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Capa - Fábio Assis / AutoCad - Douglas Ribeiro<br />

Pesca Mar anos 23<br />

infOrMativO dO sindicatO dOs arMadOrEs dE PEsca dO EstadO dO riO dE JanEirO - anO XXiii – JanEirO/fEvErEirO - nº 143<br />

a pESca tEm Futuro<br />

•o mar, a pESca E aS maréS da opinião<br />

•um •um mar mar dE dE cinZaS cinZaS<br />

•do milagrE ao dESaStrE<br />

lEia Mais:<br />

carta aBErta aO MinistrO da PEsca<br />

caMarãO BrasilEirO Ou argEntinO?<br />

água dE lastrO E BiOinvasãO


Palavra do Presidente<br />

Posso garantir que, graças a Deus, não somos cegos para as coisas boas. Vemos que<br />

a China e o Vietnam vão muito bem e estão abarrotando o nosso mercado com seus<br />

produtos. Que o bacalhau da Noruega já é quase brasileiro. Que o salmão chileno<br />

é um dos melhores do mundo. Que o camarão argentino está vindo por aí ou já<br />

chegou. Que um atum no Japão, um só, vale mais de três milhões de reais. Todas<br />

essas coisas são positivas. É uma pena que não sejam assim tão positivas para nós.<br />

Tenho recebido elogios pelas palavras publicadas<br />

nesta página. É bom receber elogio. Fico contente.<br />

Isto significa que a expressão dos meus pensamentos<br />

é clara e verdadeira. Então os elogios são para as<br />

verdades que tenho dito aqui, sempre de maneira<br />

equilibrada. Repito: fico contente. Mas tenho que<br />

dizer que são só palavras. E nenhuma de minhas<br />

palavras conseguiu mudar alguma coisa em nosso<br />

favor. Confesso que trocaria os elogios por mudanças<br />

reais na nossa situação, que, para muitos, é quase de<br />

desespero e de inadimplência diante das dificuldades<br />

para trabalhar com esperança e dignidade.<br />

Por outro lado, tenho recebido algumas queixas.<br />

“A revista do <strong>SAPERJ</strong> é muito crítica”, dizem uns.<br />

“A revista só vive batendo, e é por isso que a pesca<br />

do Rio está nessa situação dramática”, dizem outros.<br />

“A revista precisa ver o lado positivo das coisas”,<br />

dizem todos.<br />

Antes de mais nada, é preciso dizer que a revista<br />

4 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

o lado<br />

Positivo da<br />

Pesca<br />

“Pesca & Mar” tem 23 anos de vida e nunca publicou<br />

algo que não fosse correto, justo e verdadeiro. Desafio<br />

quem quer que seja a consultar os 143 números dela<br />

(incluindo este) e verificar se em alguma edição,<br />

em algum número, existe uma notícia falsa ou um<br />

ataque desonesto a qualquer pessoa, instituição ou<br />

autoridade. Lembro que o ex-Secretário de Pesca,<br />

Altemir Gregolin, declarou que a revista era a<br />

melhor do Brasil e que contribuía, de forma decisiva,<br />

para o debate das questões da pesca no País. É preciso<br />

lembrar porque, não sou eu que o digo, existe uma<br />

grande falta de memória em nossas terras.<br />

Sim, a revista é crítica. A matéria principal deste<br />

número é uma crítica a todos nós, armadores e<br />

pescadores, que sabemos pescar mas não sabemos<br />

vender o nosso peixe. Pois vejam só: esta é uma<br />

revista que critica a si mesma. É claro que gostaria<br />

que colocasse a nossa atividade lá nas alturas, com<br />

grandes elogios e louvações. Mas a revista critica a


nós mesmos, diz com todas as letras que não existe<br />

nada a comemorar, e eu, por minha parte, só posso<br />

concordar e esperar que as coisas melhorem.<br />

Não é verdade que “a revista vive só batendo”. E<br />

também acredito que é improvável que a pesca do<br />

Rio de Janeiro não tenha um terminal/entreposto<br />

moderno por causa das nossas opiniões, todas<br />

baseadas em fatos. Eu gostaria muito de ver publicado<br />

na revista que o defeso do camarão, por exemplo,<br />

finalmente foi baixado com alternativas econômicas<br />

reais para a frota pesqueira. Gostaria de ler na<br />

revista que os gestores da pesca compreenderam<br />

que parar uma atividade econômica por três meses<br />

seria como parar de fabricar carros, remédios<br />

ou deixar de recolher o lixo da cidade. Eu seria o<br />

primeiro a mandar publicar uma edição especial só<br />

para anunciar a inauguração do entreposto de pesca<br />

do Rio e a construção do atracadouro para nossos<br />

barcos. Daria três páginas só com as fotos e os nomes<br />

Palavra do Presidente<br />

Este atum foi vendido por R$ 3,6 milhões. Pena que foi no Japão.<br />

dos autores dessa façanha prometida há mais de 20<br />

anos e jamais cumprida.<br />

A última queixa diz que a revista precisa ver “o<br />

lado positivo das coisas”. Posso garantir que, graças<br />

a Deus, não somos cegos para as coisas boas. Vemos<br />

que a China e o Vietnam vão muito bem e estão<br />

abarrotando o nosso mercado com seus produtos.<br />

Que o bacalhau da Noruega já é quase brasileiro. Que<br />

o salmão chileno é um dos melhores do mundo. Que<br />

o camarão argentino está vindo por aí ou já chegou.<br />

Que um atum no Japão, um só, vale mais de três<br />

milhões de reais. Todas essas coisas são positivas. É<br />

uma pena que não sejam assim tão positivas para nós.<br />

Para terminar, agradeço os elogios. Isso quer dizer<br />

que a nossa revista tem leitores, e é isso que me deixa<br />

contente de verdade.<br />

Leonardo Marques Torres<br />

Presidente do <strong>SAPERJ</strong><br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 5


saPerJ eM aÇÃo<br />

Saiba quais são os defesos marinhos<br />

Períodos de defeso contribuem para a sustentabilidade do uso dos estoques pesqueiros<br />

Entre o período entre outubro a fevereiro diversas espécies continentais entram no período de defeso. O defeso<br />

