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REDE DGPS (DIFFERENTIAL GPS) PORTUGUESA 81<br />
pode dar informações erradas durante perío<strong>do</strong>s relativamente<br />
longos sem ter capacidade de avisar os utiliza<strong>do</strong>res<br />
da disfunção.<br />
3.2. Performance <strong>do</strong> DGPS<br />
Como já foi dito, a transmissão de correcções diferenciais<br />
aos sinais <strong>do</strong>s satélites GPS permite a eliminação<br />
da maior parte <strong>do</strong>s erros <strong>do</strong> GPS, melhoran<strong>do</strong> a sua<br />
exactidão para valores na ordem de 1 metro, ou pouco<br />
mais. O fim da Selective Availability, além de melhorar<br />
a exactidão <strong>do</strong> GPS natural, vai permitir, também, dar<br />
mais qualidade à radiodifusão DGPS, melhoran<strong>do</strong> a<br />
exactidão e passan<strong>do</strong> a prestar outros serviços aos navegantes.<br />
A Selective Availability era o erro mais difícil de<br />
compensar através da técnica diferencial, pois tratava-se<br />
de um erro artificialmente introduzi<strong>do</strong> e com carácter<br />
aleatório, o que fazia com que as correcções diferenciais<br />
perdessem a sua validade ao fim de algum tempo. Isso<br />
obrigava a que as correcções DGPS fossem actualizadas<br />
muito frequentemente. Actualmente, to<strong>do</strong>s os erros <strong>do</strong><br />
GPS têm uma variação lenta 8 . Desta forma, já não é<br />
preciso transmitir correcções DGPS a cada 10 segun<strong>do</strong>s,<br />
tal como acontecia quan<strong>do</strong> a Selective Availability<br />
estava activada. Como diminuiu a frequência com que é<br />
necessário transmitir correcções diferenciais, pode-se<br />
passar a transmitir informação sensível de segurança<br />
marítima, tal como alguns Avisos à Navegação, usan<strong>do</strong><br />
uma mensagem de texto que é sempre incluída nas<br />
radiodifusões de DGPS. Essa mensagem, que foi criada<br />
originalmente para informar os navegantes sobre a<br />
operacionalidade de Estações DGPS adjacentes, poderá<br />
também passar a incluir informação meteorológica.<br />
Além disso, mesmo que o navegante não consiga<br />
receber as correcções diferenciais durante alguns minutos,<br />
devi<strong>do</strong> a interferências, continuará a obter bons<br />
resulta<strong>do</strong>s com o DGPS. Isto significa que o serviço<br />
DGPS se tornou menos susceptível a interferências.<br />
Finalmente, como existe capacidade sobrante no<br />
link de rádio usa<strong>do</strong> na transmissão das correcções DGPS<br />
poder-se-ão, num futuro próximo, começar a transmitir<br />
correcções à fase <strong>do</strong>s sinais GPS. Actualmente, só se<br />
transmitem correcções aos códigos <strong>do</strong> GPS, mas a transmissão<br />
futura de correcções de fase possibilitará exactidões<br />
na ordem <strong>do</strong>s milímetros 9 . Está já a ser desenvolvida<br />
uma nova edição <strong>do</strong> formato de da<strong>do</strong>s a usar nas trans-<br />
8 Como a composição da ionosfera e da troposfera não varia<br />
bruscamente, também os erros aí origina<strong>do</strong>s têm uma variação<br />
lenta. Relativamente aos relógios <strong>do</strong>s satélites, o seu erro<br />
também varia muito lentamente, tal como o erro nas efemérides<br />
<strong>do</strong>s satélites.<br />
9 Existe uma regra empírica que diz que a exactidão conseguida<br />
na medição de um sinal radio é na ordem de 1% <strong>do</strong> seu<br />
comprimento. Como o código civil <strong>do</strong> GPS (código C/A) tem um<br />
