18.04.2013 Views

A fórmula de um assassino - Betho Ragusa - Cia. Atelie das Artes

A fórmula de um assassino - Betho Ragusa - Cia. Atelie das Artes

A fórmula de um assassino - Betho Ragusa - Cia. Atelie das Artes

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A <strong>fórmula</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong> Assassino


<strong>Betho</strong> <strong>Ragusa</strong><br />

A FÓRMULA DE UM ASSASSINO<br />

Elenco ( por or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> entrada em cena)<br />

Erick, 25 anos, irmão <strong>de</strong> Joana e namorado <strong>de</strong> Karen, é atencioso, <strong>de</strong>ixa se levar<br />

pela namorada.<br />

Joana, 30 anos, viúva recentemente, pois seu marido (Billy Fernan<strong>de</strong>s) é<br />

assassinado na sala <strong>de</strong> estar da casa, é nervosa, às vezes confusa.<br />

Ana, 26 anos, empregada <strong>de</strong> Joana, é meio atrapalhada, e nunca consegue<br />

servir café <strong>de</strong>centemente. Vive em pé <strong>de</strong> guerra com a patroa.<br />

Henry, 45 anos, advogado da família Fernan<strong>de</strong>s, é <strong>de</strong> confiança total, atencioso,<br />

mas ru<strong>de</strong>.<br />

Mirella/Márcia, 26 anos, <strong>de</strong>tetive escolhida por Joana para cuidar do caso <strong>de</strong><br />

homicídio envolvendo todos da casa. É <strong>um</strong>a mulher intrépida e misteriosa,<br />

porém atrapalhada também.<br />

Karen, 21 anos, namorada <strong>de</strong> Erick, é mesquinha autoritária e manhosa.<br />

Geysa, 35 anos, terapeuta <strong>de</strong> Billy, é muito competente e não se conforma com a<br />

morte <strong>de</strong> seu cliente.<br />

Adriano, 28 anos, irmão <strong>de</strong> Márcia (a verda<strong>de</strong>ira i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mirella) Calmo e<br />

responsável pela irmã <strong>de</strong>sequilibrada.<br />

CENA 1<br />

(Quando abre o pano juntamente com a musica <strong>de</strong> abertura, todos os personagens


estão na mesma posição que ficam no momento da reunião, alguém entra com a<br />

placa dos nomes e vai colocando na mão <strong>de</strong>les, que seguram o nome <strong>de</strong> ator e atrás<br />

nome <strong>de</strong> seu personagem, juntos viram a placa e congelam novamente, <strong>de</strong>pois disso<br />

o pano se fecha e começa a segunda música, pois entram Joana e Erick, a primeira<br />

usa luva o tempo todo).<br />

Erick (calmo): Joana, a polícia irá resolver isso. Pelo menos pense <strong>de</strong>ssa forma: Billy<br />

morreu rapidamente, nem sofreu...<br />

Joana: Estrangulado? E não sofreu? Assim você não vai me acalmar mesmo, você<br />

está sendo muito gentil, obrigada, pelo apoio. (a campainha toca e Ana vem aten<strong>de</strong>r,<br />

usa <strong>um</strong> colarinho preto no pescoço, nos braços e pernas)<br />

Erick: Preciso ir ver minha namorada, qualquer coisa me ligue, minha irmã... vê se<br />

melhora, esta bem? Não tem volta, ele se foi... Temos que nos<br />

conformar...(segurando ela pelo braço) Viva! Acor<strong>de</strong>! O mundo está ai...(beija e sai).<br />

Ana: D. Joana...<br />

Joana: Mas o que é isso?<br />

Ana: A senhora não me <strong>de</strong>ixou ir no velório, do patrão eu <strong>de</strong>cidi fazer luto por aqui<br />

mesmo, ah advogado acabou <strong>de</strong> chegar, posso <strong>de</strong>ixar ele entrar?<br />

Joana: Primeiramente, senhora é a sua avó, e quanto ao advogado, que tal <strong>de</strong>ixar ele<br />

lá fora?<br />

Ana: Bem, eu não recomendo. Está muito frio e parece que vai chover.<br />

Joana: Mas, é claro que é pra <strong>de</strong>ixar ele entrar minha cara. (Joana se recompõe, mas<br />

ainda esta com os óculos <strong>de</strong> sol) Essa é boa, ela está parecendo <strong>um</strong>a dançarina <strong>de</strong><br />

boate.<br />

Joana: Oh, boa tar<strong>de</strong> Sr. Henry. Alg<strong>um</strong>a notícia?<br />

Advogado Henry: Sei o quanto é difícil este momento, mas os r<strong>um</strong>ores correm<br />

rápido, sobre(...) sobre(...).<br />

Joana: Ok. Diga se <strong>de</strong> passagem que eu seja complicada, nervosa, estúpida,<br />

in<strong>de</strong>licada... Que eu morria <strong>de</strong> ciúme pelo meu marido. Mas qual intenção teria eu <strong>de</strong><br />

matá-lo?<br />

Advogado Henry: Ele <strong>de</strong>ixou <strong>um</strong>a herança gran<strong>de</strong>.<br />

Joana: Em dinheiro?<br />

Advogado Henry: Em dívi<strong>das</strong>.<br />

Joana: Ah, mais <strong>um</strong> motivo pela qual eu não mataria ele. (tira o óculos) Dr. Olhe pra<br />

mim, eu tenho cara <strong>de</strong> assassina?<br />

Advogado Henry (a encara): Claro que não senhora. (Joana se irrita, com a palavra<br />

senhora) digo senhorita. Mas ele foi encontrado estrangulado na poltrona da sala <strong>de</strong><br />

vocês. É natural que você seja <strong>um</strong>a suspeita, não concorda.<br />

