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O terceiro travesseiro - M. A. Q. Cavalcante - Cia. Atelie das Artes

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Renato: Tchau, Marcus. (olha para o rosto de Marcus e sai pelo lado esquerdo. Marcus vai atrás<br />

mas não fala nada e fica sozinho na sala. As luzes diminuem de resistência. Blecaute. Luzes<br />

normais. Marcus chorando no sofá, entra Giorgio pelo lado direito).<br />

Giorgio: Marcus?<br />

Marcus: Pai!<br />

Giorgio: Eu gostaria de falar com você, filho! Tudo bem?<br />

Marcus: Tudo bem, pai. Que horas são agora?<br />

Giorgio: Oito horas.<br />

Marcus: Obrigado pai.<br />

Giorgio: (se senta ao lado da Marcus e vê o rosto) O que foi isso no seu rosto, Marcus? Está<br />

inchado!<br />

Marcus: Não é nada, pai. Depois a gente fala.<br />

Giorgio: As coisas não devem Ter acontecido do jeito que você queria, certo?<br />

Marcus: Deu tudo errado, pai. Mas acho que amanhã tudo se resolverá. Tenho que acreditar nisso.<br />

Giorgio: Você não acha importante falarmos sobre o que está acontecendo?<br />

Marcus: Acho, pai.<br />

Giorgio: Sabe como é filho, depois do que aconteceu entre você e a Beatriz, sua mãe e eu achamos<br />

que talvez você precise de orientação. (Marcus dá um sorriso) Eu estou falando sério, Marcus. Não<br />

sei exatamente sua mãe e eu erramos, mas de alguma forma nós não demos a educação correta para<br />

você. Num ponto qualquer você ficou psicologicamente preso dentro de um mundo pequeno e<br />

errado, que acabou fazendo com que pensamentos estranhos fossem considerados por você como<br />

normais. A prova dessa limitação é que, na primeira oportunidade que surgiu à sua frente, você<br />

acabou fazendo sexo com uma garota. E não venha me dizer que não gostou. Você até a trouxe para<br />

dentro de casa. Estou mentindo?<br />

Marcus: O senhor não está mentindo. Eu gostei de transar com a Beatriz, mas…<br />

Giorgio: Eu sabia que estava certo! Ainda não acabei, filho! Você e a Beatriz poderiam viajar. Que<br />

tal conhecer a Europa, Marcus?<br />

Marcus: Pai, não é por aí.<br />

Giorgio: Marcus, se vocês preferirem, viajem para outro lugar. Estados Unidos, Canadá, sei lá,<br />

você escolhe.<br />

Marcus: Pai! O senhor sabe que não é disso que estou falando.<br />

Giorgio: Marcus, me escute! Não foi bom fazer sexo com uma mulher?<br />

Marcus: Foi, pai, mas…<br />

Giorgio: Então, filho! Só lhe falta orientação.<br />

Marcus: Pai! Na verdade eu sou bissexual.<br />

Giorgio: Você não sabe!<br />

Marcus: Como não sei, pai?<br />

Giorgio: Marcus! No dia da confusão, você me disse que era homossexual. Agora você me diz que<br />

é bissexual? (Marcus faz cara de que o pai tem razão) Marcus! Fazer a coisa certa é uma questão de<br />

costume, de hábito, filho! De hábito! Filho, eu só peço uma coisa. Vamos procurar um psicólogo!<br />

Sua mãe conhece um muito bom que, com certeza, poderá nos ajudar.<br />

Marcus: Pai, acho que perderíamos tempo falando com alguém assim.<br />

Giorgio: Mas, filho, toda tentativa é válida. Dê essa chance a você mesmo!<br />

Marcus: Pai, a minha realidade é outra.<br />

Giorgio: Vamos tentar, Marcus! É importante!<br />

Marcus: Tudo bem, pai. Eu aceito ir a um psicólogo, mas tem uma condição.<br />

Giorgio: Pode pedir qualquer coisa, filho. Eu aceito!<br />

Marcus: Calma, pai. Não é tão fácil assim.<br />

Giorgio: Seja o que for, eu aceito. Peça, filho!<br />

Marcus: Eu gostaria que o senhor conhecesse um pouco mais do meu mundo. Esta é a minha<br />

condição, pai.<br />

Giorgio: Vamos em frente!

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