo relato de Cristina Pereira:<br />

Eu me lembro dos exercícios de conhecimento através do tato. A Myrian<br />

mexia muito com o lado sexual. Sexo como fonte de energia. Costumava<br />

dizer que o ator estava preso ao cosmos, às forças da terra, por um rabo<br />

enorme que era dionisíaco... Despertava uma certa excitação e a<br />

excitação era criativa. (VARGAS, 1998, p. 214)<br />

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