Joana: Bem, o <strong>de</strong>legado Maciel <strong>de</strong>ixou que eu contratasse <strong>um</strong>a <strong>de</strong>tetive para<br />

esclarecer isso. Eu disse a ele que havia três números <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong>ssa área em<br />

minha agenda. Inclusive, ela estará chegando daqui a pouco. Peço para que o senhor


me entenda e retorne <strong>um</strong> outro dia, ou marque <strong>um</strong> horário para po<strong>de</strong>rmos resolver<br />

isso. Ele ficou <strong>de</strong>vendo quanto?<br />

Henry: Oitenta milhões <strong>de</strong> dólares.<br />

(Joana se abana).<br />

Ana: D. Joana, temos visitas, <strong>de</strong>sta vez não sei dizer se é homem, mulher... ou<br />

ambos.<br />

Joana: Você é <strong>um</strong>a ótima recepcionista, Ana. Deveria trabalhar na Previdência Social.<br />

Você pelo menos conseguiu <strong>de</strong>scobrir o que <strong>de</strong>seja?<br />

Ana: Diz ser <strong>de</strong>tetive. Apenas isso.<br />

Henry: Bom, nos falamos <strong>de</strong>pois por telefone, tudo bem...Ana! Adorei sua fantasia, é<br />

<strong>de</strong> dançarina, não é? (se retira).<br />

Joana (faz cara <strong>de</strong> tacho) Até logo, (para Ana) Ana! Deixe entrar a <strong>de</strong>tetive, sim.<br />

(Ana traz alguém, muito estranho com sobretudo, <strong>de</strong> óculos, aparenta ser homem,<br />

pois esta disfarçado. Ela chega, começa a vistoriar o ambiente com os olhos. Joana a<br />

acompanha com a curiosida<strong>de</strong> idêntica a da Ana).<br />

Mirella: Então, você é a viúva do sr. Fernan<strong>de</strong>s?<br />

Joana (irônica): Não. Sou a empregada, veja meu uniforme. A viúva do senhor<br />

Fernan<strong>de</strong>s, é essa aqui (aponta Ana, que <strong>de</strong>sconcertada abaixa a cabeça) veja, que<br />

tecido caro, não rasga (rasga) não suja, é seda pura. O senhor, ou senhora aceita<br />

<strong>um</strong>a xícara <strong>de</strong> café?<br />

Mirella: Meu nome é Mirella. Mirella Balter. Sou a <strong>de</strong>tetive encarregada <strong>de</strong> esclarecer<br />

o crime que houve aqui. E aceito sim, o café.<br />

Ana: Joana?!! Traga o café para a srta. Balter.<br />

Joana (se aproximando, a parte): Ficou louca <strong>de</strong> vez agora? A empregada aqui é<br />

você!<br />

Ana: Mas a senhora acabou <strong>de</strong> dizer que eu sou a viúva (Joana esquenta) e (...)<br />

Ana: Já venho. (se retira rápido).<br />

(Mirella se transforma, joga os cabelos, Tira as luvas,pega o relatório)<br />

Mirella: Prazer em conhecê-la.<br />

Joana: Talvez eu não possa dizer o mesmo.<br />

Mirella: Como?<br />

Joana: Eu não disse nada.<br />

Mirella: A polícia já encontrou alg<strong>um</strong> suspeito?<br />

Joana: É pra isso que você está aqui.<br />

Mirella: Claro, a empresa <strong>de</strong> seu ex-marido era muito conceituada. O relatório<br />

fornecido pelo IML é muito complicado, parece estar em outra língua.<br />

Joana: Está <strong>de</strong> cabeça pra baixo.<br />

(Mirella vira a folha <strong>de</strong>sconcertada)<br />

Mirella: Incrível, quem encontrou o corpo?<br />

Joana: Eu, oh.. foi horrível... (luzes se apagam) ao notar que Billy nunca voltava para


a cama, me levantei e o procurei pela casa, aquele cheiro <strong>de</strong> seu charuto ainda<br />

pairava no ar quando entrei na sala <strong>de</strong> estar e... (ao acen<strong>de</strong>r a cena do crime é<br />

mostrada, como se Joana vivesse novamente aquela cena, então a cena para quando<br />

ela entra <strong>de</strong> camisola e dá <strong>um</strong> grito, a luz se apaga e surgem as duas novamente<br />

conversando).<br />

Mirella: Então, aqui diz que ele estava apenas <strong>de</strong> samba canção, no chão e tinha seu<br />

charuto entalado no rab...<br />

Joana: Precisamos realmente lembrar todos os <strong>de</strong>talhes?<br />

Mirella: Naturalmente que sim. A senhorita <strong>de</strong>sconfia <strong>de</strong> alguém?<br />

Joana: Bom, eu nem sabia que meu marido colecionava muitas divi<strong>das</strong>, fiquei<br />

surpresa com essa notícia, por esse motivo creio que todos são suspeitos.<br />

(Ana traz o café, ao servir, <strong>de</strong>rruba em cima <strong>de</strong> Mirella, que ainda ao beber nota estar<br />

sem açúcar)<br />

Joana: Eu mereço, a minha vida está <strong>um</strong>a bagunça... E pra completar a empregada<br />

não consegue fazer até o mais simples, servir café.<br />

Ana: Esqueci <strong>de</strong> dizer, senhorita o açúcar esta do outro lado da ban<strong>de</strong>ja. (se retira).<br />

Mirella: Oh, eu já <strong>de</strong>via ter imaginado. (seca com o guardanapo).<br />

Joana: Me <strong>de</strong>sculpe, pela sujeira.<br />

Mirella: Não foi nada, mas continuando: preciso saber quem são as pessoas mais<br />

próximas que teve contato com ele nas duas últimas semanas.<br />

Joana: Bom, eu, meu irmão Erick, a namorada <strong>de</strong>le: Karen, Ana, o Dr. Henry, e<br />

