18.04.2013 Views

CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Porque eu tinha uma irmã, porque a época que eu morava ali onde é a<br />

Luminar, antes do Giassi. Ali eu tinha uma irmã e a outra era pequenininha.<br />

Não brincava com a gente ainda. Nós brincávamos ali no pátio. Tinha uma<br />

família do lado que às vezes a gente brincava com a menina, mas a mãe<br />

não gostava muito que a gente fosse ali brincar. Não sei, ela gostava que a<br />

gente... Em casa. Não tinha um espaço muito grande onde eu morava, não.<br />

A gente ficava mais por casa mesmo.<br />

Luisa chama a atenção para um fato interessante, que era a posse de<br />

bicicletas como um indicador de classe e distinção social, na medida em que eram<br />

poucos os que podiam ter uma bicicleta. “Os que tinham, a gente admirava. A gente<br />

ficava só... A Praça do Congresso, depois da aula, ali era um passeio de bicicleta”. A<br />

ex-aluna evidencia, por meio de suas memórias, uma questão que era inerente à<br />

condição e à constituição de classe. Mais que isso, ela se valia do fato de ser ágil e<br />

de ter uma boa escrita para trocar esses “pequenos serviços” por chicletes e/ou<br />

voltinhas de bicicleta em torno da Praça do Congresso.<br />

Aliás, os outros me chantageavam. Porque eu não tinha bicicleta, e eu<br />

adorava andar de bicicleta, e tinha a Praça do Congresso que a gente dava<br />

aquela volta. Eu lembro muito de passar, porque na época a gente não tinha<br />

livros pra estudar história, geografia. A gente copiava no caderno pra poder<br />

estudar. A professora passava no quadro e a gente copiava. Então, eu<br />

copiava a minha parte depois eu pegava o caderno dos meninos que tinham<br />

bicicleta, copiava pra eles pra eu dar uma voltinha. [risos] Eu nunca<br />

esqueço. Quantos tombos eu levei. Eu aprendi a andar de bicicleta, assim.<br />

A questão da classe é recorrente e aparece de forma muito interessante<br />

nas memórias de um ex-aluno da escola primária particular. Nereu Guidi, cujos pais<br />

eram naturais de Criciúma, transferiu-se com sua família em 1943 da Primeira Linha,<br />

comunidade rural, para o atual bairro Comerciário, próximo ao estádio Heriberto<br />

Hülse, do Criciúma Esporte Clube. As narrativas de Nereu Guidi apontam para<br />

situações que merecem atenção especial, já que estamos vinculando a criação da<br />

escola primária de dona Zulcema ao processo de urbanização e modernização da<br />

cidade nos anos 1940 em meio ao surgimento de classes sociais distintas. Essas<br />

demarcam espaços que se tornam emblemáticos no contexto da cidade. Assim,<br />

destacamos que o mesmo, ao transferir-se da Primeira Linha para o atual bairro<br />

Comerciário, onde seu pai montou um estabelecimento comercial, passou a morar<br />

em uma área da cidade conhecida como “lado de lá do trilho”, referência feita pelos<br />

que moravam no lado oeste da ferrovia, centro da cidade, onde estava situada a<br />

escola da professora Zulcema. Nereu Guidi fazia o trajeto para a escola<br />

praticamente sozinho, pois as crianças que ali moravam não apresentavam

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!