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CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

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Paulo Marcus, 82 por exemplo, ao mesmo tempo em que isolava a estação, dotando-<br />

a de mais segurança, também contribuía para o exercício de um maior controle do<br />

fluxo de pessoas que teriam acesso ao interior da mesma.<br />

Essas mesmas crianças e adolescentes que encontravam nas ruas uma<br />

oportunidade para ganhar algum dinheiro e dessa forma contribuir para o orçamento<br />

familiar, seja trabalhando na escolha do carvão – a exemplo das mulheres –,<br />

atuando como almoceiros 83 ou ainda, como vendedores e/ou prestadores de<br />

pequenos serviços, também faziam das ruas o espaço mais adequado para a prática<br />

de brincadeiras, geralmente em grupos, como atesta Nascimento (2004, p. 119):<br />

O tempo dos meninos vendedores não era gasto apenas com a venda dos<br />

produtos ou o oferecimento de serviços na estação. Havia muitos momentos<br />

de brincadeira, em que eles se juntavam e se divertiam: faziam parada de<br />

bilboquê (popularmente “biloquê”), brincavam de bolinha de vidro, riscavam<br />

uma rinha de tocar pião. Muitas vezes jogavam a dinheiro, ganhando ou<br />

perdendo os trocadinhos que haviam conseguido.<br />

Por outro lado, havia também, na cidade, os filhos daqueles que<br />

compunham as chamadas classes dominantes e que, por sua condição, não<br />

precisavam trabalhar e, muito menos, ajudar a prover o sustento de suas respectivas<br />

famílias. Essas crianças apresentavam um padrão de vida social capaz de<br />

proporcionar a elas oportunidades desejadas pelo conjunto das crianças que havia<br />

em Criciúma naquela época, ou seja, as condições necessárias para crescerem sem<br />

a responsabilidade do trabalho na infância e adolescência, além da possibilidade de<br />

cursar as séries primárias, o 5º ano e, ao final, dar seqüência nos estudos fora de<br />

Criciúma, por meio dos exames de admissão ao ginásio.<br />

Essa condição socialmente inerente a uma pequena parcela da população<br />

da cidade caracteriza bem as crianças que freqüentavam o <strong>Curso</strong> Particular Póvoas<br />

Carneiro, mesmo que nele seja constatada a presença de algumas crianças pobres.<br />

No entanto, a exemplo das primeiras, essas também eram crianças que<br />

ocupavam determinados espaços na cidade para a realização de brincadeiras e<br />

peripécias. Seja no trajeto estabelecido entre a casa e a escola, em determinados<br />

espaços públicos ou privados da cidade, ou ainda, nos domínios da própria escola.<br />

82 A Rua Paulo Marcus era paralela à estrada de ferro, hoje incorporada à “Avenida Centenário” que<br />

corta a cidade de Norte a Sul, seguindo o antigo traçado dos trilhos do trem, indo do bairro Próspera<br />

até o bairro Pinheirinho.<br />

83 Essa era uma atividade geralmente desenvolvida por crianças e adolescentes e consistia em levar<br />

os almoços para os operários nas minas de carvão.

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