Geysa, a terapeuta <strong>de</strong>le. São os que tenho certeza.<br />

Mirella: Já é <strong>um</strong> começo interessante. Vou começar pela empregada, a senhorita<br />

po<strong>de</strong>ria chamá-la e nos <strong>de</strong>ixar a sós, por alguns minutos?<br />

Joana: Claro. (grita) Ana!!!<br />

(Ana chega com expressão <strong>de</strong>sesperada, <strong>de</strong>testa policial e <strong>de</strong>tetives).<br />

Ana: Não tenho culpa <strong>de</strong> nada, sempre servi ao meu patrão com muita boa vonta<strong>de</strong>.<br />

Mirella: Mas não estou te culpando, são apenas alg<strong>um</strong>as perguntas que quero fazer.<br />

Por enquanto, quero apenas conversar.<br />

Ana: Sendo assim, sim.<br />

(Joana se retira).<br />

Mirella: Convivia bem com seu patrão?<br />

Ana: Ora, muito bem. Toda manhã ele gostava <strong>de</strong> ter seu café bem quente, com<br />

torra<strong>das</strong>, leite e biscoitos franceses. Era <strong>um</strong> homem sensato, muito justo, justíssimo.<br />

De vez em quando me chamava aos berros (sussurrando), aliás, característica <strong>de</strong><br />

família, creio eu.<br />

Mirella: Entendo. Srta. Ana, o que tem a dizer sobre o crime cometido aqui.<br />

Ana: (começando a ter crises) Foi <strong>um</strong>a terrível experiência... Ver meu patrão morto. Mas<br />

não sei dizer quem po<strong>de</strong>ria ter cometido <strong>um</strong> ato <strong>de</strong>sses (suspira, filosofando)a vida é tão<br />

cheia <strong>de</strong> surpresas, quando pensamos que vamos levar <strong>um</strong>a vida simples, <strong>um</strong> evento


acontece e altera todos os planos... é tudo que tenho pra falar. Preciso retornar ao meu<br />

serviço. (sai rápido).<br />

(entram Erick e Karen).<br />

Karen: Oh, empregada nova...(se aproxima) quero <strong>um</strong> suco <strong>de</strong> laranja com cenoura e<br />

gelo, ah e açúcar. Não preciso fazer regime, não acha?<br />

Mirella: De on<strong>de</strong> você surgiu bem? De qual sanatório?<br />

Erick (para Karen): Amor, essa é a <strong>de</strong>tetive que está cuidando do caso do meu cunhado.<br />

Karen (se apavora): Detetive? Detesto, me dá arrepios, só <strong>de</strong> pensar em ter que prestar<br />

<strong>de</strong>poimentos...(senta) sou <strong>um</strong>a mulher frágil... Frágil <strong>de</strong>mais (Erick se espanta com a<br />

mudança <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong> Karen), não suporto ter que ser alvo da polícia e ter meu<br />

nome como suspeita <strong>de</strong> <strong>um</strong> crime.<br />

Mirella: Boa idéia. A srta., assim <strong>de</strong> repente po<strong>de</strong>ria respon<strong>de</strong>r alg<strong>um</strong>as perguntas?<br />

Karen (nervosismo) Ora, eu apenas c<strong>um</strong>primentava o Billy, era <strong>um</strong> homem sério e muito<br />

trabalhador. Eu namoro o cunhado <strong>de</strong>le, e por isso nunca conversei diretamente com...<br />

com...<br />

Erick: Calma Karen...<br />

Karen: Calma o escambal... E tem mais, eu amo o meu namorado, esta bem? Por hoje<br />

chega (aos berros) Chega! (sai furiosa).<br />

Mirella(<strong>de</strong> boca aberta): Nossa...(para Erick) Não vai acalmá-la?<br />

Erick: Melhor não. Aproveitando a srta. Não vai querer fazer perguntas pra mim ?<br />

Mirella: Você é <strong>um</strong> rapaz muito atraente Erick, já <strong>de</strong>u <strong>um</strong>a olhada a sua volta para ver<br />

como o mundo dá oportunida<strong>de</strong>s e aventuras... diferentes?<br />

Erick: Não entendi., srta.<br />

Mirella: Imaginei que não enten<strong>de</strong>ria (se aproxima sensual) Diga-me, quem po<strong>de</strong>ria ter<br />

matado Billy Fernan<strong>de</strong>s?<br />

Erick: Uma boa pergunta, que tal alguém interessado em sua fortuna?<br />

Mirella: Composta por dívi<strong>das</strong>? Ele não <strong>de</strong>ixou nenh<strong>um</strong> bem, está tudo penhorado.<br />

(exausta) Preciso <strong>de</strong>scansar...<br />

Erick: Po<strong>de</strong> repousar no quarto <strong>de</strong> hospe<strong>de</strong>s, a casa é gran<strong>de</strong>. A srta. precisa ir embora?<br />

Já é tar<strong>de</strong>.<br />

Mirella: Oh não, Joana quer que eu fique até <strong>de</strong>scobrir a primeira pista. Mas a cada<br />

<strong>de</strong>poimento a situação piora, e você bem que po<strong>de</strong>ria se servir <strong>de</strong> muita atenção e<br />

experimentar esse sabor da paixão arrebatadora...<br />

Erick: Mas eu sou mineiro, uai..<br />

Mirella: E esses são gaúchos, tche!, bom on<strong>de</strong> fica o quarto?<br />

Erick: Venha comigo, lhe mostro (ela sorri, e eles saem, é o fim da primeira noite).<br />

CENA 2<br />

Ana(com espanador): Quem será, logo cedo. (abre, espanando tudo, até o rosto <strong>de</strong>


