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CRIAÇÃO DE CABRAS 1 Introdução - Editora UFLA

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1 <strong>Introdução</strong><br />

<strong>CRIAÇÃO</strong> <strong>DE</strong> <strong>CABRAS</strong><br />

Maria das Graças Carvalho Moura e Silva 1<br />

Desde os tempos coloniais, o Nordeste vem sendo o<br />

grande difusor da caprinocultura no Brasil. Entretanto, só a partir<br />

da década de 70 é que a atividade recebeu maior incentivo, es-<br />

tabelecendo, assim, opção econômica para os pequenos e mé-<br />

dios proprietários das outras regiões, além da classe rural nor-<br />

destina. As criações especializadas em caprinos no Brasil vêm<br />

aumentando consideravelmente, principalmente nas regiões Su-<br />

deste, Sul e Centro-Oeste. A rápida difusão da espécie caprina<br />

só foi possível graças à grande facilidade de adaptação aos dife-<br />

rentes ambientes. A cabra é um dos poucos animais capazes de<br />

sobreviver e produzir em condições adversas, como as observa-<br />

das em regiões de clima extremamente quente ou frio e com<br />

poucos recursos naturais. Daí, tornou-se ao mesmo tempo uma<br />

atividade agradável, rentável e com alto valor social, contribuin-<br />

do com carne e leite na alimentação familiar.<br />

1 Professora do Departamento de Zootecnia


6<br />

2 Objetivos da Criação<br />

A cabra ( Capra hircus) é um ruminante doméstico, e é<br />

sabido que o rebanho caprino brasileiro alcança cerca de 11,9<br />

milhões de cabeças, conforme estimativa do ANUALPEC (1998).<br />

O Nordeste concentra 89,8% desse total, com 10,7 milhões de<br />

animais. É importante definir o tipo de exploração a que esses<br />

animais serão submetidos, pois eles fornecem vários produtos,<br />

como: carne, leite, pele, pêlo e esterco.<br />

Seja qual for a finalidade da exploração, a localização do<br />

criatório deve ser nas proximidades de um bom centro consumi-<br />

dor.<br />

2.1 Carne<br />

Provavelmente, a demanda está limitada pela oferta, ou<br />

seja, constitui-se em um mercado pouco explorado. Em média, a<br />

carcaça representa 54% do peso vivo; as vísceras comestíveis,<br />

11,2%; outros produtos não comestíveis, 11,6%, e o sangue e<br />

as perdas constituem 6,9%.<br />

O odor da carne está relacionado, especialmente, ao mo-<br />

mento da esfola. O odor não é próprio da carne, e sim transmiti-<br />

do pela pele. Daí, a necessidade de se ter o maior cuidado por<br />

ocasião da esfola, a fim de que não haja contato da parte externa<br />

da pele com a carne.


2.2 Leite<br />

É um alimento de alto valor nutritivo (exceto ferro) e de fá-<br />

cil digestão; isso justifica sua freqüente utilização na alimentação<br />

de pessoas idosas com problemas gástricos.<br />

O leite de cabra contém os cinco elementos necessários à<br />

nutrição: (1) o açúcar, (2) a proteína, (3) a gordura, (4) as vitami-<br />

nas e (5) os sais minerais. Apresenta também uma alta digestibi-<br />

lidade em função do tamanho (3 microns) e dispersão de seus<br />

glóbulos de gordura, bem como das características de sua caseí-<br />

na. (principalmente a beta caseína, o que confere um coágulo<br />

mais macio e quebradiço quando acidificado; além disso, os coá-<br />

gulos menores e mais quebradiços são mais rapidamente ataca-<br />

dos pelas proteases estomacais, facilitando a digestão).<br />

Como em qualquer tipo de leite, a composição química do<br />

leite de cabra varia com a genética, estado fisiológico, ordenha e<br />

posteriores manipulações do produto.<br />

O leite de cabra, de vaca e de mulher apresenta diferen-<br />

ças entre si, tanto na quantidade como na classe de proteína.<br />

Contudo, existem alguns trabalhos científicos que indicam o leite<br />

de cabra como o ideal para ser usado por crianças alérgicas ao<br />

leite de vaca e pessoas que fazem tratamentos quimioterápicos,<br />

porque o mesmo pode diminuir a queda de cabelos, o que é uma<br />

7


8<br />

característica desse tipo de tratamento. Obviamente, o leite pode<br />

ser consumido também como alimento por qualquer pessoa.<br />

Do leite de cabra, fabricam-se deliciosos queijos, doces,<br />

iogurtes, sorvetes, etc.<br />

2.3 Pele<br />

A cabra é o animal doméstico que possui a pele mais re-<br />

sistente e bem mais forte que qualquer outra pele, representando<br />

importante fonte de renda. Essas peles são destinadas para pro-<br />

dutos refinados de couro, como: bolsas, sapatos, luvas, etc.<br />

A pele deve ser cuidada convenientemente no abate, es-<br />

fola e conservação.<br />

2.3.1 Abate<br />

Os métodos modernos utilizam eletricidade e punção. São<br />

métodos empregados para o animal sofrer o menos possível.<br />

Não dispondo desses métodos, o criador deverá usar o sistema<br />

tradicional de abate, que consiste em pendurar o animal pelas<br />

patas traseiras, procedendo-se à sangria, com um corte seguro e<br />

profundo na veia jugular, deixando escorrer todo o sangue (Figu-<br />

ra 1).


Antes do abate, os animais devem ficar 24 horas em lo-<br />

cais com bastante água e com pouca ou nenhuma ração.<br />

O local do abate deve ser limpo e permitir que o sangue<br />

seja recolhido facilmente num vasilhame qualquer, ou em uma<br />

vala pela qual escorra livremente.<br />

2.3.2 Esfola<br />

A esfola consiste em fazer um corte ao redor de cada um<br />

dos cotovelos e outro na cabeça, na altura das orelhas (Figura<br />

2). Retira-se a pele com o maior cuidado possível, evitando-se<br />

que seja furada ou rasgada pela faca. Para isso, usam-se facas<br />

de ponta recurvada, e nunca uma faca de ponta fina.<br />

Para evitar cortes e furos, usa-se também o ar comprimi-<br />

do, o que pode ser feito por processo de soprobucal direto, ou<br />

então empregando-se a pressão do punho (Figura 3).<br />

Figura 2: Figura 3:<br />

9


10<br />

2.3.3 Conservação<br />

Para que a pele não se estrague após ser tirada do ani-<br />

mal, deve ser lavada em uma solução de salmoura bem concen-<br />

trada, para retirar algum sangue restante, pedaço de carne e<br />

gordura, pois estas deixam manchas na pele (Figura 4) ou em<br />

grade (Figura 5).<br />

Figura 4: Figura 5:<br />

No caso de se empregar varas, estas devem ser coloca-<br />

das do lado do pêlo e não do lado interno. Deve-se ser seca à<br />

sombra, em lugar bem arejado e fora do alcance de animais que<br />

possam estragá-la.<br />

Para curtir a pele com pêlo ou cabelo, deve-se esfregar,<br />

pelo lado carnal, uma mistura em partes iguais de sal comum e


pedra ume, pulverizando para formar uma cobertura bem unifor-<br />

me sobre ela.<br />

Depois de seca, a pele deve ser tirada das varas ou da<br />

grade; logo após, deve ser borrifada com uma solução à base de<br />

naftalina, ou produto similar, para evitar a pulilha (traça). Isso a-<br />

judará a sua conservação. A maneira correta de guardá-la e do-<br />

brá-la é no sentido do comprimento, deixando a parte do cabelo<br />

para dentro.<br />

2.4 Pêlos<br />

Usa-se pêlo de caprinos para diversos fins, dependendo<br />

da raça, comprimento do fio, maciez, etc.<br />

Com o pêlo fabricam-se feltros, tecidos aveludados, pin-<br />

céis, escovas, tapetes, etc.<br />

2.5 Esterco<br />

Sendo rico em nitrogênio, fósforo e potássio, é indicado<br />

para adubação em culturas agrícolas em geral.<br />

A produção média de esterco de uma cabra é de 600<br />

kg/ano, o que pode representar uma economia considerável na<br />

compra de adubos químicos.<br />

11


12<br />

3 Características dos Caprinos<br />

3.1 Dentição<br />

É possível, na prática, fazer-se a avaliação da idade dos<br />

caprinos pela observação e exame da arcada dentária (Figura<br />

6).<br />

Os ruminantes não possuem caninos e os caprinos nas-<br />

cem sem dentes.<br />

A primeira dentição dos caprinos é constituída de 20 den-<br />

tes, sendo 8 incisivos e 12 molares, todos chamados de dente de<br />

leite ou caducos. Na dentição permanente, as arcadas dentárias<br />

ficam assim formadas:<br />

⎫ superior com 12 molares, 6 de cada lado.<br />

⎫ inferior com 12 molares, 6 de cada lado e 8 inci-<br />

sivos (divididos em: pinças, 1 0 médios, 2 0 médios e<br />

cantos).<br />

Figura 6: Avaliação da idade pelos dentes.


