18.04.2013 Views

CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

alguma criança “lançasse um olhar sobre uma determinada moça que tivesse<br />

exibido, ao cruzar as pernas, parte da coxa, parecia uma coisa extraordinária. Como<br />

é que a sexualidade ou era reprimida ou repelida. Mas você não tinha essa<br />

espontaneidade tão liberada quanto hoje. Você vivia...”.<br />

Em momento algum, Guidi fala que esse tipo de interesse não existia,<br />

mas que, naquela época, a sexualidade era mais reprimida e, segundo ele, até<br />

mesmo repelida. No entanto, ao recordar das atividades das meninas do Póvoas<br />

Carneiro, Nereu Guidi lembra que uma brincadeira muito comum entre as meninas<br />

era o jogo de “amarelinha” e ressalta que havia, ainda, as conversinhas e certo<br />

exibicionismo que atraía olhares e despertava a imaginação daquelas crianças.<br />

As conversinhas delas, aquele negócio todo e tal. Os garotos geralmente<br />

tinham uma parte ali atrás. Não era bem um terreno ali dentro. Ali ficavam<br />

ainda sós, chutando uma bola e fazendo aquela, contando aquelas<br />

histórias, aquele negócio todo e tal. No anteceder às aulas, eles ficavam ali<br />

na frente da casa da dona Zulcema. Conversando fazendo aquela exibição<br />

natural que é próprio de guri de 10, 11, 12 anos. Um cochicha daqui, outro<br />

conversa de lá. Aquele negócio todo lá. Aguardando o horário de aula.<br />

Porque como poucos alunos vocês tinham uma fiscalização também muito<br />

presente. Havia um monitoramento muito presente de todos nós. Sabiam<br />

quem era a mãe. 101<br />

Nereu Guidi nos traz um aspecto muito interessante que é a discrição com<br />

que lidavam com essas situações, mas afirma que os olhares denunciavam o<br />

interesse que, segundo ele, devia ser uma forma natural de querer estar juntos.<br />

Misturavam -se meio que de lado. Tudo era muito discreto. Guardava essa<br />

discrição. Mas o olhar! Você entendia que as pessoas gostavam de estar<br />

próximas. Não é por nada. Talvez não fosse nada de sexualidade, mas, é<br />

uma forma natural. Uma natureza. É o querer natural das pessoas. A<br />

identidade até pelo princípio de reciprocidade das pessoas. 102<br />

Maria Lydia, que foi aluna e, mais tarde, professora no Póvoas Carneiro,<br />

lembra que costumava brincar com os vizinhos da rua onde morava, principalmente,<br />

de patinete e bicicleta, o que atesta sua condição social compatível com a da classe<br />

média urbana.<br />

A gente brincava muito, mas isso não na escola. Fora. Eu morava na Praça<br />

Nereu Ramos, esquina com a Seis de Janeiro. Ela tinha um morrinho assim<br />

[mostra com as mãos]. Ainda deve ter, não sei. A gente subia aquele morro<br />

e descia de patinete ou de bicicleta, sabe. Era rua, tudo tão simples. 103<br />

101<br />

GUIDI, Nereu. Entrevista concedida em 25/05/2006.<br />

102<br />

Idem<br />

103<br />

CARNEIRO, Maria Lydia – Entrevista concedida em 27/04/2006.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!