Geysa e Henry): Oh, me <strong>de</strong>sculpe, que bom que vocês estão aqui, que surpresa<br />

agradável.<br />

Henry: Bom dia Ana<br />

Geysa: Bom dia, queremos falar com a Joana.<br />

Ana: Entrem e se acomo<strong>de</strong>m, já vou chamá-la (Ana continua espanando os móveis).<br />

Geysa (a parte para Henry): Há algo <strong>de</strong> estranho nessa empregada.<br />

Henry: É <strong>um</strong>a coitada.<br />

Geysa: Pessoas assim são perigosas. Uma vez durante <strong>um</strong>a consulta do Billy (Ana<br />

sai <strong>de</strong> cena para chamar Joana) ela ligou pra ele <strong>de</strong>sesperada, os dois gritavam <strong>um</strong><br />

com outro, parecia <strong>um</strong>a guerra, você tinha que ver o escândalo.<br />

Henry: Sério? (Geysa confirma, Joana chega e c<strong>um</strong>primenta Geysa e Henry).<br />

Joana: Que bom que vocês vieram. Assim a <strong>de</strong>tetive que esta cuidando do caso ganha<br />

mais tempo.<br />

Geysa: É sempre <strong>um</strong> prazer imenso colaborar, Billy era <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> cliente. Ele estava<br />

quase vencendo a <strong>de</strong>pressão. Foi <strong>um</strong>a brutalida<strong>de</strong>.<br />

(Ana surge com o café, Joana tem <strong>um</strong> sobressalto e tenta tomar <strong>de</strong> Ana).<br />

Joana: Me dê aqui.<br />

Ana: Mas senhora...<br />

Joana: Senhora é sua mãe. Vamos me dê a ban<strong>de</strong>ja...(Henry e Geysa estão abismados)<br />

Ana: Não dou,eu ganho pra isso. (elas correm em volta do sofá).<br />

Henry: Por favor, se vocês fazem tanta questão <strong>de</strong> nos servir, <strong>um</strong>a me serve café e a<br />

outra...<br />

Ana e Joana: Cale-se!<br />

(as duas continuam na guerra e saem <strong>de</strong> cena, Henry e Geysa ainda observam, o<br />

silencio toma conta).<br />

Henry: Ficamos sem o café...<br />

Geysa: Bom, (ri sem graça) <strong>de</strong>ixa pra lá.<br />

(entra Mirella).<br />

Geysa(a parte): Isso é homem ou mulher?<br />

Henry: E qual a diferença? Vai nos investigar do mesmo jeito...<br />

Geysa: Você não enten<strong>de</strong>...<br />

Mirella: Bom dia, eu estou com sono ainda. (ri, esta comendo <strong>um</strong>a maça) Vocês...<br />

Geysa: Me chamo Geysa, era terapeuta <strong>de</strong> Billy, e esse é o Henry, advogado <strong>de</strong>le.<br />

Mirella: Prazer em conhece-los, o Sr. Henry eu já conhecia <strong>de</strong> vista, ontem quando eu<br />

cheguei, ele estava <strong>de</strong> saída.<br />

Henry: Po<strong>de</strong>mos ajudar em algo?<br />

Mirella: Olhe, já percebi o quanto tudo isso esta <strong>de</strong>ixando a Joana irritada, o<br />

comportamento <strong>de</strong>la piorou nos últimos dias, pretendo ser breve e (entra Joana e Ana<br />

ainda brigando por causa do café, os outros observam, e as duas somem novamente)<br />

como eu ia dizendo... Pretendo ser breve e <strong>de</strong>ixar ela em paz o mais rápido possível.


Portanto (entra Joana e Ana brigando por causa do café novamente, os outros observam,<br />

e as duas somem), como eu dizia... Vou convocar imediatamente - aproveitando a<br />

presença <strong>de</strong> todos - <strong>um</strong>a reunião. On<strong>de</strong> irei eliminar os mais inocentes e enquadrar os<br />

possíveis mentirosos.<br />

Geysa: Interessante.<br />

Mirella: Só <strong>um</strong> momento, vou chamar o resto do pessoal...(anima-se) Ah, isso será<br />

divertido...(ri).<br />

Henry: Parece que a <strong>de</strong>tetive também é meio <strong>de</strong>sequilibrada...<br />

Geysa: Nada mais me assusta aqui.<br />

(entram todos: Ana e Joana se acalmaram, Karen e Erick, pelo visto foram tirados a força<br />

da cama. Mirella está agora comendo mamão.)<br />

Mirella: Sentem...todos, por favor.<br />

Joana (entrando em profunda tristeza): Por favor, Mirella, vamos acabar logo com isso.<br />

Karen(Para Erick): Estou com se<strong>de</strong>, isso vai <strong>de</strong>morar <strong>um</strong> século.<br />

Erick: Depois, você acabou <strong>de</strong> beber leite.<br />

Karen: Leite? Mas...<br />

(Erick fecha a boca <strong>de</strong> Karen).<br />

Mirella: Alguém aqui, viu algo <strong>de</strong> estranho, ou se lembra <strong>de</strong> <strong>um</strong> fato que talvez possa<br />

parecer normal, simples, mas po<strong>de</strong> ser a chave <strong>de</strong> tudo?<br />

Geysa: Na última consulta, Billy carregava <strong>um</strong> embrulho, parecia <strong>um</strong> presente...<br />

Joana: A agenda!...<br />

Mirella(apreensiva): O que disse, srta?<br />

Joana: Me lembrei... Esses dias, ele me <strong>de</strong>u <strong>um</strong>a agenda nova.<br />