Determinação aproximada da idade pelos dentes<br />

1 – um ano; 2 – 18 meses; 3 – 2 anos; 4 – 2 ½ a 3 anos; 5 – 3 ½ a 4 anos<br />

(adaptado de Sá, 1990)<br />

Aos 4 anos a dentição está completa e os cantos atingem<br />

o seu máximo desenvolvimento.<br />

⎫ Aos 4 ½ anos começa o desgaste dos cantos<br />

⎫ Aos 5 anos rasam os 1 0 médios<br />

⎫ Aos 6 anos rasam os 2 0 médios<br />

⎫ Aos 7 anos rasam os cantos<br />

3.2 Aparelho Digestivo<br />

A cabra apreende ou capta os alimentos com os dentes; o<br />

resultado prático disso é que a cabra é capaz de cortar as forra-<br />

geiras bem rente ao solo, mas também comer cascas de árvores,<br />

cortar galhos mais tenros, etc. Sendo animais ruminantes ou po-<br />

ligástricos, o estômago tem quatro divertículos: rúmen, retículo,<br />

omaso e abomaso (Figura 7). Relativamente, a capacidade gás-<br />

trica dos caprinos é superior à dos ovinos e bovinos, em torno de<br />

13


14<br />

50% do peso vivo, o que explica o grande apetite ou voracidade<br />

das cabras.<br />

A temperatura corporal normal da cabra está sempre<br />

compreendida entre 39 0 e 40 0 Celsius ( C ) em animais adultos e<br />

41 0 Celsius (C), em animais jovens. Essa temperatura é comu-<br />

mente mais elevada meio grau pela tarde do que pela manhã.<br />

A pulsação normal varia de 70 a 85 por minuto entre os<br />

adultos e de 90 a 100 entre os cabritos, tomada na face interna<br />

do antebraço (Figura 8).<br />

A freqüência respiratória varia de 12 a 15 respirações por<br />

minuto, um pouco mais entre os animais jovens.<br />

Figura 7 Figura 8


4 Raças<br />

Raça pode ser definida como um grupo de animais que<br />

possuem o mesmo conjunto de caracteres fixos e transmissíveis<br />

aos descendentes.<br />

A escolha da raça é um fator de sucesso na exploração de<br />

caprinos. Devem ser adquiridos animais provenientes de locais<br />

de venda que sejam idôneos, conforme o tipo de exploração de-<br />

sejada e que se adaptem às condições climáticas da região onde<br />

serão criados.<br />

Na Figura 9 tem-se a representação de todas as partes do<br />

corpo do animal, com sua respectiva denominação zootécnica.<br />

Figura 9:<br />

15


16<br />

4.1 Raças Produtoras de Leite<br />

São animais que geralmente apresentam conformação ge-<br />

ral para a clássica forma de cunha, aspecto descarnado, feminili-<br />

dade acentuada nas fêmeas e, sobretudo, um úbere bem desen-<br />

volvido e glanduloso. Os membros devem ser curtos, de prefe-<br />

rência bem aprumados e fortes.<br />

As raças caprinas especializadas são: Saanen, Alpina,<br />

Toggenburg, Murciana, La Mancha Americana, Nubiana.<br />

SAANEM<br />

ALPINA


TOGGENBURG<br />

NUBIANA<br />

4.2 Raças Produtoras de Carne<br />

MURCIANA<br />

São animais obtidos por cruzamentos com a raça Anglo-<br />

nubiana, e são enviados para o abate os cabritos machos ou<br />

com características raciais indesejáveis. No Brasil as raças espe-<br />

cializadas são: Anglonubiana, Bhuj, Mambrina, Jamnapari, Boer<br />

17


18<br />

ANGLONUBIANA<br />

MAMBRINA<br />

4.3 Raças Produtoras de Pele e Pêlo<br />

São raças nativas, cuja produção de peles garante a ren-<br />

tabilidade para o produtor, principalmente o nordestino. De apti-<br />

dão mista para carne e pele. Temos: Moxotó, Canindé, Marota,<br />

Repartida, Angorá ( Mohair).<br />

BOER<br />

BHUJ<br />

JAMNAPARI


5 Instalações<br />

Existem vários sistemas de criação de caprinos: intensivo,<br />

semi-intensivo, extensivo e de subsistência.<br />

Sistema Intensivo: os animais permanecem confinados<br />

durante todo o tempo, tendo acesso a uma área para tomarem<br />

sol e fazerem exercícios. Eles recebem toda alimentação em co-<br />

cho. As instalações são mais sofisticadas e, portanto, mais caras,<br />

uma vez que tendem a proporcionar um mínimo conforto aos a-<br />

nimais.<br />

MOXOTÓ<br />

MAROTA<br />

ANGORÁ<br />

CANINDÉ<br />

REPARTIDA<br />

Sistema Semi-intensivo: os animais saem do abrigo para<br />

o pasto pela manhã e retornam à tarde para receberem ração<br />

volumosa e concentrada, dependendo das necessidades. As ins-<br />

19


20<br />

talações são intermediárias entre os sistemas intensivo e exten-<br />

sivo.<br />

Sistema Extensivo: neste sistema, os animais são manti-<br />

dos no campo na quase totalidade do tempo, sendo o alimento<br />

obtido quase que exclusivamente no pastoreio direto. Este siste-<br />

ma é típico da maioria dos criatórios do Nordeste brasileiro, onde<br />

as condições são precárias, principalmente as de alimentação,<br />

com a criação de animais de baixa produtividade, porém com alta<br />

rusticidade. As instalações são simples, compostas de um galpão<br />

ou mesmo de um cercado, onde os animais são recolhidos à noi-<br />

te ou para alguma prática de manejo.<br />

Criação de Subsistência: esta criação está localizada na<br />

periferia dos grandes centros urbanos. O proprietário do animal<br />

leva-o para pastar em terrenos baldios e o deixa amarrado em<br />

corda.<br />

Para a exploração leiteira, são aconselhados os sistemas<br />

intensivos e semi-intensivo, e entre esses, o intensivo é o melhor.<br />

Para as raças especializadas em produção de leite e com a cria-<br />

ção em média e grande escala, torna-se necessário o planeja-<br />

mento de instalações (capril, aprisco, cabril) funcionais, práticas e<br />

econômicas que atendam às necessidades dos animais.<br />

5.1 Local de Escolha


As instalações destinadas ao abrigo dos animais devem<br />

ser localizadas em áreas de fácil acesso, bem drenadas, orienta-<br />

ção Leste para Oeste e fechado ao Sul (para evitar as correntes<br />

de ventos mais frios), ensolaradas, bem ventiladas, claras, com<br />

facilidade de limpeza, água de boa qualidade e protegidas contra<br />

chuvas, radiação solar, predadores, etc, e a produção deve ter<br />

fácil acesso ao centro consumidor.<br />

5.2 Tipo de Instalação<br />

⎫ Tipo Gaiola: as baias podem ser individuais ou para dois<br />

animais, com piso suspenso suficiente para uma boa limpeza<br />

diária. São mais econômicas e versáteis (bambu, madeira, etc),<br />

Figura 10.<br />

⎫ Tipo Galpão ou Cabanha: este tipo é o mais usado pela<br />

