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CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

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determinada idéia foi pensada exclusivamente por nós, acabamos por nos dar conta<br />

de que o autor é outra pessoa, justamente “porque sempre levamos conosco e em<br />

nós certa quantidade de pessoas que não se confundem”.<br />

No entanto, chama atenção para o fato de que as lembranças que<br />

evocamos com um maior grau de dificuldade são, justamente, as que dizem respeito<br />

a nós mesmos por constituírem “nosso bem mais exclusivo, como se só pudessem<br />

escapar aos outros na condição de escaparem também a nós”. (HALBWACHS,<br />

2006, p. 67)<br />

O autor pondera, entretanto, que, embora produzida na coletividade, a<br />

memória retira sua força e duração por intermédio do indivíduo, que é onde as<br />

lembranças surgem, enquanto parte integrante de um coletivo. Salienta ainda, que o<br />

surgimento das “lembranças comuns” toma intensidades distintas em cada indivíduo.<br />

De bom grado, diríamos que cada memória individual é um ponto de vista<br />

sobre a memória coletiva, que este ponto de vista muda segundo o lugar<br />

que ali ocupo e que esse mesmo lugar muda segundo as relações que<br />

mantenho com outros ambientes. (HALBWACHS, 2006, p. 69)<br />

Por outro lado, o próprio Halbwachs (2006, p. 78-79) nos assegura que a<br />

“nossa memória não se apóia na história aprendida, mas na história vivida”. Nessa<br />

perspectiva, nos apresenta um conceito de memória ligado a um conceito de<br />

história, que se contrapõem à linearidade cronológica, ressaltando que:<br />

Por história, devemos entender não uma sucessão cronológica de eventos e<br />

datas, mas tudo o que faz com que um período se distinga dos outros, do<br />

qual os livros e as narrativas em geral nos apresentam apenas um quadro<br />

muito esquemático e incompleto.<br />

Por fim, Halbwachs (2006, p. 91) salienta que a lembrança não é uma<br />

construção, mas uma reconstrução do passado que se dá a partir das informações<br />

contidas e fornecidas pelo presente. Aliás, o autor chama a atenção para as tantas<br />

“reconstruções feitas em épocas anteriores e de onde a imagem de outrora já saiu<br />

bastante alterada”.<br />

Entendemos que as narrativas trazidas à tona pela memória e expressas<br />

na oralidade são carregadas de armadilhas que, por sua vez, requerem atenção<br />

porque são instáveis, plurais e descontínuas, cabendo ao pesquisador observar a<br />

leitura daquilo que não foi dito ou que ficou nas entrelinhas dos respectivos<br />

discursos e avaliar as possíveis interpretações do que se apresenta. As narrativas

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