Erick: O que há <strong>de</strong> anormal nisso...Hen maninha...<br />

Joana: Há sim... Ele pegou a agenda velha e simplesmente levou para a empresa, fiquei<br />

dois dias sem po<strong>de</strong>r ligar pra varias pessoas, pois não tinha a agenda aqui. Quando ele<br />

trouxe a agenda nova, já estava toda preenchida e segundo ele, jogou a agenda velha<br />

fora. Porque?<br />

Mirella: Não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser <strong>um</strong> fato estranho. Mas talvez ele quisesse te poupar <strong>de</strong> passar<br />

a agenda a limpo, não?<br />

Joana: Po<strong>de</strong> ser.<br />

Ana: Lembrei que <strong>um</strong> dia antes <strong>de</strong>le morrer, ao limpar as gavetas do quarto, não<br />

encontrei a arma que ele guarda sempre no mesmo lugar. Ela ainda não está lá,<br />

<strong>de</strong>sapareceu.<br />

(Mirella anota tudo atenciosamente.).<br />

Karen: Bom, há <strong>um</strong>as duas semanas eu o vi n<strong>um</strong>a lanchonete distante dos lugares que<br />

ele cost<strong>um</strong>ava freqüentar. Me lembrei agora <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ouvir a historia da agenda. Ele<br />

carregava <strong>um</strong> embrulho também.<br />

Mirella: Será que era outra agenda?<br />

Geysa: Improvável. Que cor era? Quantas páginas? Como era a capa?


Joana: Eu acho que era a mesma agenda.<br />

Mirella: Quem analisa os fatos aqui ainda sou eu. (Geysa sorri amarelo, Joana disfarça).<br />

Erick: Nos últimos três dias antes <strong>de</strong>le morrer ele <strong>de</strong>morava mais pra tomar banho.<br />

(todos o encaram).<br />

Ana: O chulé <strong>de</strong>le a<strong>um</strong>entou também. An<strong>de</strong>i lavando alg<strong>um</strong>as meias que precisei usar<br />

tampão no nariz...<br />

(Joana se encolhe <strong>de</strong> vergonha).<br />

Mirella: Os dois últimos relatos, não me serviram pra nada, me <strong>de</strong>sculpem.<br />

Mirella: Mais alg<strong>um</strong>a lembrança, srta. Joana?<br />

Joana: Na manhã que antece<strong>de</strong>u o crime, ele estava eufórico.<br />

Karen: Animado você quer dizer?.<br />

Erick: Eufórico e animado são a mesma coisa.<br />

(começa <strong>um</strong>a discussão, sobre este assunto).<br />

Henry: Silêncio!<br />

Karen: (...) por causa <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>um</strong>a travesti?<br />

Mirella: Como?<br />

Karen: Oi? (La pergunta?).<br />

Mirella: Não vamos chegar a lugar alg<strong>um</strong>... Sr. Henry, e quanto ao senhor, alg<strong>um</strong>a coisa<br />

a <strong>de</strong>clarar?<br />

Henry: Nada.<br />

Mirella: Certo. Então,.o sr. , e a srta.Geysa po<strong>de</strong>m se retirar, vocês dois são os primeiros<br />

eliminados.<br />

Geysa: Ótimo.<br />

Henry: Jô, qualquer coisa me ligue.<br />

(Joana acena).<br />

Erick: Porque?<br />

Mirella: Porque o que Erick?<br />

Erick: Como sabem que eles são inocentes?<br />

Mirella: Sou <strong>um</strong>a <strong>de</strong>tetive. Logo você enten<strong>de</strong>ra on<strong>de</strong> quero chegar.<br />

Joana: Não vi resultado alg<strong>um</strong> até agora, nem sei como estamos? Se está indo bem...<br />

Mirella: Paciência é <strong>um</strong>a virtu<strong>de</strong> Srta, saiba que já tenho <strong>um</strong>a carta na manga, estou<br />

chegando perto.<br />

Ana (paciente): E eu preciso continuar meu trabalho srta. Mirella, se me permite.<br />

Mirella: Só <strong>um</strong> momento Ana, Já está acabando.<br />

(continua anotando enquanto Karen e Erick conversam).<br />

Karen:Tenho que te amar muito mesmo, pra ter que aturar certas situações<br />

<strong>de</strong>sconfortantes.<br />

Erick: Ah, Karen, não exagere.Existem coisas piores. Entre ser testemunha e a vítima<br />

com qual papel você ficaria?<br />

Karen: Com a <strong>de</strong> assassi(..) (Erick tampa a boca <strong>de</strong> Karen novamente).


(Ana disfarça e vai para o interior da cozinha, sem ninguém perceber).<br />

Mirella: Hoje, Erick salvou a srta. Karen <strong>de</strong> dizer besteiras duas vezes. Po<strong>de</strong> ir embora,<br />

Karen, você não seria capaz <strong>de</strong> matar nem <strong>um</strong>a mosca tonta.<br />

Karen: Até logo <strong>de</strong>tetive, espero não vê-la tão logo.<br />

Mirella (ri): De fato, mas não tenha tanta certeza assim. Erick, você po<strong>de</strong> acompanhar ela<br />

se quiser, você também está dispensado.<br />

(eles saem).<br />

Joana: Então, qual a conclusão?<br />

Mirella: Estou entre duas pessoas. Nas próximas duas horas teremos o <strong>assassino</strong> ou<br />

assassina aqui, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sta casa.<br />

Joana: Se você diz, venha comigo, preciso <strong>de</strong>cidir o que Ana fará <strong>de</strong> almoço.<br />

Mirella(se levantando) Certo. Vou sim, esta sala ficou com <strong>um</strong> ambiente meio pesado.<br />

(elas saem, entram Erick e Karen).<br />

Karen: Querido, mas aquilo é homem sim...<br />

Erick: Respeite ela Karen.<br />

Karen: Não sabia que eles podiam trabalhar na polícia. Ela passou a noite aqui, não foi?<br />