maioria dos criadores. A cobertura varia de acordo com a conve-<br />

niência do criador, desde que seja impermeável à água e proteja<br />

os animais do sol sem aumentar a temperatura interna (Figura<br />

11).<br />

Figura 10 Figura 11<br />

21


22<br />

As baias para as cabras em lactação ou secas podem ser<br />

de dois tipos: individuais, quando em criações de pequeno porte,<br />

ou coletivas,<br />

A área total da construção é calculada bastando multiplicar<br />

o número de cabras existentes por 2,0 m 2 . De posse desses da-<br />

dos e com o número de animais, o criador poderá calcular a área<br />

total e as subdivisões do capril a ser construído. A altura do pé<br />

direito deve ser de pelo menos 2 m até o piso; deste ao solo, a<br />

altura deve permitir uma limpeza fácil, sendo recomendado de 80<br />

a 100 cm. As divisões internas poderão ser de madeira ou de<br />

alvenaria, numa altura de 1,4m para reprodutores e 1,2 m para<br />

as demais categorias. Recomenda-se o piso ripado, sendo as<br />

ripas espaçadas entre si 1,5 cm para animais com até 3 meses<br />

de idade e 2,0 cm para animais acima dessa idade, para evitar<br />

que machuquem as patas entre os espaços das ripas (Figura 12)


Figura 12 : Esquema de piso ripado.<br />

a = para animais jovens1,5cm; para animais adultos: 2,0cm.<br />

5.3 Solário<br />

Deve-se prever uma área externa para exercícios e cobri-<br />

ção, sendo esta de 2m 2 / fêmea ou 4m 2 / reprodutor. O piso pode<br />

ser cimentado (mais indicado) ou de terra batida (difícil de ser<br />

higienizado).<br />

5.4 Bebedouros<br />

Localizados no lado externo das baias, podem ser do tipo<br />

fixo (caixa d’água central com bóia mantendo o mesmo nível de<br />

água para todos os bebedouros), baldes de plástico ou automáti-<br />

co para leitão. No campo, proteger bóias e fazer limpeza periódi-<br />

ca. Os bebedouros devem ficar no nível da altura da garupa dos<br />

animais, para evitar que esses defequem dentro deles.<br />

5.5 Comedouros ou Cochos<br />

23


24<br />

Devem ficar do lado externo das baias, com separação pa-<br />

ra volumosos e concentrados. Usar ripas de proteção para evitar<br />

que os animais subam nos cochos. Área de chegada no cocho é<br />

de 0,50 m/cabra As manjedouras ou fenis: 0,50 m de altura do<br />

solo e devem estar na divisória das baias. Os saleiros em campo:<br />

cobertos (1,20 - 1,50 m de pé direito), elevado entre 0,50 a 0,60<br />

m do solo e de 0,20 x 0,40 ( largura x profundidade).<br />

Figura 13: Esquema das dimensões do cocho com suas angulaçöes<br />

5.6 Plataforma ou Sala de Ordenha<br />

Sala de ordenha é recomendada para rebanhos com mais<br />

de 40 cabras. Podendo ser do tipo de ordenha lateral ou ordenha<br />

por trás. A ordenha mecânica é viável para rebanhos com mais<br />

de 80 cabras em lactação.


A plataforma de ordenha consta de um estrado de madei-<br />

ra elevado do solo, com rampa de subida para a cabra e destina-<br />

da a oferecer maior conforto e segurança ao ordenhador e ao<br />

animal durante a ordenha (Figura 14). É recomendável para re-<br />

banhos menores.<br />

Figura 14: Esquema da plataforma de ordenha.<br />

5.7 Esterqueira<br />

Um animal adulto excreta de 1,5 a 2,0 kg de fezes por dia<br />

ou 550 a 700 kg por ano, o que corresponde aproximadamente a<br />

1 m 3 / animal/ adulto/ ano.<br />

As dimensões da esterqueira dependem do número de a-<br />

nimais e do número de descargas por ano.<br />

25


26<br />

5.8 Pedilúvio<br />

A finalidade é fazer a desinfecção dos cascos dos ani-<br />

mais. Essa desinfecção poderá ser feita com solução de formol<br />

comercial a 10% ou sulfato de cobre a 10%. Na ausência desses<br />

produtos químicos, a cal virgem diluída em água funciona como<br />

um bom desinfetante.<br />

Os pedilúvios deverão ser construídos na entrada dos cur-<br />

rais, cabris ou apriscos, com as seguintes dimensões:<br />

⎫ 2,0 metros de comprimento<br />

⎫ 10 cm de profundidade<br />

⎫ largura correspondente à largura da porteira.<br />

5.9 Piquetes<br />

Fácil manejo das pastagens ( escolher a forrageira de a-<br />

cordo com o hábito de pastejo, seletividade, etc), fácil rotação,<br />

diversidade de forrageira (é melhor), bem drenados, bebedouros<br />

bem distribuídos, comedouros, cochos para sal e fenis.<br />

O tempo de utilização é de 3 a 5 dias, com um período de<br />

descanso de 35 dias. Esse manejo visa a diminuir a infecção<br />

parasitária nos animais e o uso de vermífugos.<br />

5.10 Cercas


São proteções feitas para evitar que os caprinos saiam de<br />

sua área de pastejo. Podem ser de troncos, tábuas, telas, arame<br />

liso ou farpado (não é muito recomendado) e cercas elétricas.<br />

Esses tipos variam conforme a possibilidade de aquisição do ma-<br />

terial (Figura 15).<br />

A altura das cercas dependerá da idade dos animais; em<br />

geral, usa-se cercar com 1,5m de altura, composta por 8 a 9 fios<br />

de arame. Se já existirem cercas para bovinos, basta passar 2<br />

fios a mais entre cada um dos primeiros fios de baixo. A distância<br />

entre mourões deve ser de 2 em 2 metros.<br />

Portões, porteiras e colchetes devem ser de acordo com o<br />

tipo de maquinaria que vai entrar no piquete. As cercas elétricas,<br />

além da economia no custo, é feita com apenas 2 fios e mantêm<br />

os animais no pasto. São energizados a uma baixa amperagem<br />

(2,5 milésimos de ampère), carga que não provoca danos nem<br />

aos animais e nem ao ser humano.<br />

Figura 15: Tipos de cercas<br />

27


28<br />

5.11 Quarentenário<br />

Consiste em uma baia isolada do criatório (aproximada-<br />

mente 100 metros) a fim de que se possa deixar o animal a ser<br />

introduzido no rebanho em observação, isolar animais com doen-<br />

ças contagiosas e acostumar os animais ao manejo nutricional.<br />

5.12 Outras Instalações<br />

Deve-se prever áreas para farmácia, sala de máquinas,<br />

depósito de ração, depósito de materiais, área para guardar feno,<br />

etc.<br />

6 Manejo Alimentar<br />

A nutrição adequada é um dos principais fatores respon-<br />

sáveis pela produtividade de um rebanho.<br />

Animais bem nutridos têm condições de expressar todo<br />

seu potencial genético e são mais resistentes a doenças e para-<br />

sitas.


