CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc
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cadernos e os próprios cartões de honra e menções honrosas, nos quais pudemos<br />
constatar que a organização das disciplinas, os conteúdos, as atividades<br />
programáticas impunham certa rigidez e apelo aos bons modos e costumes, ao<br />
mesmo tempo em que estimulava as premiações e estabelecia uma hierarquia<br />
capaz de indicar os “bons” e os “ruins”, passando por camadas de “inteligências<br />
intermediárias”.<br />
Esse quadro revela que a escola atuava dentro de um projeto maior,<br />
apresentado na Constituição de 1937 e reforçado pelas Leis Orgânicas da<br />
Educação, que, por sua vez, procurava acompanhar o processo de desenvolvimento<br />
capitalista vivido no Brasil.<br />
Nesse sentido, Aranha (1996, p. 164) frisa que a ampliação da<br />
escolarização nos três graus, observada no século XX, deve-se “à expansão da<br />
indústria e do comércio, à diversificação das profissões técnicas e dos quadros<br />
burocráticos na administração e na organização dos negócios”. Além disso, a autora<br />
faz referência ao surgimento de uma nova classe média envolvida na ilusão criada<br />
pela Escola Nova “de que a educação, por si só, asseguraria a mobilidade social e o<br />
sucesso”.<br />
Ainda segundo Aranha (1996, p. 198-199), a Escola Nova gerou certo<br />
“otimismo pedagógico” e a maioria de seus defensores representavam<br />
(...) o liberalismo democrático e os anseios da burguesia capitalista urbana<br />
em ascensão. Fazem oposição aos valores ultrapassados da velha<br />
oligarquia e não questionam o sistema capitalista como tal. Essa posição<br />
pode ser comprovada pela crença em um Estado Neutro, “a serviço de<br />
todos” e por uma concepção não ideológica da ciência e da técnica. Mais<br />
ainda, por serem os disseminadores da “ilusão liberal” da “escola redentora<br />
da humanidade”, segundo a qual a educação constituiria a mola da<br />
democratização da sociedade.<br />
Por outro lado, percebemos que o ideário escolanovista sofreu uma<br />
resistência sistemática dos setores mais conservadores da sociedade,<br />
principalmente aqueles ligados e representados pelas escolas particulares<br />
confessionais. “Os pensadores católicos preconizavam a reintrodução do ensino<br />
religioso nas escolas por considerar que a verdadeira educação apenas pode ser<br />
aquela vinculada à visão moral cristã. Para eles, as escolas leigas ‘só instruem, não<br />
educam’” (ARANHA. 1996, p. 199).<br />
Essas duas perspectivas estavam colocadas diante do ensino em todo o<br />
País, incluindo Santa Catarina. Aqui, por mais paradoxal que possa parecer, os