CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc
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a abordagem do conceito de classe utilizando-nos do estudo de E. P. Thompson<br />
sobre a formação da classe operária inglesa.<br />
Em seu texto, o autor afirma a idéia de que a classe somente pode ser<br />
entendida se a olharmos “como uma formação social e cultural, surgindo de<br />
processos que só podem ser estudados quando eles mesmos operam durante um<br />
considerável período histórico”. (THOMPSON, 1987, p. 12)<br />
O autor afirma que:<br />
Por classe, entendo um fenômeno histórico, que unifica uma série de<br />
acontecimentos díspares e aparentemente desconectados, tanto na<br />
matéria-prima da experiência como na consistência. Ressalto que é um<br />
fenômeno histórico. Não vejo a classe como uma “estrutura”, nem mesmo<br />
como uma “categoria”, mas como algo que ocorre efetivamente (e cuja<br />
ocorrência pode ser demonstrada) nas relações humanas. (THOMPSON,<br />
1987, p. 9)<br />
De acordo com as idéias desse historiador, a classe é e, ao mesmo<br />
tempo, se faz. Nesse sentido, a classe está vinculada às relações e não pode ser<br />
vista e entendida como uma “coisa”, pois ela é e se faz historicamente no diálogo<br />
entre o ser social e a consciência social, produzindo mudanças e construindo<br />
historicamente o seu devir por meio de ações concretas e cotidianas.<br />
Thompson (1987, p. 10) indica que:<br />
[...] A classe acontece quando alguns homens, como resultado de<br />
experiências comuns (herdadas ou partilhadas), sentem e articulam a<br />
identidade de seus interesses entre si, e contra outros homens cujos<br />
interesses diferem (e geralmente se opõem) dos seus. A experiência de<br />
classe é determinada, em grande medida, pelas relações de produção em<br />
que os homens nasceram – ou entraram involuntariamente.<br />
Thompson agrega ao conceito de classe o conceito de experiência<br />
entrelaçado ao de cultura. Para ele, o ser social encontra-se em constante<br />
movimento, e esse estado de agitação é que proporciona os acontecimentos e, ao<br />
mesmo tempo, assegura a construção da experiência, cuja categoria “compreende a<br />
resposta mental e emocional, seja de um indivíduo ou de um grupo social, a muitos<br />
acontecimentos inter-relacionados ou a muitas repetições do mesmo tipo de<br />
acontecimento” (THOMPSON 1981, p. 15).<br />
Para o autor, a experiência surge a partir do pensamento racional<br />
elaborado pelos indivíduos que compõem os diversos grupos sociais,<br />
impulsionando-os à reflexão acerca do seu mundo e tudo que a ele diz respeito e<br />
que possam tocá-lo. Essas reflexões, por sua vez, produzem mudanças e modificam