Ainda é comum observar que as cabras são alimentadas<br />

como pequenas vacas. Entretanto, apesar de requererem os<br />

mesmos princípios nutricionais, as exigências são diferentes, por<br />

causa da diferença entre as espécies. Diferenças essas, a saber:<br />

hábitos alimentares, atividades físicas, exigências de água, com-<br />

posição do leite, seleção de alimentos, composição de carcaça,<br />

desordens metabólicas e parasitas.<br />

6.1 Hábito Alimentar<br />

Os caprinos têm hábitos alimentares diferentes de bovinos<br />

e ovinos, sendo, provavelmente, a principal razão de sua capaci-<br />

dade de sobreviver e produzir em áreas de pobre cobertura vege-<br />

tal.<br />

6.2 Consumo de Alimentos<br />

A determinação do nível de consumo de alimentos tem<br />

importância para o balanceamento de dietas e para estabelecer<br />

um programa alimentar para os animais.<br />

mais a fibra.<br />

Os caprinos, por triturarem melhor o alimento, aproveitam<br />

O consumo de alimentos depende de:<br />

6.2.1 Fatores Relacionados ao Animal<br />

29


30<br />

Raça, aptidão zootécnica e estado fisiológico.<br />

Animais de raças leiteiras normalmente consomem mais<br />

do que as raças nativas; por exemplo, animais em lactação con-<br />

somem mais do que animais em final de gestação.<br />

6.2.2 Fatores Relacionados ao Meio<br />

Tipo de forragem, idade da forragem, grau de moagem,<br />

método de conservação, quantidade da ração concentrada,<br />

quantidade oferecida e temperatura ambiente.<br />

6.2.3 Seletividade<br />

Os caprinos são muito seletivos e buscam variar a inges-<br />

tão de verde, preferindo vegetação arbustiva, folhas largas, bro-<br />

tos e as leguminosas. Quando as forragens forem fornecidas no<br />

cocho, convém oferecê-las picadas em pedaços grandes ao in-<br />

vés de trituradas, pois são mais bem apreciadas. Quanto ao tipo<br />

de pasto e à qualidade das pastagens, quanto maior a diversida-<br />

de de forrageiras, melhor será o resultado.<br />

6.2.4 Ingestão de Matéria Seca


Em clima temperado, as cabras ingerem 5 - 6% do peso<br />

vivo. Em clima tropical, a ingestão é de 3 - 5% do peso vivo,<br />

conforme o estado fisiológico do animal (Devendra & McLeroy,<br />

1983).<br />

Para mantença, o animal ingere 3% do peso vivo, e na<br />

gestação, a ingestão é de 2,2 - 2,8% do peso vivo.<br />

6.2.5 Recomendações Práticas<br />

É difícil fazer uma recomendação única de alimentação<br />

por causa dos recursos que cada propriedade dispõe. Portanto,<br />

deve-se estabelecer um programa alimentar para cada situação,<br />

levando-se em conta a categoria animal ( Tabela 5 ).<br />

Tabela 5: Esquema prático para cálculo do teor de Proteína Bru-<br />

ta no concentrado.<br />

Tipo de % de PB no % de PB no Concen- Categorias a serem<br />

Volumoso Volumosos trado a ser oferecido suplementadas<br />

Rico > 14 12 a 16 Cabras em lactação e<br />

cabrito em crescimento<br />

Médio 10 a 14 16 a 18 Cabras em lactação,<br />

cabrito em crescimento<br />

e cabras em gestação.<br />

Pobre 5 a 10 18 a 22 Todas as categorias<br />

Muito pobre<br />

< 5 22 a 24 Todas as categorias.<br />

Fonte: Adaptado de SANCHES (1985)<br />

31


32<br />

Observação:<br />

Tipo Rico = forrageiras em crescimento, silagens ou fenos<br />

muito bons, com grande percentagem de leguminosas (teor de<br />

PB acima de 14% na MS);<br />

Tipo Médio = forrageira não madura, silagens ou fenos<br />

bons, com alguma leguminosa (teor de PB de 10 a 14% na MS);<br />

Tipo Pobre = forrageira em início de maturação, silagens<br />

ou fenos de gramíneas medíocres (teor de PB de 5 a 10% na<br />

MS);<br />

Tipo Muito Pobre = forrageira madura, cana picada, sila-<br />

gem ou feno de baixa qualidade (teor de PB inferior a 5% na MS)<br />

e palhadas.<br />

Na época da seca, aumenta o número de espécies pasto-<br />

readas, e nos países tropicais, onde a luminosidade é favorável,<br />

a alta temperatura e umidade proporcionam grande crescimento<br />

das gramíneas tropicais, fazendo com que seu valor nutritivo seja<br />

baixo. E na região do Nordeste, a umidade é baixa e isso limita o<br />

crescimento.<br />

Deve-se fornecer quantidades de volumosos que permi-<br />

tam uma seleção e que o índice de sobra seja de 30% para vo-<br />

lumosos de média qualidade e 50% de baixa qualidade; para o<br />

feno de boa qualidade, 10% e picado 15%; para silagem ótima, a<br />

sobra deve ser em torno de 15%. Portanto, a média de sobra


deverá ser em torno de 15 a 20% do oferecido. Para as cabras<br />

em lactação, o concentrado poderá ser fornecido no ato da orde-<br />

nha.<br />

6.2.6 Alimentos para Cabras<br />

Leguminosas: guandu, algarroba, soja perene, mucuna-<br />

preta, cunhã, alfafa, amendoim-forrageiro, feijão-de-porco, etc.<br />

Gramíneas: capim-pangola, jaraguá, colonião, gordura,<br />

coast-cross, pangolão, setária, cameron, estrela-africana, napier<br />

e outros.<br />

etc.<br />

Hortículas: folhas de nabo, beterraba , cenoura, etc.<br />

Raízes e Tubérculos: mandioca, batata-doce, beterraba,<br />

Cereais: milho, centeio, milheto, sorgo, trigo, etc.<br />

Outras Folhas: erva-cidreira, anis, bananeira, pitangueira,<br />

goiabeira, confrei, etc.<br />

6.2.7 Alimentação por Categoria<br />

τ Cabritos em Aleitamento:<br />

Assegurar ao recém-nascido a ingestão de colostro nas 6<br />

primeiras horas de vida até 36 horas (durante 5 dias), a quanti-<br />

dade de 100 a 150g/kg de peso vivo ou 0,5 a 0,8 kg/dia (3 a 5<br />

33


34<br />

refeições/dia), possibilitando a absorção de anticorpos pelo cabri-<br />

to, que ocorre mais intensamente nesse período. Essa medida é<br />

importante para a prevenção de futuras doenças. Em caso de<br />

morte da matriz, podemos utilizar colostro fresco de outra matriz<br />

e colostro congelado, após aquecido à temperatura de 35 a 37 0<br />

Celsius (C). Em razão da CAE (artrite encefalite caprina viral), o<br />

colostro natural ou artificial de cabra deve ser pasteurizado antes<br />

de ser oferecido ao cabrito, para que o vírus possa ser inativado;<br />

também pode ser utilizado o colostro bovino. O cabritinho, a partir<br />

do 3 0 dia de vida, deve ter à sua disposição concentrado, mistura<br />

mineral e água de boa qualidade.<br />

Colostro Artificial:<br />

⎫ ½ litro de água;<br />

⎫ 1 ovo;<br />

⎫ ½ colher de óleo de rícino;<br />

⎫ ½ litro de leite;<br />

⎫ Vitaminas e minerais (premix para crias).<br />

Misturar bem e dar três vezes ao dia, durante 6 ou 7 dias<br />

seguidos, na mesma dosagem.<br />

O aleitamento artificial deve ser feito após o colostro de 3<br />

a 5 dias, em baldes coletivos, mamadeiras (melhor controle), for-<br />

necendo leite de vaca aos animais com 4 a 5 dias, durante 14 a<br />

28 dias (1,0 a 1,5 litros/cabeça/dia). O desaleitamento deverá


ocorrer com 2 a 3 meses de vida; porém, para garantir a saúde<br />

desses animais, devemos ter à disposição um piquete bem cer-<br />

cado, formado com boas gramíneas e que não tenha sido pasto-<br />

reado por animais adultos.<br />

Após a 1ª semana, fornecer concentrado (12 a 18% de<br />

PB), e feno de boa qualidade, da 2ª à 3ª semana. O leite de soja<br />

(no máximo até 30%) pode ser utilizado da seguinte maneira: o<br />

fubá do grão (1 kg/8 litros de água) deve ser fervido por 20 minu-<br />

tos e coado em peneira, acrescentar 1g de sal mineralizado/litro<br />

leite + 1 g de fosfato/litro leite + 300 U.I. vitamina A/litro leite.<br />

Dentre as vantagens em se fazer desmama precoce, te-<br />

mos: menor infestação verminótica melhor desenvolvimento ru-<br />

minal e corporal das crias.<br />

