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CUIDANDO DOS BEM-NASCIDOS: O Curso ... - Acervo - Unesc

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outro nível. Devemos levar em conta que a sociedade criciumense das décadas de<br />

1940 e 1950 era composta por grupos socialmente distintos, como já mencionamos<br />

nos capítulos anteriores. Nesse caso, o uniforme do Póvoas Carneiro, ao invés de<br />

padronizar, reforçava uma diferença que marcava uma determinada classe social e<br />

a distinguia das demais.<br />

Dois depoimentos podem corroborar com a nossa análise. O primeiro<br />

deles nos foi dado por Nereu Guidi, um ex-aluno da escola que, em suas<br />

lembranças, procura dar ênfase ao caráter padronizador do uniforme escolar. Guidi<br />

salienta que “(...) o que era importante era ver que existia gente de todos os matizes.<br />

Filhos de italianos, filhos de funcionários de algumas empresas”. 121<br />

O outro depoimento nos foi dado pela própria professora Zulcema, que,<br />

além de chamar a atenção para o mesmo aspecto lembrado por Guidi, ainda procura<br />

ressaltar o caráter elitista e de classe presente no uso de uniformes. Em seu<br />

depoimento, a professora afirma que: “Tinha uniforme sim. Esse normal que eles<br />

usavam. Os meus eram diferentes. Era escola particular, a primeira escola particular<br />

de Criciúma”. 122<br />

Os dois depoimentos reforçam o caráter elitista da escola que, num<br />

primeiro momento, procura amenizar as desigualdades existentes dentro da própria<br />

escola, criando, por meio do uso de uniformes, uma sensação de igualdade<br />

aparente, que acabava se manifestando em outros aspectos cotidianos da vida<br />

escolar, como nos brinquedos, nas brincadeiras, no lanche, etc., como<br />

mencionamos anteriormente. Por outro lado, o extremo cuidado com que a escola<br />

lidava com a confecção e o uso dos uniformes evidencia a intenção de mostrar-se<br />

para a comunidade dentro de suas especificidades. Nesse caso, uma das<br />

especificidades da escola era o seu caráter elitista e, portanto, de classe.<br />

Assim, os temas trazidos no capítulo IV, a exemplo dos anteriores,<br />

evidenciam o caráter elitista do Póvoas Carneiro no contexto do processo de<br />

urbanização e modernização de Criciúma, justificando, de certa forma, a existência<br />

da escola e sua distinção no atendimento aos interesses da emergente classe média<br />

urbana.<br />

121 GUIDI, Nereu – Entrevista concedida em 25/05/2006.<br />

122 CARNEIRO, Zulcema Póvoas – Entrevista concedida em 26/04/2006.

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