18.04.2013 Views

Revista SAPERJ 143.indd

Revista SAPERJ 143.indd

Revista SAPERJ 143.indd

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

BioinvasÃo<br />

água dE lastrO E PlatafOrMas sãO vEículOs Para as<br />

invasõEs BiOlógicas<br />

Embora espécies exóticas invasoras sejam um problema antigo e a ciência das<br />

invasões biológicas tenha sido cunhada em 1958 por Charles Elton, o tema é recente<br />

no Brasil e carece de atenção. Somente quando essas espécies deixaram de ser<br />

apenas um problema ambiental e passaram a ser pragas agrícolas, epidemias e<br />

também problemas econômicos expressivos é que estudos nessa área começaram<br />

a ser feitos. Nos Estados Unidos, os prejuízos causados por espécies invasoras já<br />

chegam a cerca de 300 bilhões de dólares por ano.<br />

Este é um assunto que vem sendo tratado por<br />

especialistas há um bom tempo. Mas pouca gente escuta.<br />

Então é preciso gritar e soar o alarme contra a bioinvasão.<br />

São diversos seres, entre eles algas, crustáceos e<br />

moluscos, carregados na água dos porões dos navios e<br />

que podem causar desastres ambientais quando chegam<br />

a portos estrangeiros, onde muitas vezes não encontram<br />

predadores naturais e se multiplicam.<br />

A água, em geral captada nos portos de onde os navios<br />

saem, é utilizada pelas embarcações para dar equilíbrio<br />

quando a viagem é feita sem carga. Ao chegar ao porto de<br />

destino, a chamada “água de lastro” é liberada, causando<br />

uma migração involuntária de milhões de seres vivos.<br />

“O mundo inteiro está preocupado com esse problema,<br />

e ainda não há nenhum método eficaz para combatê-lo”,<br />

afirma a bióloga Rosa Luz de Souza, pesquisadora da<br />

Universidade Federal Fluminense (UFF) e organizadora<br />

do livro “Água de lastro e bioinvasão”.<br />

Segundo a bióloga, um dos piores exemplos de espécie<br />

exótica que se alastrou pelo Brasil foi o mexilhão dourado.<br />

Ele veio da Ásia nos porões dos navios e se tornou uma<br />

praga nos rios brasileiros, chegando até o Pantanal. O<br />

animal se espalhou com tanto vigor que agora causa<br />

problema para as usinas hidrelétricas, pois se incrusta nos<br />

equipamentos e atrapalha a passagem da água.<br />

O cientista Marco Cutrim, da Universidade Federal<br />

do Maranhão (UFMA), explica que os pesquisadores têm<br />

dificuldade para criar mecanismos que controlem esses<br />

seres depois que eles foram soltos na natureza, e aponta<br />

que faltam pesquisas sobre a biologia marinha. “No<br />

Nordeste, no Norte nós não conhecemos nem a nossa<br />

biota [conjunto de seres que habitam um ambiente]”.<br />

16 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

Troca de água - No Brasil, a Marinha exige a troca<br />

da água de lastro em mar aberto antes que os navios<br />

cheguem aos portos. Há também normas específicas para<br />

o Rio Amazonas, para que embarcações não soltem água<br />

salgada em portos fluviais.<br />

Segundo Flávio da Costa Fernando, pesquisador<br />

do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo<br />

Moreira, ligado à Marinha, a substituição da água<br />

resolve parte do problema, mas não é totalmente<br />

eficaz, já que os navios não foram construídos para<br />

isso, e microorganismos invasores podem permanecer<br />

nos porões durante a troca.<br />

O pesquisador explica que já foram feitas experiências<br />

com substâncias químicas para tratar a água, mas esses<br />

elementos podem matar os organismos nativos dos portos<br />

quando a água for desembarcada.<br />

Convenção internacional - A grande esperança,<br />

segundo ele, é a implantação da Convenção Internacional<br />

para Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos<br />

de Navios. Aprovada pela Organização Marítima<br />

Internacional (IMO, na sigla em inglês) em 2004, ela não<br />

foi posta em prática ainda porque precisa da assinatura de<br />

30 países, mas até agora conseguiu aprovação de 26, entre<br />

eles o Brasil.<br />

“A convenção exige uma densidade máxima de<br />

organismos na água de lastro”, informa Fernandes.<br />

Segundo o pesquisador, para eliminar os seres vivos estão<br />

sendo desenvolvidos sistemas de tratamento, que ainda<br />

passarão pela aprovação da IMO.<br />

As plataformas – Mas existem outros veículos<br />

usados pelas espécies exóticas invasoras. As plataformas<br />

para exploração de petróleo também consistem em

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!