é uma medida que visa proteger os organismos aquáticos durante as fases mais críticas de seus ciclos de vida,<br />

como a época de sua reprodução ou ainda de seu maior crescimento. Dessa forma, o período de defeso favorece a<br />

sustentabilidade do uso dos estoques pesqueiros e evita a pesca quando os peixes estão mais vulneráveis à captura,<br />

por estarem reunidos em cardumes.<br />

Na tabela abaixo podemos conferir os períodos de defeso no Brasil, não apenas das espécies continentais, mas<br />

também das marinhas e de áreas de transição.<br />

As informações abrangem tanto o período de defeso – ou seja, o período em que a pesca é proibida – como também<br />

as instruções normativas que deram origem à proteção das espécies. Também são indicados os Estados, as regiões<br />

ou as localidades onde o defeso deve ser observado. As espécies de peixes, crustáceos e moluscos contempladas pelo<br />

defeso são mencionadas pelo seu nome popular e científico.<br />

N o DEFESO/ESPÉCIE<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

8<br />

9<br />

PARGO<br />

( NORTE E NORDESTE)<br />

temporada de pesca 2011:<br />

1/mai à 14/dez<br />

CAMARÃO ROSA,<br />

SETE-BARBAS, BRANCO,<br />

SANTANA OU VERMELHO<br />

E BARBA-RUÇA<br />

(SUDESTE E SUL)<br />

CAMARÃO ROSA, SETE-<br />

BARBAS, BRANCO<br />

(NORDESTE: AL / BA)<br />

CAMARÃO ROSA,<br />

SETE-BARBAS, BRANCO<br />

(NORDESTE: BA / ES)<br />

ROBALO, ROBALO<br />

BRANCO E CAMURIM OU<br />

BARRIGA MOLE<br />

ROBALO, ROBALO<br />

BRANCO E CAMURIM OU<br />

BARRIGA MOLE<br />

SARDINHA<br />

(SUDESTE / SUL)<br />

CAMARÃO ROSA E BRANCO<br />

(ÁREAS LAGUNARES)<br />

CAMARÃO ROSA,<br />

BRANCO, SETE-BARBAS<br />

(NORTE: AP-PI)<br />

ATO<br />

NORMATIVO<br />

INI MPA/MMA<br />

n°1/2009<br />

IN IBAMA<br />

Nº189/2008<br />

IN MMA<br />

Nº14/2004<br />

IN MMA<br />

Nº14/2004<br />

IN IBAMA<br />

Nº10/2009<br />

PORTARIA<br />

IBAMA<br />

Nº49/1992<br />

IN IBAMA<br />

Nº15/2009<br />

IN IBAMA<br />

Nº21/2009<br />

IN MMA<br />

Nº9/2004<br />

PERÍODO<br />

INÍCIO TÉRMINO<br />

15/dez<br />

30/abr<br />

(2011)<br />

DEFESO - MARINHO<br />

ÁREA DE OPERAÇÃO<br />

Limite norte do Estado do Amapá até a divisa dos Estados de Alagoas e Sergipe (Foz do Rio São Francisco), a captura<br />

de pargo (Lutjanus purpureus) somente a partir da isóbata de cinquenta metros de profundidade.<br />

15/nov 15/jan Na área marinha compreendida entre os paralelos 21º18’04,00”S (divisa dos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro) e<br />

18º20’45,80”S (divisa dos Estados da Bahia e Espírito Santo)<br />

1/abr 31/mai<br />

1/mar 31/mai<br />

1/abr 15/mai<br />

1/dez 15/jan<br />

1/abr 15/mai<br />

15/set 31/out<br />

1/mai 30/jun<br />

15/mai 31/jul<br />

15/jun 31/jul<br />

RECRUTAMENTO<br />

1/nov 15/fev<br />

REPRODUÇÃO<br />

15/jul 15/nov<br />

Na área marinha compreendida entre os paralelos 21º18’04,00”S (divisa dos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro) e<br />

33º40’33,00”S (Foz do Arroio Chuí, Estado do Rio Grande do Sul)<br />

Da divisa dos Estados de Pernambuco e Alagoas até a divisa do municípios de Mata de São João e de Camaçari no<br />

Estado da Bahia<br />

Da divisa dos municípios de Mata de São João e Camaçari no Estado da Bahia até a divisa dos Estados da Bahia e Espírito Santo<br />

ESTADO DO ESPÍRITO SANTO<br />

(Litoral e águas interiores)<br />

ESTADO DA BAHIA<br />

(Litoral e águas interiores)<br />

Área entre os paralelos 22°00´S (Cabo de São Tomé, Estado do Rio de Janeiro) e 28°36´S (Cabo de Santa Marta,<br />

Estado de Santa Catarina)<br />

Área do complexo lagunar sul do Estado de Santa Catarina, compreendendo as lagoas do Camacho, Garopaba do Sul, Imaruí, Mirim,<br />

Santa Marta, Santo Antônio, outras lagoas marginais e tributários<br />

15/out 15/fev<br />

Área entre a fronteira da Guiana Francesa com o Brasil (linha (linha loxodrômica que tem o azimute verdadeiro de 41º30’, partindo do<br />

ponto definido pelas coordenadas de latitude 4º30’30”’N e longitude de 51º38’12”’W) e a divisa dos Estados do Piauí e Ceará (meridiano<br />

de 41º 12’W).<br />

Temporada 2011/2012<br />

Pesca de arrasto com<br />

tração motorizada<br />

INI MPA/MMA<br />

n°14/2011<br />

15/12/2011 15/2/2012<br />

Pesca artesanal<br />

com emprego de<br />

modalidades de pesca<br />

diferente da anterior<br />

Entre a fronteira da Guiana Francesa com o Brasil (linha loxodrômica que tem o azimute verdadeiro de 41º30’, partindo do<br />

ponto definido pelas coordenadas de latitude 4º30’30”’N e longitude de 51º38’12”’W) e a divisa dos Estados do Piauí e Ceará<br />

(meridiano de 41º 12’W).<br />

3/11/2011 1/1/2012<br />

10 ANCHOVA<br />

INI MMA/MPA<br />

Nº2/2009<br />

1/dez 31/mar Litoral Sul do País<br />

11<br />

LAGOSTA VERDE, LAGOSTA<br />

VERMELHA<br />

(NORTE / NORDESTE)<br />

IN IBAMA<br />

Nº206/08<br />

1/dez 31/mai Nas águas sob jurisdição brasileira<br />

12 CARANGUEJO-VERMELHO<br />

IN SEAP/PR<br />

n°23/2008<br />

1°/jul 31/dez<br />

Nas profundidades menores que 600 m das águas jurisdicionais brasileiras da região compreendida entre os paralelos de<br />

32º00’S e o limite sul da Zona Econômica Exclusiva<br />

13 CARANGUEJO-VERMELHO<br />

IN SEAP/PR<br />

n°21/2008<br />

1°/jan 30/jun<br />

Nas profundidades menores que 700m das águas jurisdicionais brasileiras da região compreendida entre os paralelos de<br />

