CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc
CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc
CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
3 MEMÓRIAS DO CURSO PARTICULAR PÓVOAS CARNEIRO<br />
Procuraremos fazer essa discussão por meio das memórias da professora<br />
Zulcema Póvoas Carneiro, contrastando com as memórias das professoras, dos pais<br />
e de ex-alunos da escola, promovendo o entrelaçamento com algumas leituras que<br />
nos ajudarão a compreender o contexto e as políticas para a educação no período<br />
em que a escola da professora Zulcema esteve em funcionamento, ou seja, de 1942<br />
a 1962.<br />
Como estamos trabalhando com o nosso objeto na perspectiva da<br />
contribuição para a constituição de uma determinada classe social, fizemos a opção<br />
por nos apropriarmos do conceito de memória apresentado por Halbwachs (2006)<br />
quanto ao seu caráter coletivo, segundo o qual passaremos a discorrer.<br />
De acordo com Halbwachs (2006, p. 29-70), a memória do indivíduo está<br />
relacionada à família, à classe social a que pertence, à escola, à igreja, à profissão.<br />
É constituída pelos grupos socais e tem uma dimensão coletiva, espontânea,<br />
múltipla, guardiã do passado. O autor procura explicar que a memória possui um<br />
caráter social apesar de ter um componente individual, porque é construída sob um<br />
ponto de vista da memória coletiva.<br />
Segundo Halbwachs (2006, p. 29),<br />
Recorremos a testemunhos para reforçar ou enfraquecer e também para<br />
completar o que sabemos de um evento sobre o qual já temos alguma<br />
informação, embora muitas circunstâncias a ele relativas permaneçam<br />
obscuras para nós. O primeiro testemunho a que podemos recorrer será<br />
sempre o nosso.<br />
Halbwachs chama a atenção para a existência de duas dimensões da<br />
memória. Uma está relacionada à sua coletividade, na medida em que recorremos a<br />
determinados testemunhos como forma de recordar de algo que não nos é estranho.<br />
A outra diz respeito ao seu aspecto individual, tendo em vista que recorremos aos<br />
nossos próprios testemunhos em primeiro lugar. No entanto, o segundo mantém-se<br />
ligado e apoiado na experiência que é, antes de tudo, coletiva.<br />
O autor (2006, p. 30) ressalta ainda que “jamais estamos sós”, não sendo<br />
necessário que “outros estejam presentes, materialmente distintos de nós”. Em seu<br />
estudo, Halbwachs (2006, p. 64) remete a construção e a reconstrução da memória<br />
ao âmbito da coletividade, sugerindo que, quando estamos convictos de que uma