Aristeu Elisandro Machado Lopes - Universidade Estadual de ...
Aristeu Elisandro Machado Lopes - Universidade Estadual de ...
Aristeu Elisandro Machado Lopes - Universidade Estadual de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
política marcada pela <strong>de</strong>fesa da República, mas se candidatou e foi eleito como liberal<br />
(HOLANDA, 2005, p.299-302).<br />
III Encontro Nacional <strong>de</strong> Estudos da Imagem<br />
03 a 06 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2011 - Londrina - PR<br />
Uma das ilustrações veiculadas no periódico que faz essa associação apresentava duas<br />
alegorias femininas da República simbolizando os jornais República e Reforma 4 . (Figura 1)<br />
Na imagem as duas alegorias foram transformadas em duas comadres. Ambas<br />
possuem traços semelhantes e acentuados: corpo avantajado, seios e mãos agigantadas; a<br />
República ostenta seu barrete frigio e possui uma expressão mais caricata, seu sorriso largo<br />
entrega seu caráter zombeteiro (parece que está gargalhando), pois ela parece se divertir com<br />
o conteúdo que será publicado na folha. Sua “comadre” Reforma tem uma expressão mais<br />
séria, ela está concentrada no <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> seu trabalho em misturar “veneno” com<br />
“petróleo”. Petróleo nesse sentido po<strong>de</strong> ser entendido como algo falso ou ainda fantasioso o<br />
que caracterizaria, na visão do caricaturista, as notícias veiculadas pelo jornal. A palavra<br />
petróleo aplicada na i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> algo como falso, por exemplo as notícias da Reforma, na<br />
visão da Semana, po<strong>de</strong> ter surgido no século XIX <strong>de</strong>vido às várias tentativas frustradas <strong>de</strong><br />
encontrar o produto no território brasileiro, expectativa que <strong>de</strong>ve ter gerado várias notícias<br />
falsas. As primeiras tentativas ocorreram em 1858 em territórios do estado da Bahia, contudo<br />
foi somente no final dos anos 1930 que a produção petrolífera iniciou em terras brasileiras 5 .<br />
A caricatura é uma forma artística que emprega o humor para apresentar uma<br />
<strong>de</strong>turpação <strong>de</strong> uma pessoa, acentuando seus traços físicos que po<strong>de</strong>riam passar <strong>de</strong>spercebidos<br />
resultando em algo exagerado (BELUZZO, 1992) (FONSECA, 1999). A ilustração é consi<strong>de</strong>rada<br />
uma caricatura, no entanto, ela não trata <strong>de</strong> uma pessoa, as duas comadres são caricaturas <strong>de</strong><br />
duas alegorias femininas que representavam os jornais República e Reforma ou ainda po<strong>de</strong>m<br />
ser vistas como uma caricatura dos i<strong>de</strong>ais que eram <strong>de</strong>fendidos pelos simpatizantes das folhas;<br />
o que foi tomado <strong>de</strong> maneira mais acentuada no caso da República. A legenda da ilustração<br />
narrava a ação que se passava: “As duas comadres República e Reforma preparando as suas<br />
armas para um conflito, uma guerra, um bombar<strong>de</strong>amento, e Deus sabe o que mais, dando<br />
graças à Providência por ter fornecido este pano para mangas que enche diariamente algumas<br />
colunas”.<br />
A legenda <strong>de</strong>ixava clara a posição crítica adotada pela Semana em relação aos dois<br />
órgãos políticos. A palavra comadre certamente foi empregada como sinônima <strong>de</strong> alcoviteira<br />
já que no ponto <strong>de</strong> vista do periódico os assuntos abordados pelos jornais eram boatos ou<br />
notícias aumentadas, petróleos. A mesma atitu<strong>de</strong> foi verificada num artigo chamado “Notícias<br />
falsas” no qual o articulista criticava alguns jornais da Corte por publicarem noticiários falsos.<br />
417