O terceiro travesseiro - M. A. Q. Cavalcante - Cia. Atelie das Artes

Marcus: A Beatriz veio se despedir da gente. Amanhã ela estará voltando para São Paulo. (Renato
não fala nada) Aonde você foi, Renato?
Renato: Fui comprar uma garrafa de tequila. Lembra-se do último acampamento?
Marcus: Lógico que eu me lembro. Mas e o limão e o sal?
Renato: O Ronaldo já me arrumou.
Marcus: (vendo Beatriz sendo deslocada) Você já tomou tequila com limão e sal?
Beatriz: Não, Marcus. É gostoso?
Marcus: Demais, Beatriz! E você não vai embora sem saber o gosto que tem.
(Blecaute. No escuro, ouve se risadas e gargalhadas altas. Um foco de luz aparece em cima da
cena de varanda, aumentando a resistência)
Renato: Eu vou buscar mais cervejas para nós. Beatriz, você me acompanha?
Beatriz: Claro, Renato. (Renato e Beatriz vão para as camas. Marcus continua na varanda).
(Pausa longa, Marcus fica ansioso pela demora dos dois. Vai até as camas que é iluminada por
outro foco por cima. Marcus vê Renato sendo beijado pela Beatriz com muita paixão)
Renato: (Vendo Marcus presente, sério, fala) Eu estava esperando você, Marcus.
(Marcus fica perplexo. Vai até Beatriz e a abraça por trás. Beatriz continua beijando Renato.
Marcus começa a se envolver com Beatriz. Um beija o outro, Marcus beija Beatriz e Renato,
Beatriz beija os dois rapazes e Renato beija Beatriz e Marcus. Começam a se despir, começando
uma cena sensual na cama. O foco de luz vai diminuindo de resistência. Blecaute. Pausa longa.
Luzes normais. Beatriz na varanda. Marcus e Renato, deitados juntos na cama. Marcus acorda).
Marcus: (levantando, vai até a varanda) Bom dia, Beatriz.
Beatriz: Bom dia, gatinho. (beija Marcus na boca) Ontem você quase me matou, Marcus.
Marcus: De tesão?
Beatriz: Também, mas eu estou falando de dor. O seu é muito grande e, além de tudo é grosso.
Marcus: (se senta orgulhoso) Não é tão grosso assim.
Beatriz: Posso perguntar uma coisa pessoal, Marcus?
Marcus: Pode.
Beatriz: Tem certeza?
Marcus: Claro que tenho, pode perguntar, Beatriz.
Beatriz: Entre vocês, você é o homem? (Marcus fica envergonhado) Você disse que eu podia
perguntar, Marcus. Se você quiser, não precisa responder.
Marcus: Entre mim e o Renato não existe essa divisão de homem e mulher. Por que você
perguntou isso?
Beatriz: (fica envergonhada) É que…
Marcus: Fala, Beatriz.
Beatriz: É que atrás, você é virgem. (Renato começa a acordar)
Marcus: (dá risadas) Sabe o que é Beatriz, nós nunca tivemos essa necessidade. Agora… se um dia
pintar… sei lá.
Renato: Bom dia! (Beija os dois na boca) Faz tempo que vocês acordaram?
Marcus: Não. Acordamos quase agora.
Renato: (colocando os pés no colo de Marcus que começa a massagear) A que horas você pretende
pegar a estrada para São Paulo, Beatriz?
Beatriz: Daqui a pouco, Renato. Eu só estava esperando você acordar para me despedir.
Renato: Eu só estou perguntando, porque Marcus e eu temos um compromisso.
Beatriz: (se levantando e demonstrando naturalidade) Bom, então, vou indo. Vou tomar um banho
no meu quarto mesmo. Até mais, Marcus. (beija Marcus na boca) Até mais Renato. (beija da
mesma maneira. Renato se levanta e acompanha Beatriz até a porta no lado esquerdo)
Marcus: Você foi muito grosseiro com ela, Renato.
Renato: Eu só fiz o que precisava ser feito.
Marcus: Renato você nem considerou o que rolou na noite de ontem, cara.
Renato: Marcus, se eu não tivesse agido dessa forma, ela simplesmente não iria embora. Não se
esqueça de que eu a conheço há muito tempo, cara.