τ Desmama Precoce:<br />

Exemplo 1: Desmama precoce com 35 dias<br />

Idade Alimento Número de Quantidade Observação<br />

(dias)<br />

refeições Total (l)<br />

1 a 5 Colostro ou<br />

substituto<br />

5 0,5 Água à vontade<br />

6 a 11 leite cabra 3 1,0 Nos cochos: capins<br />

ou cabra +<br />

ou feno, ração, á-<br />

vaca ou de<br />

gua, sal e farinha de<br />

soja<br />

osso<br />

12 a 30 leite de vaca 2 1,5 Idem<br />

31 a 33 leite de vaca 2 1,0 idem<br />

34 a 35 leite de vaca 1 0,6 idem<br />

Outro aspecto importante é a urolitíase, que pode apare-<br />

cer em animais machos mesmo em aleitamento; portanto, cuida-<br />

do com a relação Ca : P, que deve ser de 2:1.<br />

35


36<br />

Exemplo 2: Desmama tardia com 90 dias<br />

Idade (dias) Alimento Número de Quantidade Observação<br />

refeições total (l)<br />

1 a 5 colostro 5 0,5 água à vontade<br />

6 a 11 leite de cabra + 3 1,0 nos cochos, capins<br />

vaca<br />

ou fenos, ração,<br />

12 a 30 leite de vaca 2 1,5<br />

água, sal e farinha de<br />

osso<br />

idem<br />

31 a 60 leite de vaca 2 2,0 idem<br />

61 a 80 leite de vaca 2 1,0 idem<br />

81 a 90 leite de vaca 1 0,5 idem<br />

τ Cabritos em Crescimento:<br />

Fornecer um bom volumoso e 300 - 400 g de concentrado<br />

/cabeça /dia (14 - 16% de PB) e mistura mineral.<br />

τ Cabras:<br />

1- Cabras no final da gestação<br />

Nos últimos meses, deve-se diminuir o consumo e aumen-<br />

tar a exigência. Como volumoso, fornecer de preferência o feno e<br />

a ração concentrada na quantidade de 400 a 600g/cab /dia (20 -<br />

22% de PB) e suplementação mineral. Quando é fornecido volu-<br />

moso de baixa qualidade, aparece uma doença metabólica de-<br />

nominada “Toxemia da Gestação”, na maioria dos casos letal à<br />

matriz e fetos.<br />

2 - Cabras em lactação


Ingerem de 4 - 5% peso vivo de matéria seca (MS). Na ra-<br />

ção concentrada para cabras de menor potencial, o teor de prote-<br />

ína bruta (PB) é de 14%.<br />

Quando os volumosos forem do tipo rico ou médio, o con-<br />

centrado deverá conter 16 - 18% de PB e 60 - 70% de Nutrien-<br />

tes Digestíveis Totais (NDT) e o consumo é de 200 a 300g/kg<br />

leite + 300g mantença; a relação Ca e P é 2:1 (1,2:1,0) e os co-<br />

chos devem ter contenção individual.<br />

τ Reprodutores:<br />

Bodes adultos devem receber volumosos e mistura mine-<br />

ral à vontade, 500 - 800 g/dia de concentrado com 16 - 18% de<br />

PB. Manter a relação Ca : P por causa da grande incidência de<br />

cálculos urinários.<br />

6.3 Minerais<br />

É de suma importância que os animais tenham acesso di-<br />

ário e consumo à vontade de mistura mineral.<br />

Para cabras com alta produção de leite, deve-se incluir 1%<br />

de sal mineral na ração concentrada.<br />

Quando a mistura for feita na propriedade, devem ser le-<br />

vados em consideração o sistema de criação, a qualidade da<br />

pastagem, feno ou silagem, tipo de solo, etc., para a definição de<br />

sua composição e seus ingredientes.<br />

37


38<br />

7 Práticas de Manejo<br />

7.1 Descorna<br />

A descorna significa eliminar os chifres dos caprinos adul-<br />

tos ou impedir que os chifres cresçam nos animais jovens.<br />

A descorna deve ser feita entre 1 a 3 meses de idade. O<br />

processo de queimar os botões do chifre com ferro quente é o<br />

mais prático e menos estressante, sendo indicado para cabritos<br />

com idade inferior a 10 dias (Figura 16), ou por aplicação da<br />

pasta caústica (Figura 17)<br />

Figura 16: Descorna com ferro quente


Figura 17: Descorna com pasta química<br />

Os animais adultos são descornados com fio serra ou ci-<br />

rurgicamente; porém, este método causa forte hemorragia e po-<br />

de formar bicheiras no local da descorna; portanto, deve-se usar<br />

ungüento ou repelente.<br />

7.2 Marcação<br />

A marcação pode ser feita, usando-se: 1) tatuagem (na<br />

orelha do animal com auxílio de um alicate apropriado, de acordo<br />

com a legislação vigente); 2) colar (chapas de lata ou plástico);<br />

3) brinco (desvantagem de ser mastigado pelos animais; para<br />

solucionar, basta colocar o número de identificação para dentro<br />

da orelha) e 4) ferro quente (não é usado porque deprecia a pele<br />

do animal).<br />

39


40<br />

7.3 Corte de Casco<br />

Deve ser feito com intervalo de 30 dias, variando de acor-<br />

do com o tipo de instalação. Os cascos de animais confinados<br />

em baias de piso de madeira crescem normalmente, porém eles<br />

não são lixados, ocasionando um crescimento exagerado, que<br />

pode perturbar os aprumos (Figura 18).<br />

Figura 18: Casqueamento:<br />

7.4 Castração<br />

Consiste na eliminação dos testículos dos cabritos por reti-<br />

rada completa dos mesmos, abrindo-se o saco escrotal ou por<br />

meio do corte dos cordões dentro do mesmo, para anular as fun-


ções dos testículos; assim, os cabritos perdem a função reprodu-<br />

tiva.<br />

Deve ser feita de preferência no primeiro mês de vida. En-<br />

tretanto, quando a criação tem objetivo de reprodutores, pode-se<br />

fazer essa prática mais tarde.<br />

A castração também é importante para não deixar sabor e<br />

odor na carne. Os processos são:<br />

1) Fita elástica – corta a circulação dos testículos, necro-<br />

sando-os, até que se desprendam; é indicado para ca-<br />

britos jovens (Figura 19).<br />

Figura 19: Castração com fita elástica.<br />

2) Burdizzo - esmaga os cordões sem cortar ou ferir. Po-<br />

de ser feito em qualquer época (Figura 20).<br />

Figura 20: Castração com Burdizzo.<br />

41


42<br />

3) Cirúrgico - depois que o cabrito estiver contido (seguro),<br />

faz-se um corte com bisturi, canivete ou faca bem limpa e desin-<br />

fetada na parte inferior da bolsa escrotal, fazendo-se uma abertu-<br />

ra suficiente para a saída do testículo. Em seguida, os testículos<br />

(um de cada vez) são puxados para baixo, juntamente com o<br />

cordão, e raspado até o rompimento total do cordão espermático.<br />

Em cabritos mais jovens, é preferível arrancar o cordão com o<br />

testículo. Antes da operação, a região deve ser lavada e desinfe-<br />

tada. Após a operação, tratar a região com solução anti-séptica<br />

ou pomada, para evitar instalações de bicheira na incisão.<br />

7.5 Tratamento do Umbigo<br />

O corte do cordão umbilical deve ser feito a uma distância<br />

de aproximadamente 2cm do abdômen, utilizando-se uma tesou-<br />

ra esterilizada. Para a desinfecção, mergulhar o restante do cor-<br />

dão umbilical em tintura de iodo a 10%, repetindo esse procedi-<br />

mento durante 2 a 3 dias.<br />

7.6 Separação dos Lotes por Idade


A finalidade é diminuir a contaminação parasitária dos a-<br />

nimais mais jovens e evitar a transmissão de doenças. No paste-<br />

jo rotacionado, os animais jovens entram primeiro.<br />

tare.<br />

A taxa de lotação : 1 bovino = 8 caprinos ou ovinos / hec-<br />

Uma cabra leiteira em pico de lactação pode ingerir até<br />

7% do seu peso vivo.<br />

O período de ocupação de um pasto deve ser de 5 - 6 di-<br />

as. Após esse período, pode prejudicar a rebrota.<br />

8 Manejo Sanitário<br />

A sanidade dos rebanhos é de fundamental importância<br />

para o sucesso da exploração caprina.<br />

É preciso que os animais estejam sadios para que possam<br />

expressar seu potencial genético e ter maior resistência às a-<br />

gressões impostas pelo meio ambiente. Higiene e boa alimenta-<br />

ção são importantes para que um programa sanitário seja bem-<br />

sucedido. A nutrição adequada, isto é, o atendimento das exi-<br />