19º00’S e 30º00’S.<br />

14 CHERNE POVEIRO<br />

IN MMA<br />

no 37/2005<br />

outubro<br />

de 2005<br />

outubro<br />

de 2015<br />

Nas águas sob jurisdição brasileira<br />

15 MERO<br />

Portaria IBAMA<br />

no 42/2007<br />

setembro<br />

de 2007<br />

setembro<br />

2012<br />

Nas águas sob jurisdição brasileira<br />

6 - P&M Janeiro Fevereiro 2013


Gestão Compartilhada na Pesca<br />

O Sistema de Gestão Compartilhada – SGC - para o<br />

uso sustentável dos recursos pesqueiros foi instituído por<br />

meio do Decreto nº 6.981, de 13 de outubro de 2009, que<br />

regulamenta o art. 27, § 6º, inciso I, da Lei nº 10.683, de<br />

2003, e dispõe sobre a atuação conjunta dos Ministérios<br />

da Pesca e Aquicultura e do Meio Ambiente, nos aspectos<br />

relacionados ao uso sustentável dos recursos pesqueiros.<br />

O Sistema de Gestão Compartilhada do Uso Sustentável<br />

dos Recursos Pesqueiros - SGC - foi regulamentado pela<br />

Portaria Interministerial n°2, de 13 de novembro de 2009, e<br />

tem por objetivo subsidiar a elaboração e a implementação de<br />

normas, critérios, padrões e medidas de ordenamento do uso<br />

sustentável dos recursos pesqueiros. O SGC é um sistema de<br />

compartilhamento de responsabilidades e atribuições entre<br />

representantes do Estado e da Sociedade Civil Organizada,<br />

e está estruturado em Comitês Permanentes de Gestão -<br />

CPG’s - que possuem caráter consultivo e de assessoramento,<br />

constituídos por órgãos do governo de gestão dos recursos<br />

pesqueiros e pela sociedade formalmente organizada.<br />

A CTGP - Comissão Técnica da Gestão Compartilhada<br />

dos Recursos Pesqueiros - é o órgão consultivo e coordenador<br />

das atividades do Sistema de Gestão Compartilhada do<br />

Uso Sustentável dos Recursos Pesqueiros - SGC -, e tem a<br />

finalidade de examinar e propor medidas e ações inerentes<br />

à competência conjunta, entre os Ministérios da Pesca e<br />

Aquicultura e do Meio Ambiente, no estabelecimento de<br />

normas, critérios, padrões ou medidas de gestão.<br />

Cada CPG - Comitê Permanente de Gestão - será instituído<br />

por um ato conjunto dos ministros do MPA e MMA, oportunidade<br />

em que ficarão definidos os representantes das instituições que<br />

o integram, sendo, em todos os casos, composto por 50% de<br />

representações do Estado e 50% de representações da Sociedade<br />

Civil Organizada (pesca extrativa – pescador artesanal, pescador<br />

industrial e pescador amador, quando couber –, pós-captura e<br />

Organizações Não Governamentais – ONG’s).<br />

A Portaria MPA n°251 designou os novos membros da<br />

Comissão Técnica da Gestão Compartilhada dos Recursos<br />

Pesqueiros - CTGP -, que é composta paritariamente por<br />

representantes dos Ministérios da Pesca e Aquicultura e<br />

do Meio Ambiente.<br />

Os novos membros da CTGP terão como uma das<br />

pautas das reuniões o estabelecimento do cronograma<br />

anual de implementação dos 21 CPG’s previstos na<br />

composição da estrutura do SGC.<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 7


na Beira do cais<br />

CArtA ABertA<br />

Ao MiNiStro DA PeSCA<br />

Com o devido respeito, é preciso que fi que bem claro que todo pescador, pela Lei, é<br />

considerado pescador profi ssional, não cabendo, portanto, como tem sido usualmente<br />

empregado por Vossa Excelência e todo pessoal desse Ministério, o termo pescador<br />

artesanal. A atividade comercial pesqueira, sim, é que deve ser citada como artesanal<br />

ou industrial.<br />

Ministro Marcelo Crivella, antes de mais nada,<br />

nossos cumprimentos.<br />

O Sindicato dos Armadores de Pesca do Estado<br />

do Rio de Janeiro - <strong>SAPERJ</strong> -, entidade que<br />

representa os armadores de pesca do nosso Estado,<br />

e que tem a prerrogativa de promover a adoção<br />

de procedimentos para elevar a produtividade<br />

pesqueira do Rio de Janeiro, assim como contribuir<br />

para o crescimento econômico da nossa atividade,<br />

vem respeitosamente apresentar a Vossa Excelência<br />

as considerações abaixo.<br />

1. Pescador Profi ssional<br />

A Lei 11.959/2009, que dispõe sobre a Política<br />

Nacional de Desenvolvimento Sustentável da<br />

Aquicultura e da Pesca, classifi ca a pesca comercial<br />

como:<br />

a) artesanal: quando praticada diretamente<br />

por pescador profi ssional, de forma autônoma ou<br />

em regime de economia familiar, com meios de<br />

8 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

produção próprios ou mediante contrato de parceria,<br />

desembarcado, podendo utilizar embarcações de<br />

pequeno porte; e<br />

b) industrial: quando praticada por pessoa física<br />

ou jurídica e envolver pescadores profi ssionais,<br />

empregados ou em regime de parceria por cotas<br />

partes, utilizando embarcações de pequeno, médio<br />

ou grande porte, com fi nalidade comercial.<br />

Quanto à classifi cação do pescador, a lei defi ne:<br />

Pescador profi ssional: a pessoa física, brasileira<br />

ou estrangeira residente no País que, licenciada pelo<br />

órgão público competente, exerce a pesca com fi ns<br />

comerciais, atendidos os critérios estabelecidos em<br />

legislação específi ca.<br />

Portanto, Exmo. Sr. Ministro, com o devido<br />

respeito, é preciso que fi que bem claro que<br />

todo pescador, pela Lei, é considerado pescador<br />

profi ssional, não cabendo, portanto, como tem sido<br />

usualmente empregado por Vossa Excelência e todo<br />

pessoal desse Ministério, o termo pescador artesanal.