Erick: Evi<strong>de</strong>nte...<br />

Karen: E on<strong>de</strong> dormiu?<br />

Erick: No quarto <strong>de</strong> hóspe<strong>de</strong>s, e on<strong>de</strong> você queria que ela dormisse? No meu quarto?<br />

Karen: Você não seria tão atrevido. Seria?<br />

Erick: Amor, relaxe, ela <strong>de</strong>ve ter alg<strong>um</strong> probleminha na garganta.<br />

Karen: Um gomo <strong>de</strong> Romeu talvez...(diz mostrando).<br />

Erick: Você quer dizer, pomo <strong>de</strong> Adão?<br />

Karen: Não mu<strong>de</strong> <strong>de</strong> assunto Erick, eu não posso suportar a idéia <strong>de</strong> você ter <strong>de</strong>ixado<br />

ela dormir aqui, ora é só prestar mais atenção aqui (mostra a garganta) e fim <strong>de</strong> papo,<br />

vamos embora! (saem, apagam-se as luzes para dar noção <strong>de</strong> tempo passando.).<br />

CENA 3<br />

(As luzes se acen<strong>de</strong>m, o local esta completamente vazio, Erick entra pela porta vindo da<br />

rua e vai para os fundos, como se estivesse escon<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> alguém. Mas não <strong>de</strong>mora<br />

muito e sai novamente, olha por todos os lados, como se estivesse tentando ouvir alg<strong>um</strong><br />

ruído, indo para a rua. Ana entra e faz o mesmo ato que Erick, mas volta para o interior.<br />

O advogado entra também, mas quando vai para a cozinha, percebe <strong>um</strong> barulho e volta<br />

correndo pra trás, Mirella entra e carrega <strong>um</strong>a pequena bolsa <strong>de</strong> pano, guarda <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

alg<strong>um</strong>a mesa que precisa ter gaveta, está segurando <strong>um</strong> envelope pardo. Coloca ele em<br />

cima da mesa, abre, lê, guarda ele novamente, senta, levanta e coça a cabeça, como se<br />

algo estivesse preocupando, senta novamente. Joana entra e Mirella a chama com <strong>um</strong><br />

sinal.).


Joana: Estou aflita Mirella, você sabe quem matou meu marido?<br />

Mirella: Sim, e creio que a senhorita irá sentir <strong>um</strong> choque muito gran<strong>de</strong>. Mas seja<br />

forte.(<strong>um</strong>a queda <strong>de</strong> energia faz as duas se assustarem).<br />

Joana: Não foi nada, apenas <strong>um</strong>a queda <strong>de</strong> energia...<br />

Mirella (se levanta, vai até a mesinha on<strong>de</strong> está a bolsa, tira a arma e coloca em cima da<br />

mesa.) Eu menti.(ri) Seu marido e eu tínhamos <strong>um</strong> caso <strong>de</strong> longas datas. Convenci ele<br />

em passar toda a fortuna <strong>de</strong>le em seu nome, e aí mataríamos você, quando faltou a<br />

última parte do plano... Ou seja, te matar, ele <strong>de</strong>sistiu. Isso me <strong>de</strong>ixou muito furiosa.<br />

(Joana corre ao telefone).<br />

Mirella: Nada disso, (aponta a arma) po<strong>de</strong> voltar e ficar quietinha sentada ai. Ah, agora<br />

você tem toda fortuna em seu nome, ne? Mas por pouco tempo, pois você vai assinar<br />

esses doc<strong>um</strong>entos, on<strong>de</strong> você passa integralmente a fortuna <strong>de</strong>le pra mim. Você foi<br />

boba. Aquela dívida foi <strong>um</strong>a farsa. Passamos a perna até mesmo no advogadinho do seu<br />

marido. Billy tinha que manter a pose <strong>de</strong> homem, já pensou se a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobrisse<br />

que ele mantinha caso com <strong>um</strong>a, <strong>um</strong>a... digo.. Travesti...<br />

Joana: Como? (Mirella tira o lenço do pescoço)<br />

Joana: Meu Deus, fui trocada por <strong>um</strong> homem? Não estou valendo mais nada.<br />

Mirella: Me poupe. Ah, você quer saber como passei por <strong>de</strong>tetive autorizada? (ri). Minha<br />

irmã é <strong>de</strong>tetive, e está <strong>de</strong> férias, apenas ass<strong>um</strong>i a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong>la, eu não sou ruiva, nem<br />

me chamo Mirella, e sim Márcia. Márcia Electra. Ele ficou com medo <strong>de</strong> você contratar<br />

<strong>um</strong>a <strong>de</strong>tetive para segui-lo.<br />

Joana: Você e meu marido compraram a agenda <strong>de</strong> caso pensado, e trocaram os<br />

números, (Mirella sorri, pega a agenda e joga no colo <strong>de</strong> Joana) mudaram os nomes,<br />

mesmo que eu ligasse pra outro <strong>de</strong>tetive, sempre seria você a aten<strong>de</strong>r... Você pensou em<br />

cada <strong>de</strong>talhe, mas esqueceu <strong>de</strong> <strong>um</strong>... (entra Erick, que já tentara iludir Joana para ela<br />

<strong>de</strong>sconfiar <strong>de</strong> Mirella).<br />

Joana: Terá que matar eu e ele. Gostou? Eu também tenho carta na manga, sua inútil.<br />

Mirella: Miseráveis. (aponta a arma para os dois alternadamente).<br />

Joana: Não sou tão boba assim.<br />

Mirella: Não mesmo. Ana? Ana? Merda, on<strong>de</strong> esta aquela empregada <strong>de</strong> araque, não<br />

serve nem pra servir café.<br />

Joana: Foi tudo que você <strong>de</strong>scobriu? Como foi a sensação <strong>de</strong> ser queimada por café, se<br />

eu soubesse teria eu mesma te queimado inteira. Mas cadê Ana?<br />

Mirella: Cale a boca! Não pedi sua opinião (Para Erick): Erick, você é <strong>um</strong> rapaz tão moço,<br />

morrerá cedo. Po<strong>de</strong>ríamos viver muitas aventuras juntos, experimentar o forte sabor<br />

daquela paixão arrebatadora que lhe disse antes...<br />

Erick: Sai <strong>de</strong>sse corpo...Você é doente! Louca...<br />

Joana: Você quer que eu assine (pega os doc<strong>um</strong>entos e a caneta) Vou assiná-los.<br />

Mirella: Por favor, tenho que matar vocês , já era tempo <strong>de</strong> você assinar logo mesmo!<br />

(entra Adriano, o irmão <strong>de</strong> Márcia).


