CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc
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(...) Por isso sem estabelecer distinção, a nossa juventude está de parabéns e merece encômios a iniciativa das professoras dª Maria de Lurdes Hülse Lodetti e dª Zulcema Póvoas Carneiro. Elas estão trabalhando para elevar Criciúma a um plano educacional compatível com o progresso do município. É mister ponderar que todos devem amparar o novo estabelecimento de ensino, cumprindo que seja eficiente o apoio dos poderes públicos por se tratar de matéria relevantíssima e útil ao progresso e engrandecimento da “gleba catarinense”, como diria o coestaduano Dr. Nereu Ramos, presidente da Câmara dos Deputados”. 21 [Grifos meus]. Todas essas transformações, por sua vez, demandariam uma educação diferenciada para essas mesmas elites locais, dentro de uma perspectiva que contemplasse os interesses da classe média. Nesse sentido, procuraremos abordar, no próximo capítulo, por meio da memória, o processo de criação da escola primária particular da professora Zulcema, levando em conta as condições objetivas do contexto de modernização da cidade e a formação da classe média urbana. 21 Jornal Folha do Povo. Criciúma, 18.06.1951, Ano I, n. 25.
3 MEMÓRIAS DO CURSO PARTICULAR PÓVOAS CARNEIRO Procuraremos fazer essa discussão por meio das memórias da professora Zulcema Póvoas Carneiro, contrastando com as memórias das professoras, dos pais e de ex-alunos da escola, promovendo o entrelaçamento com algumas leituras que nos ajudarão a compreender o contexto e as políticas para a educação no período em que a escola da professora Zulcema esteve em funcionamento, ou seja, de 1942 a 1962. Como estamos trabalhando com o nosso objeto na perspectiva da contribuição para a constituição de uma determinada classe social, fizemos a opção por nos apropriarmos do conceito de memória apresentado por Halbwachs (2006) quanto ao seu caráter coletivo, segundo o qual passaremos a discorrer. De acordo com Halbwachs (2006, p. 29-70), a memória do indivíduo está relacionada à família, à classe social a que pertence, à escola, à igreja, à profissão. É constituída pelos grupos socais e tem uma dimensão coletiva, espontânea, múltipla, guardiã do passado. O autor procura explicar que a memória possui um caráter social apesar de ter um componente individual, porque é construída sob um ponto de vista da memória coletiva. Segundo Halbwachs (2006, p. 29), Recorremos a testemunhos para reforçar ou enfraquecer e também para completar o que sabemos de um evento sobre o qual já temos alguma informação, embora muitas circunstâncias a ele relativas permaneçam obscuras para nós. O primeiro testemunho a que podemos recorrer será sempre o nosso. Halbwachs chama a atenção para a existência de duas dimensões da memória. Uma está relacionada à sua coletividade, na medida em que recorremos a determinados testemunhos como forma de recordar de algo que não nos é estranho. A outra diz respeito ao seu aspecto individual, tendo em vista que recorremos aos nossos próprios testemunhos em primeiro lugar. No entanto, o segundo mantém-se ligado e apoiado na experiência que é, antes de tudo, coletiva. O autor (2006, p. 30) ressalta ainda que “jamais estamos sós”, não sendo necessário que “outros estejam presentes, materialmente distintos de nós”. Em seu estudo, Halbwachs (2006, p. 64) remete a construção e a reconstrução da memória ao âmbito da coletividade, sugerindo que, quando estamos convictos de que uma
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Todas essas transformações, por sua vez, demandariam uma educação<br />
diferenciada para essas mesmas elites locais, dentro de uma perspectiva que<br />
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21 Jornal Folha do Povo. Criciúma, 18.06.1951, Ano I, n. 25.