missões DGPS que vai incorporar as correcções de fase,<br />
possibilitan<strong>do</strong> exactidões milimétricas em tempo real.<br />
De qualquer maneira, isso ainda não é possível e as<br />
exactidões conseguidas com o DGPS ainda andam na<br />
ordem <strong>do</strong> metro. Em Portugal foram feitos testes, no<br />
ano de 1999, a partir de duas Estações DGPS experimentais,<br />
montadas pelo <strong>Instituto</strong> <strong>Hidrográfico</strong> (com<br />
material cedi<strong>do</strong> a título de empréstimo por firmas <strong>do</strong><br />
sector), no Cabo Espichel e no Cabo Carvoeiro e que já<br />
foram desmontadas. Num artigo publica<strong>do</strong> nos Anais <strong>do</strong><br />
IH <strong>do</strong> ano de 2000 [Ref. 14], demos conta <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s<br />
então obti<strong>do</strong>s. A média <strong>do</strong>s erros das posições diferenciais<br />
observadas foi de 3,2m (95%), o que foi um bom<br />
resulta<strong>do</strong>, sobretu<strong>do</strong> por se tratar de Estações experimentais.<br />
Em termos de cobertura, conseguiram-se<br />
alcances na ordem das 300 a 350 milhas.<br />
Entretanto, já depois <strong>do</strong> fim da Selective Availability,<br />
mais concretamente em Outubro de 2000, foi realizada<br />
no <strong>Instituto</strong> <strong>Hidrográfico</strong> uma outra pequena experiência<br />
em que se gravaram posições diferenciais<br />
durante cerca de 115 horas, ten<strong>do</strong>-se obti<strong>do</strong> os seguintes<br />
resulta<strong>do</strong>s:<br />
❚❘ exactidão a 95% 10 : 1,8 metros e<br />
❚❘ exactidão a 99%: 2,4 metros.<br />
Estes resulta<strong>do</strong>s, que estão ilustra<strong>do</strong>s no diagrama<br />
da figura 3, são bastante satisfatórios e enquadram-se<br />
nos valores teóricos previstos no Federal Radionavigation<br />
Plan – 1999, que afirma que «os receptores DGPS<br />
poderão obter exactidões melhores <strong>do</strong> que 3 metros»<br />
[Ref. 15].<br />
A melhoria de exactidão conseguida pelo DGPS é<br />
particularmente significativa quan<strong>do</strong> se mede a Speed<br />
Over Ground (SOG) e o Course Over Ground (COG),<br />
sobretu<strong>do</strong> se o receptor de radionavegação estiver a<br />
fornecer inputs para o ECDIS, o AIS ou um sistema de<br />
ponte integrada. Como já se viu acima, estes sistemas<br />
requerem exactidões muito boas, difíceis de obter com o<br />
GPS natural.<br />
No entanto, para os navegantes marítimos os benefícios<br />
<strong>do</strong> DGPS não se esgotam na melhoria de exactidão.<br />
A vantagem mais significativa <strong>do</strong> DGPS reside no<br />
facto de garantir uma boa integridade aos utiliza<strong>do</strong>res.<br />
comprimento de cerca de 300 metros, isso significa que a exactidão<br />
na sua medição ronda os 3 metros. A exactidão de posicionamento<br />
conseguida é pior <strong>do</strong> que estes valores, devi<strong>do</strong>, entre outros<br />
factores, à DOP (Dillution Of Precision). Cada ciclo <strong>do</strong>s sinais GPS<br />
tem um comprimento de cerca de 20 cm, o que significa que se<br />
consegue medir a fase de cada ciclo com uma exactidão na ordem<br />
de 0,2 cm e gerar correcções de fase de elevadíssima exactidão.<br />
O grande problema e a razão pela qual não se avançou já para a<br />
geração de correcções de fase é a dificuldade de se determinar em<br />
que ciclo é que estamos a medir a fase <strong>do</strong> sinal, pois cada ciclo<br />
mede apenas 20 cm.<br />
10 A exactidão a 95% é a habitualmente usada em navegação.