Adriano: Marcinha... Marcinha..Sou eu, o Dri, teu irmãozinho...<br />

Márcia: Dri... é você? (pula nos braços <strong>de</strong> Adriano) quanto tempo.. O que você está<br />

fazendo aqui.<br />

Adriano: Vim te salvar <strong>de</strong>sse bando <strong>de</strong> pessoas más, que querem te prejudicar..<br />

Márcia: Verda<strong>de</strong>, eles não me dão carinho. Nem o falecido me dava carinho suficiente.<br />

(Márcia joga a arma em cima <strong>de</strong> Erick e Joana que se apavoram)<br />

(entram Henry, Geysa, Karen)<br />

Adriano: A Mirella esta triste com você, pois você a maltratou da última vez.<br />

Márcia: As roupas <strong>de</strong>la ficaram ótimas em mim, brinquei <strong>de</strong> <strong>de</strong>tetive por <strong>um</strong> bom tempo.<br />

Ah, sabe meu irmãozinho, (faz pouco caso) o falecido ia me dar <strong>um</strong>a casa <strong>de</strong> presente,<br />

mas <strong>de</strong>u tudo errado.<br />

Adriano: Porque você matou o Dr. Fernan<strong>de</strong>s Márcia? O que ele te fez?<br />

Márcia: Mas eu não matei o Billy, Dri.<br />

Todos(<strong>um</strong> por <strong>um</strong>, menos Márcia): Não?<br />

Márcia: Não!<br />

Todos (menos Márcia): Como não?<br />

Márcia: Não, ué, contrário <strong>de</strong> sim...!! Ah que sauda<strong>de</strong> daqueles motéis luxuosos com<br />

cheiro <strong>de</strong> jasmim, correntes, algemas e espetinho <strong>de</strong> camarão...<br />

Joana: Ele comprava espetinho <strong>de</strong> camarão pra você?<br />

(Mirella acena que sim)<br />

Joana: Viado, nunca me levou no motel, nunca me comprou espetinho <strong>de</strong> camarão...<br />

Márcia: Banheira com hidromassagem, lanche no prato também, e porção <strong>de</strong> provolone.<br />

Mandioca frita (suspira) ah, eu sempre ganhava a mandioca crua <strong>de</strong> sobremesa e<br />

(Adriano tampa a boca <strong>de</strong>la).<br />

Márcia: Quando ele <strong>de</strong>sistiu <strong>de</strong> matar Joana, fiquei furiosa, mas não o matei, iria tentar<br />

convence-lo ainda. . Eu o queria vivo. Quem o matou? Não sei... (começa <strong>um</strong><br />

alvoroço).<br />

Henry: Silêncio!<br />

Márcia (corre até Karen, encara ela e diz): Fala alg<strong>um</strong>a coisa agora que eu te arrebento!<br />

Joana: Não estou enten<strong>de</strong>ndo.<br />

Adriano (para Joana): Desculpe-me, ela precisa <strong>de</strong> tratamento, estava internada n<strong>um</strong><br />

centro <strong>de</strong> recuperação após ser vitima <strong>de</strong> seu marido que a iludiu e a <strong>de</strong>ixou louca assim,<br />

ela queria agora dar o troco na senhora, e se não fosse (o, a) (pessoa i<strong>de</strong>alizadora do<br />

evento), eu nunca teria encontrado minha maninha querida.<br />

Márcia: Senhora... Ela não gosta <strong>de</strong> ser chamada <strong>de</strong> senhora, Dri.<br />

Adriano: Senhorita então.<br />

Henry: Acalme-se, vamos resolver isso <strong>de</strong>pois... (acompanha Adriano que retira Márcia<br />

(ela po<strong>de</strong> sair mexendo com Joana, chamando a propositalmente <strong>de</strong> senhora)e eles<br />

saem, sobrando apenas Erick e Joana).<br />

Erick: Espera aí (sai).


(Joana não acredita no que viu há pouco).<br />

Erick (voltando):Foi embora.<br />

Joana: Quem?<br />

Erick: Quando pulei a janela vi esse bilhete em cima da mesa. (abre, lê). Meu Deus, o<br />

que há <strong>de</strong> errado nisso tudo? (Joana senta).<br />

Joana (vencida pelo cansaço): Mas vou ficar sem saber quem matou meu marido? (Aqui<br />

termina a peça propriamente dita, porém o <strong>assassino</strong> é mostrado a seguir).<br />

Erick: Maninha, preciso resolver alguns problemas, à tar<strong>de</strong> eu volto.<br />

Joana: Não <strong>de</strong>more, preciso fazer <strong>um</strong>a ligação. (Erick sai, e o pano se fecha. Então o<br />

grupo se reencontra nas frisas e começa a discussão).<br />

Henry: Já tive trabalho <strong>de</strong>mais...<br />

Karen: Parceiro conte <strong>de</strong> novo como matou você matou o Billy?<br />