gências nutricionais de cada categoria animal, torna-os mais re-<br />

sistentes às doenças.<br />

Os animais adquiridos devem passar por um quarentená-<br />

rio, de uso exclusivo, com controle de endoparasitos e ectopara-<br />

sitos, brucelose, toxoplasmose, tuberculose, leptospirose e de<br />

43


44<br />

micoplasmose. No caso de fêmeas de alto valor, fazer inspeção<br />

adicional, palpação, CMT ou exames laboratoriais. Após esse<br />

período, devem ser enquadradas na rotina com aferições dos<br />

índices zootécnicos. Outra medida é evitar que o rebanho per-<br />

maneça ou paste em regiões úmidas, que são focos de infesta-<br />

ções verminóticas.<br />

É importante a não-promiscuidade com outras espécies<br />

animais para evitar a transmissão de doenças. No caso de inci-<br />

dência de doenças infecto-contagiosas, deve-se isolar os animais<br />

afetados.<br />

8.1 Desinfecção das Instalações<br />

⎫ Não lavar o piso ripado , a não ser que haja doença infecto-<br />

contagiosa.<br />

⎫ Deve-se raspar e varrer os dejetos diariamente.<br />

⎫ Os comedouros devem estar bem limpos.<br />

⎫ Bebedouros sempre devem lavados e secos, pelo menos 1<br />

vez por semana.<br />

⎫ Quando possível, usar lança-chamas.<br />

⎫ Evitar entrada de pessoas provenientes de criatórios suspeitos,<br />

e ter sempre pedilúvio na entrada.<br />

8.2 Controle de Ectoparasitas


Deve-se fazer sempre inspeções freqüentes para observar<br />

a presença de sarnas, piolhos, berne, bicheira e carrapatos ,<br />

causados por artrópodes, que atacam pêlos, pele ou aparecem<br />

sob a pele dos animais.<br />

Esses parasitas causam queda significativa na produção<br />

das cabras, podendo veicular doenças; provocar queda do pêlo,<br />

danificar a pele, e provocar em alguns animais, inclusive, anemia,<br />

etc.<br />

A ocorrência pode ser devida à alta densidade tanto nas<br />

baias quanto nos piquetes e solários, e à falta de higiene (fezes<br />

em comedouros e/ ou bebedouros, cama, etc).<br />

Prevenção:<br />

ω Separar animais por faixa etária, em baias ou piquetes;<br />

ω Fazer rodízio de pastagens, e os mais jovens<br />

devem pastar primeiro do que os adultos;<br />

ω Deve-se evitar a superlotação;<br />

ω Manter limpos os bebedouros e comedouros (devem fi-<br />

car acima do nível da garupa dos animais);<br />

ω Evitar pastejar em lugares úmidos ou alagadiços;<br />

ω Deixar as fezes curtirem, antes de colocá-las como es-<br />

terco na plantação, e<br />

ω Bom manejo alimentar.<br />

8.3 Controle de Endoparasitas<br />

45


46<br />

Constitui as doenças provocadas pelos protozoários, pla-<br />

telmintos e nematelmintos.<br />

Estes parasitas são encontrados freqüentemente nos ca-<br />

prinos, estando localizados nos órgãos como abomaso, pulmões,<br />

intestino delgado e grosso, etc.<br />

A falta de higiene nos comedouros e bebedouros, alta<br />

densidade nas baias e piquetes, pastejo em áreas alagadiças e<br />

nas primeiras horas do dia e acesso a forrageiras de baixo porte<br />

favorecem ao alastramento dessas doenças (Figura 21)<br />

Figura 21:. Ciclos vegetativos de vermes pulmonares e gastrintestinais


chuvas;<br />

60 dias;<br />

Tratamentos Estratégicos Contra Vermes:<br />

1- Medicar os animais no pasto, depois da ocorrência de<br />

2- Realizar exames de fezes (10% do rebanho) a cada 50-<br />

3- Fazer rotação de anti-helmínticos ( princípio ativo);<br />

4- Quando vermifugar os animais, repetir o tratamento aos<br />

19 ou 20 dias depois;<br />

dosagens;<br />

5- Usar a dose recomendada. Nunca usar sub ou super-<br />

6- Não introduzir animais novos no rebanho sem antes ha-<br />

ver passado por um período de quarentena;<br />

7- Não medicar apenas uma parte do rebanho. Todos os<br />

animais devem ser tratados com vermífugos, mesmo os de boa<br />

aparência (portadores sãos);<br />

8- Não vermifugar fêmeas nos 45 dias iniciais e nos últi-<br />

mos 60 dias de gestação, e nos animais com idade inferior a 15<br />

dias.<br />

8.4 Mamite<br />

47


48<br />

A principal causa é a falta de higiene na ordenha. Outras<br />

causas são as traumáticas (chifrada dos filhotes ou a própria ca-<br />

bra ou outra pisa no úbere do tipo pendular, quando deitada) e as<br />

predispostas (úbere grande e mal-inserido, válvula do mamilo<br />

relaxada, tetos duplos).<br />

Com esta doença ocorre inflamação de parte ou de todo o<br />

úbere, provocando diminuição da produção de leite.<br />

Como medida preventiva, lavar o úbere da cabra em lac-<br />

tação e a mão do ordenhador, antes de cada ordenha, com solu-<br />

ção desinfetante; fazer uso da caneca telada e do CMT (Califor-<br />

nia Mastite Test); evitar ordenha desnecessárias; imergir o teto<br />

em solução de iodo glicerinado (10g de iodo metálico, 7g de iode-<br />

to de potássio, 160 ml de glicerina e 840 ml de água destilada);<br />

dar preferência ao aleitamento artificial e eliminar animais com<br />

tetos extras.<br />

8.5 Profilaxia de Doenças Infecto-Contagiosas<br />

⎫ Comprar animais sadios<br />

⎫ Fazer exames de rotina e deixá-los em quarentena<br />

⎫ Fazer vacinações<br />

⎫ Deve-se fazer os seguintes exames:<br />

mas<br />

tuberculose e brucelose (a cada 6 meses), leptospirose<br />

toxoplasmose e micoplasmose, quando apresentarem sinto-<br />

⎫ Isolar os animais


⎫ Evitar promiscuidade de espécies<br />

8.6 Desinfetantes Utilizados em Caprinocultura<br />

Desinfetante é todo agente físico ou químico capaz de e-<br />

liminar os germes patogênicos.<br />

O termo bactericida é aplicado à substância capaz de des-<br />

truir bactérias sob a forma vegetativa, enquanto germicida é apli-<br />

cado à substância capaz de destruir todos os microorganismos,<br />

incluindo as formas de resistência ( esporos ).<br />

Existem dois tipos de desinfetantes:<br />

1) Desinfetante químico, por exemplo, cresol (creolina): é<br />

desodorizante, de baixo custo, eficaz contra agente da tuberculo-<br />

se, possui pequeno efeito residual e inativa-se em parte frente à<br />

matéria orgânica; fenol (pinhosol): é estável frente à luz solar e<br />

ar, possui toxidez e não tem bom efeito sobre esporos, sendo<br />

irritante para a pele; cal: é ideal para obstruir gretas de madeiras<br />

dos alojamentos, possui baixo custo e facilidade de aplicação, é<br />

de baixo poder desinfetante e é irritante para mucosas oculares e<br />

49


50<br />

do trato respiratório; yodofor (biocid): perde ação frente à matéria<br />

orgânica, etc.<br />

2) Desinfetante físico : lança-chama, que é utilizado para<br />

fazer a desinfecção de toda a instalação, atua em qualquer situa-<br />

ção, sem ser inativado por matéria orgânica. É de baixo custo;<br />

entretanto, não possui efeito residual e necessita de mão-de-obra<br />

especializada.<br />

ESQUEMA <strong>DE</strong> VACINAÇÕES<br />

DOENÇA CONDIÇÕES PERÍODO<br />

Aftosa em regiões onde ocorre a<br />

doença ou em casos de<br />

risco, como exposições,<br />

transportes, contato direto<br />

ou indireto com outros<br />

animais.<br />

Carbúnculo sintomático Em regiões onde há a<br />

doença ou em condições<br />

de risco.<br />

Conforme recomendação<br />

prescrita para os bovinos<br />

da região.<br />

Anualmente.<br />

Filhotes: com 4 meses de<br />

idade e repetir aos 12<br />

meses de idade.<br />

Gestantes: 50 a 40 dias<br />

antes do parto.<br />

Ectima contagioso ---------- Rebanho Indene: não<br />

vacinar.<br />

Rebanho que já apresentou<br />

a doença, fazer a<br />

vacinação da seguinte<br />

forma:filhotes, 3 o mês de<br />

idade; fêmeas, 3 o mês de<br />

gestação.