A atividade comercial pesqueira, sim, é que deve ser<br />

citada como artesanal ou industrial.<br />

Nossa insistência neste detalhe técnico é evitar<br />

o uso ideológico do termo, colocando em conflito<br />

desnecessário os pescadores profissionais e suas<br />

respectivas atividades comerciais.<br />

2. Abandono e invisibilidade da pesca comercial<br />

industrial do RJ<br />

O sentimento geral dos armadores e pescadores<br />

da pesca comercial industrial do nosso Estado é<br />

que a atuação do MPA não tem correspondido aos<br />

anseios e expectativas do nosso segmento. Muitas<br />

das vezes, não temos sido sequer mencionados nas<br />

ações desse Ministério.<br />

Como fato, citamos o evento ocorrido que marcou<br />

recentemente o início da remoção das embarcações<br />

afundadas no canal de acesso ao CIPAR, em Niterói.<br />

Embora presentes, os representantes do <strong>SAPERJ</strong><br />

não foram citados, como pode ser constatado na<br />

matéria existente no site do MPA.<br />

É extremamente importante, Excelência, em<br />

vossos pronunciamentos e ações desse Ministério,<br />

não deixar de considerar o segmento da pesca<br />

comercial industrial do Rio de Janeiro.<br />

Ele é responsável pela produção de 70% da pesca<br />

extrativa do nosso Estado. Abastece o mercado<br />

interno e nosso parque industrial. Emprega milhares<br />

de pescadores profissionais com carteira assinada.<br />

Recolhe os tributos normais referentes ao exercício<br />

de uma atividade produtiva formal e legalizada.<br />

O relatório do Centro de Estudos Avançados em<br />

Economia Aplicada sobre o dimensionamento do<br />

PIB do agronegócio do Estado do Rio de Janeiro<br />

coloca o pescado como atividade geradora de renda<br />

em segundo lugar, atrás apenas da bovinocultura<br />

de corte e leite. Tudo isso apesar da total falta de<br />

investimentos públicos para o setor.<br />

O fato ocorrido no evento do CIPAR só vem<br />

corroborar o sentimento de abandono e invisibilidade<br />

constatados por armadores e pescadores profissionais<br />

da pesca comercial industrial. Ainda que presentes e<br />

produtivos, somos invisíveis.<br />

3. Pedra no sapato e minhoca no anzol<br />

O Exmo. Sr. Ministro declarou recentemente:<br />

“É hora de tirar a minhoca da cabeça e colocar a<br />

minhoca no anzol.”<br />

Temos a absoluta convicção de que o CIPAR só<br />

se viabilizará operacional e economicamente se a<br />

frota da pesca comercial industrial também realizar<br />

as operações de descarga no local. Mas não deve ser<br />

uma solução definitiva. Estamos “provisoriamente”<br />

há 21 anos no cais da Ilha da Conceição, que Vossa<br />

Excelência visitou e com cuja situação certamente<br />

se escandalizou. Não podemos continuar vivendo de<br />

“soluções provisórias” para problemas permanentes.<br />

Precisamos alavancar o beneficiamento,<br />

comercialização e armazenagem de pescado para a<br />

pesca comercial industrial do Rio de Janeiro, mas<br />

positivamente nenhuma medida tem sido tomada<br />

desde a criação da ex-SEAP, atual MPA, que continua<br />

nos devendo a construção do TPP/RJ. O TPP/RJ<br />

foi e continua sendo uma pedra no sapato do expresidente<br />

Lula.<br />

Acreditamos que Vossa Excelência pode tirar a<br />

pedra no sapato do presidente Lula, e botar minhoca<br />

(infraestrutura, atracadouro, TPP, escola de pesca) no<br />

nosso anzol (barcos).<br />

Como político talentoso, o Exmo. Ministro poderá<br />

triunfar onde tantos fracassaram. Saberá vencer os<br />

vários interesses políticos, as motivações ideológicas<br />

e as pressões contrárias que contribuem para o<br />

nosso abandono e para a nossa invisibilidade, como<br />

aconteceu no projeto para a construção do TPP na<br />

Ilha do Governador e em todas as outras tentativas<br />

e promessas para construção do tão sonhado e<br />

necessário TPP/RJ.<br />

Por fim, Exmo. Sr. Ministro, rogamos que nos<br />

planos e programas de governo seja dado um<br />

tratamento igualitário para o desenvolvimento de<br />

todo o setor pesqueiro nacional, não priorizando ou<br />

dando mais enfoque para um ou outro segmento da<br />

pesca comercial, porque, afinal, todos trabalhamos e<br />

navegamos no mesmo barco.<br />

Nenhum desses pontos é “minhoca da nossa<br />

cabeça”. Na certeza de que somos pescadores<br />

profissionais e trabalhadores do mar lutando a seu lado<br />

para transformar o Brasil numa potência pesqueira,<br />

Atenciosamente,<br />

Leonardo Tomaz Marques Torres<br />

Presidente<br />

Este texto é uma versão jornalística de uma carta<br />

enviada oficialmente ao Ministro da Pesca e Aquicultura,<br />

Marcelo Crivella.<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 9


seGUranÇa<br />

Solda Elétrica<br />

Ela podE quEimar SEuS ElEtrônicoS a bordo<br />

Sim, a solda elétrica pode queimar seus<br />

equipamentos eletrônicos a bordo. Vale notar que isto<br />

não é uma regra, mas que seus equipamentos estão<br />

sujeitos a serem danificados pelos efeitos da solda<br />

elétrica, e muitas vezes de forma irreversível.<br />

Como e por que isto pode acontecer?<br />

Quando o operador da máquina de solda encosta o<br />

eletrodo em uma peça metálica para efetuar uma solda,<br />

é produzido um “arco voltaico” de alta intensidade<br />

que é percebido a olho nu, na forma de um clarão<br />

similar à luz de um flash de máquina fotográfica. No<br />

exato momento em que este arco voltaico é gerado, é<br />

produzida energia de “rádio frequência” com potência<br />

e comprimento de onda variados.<br />

Dependendo da proximidade, ou se o casco for<br />

de ferro, esta energia de rádio frequência se propaga<br />

pelo ar ou viaja pelo casco de aço e acaba danificando<br />

alguns equipamentos sensíveis.<br />

É importante salientar que mesmo com o<br />

equipamento desligado ou sem as baterias a bordo<br />

seus eletrônicos estão sujeitos aos efeitos destrutivos<br />

da solda elétrica, pois praticamente não há barreiras<br />

para ondas de rádio frequência geradas pelos arcos<br />

10 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

voltaicos procedentes da máquina de solda. Seus<br />

efeitos são similares aos raios gerados por descarga<br />

atmosférica, porém numa escala muito pequena, mas<br />

destrutiva.<br />

A solução para evitar dores de cabeça é a prevenção.<br />

Quando for fazer muita solda elétrica a bordo ou quando<br />

esta for efetuada muito próxima de equipamentos<br />

eletrônicos ou de antenas, aconselhamos que você<br />

retire de bordo e leve para fora do barco.<br />

Você sabia que já houve muitos casos em que a solda<br />

elétrica explodiu as baterias a bordo? Então imagine o<br />

que os seus efeitos podem fazer com os componentes<br />

eletrônicos sensíveis de seu equipamento a bordo.<br />

Outra forma de amenizar a ação do arco voltaico é<br />

aterrando o barco em terra (porém tem que ser com<br />

um sistema de terra confiável), e aterrar em vários<br />

pontos da embarcação.<br />

Mais uma vez, lembre-se: não é que a solda vá<br />

danificar seus eletrônicos, mas você está sujeito aos<br />

seus efeitos, sim!<br />

Lindolfo Rosa Neto<br />

Radionaval Eletrônica Ltda.


