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Palavra do Presidente
Posso garantir que, graças a Deus, não somos cegos para as coisas boas. Vemos que
a China e o Vietnam vão muito bem e estão abarrotando o nosso mercado com seus
produtos. Que o bacalhau da Noruega já é quase brasileiro. Que o salmão chileno
é um dos melhores do mundo. Que o camarão argentino está vindo por aí ou já
chegou. Que um atum no Japão, um só, vale mais de três milhões de reais. Todas
essas coisas são positivas. É uma pena que não sejam assim tão positivas para nós.
Tenho recebido elogios pelas palavras publicadas
nesta página. É bom receber elogio. Fico contente.
Isto significa que a expressão dos meus pensamentos
é clara e verdadeira. Então os elogios são para as
verdades que tenho dito aqui, sempre de maneira
equilibrada. Repito: fico contente. Mas tenho que
dizer que são só palavras. E nenhuma de minhas
palavras conseguiu mudar alguma coisa em nosso
favor. Confesso que trocaria os elogios por mudanças
reais na nossa situação, que, para muitos, é quase de
desespero e de inadimplência diante das dificuldades
para trabalhar com esperança e dignidade.
Por outro lado, tenho recebido algumas queixas.
“A revista do SAPERJ é muito crítica”, dizem uns.
“A revista só vive batendo, e é por isso que a pesca
do Rio está nessa situação dramática”, dizem outros.
“A revista precisa ver o lado positivo das coisas”,
dizem todos.
Antes de mais nada, é preciso dizer que a revista
4 - P&M Janeiro Fevereiro 2013
o lado
Positivo da
Pesca
“Pesca & Mar” tem 23 anos de vida e nunca publicou
algo que não fosse correto, justo e verdadeiro. Desafio
quem quer que seja a consultar os 143 números dela
(incluindo este) e verificar se em alguma edição,
em algum número, existe uma notícia falsa ou um
ataque desonesto a qualquer pessoa, instituição ou
autoridade. Lembro que o ex-Secretário de Pesca,
Altemir Gregolin, declarou que a revista era a
melhor do Brasil e que contribuía, de forma decisiva,
para o debate das questões da pesca no País. É preciso
lembrar porque, não sou eu que o digo, existe uma
grande falta de memória em nossas terras.
Sim, a revista é crítica. A matéria principal deste
número é uma crítica a todos nós, armadores e
pescadores, que sabemos pescar mas não sabemos
vender o nosso peixe. Pois vejam só: esta é uma
revista que critica a si mesma. É claro que gostaria
que colocasse a nossa atividade lá nas alturas, com
grandes elogios e louvações. Mas a revista critica a