Enterotoxemia Identificada a doença no<br />

criatório, utilizar toxóides<br />

e bacterinas autóctones.<br />

Leptospirose Em caso de sorologia<br />

positiva no rebanho.<br />

Tétano<br />

51<br />

vacinação da seguinte<br />

forma:filhotes, 3 o mês de<br />

idade; fêmeas, 3 o mês de<br />

gestação.<br />

Rebanho Anualmente.<br />

Cabras: inicialmente duas<br />

doses com intervalos de<br />

duas semanas. Reforço<br />

no final da prenhez (3<br />

semanas antes do parto).<br />

Cabritos: 1 a dose com 3 a<br />

4 semanas de idade e a<br />

2 a dose, duas semanas<br />

depois. Machos: duas<br />

doses anualmente.<br />

Revacinar todo o rebanho<br />

1 vez ao ano.<br />

Semestralmente ou conforme<br />

recomendação do<br />

veterinário.<br />

Linfadenite caseosa Em rebanhos problema Conforme recomendação<br />

do fabricante.<br />

Colibacilose<br />

Ocorrendo o problema, o Inicialmente duas doses<br />

Pasteurelose<br />

técnico deverá julgar a com intervalo de duas<br />

Salmonelose<br />

conveniência do uso de semanas em todos os<br />

bacterinas autóctones animais. Posteriormente<br />

Raiva<br />

em fêmeas no último mês<br />

de gestação.<br />

Em caso de ocorrência da Vacinar todo o rebanho 1<br />

doença, num raio de 15 vez por ano em regiões<br />

km (herbívora)<br />

onde há surto da doença.<br />

_____________________ _____________________ _____________________<br />

Fonte: Sanches, 1982<br />

REGRAS PARA UMA BOA VACINAÇÃO:<br />

Filhotes: 3 o mês de idade;<br />

Fêmeas: 4 o mês de gestação.<br />

Obs: Quando houver ferimento<br />

ou se fizer cirurgia,<br />

é bom vacinar.


52<br />

É de suma importância que na aplicação de uma vacina o<br />

vacinador observe alguns cuidados fundamentais, tais como:<br />

⎫ Observar a data de validade da vacina;<br />

⎫ Cumprir rigorosamente as instruções do fabricante;<br />

⎫ Manter a vacina gelada até o momento da aplicação;<br />

⎫ Fazer assepsia no local e material empregado;<br />

⎫ Evitar vacinar os animais cansados ou debilitados, submeti-<br />

dos a esforços excessivos durante ou após a vacinação;<br />

⎫ Fazer a aplicação com tranqüilidade.<br />

ON<strong>DE</strong> VACINAR:<br />

Os locais mais recomendados para aplicações de vacinas<br />

e injeções de medicamentos são:<br />

1 - ENDOVENOSA ( veias) : na jugular;<br />

2 - SUBCUTÂNEA ( entre a pele e a carne): de preferência na<br />

tábua do pescoço, atrás da paleta e face interna da coxa;<br />

3 - INTRAMUSCULAR ( no músculo): de preferência na anca,<br />

peito ou pescoço;<br />

4 – INTRADÉRMICA (entre as camadas da pele): na orelha.<br />

4<br />

1 2<br />

3<br />

2<br />

3<br />

3


9 Manejo Reprodutivo<br />

O controle reprodutivo é fundamental para que, por meio<br />

de um planejamento de monta bem estruturado, possa dar ao<br />

criador uma produtividade durante todo o ano. Ao adquirir matri-<br />

zes, deve-se verificar principalmente a conformação do úbere,<br />

produção leiteira, genitália externa, idade e características raciais<br />

(quando registrada), ausência de CAEV, Linfadenite caseosa e<br />

Ectima contagioso.<br />

9.1 Reprodutor<br />

Um macho não deve ser adquirido antes dos 6 (seis) me-<br />

ses de idade, pois é nessa idade que ele atinge a puberdade.<br />

9.1.1 Aparelho Reprodutor Masculino<br />

53


54<br />

9.1.2 Puberdade<br />

A puberdade é a idade em que os animais começam a a-<br />

presentar diferenças sexuais secundárias. Fisiologicamente os<br />

machos apresentam maturidade sexual entre os 4 - 5 meses de<br />

idade (40 a 50% do peso vivo), quando começam a produzir es-<br />

permatozóides e o apêndice vermiforme (apêndice existente na<br />

ponta do pênis - glande) se desprende da glande.<br />

9.1.3 Idade para Iniciar na Reprodução<br />

Em geral, aos 10 - 12 meses pode-se iniciar como repro-<br />

dutor, dependendo do seu desenvolvimento, cobrindo de uma a<br />

duas fêmeas por dia e descansando no dia seguinte. Os machos<br />

que iniciam a atividade reprodutiva muito cedo devem dispor de


uma alimentação excelente, para que possam cruzar e continuar<br />

tendo um bom desenvolvimento corporal. A prática de estação de<br />

monta é altamente desejável e consiste em deixar o reprodutor<br />

cobrir as fêmeas por apenas um determinado período de tempo<br />

por ano.<br />

9.1.4 Monta Natural<br />

O bode, ao entrar em contato com a fêmea no cio, produz<br />

um odor (odor hircino) que é característico e produzido por uma<br />

glândula existente atrás dos chifres. O animal passa a urinar por<br />

toda a face, cheira e lambe a vulva da fêmea, levanta o lábio in-<br />

ferior, retrai o superior e cheira o ar (Reflexo de Flehman).<br />

9.1.5 Relação Macho - Fêmea<br />

A quantidade de machos a serem mantidos no plantel, pa-<br />

ra uma eficiente cobertura de todas as fêmeas, é de um macho<br />

para cada 25 matrizes (4%), quando os animais são jovens, e de<br />

um macho para 35 fêmeas (3%), quando os reprodutores são<br />

mais velhos.<br />

55


56<br />

zes.<br />

No sistema intensivo, é indicado um bode para 15 matri-<br />

A quantidade de cobertura para um reprodutor já totalmen-<br />

te desenvolvido não deve exceder a 6 saltos por dia, tendo como<br />

uma boa média 3 a 4 coberturas por dia. Quando for muito exigi-<br />

do, deverá descansar no dia seguinte.<br />

9.1.6 Estacionalidade<br />

O bode puro pode apresentar estacionalidade, isto é, cru-<br />

za somente em um período do ano (janeiro a abril), mesmo que<br />

tenha fêmeas no cio perto dele. Esse fenômeno é causado por<br />

fatores ambientais, manejo alimentar e individual (peso, idade,<br />

raça).<br />

9.1.7 Inseminação Artificial<br />

Atualmente só é realizada com sêmen de machos que<br />

possuem teste de progênie, que é obtido controlando a produção<br />

das filhas do bode e verificando o quanto ele pode melhorar em<br />

um rebanho.