Maravilha Básica<br />

Cesta básica é o nome dado a um conjunto formado<br />

por produtos utilizados por uma família durante um mês.<br />

Este conjunto, em geral, possui gêneros alimentícios,<br />

produtos de higiene pessoal e de limpeza.<br />

Não existe um consenso sobre quais produtos<br />

formam a cesta básica, sendo que a lista de produtos<br />

inclusos pode variar de acordo com a finalidade para a<br />

qual é definida, ou de acordo com o distribuidor que<br />

a compõe. Há leis em alguns Estados brasileiros que<br />

proporcionam isenção de impostos sobre produtos da<br />

cesta básica definida por cada um deles.<br />

Cesta Básica Nacional - No Brasil, o DIEESE<br />

(Departamento Intersindical de Estatística e Estudos<br />

Socioeconômicos) utiliza a Cesta Básica Nacional, ou<br />

Ração Essencial Mínima, composta de treze gêneros<br />

alimentícios, com a finalidade de monitorar a evolução do<br />

preço desses gêneros por meio de pesquisas mensais em<br />

PeiXe na cesta<br />

Projeto do Dieese prevê a<br />

inclusão de várias espécies<br />

de peixes regionais na<br />

cesta básica ampliada em<br />

Manaus<br />

(Arquivo - A Crítica )<br />

algumas capitais dos Estados brasileiros. A quantidade<br />

dos gêneros na cesta varia conforme a região.<br />

Os produtos desta cesta básica são: carne, leite, feijão,<br />

arroz, farinha, batata, tomate, pão francês ou de forma,<br />

café em pó, açúcar, óleo ou banha, manteiga, frutas/<br />

banana.<br />

Cesta Básica Maravilha – É claro que ninguém seria<br />

contra uma cesta básica maravilha: arroz, feijão, açúcar,<br />

café, farinha de trigo, farinha, batata, cebola, alho, ovos,<br />

margarina, extrato de tomate, óleo de soja, leite em pó,<br />

macarrão, biscoito de maizena, carne de primeira, carne<br />

de segunda sem osso, frango, salsicha, linguiça, queijo<br />

muçarela, e mais: sabão em pó, sabão em barra, água<br />

sanitária, detergente liquido, papel higiênico, creme<br />

dental, sabonete, desodorante e absorvente.<br />

E peixe.<br />

E um vinhozinho para acompanhar o peixe.<br />

Fonte: Ministério da Fazenda (www.fazenda.gov.br) e<br />

Ministério da Pesca e Aquicultura (www.mpa.gov.br).<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 11


Fao 2012<br />

“O EstadO<br />

das PEscas E<br />

aquicultura<br />

Mundiais”<br />

O relatório observa que nas próximas décadas é provável que se vejam grandes<br />

mudanças na economia, mercados, recursos e conduta social, já que os impactos<br />

das alterações climáticas vão aumentar a incerteza em muitos setores alimentares,<br />

incluindo no das pescas. Salienta também a importância do Código de Conduta<br />

da FAO para a Pesca Responsável e dos seus planos de ação internacionais e<br />

orientações técnicas associadas, para se alcançar a meta de um sistema de produção<br />