(Henry:Foi a coisa mais simples, ele adorava f<strong>um</strong>ar charutos indianos pela madrugada<br />

e... começa a contar, mas sua voz vai s<strong>um</strong>indo e a cena se passa no palco e <strong>de</strong>pois o<br />

pano se fecha novamente).<br />

Henry: É a ultima vez que conto.<br />

Erick: On<strong>de</strong> está a grana? Não traí minha irmã atoa.<br />

Henry: Pessoal, a Márcia já pegou a assinatura <strong>de</strong>la, vamos ao banco para realizar a<br />

transferência do dinheiro. Cada <strong>um</strong> receberá sua parte. (o telefone toca, é Joana) Oi<br />

Joana, claro. (tempo) Como assim? (tempo) entendo. Até a Márcia? Estávamos já na<br />

entrada do sanatório Joana... (tempo) Tudo bem, estamos indo. Tchau. Acho que ela é<br />

louca, quer a presença <strong>de</strong> todos lá...<br />

Márcia: Ah não, vou ter que passar por louca <strong>de</strong> novo?<br />

Karen: Não mudou muita coisa. (Márcia e Karen entram em curto).<br />

Henry: Vamos logo, talvez ela queira se <strong>de</strong>sculpar...<br />

Karen: Ela nos fez alg<strong>um</strong> mal?<br />

(todos a ignoram e saem <strong>das</strong> frisas voltando ao palco, Então o pano se abre e lá está<br />

Joana, já com as taças cheias <strong>de</strong> vinho (com veneno) em cima da mesa).<br />

Joana: Pessoal, que bom que vocês vieram, em meio a tanto sofrimento, acabei<br />

maltratando alguns <strong>de</strong> vocês, <strong>de</strong>ixei <strong>de</strong> dar atenção a outros e agora, espero que não<br />

seja tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais para pedir <strong>de</strong>sculpas, caso tenha ofendido alg<strong>um</strong> <strong>de</strong> vocês... (todos<br />

compartilham o momento, negando tal tratamento) E pra provar tudo isso, resolvi<br />

compartilhar. Este é o melhor vinho que Billy guardava pra gran<strong>de</strong>s ocasiões. (vai<br />

entregando as taças e os outros fazendo sinal pelas costas).<br />

Joana: Po<strong>de</strong>mos beber (bebem, e Joana também bebe para disfarçar)<br />

Márcia: É suco <strong>de</strong> uva?<br />

Adriano: Não, é vinho meu bem...<br />

Márcia: Tem gosto <strong>de</strong> suco <strong>de</strong> uva. Mas é muito saboroso.<br />

Henry (terminando): Estava <strong>um</strong>a <strong>de</strong>licia, mas precisamos ir embora Joana.<br />

Joana: Porque a pressa? Vocês não vão mais sair daqui, vivos. No vinho que vocês


tomaram existe <strong>um</strong> forte veneno que correrá em suas veias, em poucos segundos. Por<br />

isso, <strong>de</strong>sejo a vocês <strong>um</strong>a boa... morte!.<br />

Henry: Que brinca<strong>de</strong>ira estranha Joana...<br />

(Márcia, Erick e Geysa começam a passar mal, e agacham, em seguida Adriano, Karen e<br />

Henry.<br />

Joana: Parabéns a todos, se saíram muito bem, faltou alguns <strong>de</strong>talhes... mas foram<br />

fenomenais, quase me convenceram sobre a dívida <strong>de</strong> meu marido. Mas fui mais esperta,<br />

sempre. (vai até a cozinha e traz a mala <strong>de</strong> Ana) Nesse momento, Ana está recebendo<br />

<strong>um</strong> bolo <strong>de</strong> aniversário, recheado com o mesmo veneno. Queima total <strong>de</strong> arquivos e<br />

provas. Usei luvas o tempo todo e a policia ao averiguar (pega a garrafa <strong>de</strong> vinho e passa<br />

na mão <strong>de</strong> vários <strong>de</strong>les) verá que vocês mesmos se mataram. A polícia irá dar o caso<br />

como encerrado. Afinal tanta grana em jogo, quando eles <strong>de</strong>scobrirem vocês, já estarei<br />

longe com a grana. Golpe <strong>de</strong> mestre. terminei (a campainha toca, ela não aten<strong>de</strong>. A<br />

pessoa entra, sem o publico ver).<br />

Joana: Amor... Achei que você não viria me buscar? Como foi mesmo que você<br />

<strong>de</strong>scobriu que o advogado do meu marido queria passar a perna em mim?<br />

(Amante <strong>de</strong> Joana, que nesse caso é Ana): Quando eu <strong>de</strong>scobri <strong>um</strong>a conta secreta <strong>de</strong>le<br />

na suíça, resolvi segui-lo por alguns dias e aí o resto você já sabe.<br />

Joana: Você é incrível!<br />

Ana: E você é a assassina mais sexy <strong>de</strong> todos os tempos...vamos embora.. (Joana sai na<br />

frente, Ana volta e pega o frasco do veneno que está em cima da mesinha, e olha para o<br />

publico sorrindo e sai).<br />

PS. A cada apresentação o assasssino po<strong>de</strong> ser alterado, basta escolher <strong>um</strong> motivo para<br />

tal e alterar o texto. Po<strong>de</strong>ndo inclusive ter vários finais.<br />

_______________________________________________________________________<br />

Fim.<br />

“O autor e o diretor só são bons na medida em que dão margem à gran<strong>de</strong>s<br />

interpretações. Mas o ator <strong>de</strong>ve se conscientizar <strong>de</strong> que é <strong>um</strong> Cristo da h<strong>um</strong>anida<strong>de</strong>; seu<br />

talento é muito mais <strong>um</strong>a con<strong>de</strong>nação do que <strong>um</strong>a dádiva”.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!