CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc
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Antônio Adalberto Canarin recorda de brincadeiras e peripécias que<br />
praticava tanto na escola como nas ruas da cidade por onde circulava com seus<br />
amigos. Em sua narrativa, faz questão de salientar que se tratava de brincadeiras<br />
saudáveis e que, geralmente, procurava chegar um pouco mais cedo na escola para<br />
se reunir com outros garotos e socializar as travessuras cometidas no caminho de<br />
casa para a escola e da escola para casa. Segundo Canarin, o tempo de chegada<br />
em casa era controlado pelos pais que, em caso de atraso, punham-se na estrada<br />
ao encontro dos seus filhos e, por outro lado, na escola não havia espaço para tanta<br />
estripulia dadas as atividades escolares e o controle das professoras e de dona<br />
Zulcema.<br />
A gente fazia, contava as brincadeiras. Tudo que se passava. Eu intiquei<br />
com fulano, ou fiz isso, aquilo, tal contando vantagem. Nessas reuniões era<br />
isso. Começava as aulas, eu não lembro bem o horário, mas se fosse às<br />
oito horas, às 10 tinha um intervalo. (...) Essa hora então, a bagunça<br />
pegava. Era futebol, era pulo de vara. Era pular corda, as meninas. Tinha<br />
aquelas mais comportadinhas que sentavam, contavam historinhas,<br />
estudavam alguma coisa. Segundo período de aula. Que era se não me<br />
engano 45 minutos cada aula. Era dividido em quatro, cinco aulas. Quando<br />
era próximo ao meio-dia, tu não tinha mais muito tempo. A baguncinha que<br />
tu fazia, era de rua porque, (...) até chegar em casa (...) os pais já<br />
controlavam. Se não chegasse naquele horário, eles já iam a caminho. 97<br />
Em suas narrativas, Canarin recorda de alguns personagens<br />
“engraçados”, com os quais se divertiam, fazendo chacota e provocando neles as<br />
reações mais diversas, como o impulso de correr atrás da garotada, esbravejar<br />
contra os meleques, enfim, tentar livrar-se.<br />
Existiam algumas figuras de Criciúma que bebiam. Eu lembro como, o<br />
Fausto. O Fausto era um senhor que vinha da região de Imbituba, no trem.<br />
Ele tinha 1 metro de altura. Ele cantava, fazia quadrinhas pra ganhar uma<br />
moedinha, e a gente inticava. Ele dava corridão, às vezes. Como ele era<br />
um anão, a corrida dele era muito pouco, era muito curta. Nós, guri,<br />
violento, imagina. Tinha o seu Ernesto, que também morava nas margens<br />
da estrada de ferro, mais conhecido hoje como bairro São Cristóvão. Eles<br />
vinham a pé. Mas tinham uma dificuldade de chegar, e a gente inticava,<br />
como guri, não com aquela intenção de prejudicar. Bagunça né? Tinha o<br />
Atualpa, o seu Ernesto... Tinha tantas figuras... 98<br />
Antônio Sérgio Borges, natural da região serrana e filho de um<br />
proprietário de uma torrefação de café, recorda que começou a estudar no Grupo<br />
Escolar Professor Lapagesse no centro da cidade antes de ser matriculado no<br />
Póvoas Carneiro, e que o trajeto a pé até o grupo era muito tranqüilo. Segundo ele,<br />
97 CANARN, Antônio Adalberto. Entrevista concedida em 25/05/2006.<br />
98 Idem