global de alimentos sustentável.<br />

O Estado das Pescas e Aquicultura Mundiais 2012<br />

revela que o setor produziu uma quantidade recorde<br />

de 128 milhões de toneladas de peixe para alimentação<br />

humana – uma média de 18,4kg por pessoa –,<br />

fornecendo a mais de 4,3 mil milhões de pessoas cerca<br />

de 15 por cento do seu consumo de proteína animal.<br />

A pesca e a aquicultura são também uma fonte de<br />

rendimento para 55 milhões de pessoas.<br />

“A pesca e a aquicultura desempenham um papel<br />

vital na economia global, nacional e rural”, afirmou<br />

o Diretor-Geral da FAO, José Graziano da Silva. “Os<br />

meios de subsistência de 12 por cento da população<br />

mundial dependem direta ou indiretamente delas. A<br />

pesca e a aquicultura contribuem significativamente<br />

para a segurança alimentar e nutrição. São também<br />

a principal fonte de proteína para 17 por cento da<br />

população mundial e de quase um quarto no caso dos<br />

países de baixo rendimento e com déficit de alimentos”.<br />

Árni M. Mathiesen, diretor do Departamento das<br />

12 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

Pescas e Aquicultura da FAO, afirmou: “As pescas e a<br />

aquicultura têm uma contribuição vital na segurança<br />

alimentar global e no crescimento econômico. No<br />

entanto, o setor enfrenta uma série de problemas,<br />

incluindo uma má governação, fracos regimes de gestão<br />

das pescas, conflitos sobre o uso dos recursos naturais,<br />

utilização persistente de práticas de pesca e aquicultura<br />

inadequadas. E estão ainda mais comprometidas por<br />

uma falha na incorporação das prioridades e dos<br />

direitos das comunidades de pesca artesanal e das<br />

injustiças relacionadas com a discriminação de gênero<br />

e trabalho infantil”.<br />

Estimular a governação - A FAO está pedindo aos<br />

governos que façam todos os esforços para garantir<br />

uma pesca sustentável em todo o mundo. O relatório<br />

observa que muitos dos estoques marinhos de peixe<br />

monitorizados pela FAO permanecem sob grande<br />

pressão. Segundo as últimas estatísticas disponíveis,<br />

quase 30 por cento dos estoques de peixes estão


sobre-explorados – um ligeiro decréscimo em relação<br />

aos dois anos anteriores –, cerca de 57 por cento estão<br />

totalmente explorados (ou seja, já se encontram ou estão<br />

muito próximos da sua produção máxima sustentável),<br />

e apenas cerca de 13 por cento não estão totalmente<br />

explorados.<br />

“Esta sobre-exploração não só provoca<br />

consequências ecológicas negativas, como também<br />

reduz a produção de peixe, o que resulta em<br />

consequências sociais e econômicas negativas”, afirma<br />

o relatório. “Para aumentar a contribuição da pesca<br />

marinha para a segurança alimentar, as economias e o<br />

bem-estar das comunidades costeiras, devem ser postos<br />

em prática planos de gestão eficazes para reconstituir<br />

os estoques sobre-explorados”.<br />

Uma governação reforçada e uma gestão eficaz<br />

das pescas são obrigatórias. O relatório argumenta<br />

que a promoção da pesca e da produção de peixes<br />

sustentáveis pode fornecer incentivos para uma<br />

administração e defensa mais amplas do ecossistema,<br />

permitindo mecanismos como a adoção de uma<br />

abordagem ecossistêmica da pesca e da aquicultura<br />

com os sistemas de posse justos e responsáveis.<br />

Produção mundial de pescado - A pesca de captura<br />

e a aquicultura forneceram ao mundo cerca de 148<br />

milhões de toneladas de peixes em 2010, no valor de<br />

217,5 mil milhões de dólares.<br />

O crescimento da produção de aquicultura<br />

continua a superar o crescimento da população, e é um<br />

dos setores de produtos alimentares animais com um<br />

crescimento mais rápido – tendência que está prevista<br />

a se manter.<br />

Produtos do peixe e seus derivados estão entre os<br />

alimentos mais comercializados em todo o mundo.<br />

Após uma queda em 2009, o comércio mundial de<br />

peixe e derivados retomou a sua tendência em alta,<br />

impulsionado por uma procura sustentada, políticas<br />

de liberalização do comércio, globalização dos sistemas<br />

alimentares e inovações tecnológicas. O comércio<br />

global atingiu um recorde de 109 mil milhões de<br />

dólares em 2010 e em 2011 prevê-se outro, estimado<br />

em 125 mil milhões de dólares.<br />

Aumentar a resiliência e fortalecer o setor - O<br />

relatório observa que nas próximas décadas é provável<br />

que se vejam grandes mudanças na economia,<br />

mercados, recursos e conduta social, já que os impactos<br />

das alterações climáticas vão aumentar a incerteza em<br />

muitos setores alimentares, incluindo no das pescas.<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 13


Salienta também a importância do Código de Conduta<br />

da FAO para a Pesca Responsável e dos seus planos de<br />

ação internacionais e orientações técnicas associadas,<br />

para se alcançar a meta de um sistema de produção<br />

global de alimentos sustentável.<br />

A pesca de pequena escala emprega mais de 90 por<br />

cento dos pescadores do mundo da pesca de captura,<br />

e é vital para a segurança alimentar e nutricional e<br />

para a redução e prevenção da pobreza. O Comitê das<br />

Pescas da FAO recomendou o desenvolvimento de<br />

diretrizes voluntárias internacionais que contribuam<br />

para o desenvolvimento de políticas, protejam a pesca<br />

de pequena escala e criem benefícios.<br />

Embora as mulheres sejam pelo menos 50 por<br />

cento da força de trabalho na pesca em águas interiores<br />

e comercializem cerca de 60 por cento do marisco<br />

na Ásia e na África Ocidental, o seu papel é muitas<br />

vezes subestimado e negligenciado. Aqui, novamente,<br />

e como reafirmou a Rio +20, o relatório mostra que,<br />

além de trabalhar para promover o Objetivo de<br />

Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas da<br />

igualdade de gênero e autonomia das mulheres, a<br />

integração do gênero é um componente essencial na<br />

luta contra a pobreza, para se alcançar mais segurança<br />

alimentar e nutricional e permitir o desenvolvimento<br />

sustentável das pescas e da aquicultura.<br />

Como os pescadores, aquicultores e as suas<br />

comunidades tendem a ser particularmente vulneráveis<br />

às catástrofes, o relatório examina abordagens para<br />

uma melhor preparação para e de resposta efetiva<br />

aos desastres no setor das pescas e da aquicultura. As<br />

14 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

respostas de emergência devem reforçar a segurança<br />

alimentar e nutricional por meio da reabilitação<br />

sustentável e recuperação em longo prazo das pescas<br />

e da aquicultura e das condições de vida dos que delas<br />

dependem, especialmente em relação às mulheres e<br />

outros grupos marginalizados.<br />

“Permitir que a pesca e a aquicultura floresçam<br />

de forma responsável e sustentável requer o pleno<br />

envolvimento da sociedade civil e do setor privado”,<br />

explica Mathiesen, acrescentando: “O comércio e a<br />

indústria podem ajudar a desenvolver tecnologias<br />

e soluções, fornecer investimento e produzir<br />

transformações positivas. A sociedade civil e as<br />

organizações não governamentais internacionais podem<br />

responsabilizar os governos sobre os compromissos<br />

acordados e assegurar que as vozes de todas as partes<br />

sejam ouvidas”.<br />

Olhar para o futuro - As principais ameaças que<br />

comprometem o potencial de segurança alimentar<br />

e nutricional da pesca e da aquicultura resultam<br />

principalmente da gestão ineficaz, juntamente com má<br />

conservação de habitats. É necessária uma transição<br />

para abordagens centradas nas pessoas, de forma<br />

a reforçar a contribuição do setor para a segurança<br />

alimentar e os meios de subsistência. Tal como<br />

sublinhado na recente Conferência das Nações Unidas<br />

sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio +20, essa<br />

mudança poderia estimular a comunidade global para<br />

se alcançar a real utilização sustentável e responsável<br />

dos recursos aquáticos, atendendo às necessidades de<br />

hoje e garantindo benefícios para as gerações futuras.


anúncio PriMyl<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 15


BioinvasÃo<br />

água dE lastrO E PlatafOrMas sãO vEículOs Para as<br />

invasõEs BiOlógicas<br />

Embora espécies exóticas invasoras sejam um problema antigo e a ciência das<br />

invasões biológicas tenha sido cunhada em 1958 por Charles Elton, o tema é recente<br />

no Brasil e carece de atenção. Somente quando essas espécies deixaram de ser<br />

apenas um problema ambiental e passaram a ser pragas agrícolas, epidemias e<br />

também problemas econômicos expressivos é que estudos nessa área começaram<br />

a ser feitos. Nos Estados Unidos, os prejuízos causados por espécies invasoras já<br />

