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80 ANAIS DO INSTITUTO HIDROGRÁFICO N.º 15<br />
relógios <strong>do</strong>s satélites. A compensação <strong>do</strong> atraso na propagação<br />
ionosférica e troposférica é afectada pela descorrelação<br />
espacial, pois à medida que a distância entre a Estação<br />
de Referência e o utiliza<strong>do</strong>r aumenta, o mesmo acontece<br />
com a probabilidade de os trajectos ionosférico e troposférico<br />
até aos <strong>do</strong>is receptores divergirem significativamente.<br />
A compensação <strong>do</strong> erro nas efemérides também sofre<br />
descorrelação espacial, embora menos significativa, pois o<br />
aumento da separação também implica que diferentes<br />
componentes geométricas das efemérides sejam vistas<br />
pela Estação de Referência e pelo utiliza<strong>do</strong>r.<br />
Assim, a correlação <strong>do</strong>s erros entre a Estação de<br />
Referência e o utiliza<strong>do</strong>r depende da distância entre eles,<br />
mas considera-se que essa correlação é quase total para<br />
utiliza<strong>do</strong>res localiza<strong>do</strong>s a menos de 350 km da Estação<br />
de Referência [Ref. 10].<br />
A tabela seguinte foi compilada de várias fontes<br />
[Refs. 8, 9 e 11] e sumaria os vários erros <strong>do</strong> GPS, com<br />
estimativas da sua magnitude média e da possível<br />
melhoria conseguida pelo DGPS, para utiliza<strong>do</strong>res localiza<strong>do</strong>s<br />
perto da Estação de Referência.<br />
Origem <strong>do</strong> Erro GPS (m) DGPS (m)<br />
Atraso Ionosférico 3-30 0-2<br />
Atraso Troposférico 3-4 0-1<br />
Efemérides <strong>do</strong>s Satélites 2 0-0,5<br />
Relógios <strong>do</strong>s Satélites 1-2 0<br />
Multi-trajecto 0-2 0-2<br />
Ruí<strong>do</strong> <strong>do</strong> Receptor 0,3-1,5 0,3-1,5<br />
Tabela 1 – Sumário <strong>do</strong>s erros <strong>do</strong> GPS e DGPS 7<br />
2.9. Exactidão <strong>do</strong> DGPS marítimo<br />
Analisan<strong>do</strong> a tabela anterior podemos concluir que o<br />
DGPS permite melhorar a exactidão <strong>do</strong> GPS de um valor<br />
teórico compreendi<strong>do</strong> entre 13 e 36 metros (95%), garanti<strong>do</strong><br />
pelo Standard Positioning Service, para valores<br />
melhores <strong>do</strong> que 3 metros. Embora não exista nenhum<br />
valor «oficial» para a exactidão <strong>do</strong> DGPS marítimo que<br />
possamos citar, pode-se usar uma fórmula aproximada<br />
para determinar a exactidão, a 95%, num determina<strong>do</strong><br />
ponto. Segun<strong>do</strong> essa fórmula, devemos pegar no erro<br />
típico junto à Estação de Referência (na ordem de 0,05 m),<br />
somar-lhe um erro adicional de 1m por cada 150 km de<br />
separação Estação de Referência – navegante e, por fim,<br />
juntar-lhe o erro provoca<strong>do</strong> pelo equipamento <strong>do</strong> navegante,<br />
o qual pode variar de 0,3m a 1,5 m, dependen<strong>do</strong> da<br />
performance <strong>do</strong> receptor DGPS <strong>do</strong> navegante [Ref. 12].<br />
Assim, para um utiliza<strong>do</strong>r com um bom receptor que<br />
esteja a menos de 300 km da Estação DGPS, a exactidão<br />
no posicionamento é melhor <strong>do</strong> que 3m (95%).<br />
7 Tabelas semelhantes poderão ser encontradas na literatura<br />
especializada, sen<strong>do</strong> que os valores variam ligeiramente de fonte<br />
para fonte.<br />
3. Vantagens <strong>do</strong> DGPS para o navegante<br />
marítimo<br />
3.1. Performance <strong>do</strong> GPS<br />
Em 1 de Maio de 2000, as autoridades Norte-americanas<br />
terminaram com a Selective Availability, que era<br />
um mecanismo de degradação intencional da exactidão<br />
<strong>do</strong> GPS. Isso permitiu que os utiliza<strong>do</strong>res civis <strong>do</strong> GPS<br />
passassem a ter uma exactidão significativamente<br />
melhor <strong>do</strong> que a até aí conseguida, que era de 100<br />
metros (95%). As autoridades norte-americanas já<br />
actualizaram as especificações <strong>do</strong> Standard Positioning<br />
Service asseguran<strong>do</strong> para os receptores GPS de uma só<br />
frequência exactidões compreendidas entre 13 e 36 m<br />
(95%).<br />
Este valor mostra, claramente, que a exactidão <strong>do</strong><br />
GPS, sem Selective Availability, melhorou significativamente,<br />
tornan<strong>do</strong> o GPS natural suficiente para muitas<br />
aplicações e grupos de utiliza<strong>do</strong>res. No entanto, continua<br />
a ser necessária melhor exactidão para algumas<br />
aplicações marítimas, nomeadamente, navegação em<br />
águas restritas (sobretu<strong>do</strong> dentro de barras e portos),<br />
dragagens, levantamentos hidrográficos e posicionamento<br />
de bóias, bem como algumas aplicações militares<br />
que discutiremos adiante.<br />
Isto mesmo foi confirma<strong>do</strong> pela AISM/IALA (Associação<br />
Internacional de Sinalização Marítima / International<br />
Association of Lighthouse Authorities) numa<br />
declaração feita em Setembro de 2000: «a mais valia<br />
<strong>do</strong> DGPS em termos de exactidão continua essencial<br />
para que se cumpram os requisitos da OMI em entradas<br />
de portos e na fase de aproximação portuária»<br />
[Ref. 13].<br />
Além disso, a retirada da Selective Availability não<br />
resolve a maior deficiência que o GPS tem para os navegantes:<br />
a fraca integridade.<br />
Abro aqui um parêntesis para definir integridade,<br />
que é a qualidade que indica a confiança que se pode ter<br />
na informação fornecida por um sistema de radionavegação.<br />
A integridade, que é uma qualidade essencial em<br />
navegação (sobretu<strong>do</strong> para os navios que se encontrem<br />
em águas críticas), inclui a capacidade <strong>do</strong> sistema de<br />
providenciar avisos atempa<strong>do</strong>s aos utiliza<strong>do</strong>res, quan<strong>do</strong><br />
não deva ser usa<strong>do</strong> para navegação.<br />
No caso <strong>do</strong> GPS, a Master Control Station – localizada<br />
na Base Aérea de Schriever, em Colora<strong>do</strong> Springs –<br />
monitoriza em permanência o esta<strong>do</strong> de funcionamento<br />
<strong>do</strong>s satélites, usan<strong>do</strong> para o efeito os da<strong>do</strong>s recolhi<strong>do</strong>s<br />
por 6 estações de monitorização terrestres espalhadas<br />
pelo globo. No entanto, essas 6 estações não garantem<br />
uma cobertura total da esfera celeste, seguin<strong>do</strong> cada<br />
satélite apenas em cerca de 93% <strong>do</strong> tempo. Isto significa<br />
que se o satélite falhar num perío<strong>do</strong> em que não está à<br />
vista de nenhuma das estações de monitorização, o GPS