MYRIAN MUNIZ: UMA PEDAGOGA DO TEATRO - Unesp

sentido. Exigia de você uma entrega e um desnudamento difícil para a
gente, ainda cheia de pudores. (IDEM, p. 201)
Uma das práticas propostas por Myrian, que lidavam com esse aspecto
libertador, era a aula de palavrão:
A gente percebe que eles têm medo de tudo, medo de se expor, medo
do ridículo, medo de ser muito ignorante, de falar besteira. Aí eu
aproveito e dou uma aula só de falar besteira, palavrão, besteira e
palavrão. A aula de palavrão é maravilhosa! (JANUZELLI e JARDIM,
1999/2000)
Ao ultrapassar limites nos deparamos com o desconhecido, com o
absolutamente novo. Essa proposta exige do aluno-ator um máximo
desprendimento, ao mesmo tempo em que solicita uma atenção redobrada aos
sentimentos e sensações, o que o leva a uma intimidade consigo próprio. Quanto
mais ficamos atentos a isso, mais conseguiremos sair de nós mesmos para
estabelecermos novos limites. E um novo processo criativo nos coloca frente a
frente com esses limites recém estabelecidos e então se inicia uma nova busca do
ator em direção ao “ainda desconhecido”, abandonando aquilo que era familiar. E
o desafio do ir além do que já se sabe se estabelece de novo e esse processo de
redescoberta e reconstrução recomeça.
3.1.5- Sexo é essencial para o ator
Existem muitos exercícios que mexem o quadril
e o quadril é uma coisa travadíssima,
parece que tem dois pregos.
Myrian Muniz
As experiências que Myrian viveu ao lado de Roberto Freire trouxeram para
a sua atuação pedagógica os seguintes princípios, descritos pelo terapeuta:
Reich chegou à conclusão, em observações clínicas, de que durante o
ato sexual os indivíduos liberam uma forma de energia que ele chamou
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