CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc
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Foram os seis municípios em que eu trabalhei como inspetora. Aí, para<br />
visitar as escolas era um suplício, não havia condução. Mas os prefeitos das<br />
cidades me mandaram buscar e eu visitava as escolas, aquelas mesmo do<br />
interior dos municípios, eu visitava lá para reforçar, não é? 33<br />
Professora Zulcema, salientando as dificuldades de acesso às escolas em<br />
virtude da falta de condução, remete a uma relativa precariedade das condições<br />
físicas e materiais do poder público local. Explica, ainda, como eram as atividades<br />
inerentes à função de inspetora regional, dizendo que cada município possuía um<br />
inspetor escolar. Já a inspetora regional trabalhava diretamente com diretores,<br />
professores e inspetores escolares, ou seja, a inspetora regional tinha como<br />
principal atribuição verificar e apontar como deveriam proceder dentro da profissão:<br />
E, às vezes, até, eu ministrava aulas nas escolas do interior dos municípios,<br />
porque era necessário. As professoras não tinham capacidade suficiente<br />
para lecionar. Muitas, não todas, não é? E eu dava aulas para ver como que<br />
se ensinava, como é que se tinha que agir, porque elas também, quando eu<br />
chegava, elas ficavam meio receosas, porque inspetor escolar naquela<br />
época, as inspetoras quase não faziam isso. E elas, então, ficavam...<br />
receosas, vamos dizer constrangidas, mas eu logo resolvia a situação, já<br />
deixava todo mundo à vontade. É que tem que ser, se não... Não era<br />
coação. 34<br />
A esse respeito, vale destacar que muitas das professoras em atividade no<br />
município de Criciúma, naquela época, não tinham formação no magistério. Isso só<br />
foi possível quando o governo criou o <strong>Curso</strong> Normal Regional Nicolau Pederneiras,<br />
que funcionava no prédio do Colégio Professor Lapagesse. Ali as professoras<br />
recebiam o título de regionalistas, 35 cuja formação lhes proporcionava maior<br />
qualificação. A professora Zulcema também atuou como professora no “Nicolau<br />
Pederneiras” e ajudou a formar algumas das professoras que, mais tarde, viriam a<br />
trabalhar em sua escola primária.<br />
A professora exerceu, além de atividades profissionais, uma relação muito<br />
intensa com a comunidade de Criciúma, pois mostrava ser uma mulher ativa,<br />
comunicativa e integrada à sociedade e às questões relacionadas a essa sociedade,<br />
levando-se em conta a sua posição social. Casada com Mário da Cunha Carneiro e,<br />
33 PÓVOAS CARNEIRO, Zulcema - Entrevista concedida em 19/01/2006.<br />
34 PÓVOAS CARNEIRO, Zulcema - Entrevista concedida em 19/01/2006.<br />
35 Havia, naquele momento, uma carência muito grande de profissionais devidamente habilitados<br />
para o exercício do magistério. Era comum a presença, nas salas de aulas, de professores que<br />
exerciam a profissão sem a qualificação obtida por meio da formação escolarizada e técnica do<br />
magistério. Desse modo, a implantação do <strong>Curso</strong> Normal Regional possibilitou com que muitas<br />
professoras voltassem a se colocar na condição de alunas normalistas/regionalistas.