Revista SAPERJ 143.indd
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A atividade comercial pesqueira, sim, é que deve ser<br />
citada como artesanal ou industrial.<br />
Nossa insistência neste detalhe técnico é evitar<br />
o uso ideológico do termo, colocando em conflito<br />
desnecessário os pescadores profissionais e suas<br />
respectivas atividades comerciais.<br />
2. Abandono e invisibilidade da pesca comercial<br />
industrial do RJ<br />
O sentimento geral dos armadores e pescadores<br />
da pesca comercial industrial do nosso Estado é<br />
que a atuação do MPA não tem correspondido aos<br />
anseios e expectativas do nosso segmento. Muitas<br />
das vezes, não temos sido sequer mencionados nas<br />
ações desse Ministério.<br />
Como fato, citamos o evento ocorrido que marcou<br />
recentemente o início da remoção das embarcações<br />
afundadas no canal de acesso ao CIPAR, em Niterói.<br />
Embora presentes, os representantes do <strong>SAPERJ</strong><br />
não foram citados, como pode ser constatado na<br />
matéria existente no site do MPA.<br />
É extremamente importante, Excelência, em<br />
vossos pronunciamentos e ações desse Ministério,<br />
não deixar de considerar o segmento da pesca<br />
comercial industrial do Rio de Janeiro.<br />
Ele é responsável pela produção de 70% da pesca<br />
extrativa do nosso Estado. Abastece o mercado<br />
interno e nosso parque industrial. Emprega milhares<br />
de pescadores profissionais com carteira assinada.<br />
Recolhe os tributos normais referentes ao exercício<br />
de uma atividade produtiva formal e legalizada.<br />
O relatório do Centro de Estudos Avançados em<br />
Economia Aplicada sobre o dimensionamento do<br />
PIB do agronegócio do Estado do Rio de Janeiro<br />
coloca o pescado como atividade geradora de renda<br />
em segundo lugar, atrás apenas da bovinocultura<br />
de corte e leite. Tudo isso apesar da total falta de<br />
investimentos públicos para o setor.<br />
O fato ocorrido no evento do CIPAR só vem<br />
corroborar o sentimento de abandono e invisibilidade<br />
constatados por armadores e pescadores profissionais<br />
da pesca comercial industrial. Ainda que presentes e<br />
produtivos, somos invisíveis.<br />
3. Pedra no sapato e minhoca no anzol<br />
O Exmo. Sr. Ministro declarou recentemente:<br />
“É hora de tirar a minhoca da cabeça e colocar a<br />
minhoca no anzol.”<br />
Temos a absoluta convicção de que o CIPAR só<br />
se viabilizará operacional e economicamente se a<br />
frota da pesca comercial industrial também realizar<br />
as operações de descarga no local. Mas não deve ser<br />
uma solução definitiva. Estamos “provisoriamente”<br />
há 21 anos no cais da Ilha da Conceição, que Vossa<br />
Excelência visitou e com cuja situação certamente<br />
se escandalizou. Não podemos continuar vivendo de<br />
“soluções provisórias” para problemas permanentes.<br />
Precisamos alavancar o beneficiamento,<br />
comercialização e armazenagem de pescado para a<br />
pesca comercial industrial do Rio de Janeiro, mas<br />
positivamente nenhuma medida tem sido tomada<br />
desde a criação da ex-SEAP, atual MPA, que continua<br />
nos devendo a construção do TPP/RJ. O TPP/RJ<br />
foi e continua sendo uma pedra no sapato do expresidente<br />
Lula.<br />
Acreditamos que Vossa Excelência pode tirar a<br />
pedra no sapato do presidente Lula, e botar minhoca<br />
(infraestrutura, atracadouro, TPP, escola de pesca) no<br />
nosso anzol (barcos).<br />
Como político talentoso, o Exmo. Ministro poderá<br />
triunfar onde tantos fracassaram. Saberá vencer os<br />
vários interesses políticos, as motivações ideológicas<br />
e as pressões contrárias que contribuem para o<br />
nosso abandono e para a nossa invisibilidade, como<br />
aconteceu no projeto para a construção do TPP na<br />
Ilha do Governador e em todas as outras tentativas<br />
e promessas para construção do tão sonhado e<br />
necessário TPP/RJ.<br />
Por fim, Exmo. Sr. Ministro, rogamos que nos<br />
planos e programas de governo seja dado um<br />
tratamento igualitário para o desenvolvimento de<br />
todo o setor pesqueiro nacional, não priorizando ou<br />
dando mais enfoque para um ou outro segmento da<br />
pesca comercial, porque, afinal, todos trabalhamos e<br />
navegamos no mesmo barco.<br />
Nenhum desses pontos é “minhoca da nossa<br />
cabeça”. Na certeza de que somos pescadores<br />
profissionais e trabalhadores do mar lutando a seu lado<br />
para transformar o Brasil numa potência pesqueira,<br />
Atenciosamente,<br />
Leonardo Tomaz Marques Torres<br />
Presidente<br />
Este texto é uma versão jornalística de uma carta<br />
enviada oficialmente ao Ministro da Pesca e Aquicultura,<br />
Marcelo Crivella.<br />
Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 9