chegam a cerca de 300 bilhões de dólares por ano.<br />

Este é um assunto que vem sendo tratado por<br />

especialistas há um bom tempo. Mas pouca gente escuta.<br />

Então é preciso gritar e soar o alarme contra a bioinvasão.<br />

São diversos seres, entre eles algas, crustáceos e<br />

moluscos, carregados na água dos porões dos navios e<br />

que podem causar desastres ambientais quando chegam<br />

a portos estrangeiros, onde muitas vezes não encontram<br />

predadores naturais e se multiplicam.<br />

A água, em geral captada nos portos de onde os navios<br />

saem, é utilizada pelas embarcações para dar equilíbrio<br />

quando a viagem é feita sem carga. Ao chegar ao porto de<br />

destino, a chamada “água de lastro” é liberada, causando<br />

uma migração involuntária de milhões de seres vivos.<br />

“O mundo inteiro está preocupado com esse problema,<br />

e ainda não há nenhum método eficaz para combatê-lo”,<br />

afirma a bióloga Rosa Luz de Souza, pesquisadora da<br />

Universidade Federal Fluminense (UFF) e organizadora<br />

do livro “Água de lastro e bioinvasão”.<br />

Segundo a bióloga, um dos piores exemplos de espécie<br />

exótica que se alastrou pelo Brasil foi o mexilhão dourado.<br />

Ele veio da Ásia nos porões dos navios e se tornou uma<br />

praga nos rios brasileiros, chegando até o Pantanal. O<br />

animal se espalhou com tanto vigor que agora causa<br />

problema para as usinas hidrelétricas, pois se incrusta nos<br />

equipamentos e atrapalha a passagem da água.<br />

O cientista Marco Cutrim, da Universidade Federal<br />

do Maranhão (UFMA), explica que os pesquisadores têm<br />

dificuldade para criar mecanismos que controlem esses<br />

seres depois que eles foram soltos na natureza, e aponta<br />

que faltam pesquisas sobre a biologia marinha. “No<br />

Nordeste, no Norte nós não conhecemos nem a nossa<br />

biota [conjunto de seres que habitam um ambiente]”.<br />

16 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

Troca de água - No Brasil, a Marinha exige a troca<br />

da água de lastro em mar aberto antes que os navios<br />

cheguem aos portos. Há também normas específicas para<br />

o Rio Amazonas, para que embarcações não soltem água<br />

salgada em portos fluviais.<br />

Segundo Flávio da Costa Fernando, pesquisador<br />

do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo<br />

Moreira, ligado à Marinha, a substituição da água<br />

resolve parte do problema, mas não é totalmente<br />

eficaz, já que os navios não foram construídos para<br />

isso, e microorganismos invasores podem permanecer<br />

nos porões durante a troca.<br />

O pesquisador explica que já foram feitas experiências<br />

com substâncias químicas para tratar a água, mas esses<br />

elementos podem matar os organismos nativos dos portos<br />

quando a água for desembarcada.<br />

Convenção internacional - A grande esperança,<br />

segundo ele, é a implantação da Convenção Internacional<br />

para Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimentos<br />

de Navios. Aprovada pela Organização Marítima<br />

Internacional (IMO, na sigla em inglês) em 2004, ela não<br />

foi posta em prática ainda porque precisa da assinatura de<br />

30 países, mas até agora conseguiu aprovação de 26, entre<br />

eles o Brasil.<br />

“A convenção exige uma densidade máxima de<br />

organismos na água de lastro”, informa Fernandes.<br />

Segundo o pesquisador, para eliminar os seres vivos estão<br />

sendo desenvolvidos sistemas de tratamento, que ainda<br />

passarão pela aprovação da IMO.<br />

As plataformas – Mas existem outros veículos<br />

usados pelas espécies exóticas invasoras. As plataformas<br />

para exploração de petróleo também consistem em


A proliferação desordenada do mexilhão dourado, um<br />

molusco originário do sudeste asiático, no reservatório<br />

da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira<br />

vetores importantes no aumento da distribuição de<br />

várias espécies marinhas, pois não possuem proteção<br />

anti-incrustante eficaz, podem passar longos períodos<br />

estacionadas ou serem arrendadas de outros países,<br />

como no caso do Brasil. O exemplo da introdução<br />

de Tubastrea coccinea, um coral escleractíneo, por<br />

plataforma no Brasil é um caso conhecido, assim como<br />

Hypsoblennius invemar, um peixe da família Blenniidae,<br />

recentemente encontrado e associado às plataformas na<br />

região sul brasileira.<br />

O mecanismo de introdução de espécies por<br />

bioincrustação pode atuar de várias formas, entre elas<br />

as desovas de espécies exóticas incrustadas em cascos<br />

de embarcações e em plataformas em uma nova região,<br />

deslocamento de espécies incrustantes para outras<br />

áreas onde é feita a limpeza periódica de estruturas<br />

infectadas (como cascos, âncoras, hélices e estruturas<br />

flutuantes), afundamento deliberado ou acidental de<br />

Bioinvasão<br />

Espécies exóticas se tornam invasoras quando representam uma ameaça<br />

a outras espécies, habitats ou ecossistemas (Convenção de Diversidade<br />

Biológica, Decisão VI/23).<br />

As consequências de espécies exóticas invasoras nos ambientes invadidos<br />

incluem alteração do hábitat e da estrutura das comunidades naturais,<br />

introdução de doenças e/ou parasitas, hibridização e comprometimento da<br />

identidade genética das populações nativas, alterações tróficas, extinção de<br />

espécies nativas e principalmente perda de biodiversidade natural. Entre os<br />

vertebrados, as introduções de espécies de peixes de água doce têm estado<br />

entre as causas mais numerosas, e as espécies endêmicas de peixes estão<br />

entre as mais vulneráveis a estes eventos em todo o mundo, tendo como<br />

resultado sua extinção ou redução significativa em número.<br />

A proliferação do mexilhão dourado na CEMIG<br />

A tilápia é um peixe africano introduzido no Brasil pela piscicultura,<br />

mas que escapou das áreas de criação e invadiu vários rios. Por isso<br />

está na relação de espécies invasoras do País<br />

navios com cascos infectados ou ainda por meio de<br />

equipamentos de aquicultura.<br />

A maioria das espécies introduzidas em um novo<br />

ambiente não consegue sobreviver e estabelecer uma<br />

população viável, devido à predação e/ou competição com<br />

as espécies nativas por alimento e espaço e às próprias<br />

características físicas e químicas do ambiente.<br />

Entretanto, quando todos os fatores são favoráveis,<br />

uma espécie exótica introduzida pode estabelecer<br />

uma população viável no ambiente invadido e tornarse<br />

invasora, ou seja, pode ser capaz de adaptar-se e<br />

reproduzir-se a ponto de ocupar o espaço de organismos<br />

residentes, tendendo à dominância.<br />

A piscicultura também pode ser vetor de bioinvasão.<br />

A tilápia é um peixe africano introduzido no Brasil pela<br />

piscicultura, mas que escapou das áreas de criação e<br />

invadiu vários rios. Por isso está na relação de espécies<br />

invasoras do País.<br />

O peixe-leão (Pterois volitans), nativo dos oceanos<br />

Pacífico e Índico, tornou-se uma ameaça à<br />

biodiversidade marinha da costa da América do Sul.<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 17


Uma lista de espécies exóticas invasoras de peixes no Brasil. As mais comuns encontram-se em destaque.<br />

Nome Científico Nome Comum<br />

Abramites hypselonotus piau-pedra e piau-tambaqui<br />

Acanthurus monroviae african surgeonfish, monrovia doctorfish ou cirurgião<br />

Aristichthys nobilis carpa-cabeça-grande, bighead carp, amour à grosse tête, amour marbré, carpa cabeza grande,<br />

