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18 ANAIS DO INSTITUTO HIDROGRÁFICO N.º 15<br />

que se limitam a manter arquivos de da<strong>do</strong>s, em formatos<br />

digitais ou não, cataloga<strong>do</strong>s de alguma maneira que<br />

permita pesquisa e extracção. Esta é a abordagem tradicionalmente<br />

a<strong>do</strong>ptada por grande parte <strong>do</strong>s investiga<strong>do</strong>res<br />

e tem grandes desvantagens no que respeita à acessibilidade<br />

e à preservação <strong>do</strong>s conjuntos de da<strong>do</strong>s. De<br />

facto, estes conjuntos de da<strong>do</strong>s tendem a perder-se com<br />

o tempo e são de difícil acesso fora <strong>do</strong> círculo de relações<br />

de cada investiga<strong>do</strong>r.<br />

No outro extremo encontram-se os sistemas mais<br />

complexos, onde se recorre a computa<strong>do</strong>res para ajudar<br />

a manter o sistema de informação, existin<strong>do</strong> pessoal<br />

dedica<strong>do</strong> ao conjunto de tarefas relacionadas com a concepção,<br />

desenvolvimento, manutenção e gestão tanto <strong>do</strong><br />

sistema de informação como <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s que este alberga.<br />

Estes sistemas têm as vantagens, a nosso ver fulcrais, de<br />

garantir a máxima acessibilidade e preservação <strong>do</strong>s conjuntos<br />

de da<strong>do</strong>s.<br />

Sem grande espanto, a tendência, observada nos<br />

organismos um pouco por toda a parte, é de passar para<br />

os sistemas mais complexos de sistemas de informação.<br />

Assim, foi-se implantan<strong>do</strong> uma nova actividade, coexistin<strong>do</strong><br />

com os diversos ramos <strong>do</strong> conhecimento, ocupa<strong>do</strong>s<br />

com a aquisição e exploração <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s nas suas<br />

actividades técnicas e científicas, actividade essa que<br />

serve de base às restantes, e que é verdadeiramente multidisciplinar:<br />

a <strong>do</strong>s sistemas de informação aplica<strong>do</strong>s às<br />

ciências da terra – Sistemas de Informação Geográfica,<br />

ou SIG. No caso particular <strong>do</strong> <strong>Instituto</strong> <strong>Hidrográfico</strong>, foi<br />

também inicia<strong>do</strong> um vasto processo de construção dum<br />

tal sistema de informação; aqui, o SIG diz respeito ao<br />

ambiente marinho e está em curso desde finais de 1997.<br />

O Sistema de Informação Geográfica sobre o<br />

Ambiente Marinho (SIGAMAR) é um projecto que o <strong>Instituto</strong><br />

<strong>Hidrográfico</strong> (IH) lançou para solucionar os problemas<br />

acima aponta<strong>do</strong>s e está a cargo <strong>do</strong> Centro de<br />

Da<strong>do</strong>s Técnico-Científicos (CD). As razões que levaram à<br />

a<strong>do</strong>pção de um méto<strong>do</strong> de trabalho em que o desenvolvimento<br />

<strong>do</strong> sistema é completamente feito com recursos<br />

próprios, utilizan<strong>do</strong> um mínimo de software comercial<br />

excepto nas próprias actividades de programação, foram<br />

descritas por Abreu e Chumbinho (1996), verifican<strong>do</strong>se,<br />

mais recentemente, a sua confirmação por Bartlett<br />

(1999). Estas razões prendem-se basicamente com três<br />

grandes factores: a orientação aplicacional <strong>do</strong>s SIG<br />

comerciais, a natureza muito particular <strong>do</strong> meio marinho<br />

(costeiro e profun<strong>do</strong>) e a especificidade <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

ambientais marinhos.<br />

No que respeita ao primeiro factor, constatou-se na<br />

altura <strong>do</strong> lançamento <strong>do</strong> projecto que praticamente<br />

to<strong>do</strong>s os Sistemas de Informação Geográfica comercialmente<br />

disponíveis estavam vocaciona<strong>do</strong>s para aplicações<br />

terrestres. Esta vocação mantém-se ainda hoje e é consequência<br />

<strong>do</strong> muito maior número de utiliza<strong>do</strong>res, individuais<br />

e institucionais, interessa<strong>do</strong>s em aplicações de<br />

SIG sobre a terra (cadastro, florestas, agricultura, redes<br />

viárias, redes de serviços, etc.), pese embora existam já<br />

ambientes SIG com produtos utilizáveis no meio marinho,<br />

como será aborda<strong>do</strong> adiante.<br />

Em segun<strong>do</strong> lugar, o meio marinho tem escalas<br />

temporais e espaciais muito diferentes das encontradas<br />

em terra, desde as grandes regiões <strong>do</strong> mar profun<strong>do</strong> até<br />

às mais confinadas zonas costeiras. Além disso, uma<br />

significativa fatia da população humana encontra-se<br />

estabelecida nas orlas continentais, o que exerce sobre<br />

estas regiões enormes pressões económicas, ambientais<br />

e demográficas. Isto torna a modelação <strong>do</strong>s sistemas de<br />

informação para o ambiente marinho e, em particular,<br />

para aplicações costeiras, uma tarefa muito complexa<br />

face à grande diversidade de funções, de entidades e de<br />

relações existentes entre elas.<br />

Por último, o ambiente marinho está em permanente<br />

mutação, em especial junto à costa, que constitui<br />

a sua parte mais interessante. A aquisição de da<strong>do</strong>s<br />

num ambiente total ou parcialmente coberto por água<br />

tem forçosamente condicionantes que não têm paralelo<br />

em terra; consequências inevitáveis da impossibilidade<br />

de ocupar fisicamente o local observa<strong>do</strong> são o<br />

aumento da incerteza nas medições, um maior espaçamento<br />

entre observações e um maior custo das campanhas<br />

de observação. Do exposto resulta um equilíbrio<br />

delica<strong>do</strong> entre a necessidade de manter planos regulares<br />

de medição, para acompanhar a evolução <strong>do</strong> meio,<br />

e os custos deste processo. Torna-se assim facilmente<br />

compreensível o eleva<strong>do</strong> valor associa<strong>do</strong> aos da<strong>do</strong>s<br />

sobre o ambiente marinho, bem como a sua característica<br />

verdadeiramente quadri-dimensional 1 . Esta última<br />

foi muito bem ilustrada por Lucas (1999), reproduzin<strong>do</strong>-se<br />

na fig. 1.<br />

Fig. 1 – As quatro dimensões <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s georeferencia<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

meio marinho (diversas perspectivas, segun<strong>do</strong> Lucas, 1999)<br />

1 Neste contexto, quadri-dimensional significa que uma<br />

determinada grandeza Q varia tanto no espaço como no tempo<br />

(Q = f(x,y,z,t)).

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