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54 ANAIS DO INSTITUTO HIDROGRÁFICO N.º 15<br />
permite detectar a quantidade de aluminosilicatos<br />
presentes nos minerais argilosos e é, de um mo<strong>do</strong> geral,<br />
considera<strong>do</strong> um elemento não contaminante.<br />
Na tentativa de averiguar a proveniência <strong>do</strong>s sedimentos<br />
da plataforma continental considerou-se um<br />
estu<strong>do</strong> efectua<strong>do</strong> por Alveirinho Dias (1987). De acor<strong>do</strong>,<br />
com este trabalho, a plataforma continental foi dividida<br />
em 5 regiões distintas com base na análise batimétrica e<br />
noutros parâmetros tais como: geologia, fisiografia,<br />
climatologia e rede de drenagem. A zona compreendida<br />
entre os paralelos da Ericeira e da Figueira da Foz está<br />
situada nas seguintes regiões: Região A (<strong>do</strong> paralelo da<br />
foz <strong>do</strong> rio Minho ao canhão submarino da Nazaré) e<br />
Região B (<strong>do</strong> canhão submarino da Nazaré ao cabo<br />
Raso). Estas duas regiões foram subdivididas ten<strong>do</strong> em<br />
conta a zona em estu<strong>do</strong>:<br />
❚❘ Região A 1, compreendida entre o paralelo da<br />
Figueira da Foz e o Canhão submarino da Nazaré;<br />
❚❘ Região B 1, compreendida entre o canhão submarino<br />
da Nazaré e o paralelo da Ericeira.<br />
O canhão submarino da Nazaré faz então, a divisão<br />
destas duas sub-regiões morfologicamente distintas, e<br />
começa a definir-se na batimetria a 50 m, no limite<br />
setentrional. Este forma profun<strong>do</strong> entalhe na plataforma<br />
continental, apresentan<strong>do</strong> a vertente norte relativa<br />
simplicidade de formas, enquanto que, a vertente sul é<br />
bastante mais complexa (fig. 1).<br />
Estas duas regiões (A 1 e B 1) têm características<br />
distintas no que respeita à origem e ao transporte <strong>do</strong>s<br />
sedimentos <strong>do</strong> litoral para a plataforma (Alveirinho Dias,<br />
1987) e (Óscar Ferreira et al, 1989) (Tabela 1).<br />
Região compreendida entre o paralelo da Figueira da Foz<br />
e o canhão submarino da Nazaré<br />
Batimetria simples, suave com batimétricas paralelas à costa.<br />
Os principais rios tributários desta zona são o Mondego e o Liz.<br />
O esta<strong>do</strong> actual de assoreamento <strong>do</strong>s estuários destes rios<br />
indica que o abastecimento de partículas terrígenas provenientes<br />
<strong>do</strong> continente se atenuou recentemente.<br />
A erosão das arribas (talhadas em dunas, arenitos e rochas<br />
carbonatadas) deverá fornecer quantidade apreciável de sedimentos<br />
para o litoral principalmente a norte de S. Pedro de<br />
Muel, onde pre<strong>do</strong>minam as arribas e dunas.<br />
Os sedimentos são sujeitos à deriva continental (direcção N- S)<br />
sofrem acção <strong>do</strong> canhão submarino da Nazaré, deven<strong>do</strong> ser<br />
capta<strong>do</strong>s para ele e por ele drena<strong>do</strong>s para fora da plataforma.<br />
Fig. 1 – Relevo da zona em estu<strong>do</strong> com a localização das estações<br />
de recolha <strong>do</strong>s sedimentos.<br />
A sul, na região B 1, ao largo da costa da Ericeira, é<br />
possível existirem sedimentos provenientes <strong>do</strong> estuário<br />
<strong>do</strong> rio Tejo, uma vez que, existe uma corrente residual<br />
com tendência de transporte para NW e, existe o efeito<br />
da corrente de vertente continental com transporte para<br />
norte, que pode considerar-se permanente abaixo <strong>do</strong>s<br />
100-300 m, (Relatório Síntese <strong>do</strong> Programa de Monitorização<br />
elabora<strong>do</strong> para a SANEST S.A., 1999).<br />
Parte Experimental<br />
Definiu-se uma malha de amostragem, ten<strong>do</strong> em<br />
conta a complexidade morfológica, os limites e os da<strong>do</strong>s<br />
sedimentológicos da área em estu<strong>do</strong>, de forma a permitir<br />
uma cobertura geográfica satisfatória relativamente<br />
TABELA 1 – Principais características das regiões consideradas na plataforma continental<br />
Região compreendida entre o canhão submarino da Nazaré<br />
e o paralelo da Ericeira<br />
Batimétricas forman<strong>do</strong> figuras complexas<br />
Não existem rios tributários importantes que drenem esta<br />
região da plataforma.<br />
Apresenta as maiores percentagens de componente biogénica de<br />
toda a plataforma continental, consequência da ausência de rios<br />
importantes que para aí transportem materiais provenientes <strong>do</strong><br />
continente e da eficácia <strong>do</strong> canhão submarino da Nazaré como<br />
barreira aos materiais provenientes da região setentrional.<br />
As zonas com altas frequências em terrígenos estão claramente<br />
relacionadas com o desmantelamento e erosão de afloramentos<br />
rochosos (incluin<strong>do</strong> as ilhas da região de Peniche).<br />
Na região compreendida entre Nazaré e Peniche, o canhão<br />
submarino da Nazaré é responsável em parte, pela menor quantidade<br />
de minerais pesa<strong>do</strong>s e sedimentos grosseiros, visto que<br />
esta zona não tem fontes alimenta<strong>do</strong>ras e vê assim reduzida a<br />
quantidade de sedimentos vin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> norte ao mesmo tempo<br />
que os materiais existentes na zona lhe são retira<strong>do</strong>s.