o sonho acordado - CLASI
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XIV<br />
O <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong> redação. É aquela forma que evoca um bom aluno na redação<br />
escolar. Bem pensado intelectualmente, bem construído, distante do imaginário, do<br />
afeto e do inconsciente. É uma das maiores formas de resistência. Outra variante é<br />
o <strong>sonho</strong>- <strong>acordado</strong> que o paciente cria durante a semana e vem depois relatar numa<br />
sessão para controlar qualquer expressão espontânea.<br />
O <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong> banalizado. O paciente finge viver um <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong>, uma<br />
atividade diária sem implicação: “estou lendo o jornal, tricotando, fazendo<br />
jardinagem, descascando legumes para a sopa, estou vendo televisão, estou<br />
assistindo o filme de ontem à noite...”.<br />
O <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong> a dois. Na registro ou transmissão do relato do <strong>sonho</strong>-<br />
<strong>acordado</strong> (pelo paciente), as frases que foram pronunciadas pelo analista são<br />
numerosas, por vezes uma, em cada duas, com proposições de imagens ou<br />
movimentos, fazendo com que o relato seja tanto do analista como do paciente. É<br />
um dos perigos e armadilhas do antigo <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong> dirigido, que desse modo<br />
impede o <strong>sonho</strong>- <strong>acordado</strong> analítico.<br />
O <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong> metralhadora. Não há relato, por vezes, sequer uma frase com<br />
verbos, somente palavras e imagens, o ritmo pode ser lento, interrompido ou muito<br />
rápido, evocando uma metralhadora: “vejo uma lâmpada, água, uma escada,<br />
pedras, neve, uma lesma, um cavalo morto, uma batina, um macaco...” e assim<br />
durante uma hora.<br />
O <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong> em capítulos. Ao contrário do <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong> metralhadora, a<br />
história continua durante uma sessão inteira e prossegue nas sessões seguintes<br />
(duas, três ou mais). Por exemplo, uma viagem através das colinas, dos matos, das<br />
montanhas, das planícies, do deserto, continua durante uma dezena de sessões, até<br />
que o paciente perceba que se tratava, por exemplo, da exploração do corpo<br />
gigante da mãe.<br />
O <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong> cego. O paciente faz um <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong>, mas finge não ver<br />
nada, como um cego é capaz de falar do mundo, até das cores, sem nenhuma<br />
imagem visual. É possível ter um <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong> sem imagem. Exemplo: “então<br />
o Júlio disse á Maria (...) e ela respondeu-lhe (...)”.<br />
O <strong>sonho</strong>-<strong>acordado</strong> metáfora. O analista pode lançar uma imagem: (por exemplo,<br />
sinto um peso nos ombros.) e propõe que o paciente deixe as imagens surgirem, o<br />
que pode evocar o seguinte: “vejo-me caminhando para a escola com a mochila<br />
nos ombros, pesa muito, está cheia de livros. Não, são pedras! Doem-me os