9.2. Fêmea<br />

Em todo o rebanho é importante identificar e eliminar os<br />

animais improdutivos, como fêmeas velhas, fêmeas que falharam<br />

2 (dois) anos consecutivos, fêmeas que rejeitam ou não criam<br />

bem suas crias ou têm problemas de úbere (mamite, falta de<br />

tetas, tetas entupidas ou cortadas, etc), apresentem deformação<br />

no aparelho genital externo e doenças crônicas.<br />

9.2.1. Aparelho Reprodutor Feminino<br />

9.2.2 Puberdade<br />

Neste período a fêmea tem o primeiro cio, que geralmente<br />

aparece fisiologicamente entre 4 a 5 meses (40 a 50% do peso<br />

vivo), porém não se deve colocá-la em atividade sexual porque<br />

57


58<br />

ainda não atingiu um peso mínimo para manter a gestação, cres-<br />

cer ao mesmo tempo e produzir leite. Normalmente esse peso é<br />

atingido próximo aos 8 meses de idade (raças leiteiras).<br />

9.2.3 Época Ideal de Reprodução<br />

Para raças leiteiras, o peso ideal para a primeira cobertura<br />

é em torno de 30 a 35 kg, ou seja, 60% do peso adulto. Normal-<br />

mente, esse peso é atingido próximo aos 8 meses de idade (ra-<br />

ças leiteiras).<br />

9.2.4 Cio<br />

A duração do ciclo estral é de 19 a 21 dias em média, ou<br />

seja, a cabra apresenta cio de 21 em 21 dias aproximadamente,<br />

podendo ter uma variação normal de 18 a 22 dias.<br />

O cio tem uma duração média de 36 h, com uma variação<br />

normal de 24 a 48 h (aceita o macho ± 14 a 36 h). A ovulação<br />

ocorre 12 a 18 h após o início da aceitação da monta (difícil é<br />

saber quando se iniciou a aceitação). Daí, recomendam-se: ca-<br />

bras, inicialmente encontradas em cio pela manhã, devem ser<br />

cobertas na mesma manhã e à tarde do mesmo dia; cabras que<br />

são encontradas em cio à tarde, devem ser cobertas neste perí-<br />

odo e na manhã seguinte do dia seguinte. Dessa maneira, ca-<br />

bras com cio curto serão cruzadas, evitando-se perda de cio.


0 h ± 14 h ± 26 h ±<br />

36 h<br />

Não aceita monta |aceita monta ® |<br />

〈 ⎝ Ovulação ⎜<br />

Melhor Momento para Cobertura 〈 ( ± 6 h)<br />

(muco leitoso) 〈<br />

Já não aceita monta<br />

A fêmea no cio deve ser levada ao reprodutor 2 vezes ao<br />

dia, com intervalos de 10 a 14h entre uma monta e outra.<br />

Comportamento da Cabra no Cio:<br />

⎫ Queda de apetite;<br />

⎫ Inquietação;<br />

⎫ Monta e deixa-se montar pelas companheiras;<br />

⎫ Bale constantemente;<br />

⎫ Procura pelo macho;<br />

⎫ Movimentos laterais rápidos da cauda;<br />

⎫ Vulva edemaciada e avermelhada, com muco cristalino no iní-<br />

cio;<br />

⎫ Reflexo da micção (urinar) é mais constante e,<br />

⎫ Passa a aceitar o macho após a ovulação.<br />

59


60<br />

9.2.5 Gestação<br />

Tem um período de 150 dias em média, influenciado bas-<br />

tante pela alimentação, fatores mecânicos, medicamentos, etc.<br />

Em virtude do pequeno porte dos caprinos e da impossibi-<br />

lidade de fazer o toque retal, o diagnóstico da gestação se dá<br />

pelo desaparecimento dos cios, e no final da gestação, pelo en-<br />

chimento do úbere e a palpação externa do feto (Figura 22).<br />

Não devemos vermifugar as cabras nos dois últimos me-<br />

ses de gestação por causa do risco de aborto.<br />

Os principais cuidados com a gestante resumem-se em<br />

secar o leite 60 dias antes do parto e fornecer alimentação equi-<br />

librada para evitar abortos e toxemia.<br />

Figura 22: Várias posições do feto


9.2.6 Parto<br />

Durante este período, a cabra apresenta os seguintes si-<br />

nais: a cauda e as ancas afundadas, o úbere torna-se brilhante, a<br />

respiração fica mais difícil, o olhar mostra-se assustado, a cabra<br />

mostra-se mais afetuosa com seu criador, o animal fica inquieto,<br />

as patas dianteiras dobram-se como querendo acamar-se, berra<br />

muito e olha para trás, às vezes, para a frente, enfim, no momen-<br />

to do parto, a cabra deita-se (Figura 23).<br />

61


62<br />

O parto inicia-se entre 1 e 10 h após o início das contra-<br />

ções uterinas. No máximo 3 h após o nascimento do primeiro,<br />

todos os filhotes já devem ter sido expulsos, e até 2 h após o<br />

nascimento do último, a placenta deverá ser expulsa. Após o<br />

nascimento de cada filhote, a cabra o lambe e o enxuga.<br />

Depois de 10 a 30 minutos do nascimento, o filhote deverá<br />

estar de pé, devendo ser estimulado a mamar o colostro no má-<br />

ximo até 6 h após o nascimento. Se a cabra não lamber o filhote,<br />

este deverá ser enxuto com um pano limpo.<br />

Não há necessidade de ajudar a fêmea durante o parto, só<br />

se houver algum problema com o filhote. Caso haja, quem for<br />

fazer o parto deverá cortar bem as unhas para evitar ferir o ani-<br />

mal, lavar as mãos com sabão, untando-as com óleo.<br />

Todos os movimentos deverão ser muito cuidadosos, pois<br />

o útero da cabra é frágil e rompe com muita facilidade.<br />

9.2.7 Aborto<br />

A cabra é um animal que aborta com muita facilidade. Vá-<br />

rias são as causas que provocam o aborto, como, por exemplo:<br />

as causas mecânicas, cujo aborto é provocado por pancadas,<br />

golpes, pedradas, correrias, choques, etc.; as causas de ordem<br />

nutritivas, como má alimentação, fome e ração alimentícia defici-<br />

ente e insuficiente; as causas provocadas por ordem patológica,


como febre, infecções, brucelose, etc, e as causas provocadas<br />

por plantas tóxicas abortivas.<br />

Vistas as causas que provocam o aborto da cabra, caberá<br />

ao criador dispensar, para este animal, todo o cuidado durante o<br />

período de gestação.<br />

9.2.8 Ordenha<br />

Para as cabras leiteiras, são recomendadas duas orde-<br />

nhas diárias, sempre no mesmo horário, para condicionar os a-<br />

nimais a liberarem leite.<br />

O local de ordenha deve ser limpo, com facilidade de á-<br />

guas de boa qualidade, tranqüilo e sem barulhos.<br />

A ordenha pode ser manual ou mecânica; no entanto, os<br />

cuidados de higiene devem ser: 1) o ordenhador deve lavar bem<br />

as mãos; 2) lavagem do úbere em água corrente; 3) secagem do<br />

úbere com papel-toalha. Deve-se desprezar os três primeiros<br />

jatos para diagnosticar mastites clínicas.<br />

A maneira correta de segurar o peito da cabra é também<br />

fator importante para provocar uma saída normal do leite (Figura<br />

24).<br />

Figura 24 Ordenha manual<br />

63


64<br />

9.2.9 Indução de Cio<br />

A indução e/ou sincronização de cio são feitas com uso de<br />

esponja impregnada com progesterona sintética, que é introduzi-<br />

da na vagina da cabra, aí permanecendo por 11 a 21 dias, de-<br />

pendendo do tratamento utilizado. (Tabela 6).<br />

Tabela 6: Tratamento Curto: esta técnica apresenta melhores<br />

resultados<br />

Dia 1<br />

Esponja com 45mg de<br />

FGA (fluorogestona)<br />

48 horas antes de retirar,<br />

aplicar 400 a 500UI de<br />

PMSG + 5 a 10µg de<br />

prostaglan-dina natural<br />

(lutalyse) ou 100 a<br />

200µg de cloprostenol<br />

sódico (ciosin)<br />

Retirada da esponja<br />

97% das fêmeas entram no cio 24horas após a retirada da esponja<br />

Dia 11<br />

OBS: Apesar de a literatura recomendar a utilização de 400 a<br />

500 UI de PMSG (soro de égua prenhe), essa dosagem tem pro-<br />

vocado superovulação nas condições tropicais; assim, essa do-<br />

sagem deve ser reduzida para 250 a 300 UI.


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67

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