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CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

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Outras brincadeiras ou entretenimentos típicos, ou pelo menos mais<br />

acessíveis às camadas médias emergentes eram as matinês no cine Rovaris e as<br />

disputas de botão e pingue-pongue, realizadas na casa de Jorge Henrique Frydberg,<br />

filho de um engenheiro francês vinculado à mineração e que encaminhou seus filhos<br />

para estudar no Póvoas Carneiro. Jorge Miraglia, também filho de um engenheiro<br />

ligado ao ramo da mineração, só que italiano, recorda das brincadeiras realizadas na<br />

casa do amigo, que também pertencia à classe média emergente. “Mas eu me<br />

lembro, a tua casa. Esse cara [aponta para o Frydberg] tinha uma casa grande, e<br />

tinha uma garagem, e nós fazíamos campeonato de botão”. 90 Newton Luiz Barata, 91<br />

amigo de Jorge Miraglia e Jorge Henrique Frydberg, recorda que, juntamente com<br />

seus colegas, praticavam também o pingue-pongue em sua casa e também na casa<br />

de praia. Mesmo assim, entre eles aparecem brincadeiras como o matinê das 2 da<br />

tarde de domingo, o futebol e, até mesmo, as caçadas de passarinho praticadas por<br />

Jorge Miraglia, “Eu tinha uma coisa que esses dois não faziam. Eu era caçador de<br />

funda. Eu saía nos mato, caçar”.<br />

Entre as brincadeiras mencionadas pelas irmãs, que eram filhas da<br />

professora e proprietária da escola, está o que elas denominaram “jogar canivete”,<br />

uma brincadeira considerada própria dos meninos, mas que também era praticada<br />

pelas meninas.<br />

Era andar de patins, era de perna de pau, jogar canivete, acho que tu nem<br />

conhece. Tu és muito novo. (...) [mostrando com as mãos] Fazia um círculo<br />

[no chão] e outro círculo do outro lado. Tinha que ir jogando o canivete,<br />

passando. (...) Passando e riscando. Se cortasse o outro, então era o outro<br />

que jogava. A gente jogava, mas isso era brinquedo dos meninos. (...) A<br />

gente jogava tudo.<br />

A prática de brincadeiras e jogos nos mostra de forma contundente a<br />

existência das reais diferenças que marcavam os grupos de crianças daquela época<br />

e sociedade. A compreensão e a representação da brincadeira e do jogo, muitas<br />

vezes acompanhado de apostas em dinheiro, nos intervalos da labuta para as<br />

crianças trabalhadoras eram, necessariamente, diferentes daquelas que as crianças<br />

da classe média urbana realizavam nos intervalos das aulas. Enquanto o primeiro<br />

grupo não possuía sequer o direito ao ócio, entendendo que o ócio está relacionado<br />

90 MIRAGLIA, Jorge – Entrevista concedida em 26.05.2006.<br />

91 BARATA, Newton Luiz – Entrevista concedida em 26.05.2006.

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