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O terceiro travesseiro - M. A. Q. Cavalcante - Cia. Atelie das Artes

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Carlos: Quero. Eu sei que deve ser difícil para você, mas deixe as coisas se acalmarem em casa,<br />

que a gente, eu quero dizer, o Renato procura você. Ok?<br />

Marcus: Ok.<br />

(Carlos sai pelo lado esquerdo. Marcus fica sozinho. Blecaute).<br />

Voz: (off) Uma semana antes do Natal.<br />

(Luzes normais. Ana sentada no sofá. Marcus, deitado no colo da mãe, pensativo, como que<br />

assistindo tv, mas está no mundo da lua. Ana repara no filho).<br />

Ana: Você está pensando em quê, filho?<br />

Marcus: (saindo do transe) Por quê, mãe?<br />

Ana: (sorrindo) É que eu estava reparando em você. Seus olhos brilhavam muito.<br />

Marcus: Mãe?<br />

Ana: (afagando os cabelos do filho) Fala, filho.<br />

Marcus: Eu não acredito que Deus seja tão lógico e insensível como o padre Antônio falou.<br />

Ana: O padre Antônio falou isso, Marcus?<br />

Marcus: Com outras palavras, sim. Ele disse que isso Deus aceita, aquilo Deus não aceita.<br />

Ana: Por que você está pensando nisso agora, filho?<br />

Marcus: Por nada, mãe, eu só estava pensando.<br />

(Entra o Giorgio, chegando do trabalho)<br />

Ana: Meu Deus, não fiz o jantar! (sai pelo lado direito)<br />

Giorgio: (cumprimenta os dois com um beijo, coloca a pasta em algum lugar e volta) Já sei. Vamos<br />

pedir uma pizza. Meia portuguesa e meia mussarela. O que vocês acham?<br />

(Toca a campanha)<br />

Giorgio: (atende o lado esquerdo) O Renato está aqui, Marcus. (entra Renato com Giorgio logo<br />

atrás)<br />

Ana: (entrando pelo mesmo lado em que saiu) Você está melhor, Renato?<br />

Renato: Sim, dona Ana, praticamente já não tenho mais nada.<br />

Ana: Gostaria de jantar conosco, Renato?<br />

Renato: Não quero dar trabalho.<br />

Giorgio: Trabalho nenhum. Nós vamos pedir pizza e ficará tudo certo.<br />

Renato: (olhando para Marcus) Então, aceito.<br />

(Blecaute. Pausa. Luzes normais. Marcus e Renato estão em cena, depois da janta)<br />

Marcus: Eles não são ótimos?<br />

Renato: Sim, eles são ótimos. Mas, antes de mais nada, eu quero pedir desculpas pela minha mãe.<br />

Ela não tinha o direito de fazer o que fez.<br />

Marcus: Está tudo bem agora. E como as coisas estão agora?<br />

Renato: (começa a dar risa<strong>das</strong>) Você quer mesmo saber?<br />

Marcus: É lógico que eu quero, não estou entendendo você.<br />

Renato: (levanta Marcus e abraça ele. Dá um beijo) Em casa está tão bem quanto aqui!<br />

Marcus: Pára, Renato. Minha mãe deve estar descendo agora.<br />

Ana: (entra na sala) Está tudo bem aqui? Só vim pegar um copo d’água.<br />

Renato: Dona Ana, vocês vão passar o Natal aqui em São Paulo?<br />

Ana: Sim, passaremos o Natal aqui mesmo, com alguns parentes, talvez.<br />

Renato: Eu gostaria de trazer os meus pais para cumprimentá-los na noite de Natal. Nós também<br />

vamos passar em casa. (Ana fica sem jeito de responder) Dona Ana, olhe para mim. Não precisa<br />

ficar sem-graça comigo. E se continuar a beber água desse jeito, a senhora vai passar mal. (Renato<br />

dá um sorriso para Ana que retribui. Renato abraça Ana) Eu sei que deve ser muito difícil para a<br />

senhora toda essa situação. Mas pense, dona Ana, é difícil para todos nós, para mim, para o Marcus,<br />

para o senhor Giorgio e para os meus pais. Quando eu pensei em trazê-los na noite de Natal é<br />

porque acho que seria mais fácil para todos. Primeiro porque é Natal e segundo porque a casa vai<br />

estar cheia de gente.<br />

Ana: Eu vou me sentir muito envergonhada, Renato.

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