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CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

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morasse em um espaço ocupado, predominantemente, por crianças da classe média<br />

enriquecida, diferenciava-se das demais pela condição social.<br />

Essas mesmas crianças que encontravam formas alternativas de<br />

brincadeiras, às vezes um tanto perigosas e que as mobilizavam<br />

independentemente da classe social, não conseguiam perceber as reais diferenças<br />

que as definiam do ponto de vista da classe.<br />

Eu brincava muito também com o filho do dr. Boa Nova, não sei se tu te<br />

lembras. Morava na casa de baixo. Ele era médico do Plano do Carvão. A<br />

gente brincava muito, que tinha aqueles canos de água, aqueles pretos.<br />

Brincava de passar por dentro, até que um dia ficou todo mundo preso. A<br />

minha irmã ficou presa com os ombros ali dentro. Era uma gritaçada só. Eu<br />

fiquei trancando aquilo caiu na minha perna. Eu tenho a marca ate hoje. Eu<br />

fiquei presa assim entre o cano.<br />

Luisa Pinter, que também era filha de operário e estudou no Póvoas<br />

Carneiro, lembra que com oito ou nove anos de idade, costumava brincar muito com<br />

uma amiga chamada Marilina Burigo nas proximidades de sua casa e também no<br />

trajeto da escola.<br />

O Angeloni ali tem uma casa que agora é... Seguro, eu acho. Uma casinha.<br />

Eles moravam ali. O pai dela era o Mário Burigo, que era da Mecril. Só ela<br />

de menina. Naquela esquina onde é o posto não tinha nada. Tinha muita<br />

laranja. Era laranjeira que tinha plantada por ali. Era fundos da casa dela.<br />

Eu saia do colégio e vinha pra casa dela. Chupava laranja. Tangerina<br />

naquela época. Eu lembro que quando eu ouvia a música A Hora do Brasil,<br />

que tem... [cantarola o ritmo da música] Meu Deus! Eu saia correndo porque<br />

o pai tava chegando em casa. Se o pai chegasse e eu não tava em casa...<br />

Bah! Era uma surra. Oh, cobrava muito. Então eu ficava, quando eu ouvia a<br />

música eu saia. Bem assim... 93<br />

Luisa traz, por meio de suas lembranças, as brincadeiras que realizava<br />

com sua melhor amiga e, mais que isso, as sensações provocadas por suas<br />

memórias, de um tempo de brincadeiras, aromas e sabores. Faz um exercício que<br />

percorre o trajeto que a conduzia de sua escola à sua casa, passando, antes, pela<br />

casa de Marilina. Presentes, os pés de laranja e a música de abertura do programa<br />

Hora do Brasil que, por sua vez, indicava o momento de retornar para casa, e assim,<br />

livrar-se de uma possível surra em decorrência de um atraso.<br />

Filha de pais rígidos quanto à formação dos seus, assinala que, na maior<br />

parte do tempo, brincava dentro do cercado de sua própria casa, com suas irmãs ou,<br />

quando autorizada, com algumas poucas vizinhas.<br />

93 PINTER, Luisa – Entrevista concedida em 26.05.2006.

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