Astronotus crassipinnis apaiari ou acará-açu<br />

Astronotus ocellatus apaiari ou acará-açu<br />

Betta splendens beta ou siamese fighting fish<br />

Butis koilomatodon durmiente e mud sleeper<br />

Carassius auratus peixinho-dourado, kinguio ou goldfish<br />

Cichla monoculus tucunaré<br />

Cichla ocellaris tucunaré, peacock-bass, peacock-cichlid ou pavón<br />

Clarias gariepinus bagre-africano, catfish, walking fish ou african catfish<br />

Colossoma macropomum tambaqui, cachama negra, pacu, gamitana, black-finned colossoma ou black-finned pacu<br />

Ctenopharyngodon idella carpa-capim, silver orfe ou grass carp<br />

Cynopotamus kincaidi saicanga, dientudo ou dentudo<br />

Cyprinus carpio carpa-comum<br />

Hoplias lacerdae tariputanga, trairaçu, trairão ou tararira<br />

Hoplosternum littorale cascudo, camboatá, hassar ou tamoatá<br />

Ictalurus punctatus bagre-do-canal<br />

Lepomis gibbosus perca-sol ou pumpkinseed sunfish<br />

Micropterus salmoides achigã, largemouth bass ou black bass<br />

Odontesthes bonariensis peixe-rei ou pejerrey<br />

Omobranchus punctatus muzzled blenny<br />

Oncorhynchus mykiss truta-arco-íris ou rainbow trout<br />

Oreochromis macrochir tilápia, longfin tilapia ou cachama<br />

Oreochromis mossambicus tilápia, mozambique-tilapia, mozambique-mouthbrooder, mosambik-maulbrüter<br />

Oreochromis niloticus tilápia-do-nilo, tilápia, nile tilapia ou nile-mouthbrooder<br />

Oreochromis sp. tilápia<br />

Pachyurus bonariensis corvina de rio, corvina ou maria-luiza<br />

Phalloceros caudimaculatus madrecita, dusky millions fish ou spottail mosquitofish<br />

Phallotorynus victorae barrigudinho, guaru, madrecita ou piky<br />

Piaractus mesopotamicus pacu caranha ou pacu<br />

Plagioscion squamosissimus pescada-do-piauí, corvina, south american silver croaker ou pescada-branca<br />

Poecilia reticulata guppy, lebistes, mexicano, gupi, rainbowfish, barrigudinho ou barrigudinho-mexicano<br />

Prochilodus lineatus sábalo, corimbatá, curimba, curimbatá, grumatã, carimbatá ou lamepiedras<br />

Pygocentrus nattereri piranha-vermelha, piranha-caju ou red pirana<br />

Tetragonopterus argenteus sauá<br />

Tilapia rendalli tilápia, redbreast tilapia ou tilapia herbívora<br />

Trachelyopterus lucenai porrudo ou peñarol<br />

Trichogaster trichopterus tricogaster-azul, three spot gourami, opaline gourami, tricogaster, golden gourami, marbled<br />

Fontes: http://zoo.bio.ufpr.br/invasores/incrust.htm, Sociedade Brasileira de Ictiologia – Boletim 90, http://www.mma.gov.br/biodiversidade/<br />

biosseguranca/especies-exoticas-invasoras, http://www.institutohorus.org.br/inf_fichas.htm, G1<br />

18 - P&M Janeiro Fevereiro 2013


Dançando<br />

tango com<br />

o camarão<br />

argentino<br />

Importação de camarão argentino preocupa setor pesqueiro. Possibilidade de<br />

impacto na cadeia produtiva e prejuízo causa apreensão entre os armadores.<br />

A possibilidade da entrada de camarão argentino<br />

no mercado nacional levou o Sindicato dos<br />

Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e<br />

Região (Sindipi) a pedir apoio à bancada catarinense<br />

em Brasília, na tentativa de barrar a liberação. O<br />

lanGostino<br />

setor teme que a importação do crustáceo abale a<br />

produção local, já afetada pela entrada de pescado<br />

vindo da China e do Vietnã.<br />

Nos últimos três anos, a crise fez com que 50<br />

barcos deixassem de sair para o mar na região<br />

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Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 19


de Itajaí – uma redução de 20%. A importação<br />

de camarão argentino era proibida no Brasil até<br />

dezembro do ano passado, quando uma nova Análise<br />

de Risco à Importação (ARI) para a espécie pleoticus<br />

muelleri, conhecido como camarão vermelho, abriu<br />

espaço para a entrada do produto.<br />

Por enquanto, os requisitos sanitários ainda estão<br />

em análise. Mas a previsão é de que o volume de<br />

importação chegue a 5 mil toneladas por ano – algo<br />

que, na avaliação do governo brasileiro, não deve<br />

impactar a produção nacional, que é de 100 mil<br />

toneladas anuais.<br />

O que preocupa o setor é o fato de a taxa tributária<br />

do camarão que virá da Argentina permitir a venda,<br />

no Brasil, por preços inferiores aos do produto<br />

nacional. O presidente do Sindipi, Giovani Monteiro,<br />

cita como exemplo a comparação entre valores como<br />

o do óleo diesel usado nos barcos, vendido a R$ 1,70<br />

o litro em Santa Catarina – já com subsídio estadual<br />

– e a R$ 1 na Argentina.<br />

– Essa situação levará à falência produtores<br />

de camarão no Sudeste e Sul do Brasil e dos<br />

carcinicultores do Nordeste – afirma.<br />

Desistência - Somente em Santa Catarina há<br />

cerca de 20 mil profissionais ligados à pesca, a maior<br />

parte deles na região de Itajaí. Armador especializado<br />

na captura de camarão, Sandro Pinheiro diz que já<br />

pensa em abrir mão das seis embarcações que opera,<br />

e nas quais emprega 35 pessoas.<br />

– Gosto da pesca, mas não tenho como competir<br />

com mercadoria estrangeira. A previsão é que os<br />

argentinos mandem camarão a US$ 10, já limpo.<br />

Vendo o meu a R$ 25, sem limpar, e estou pagando<br />

para trabalhar – afirma Sandro.<br />

A crise internacional e o pacto de cooperação<br />

econômica do MERCOSUL estão entre as<br />

20 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

justificativas do Ministério da Pesca e Aquicultura<br />

(MPA) para a abertura de mercado ao camarão<br />

argentino. Ainda não há data para o início das<br />

importações.<br />

Risco de contaminação é descartado por<br />

especialistas - Além do impacto socioeconômico<br />

da chegada do camarão argentino, o Sindicato dos<br />

Armadores e das Indústrias de Pesca de Itajaí e<br />

Região (Sindipi) alerta para o risco de contaminação.<br />

A entidade afirma que pesquisas indicaram a<br />

presença de um vírus da chamada mancha branca<br />

nos crustáceos vindos da Argentina.<br />

A enfermidade, que também atinge siris, lagostas<br />

e caranguejos, poderia causar uma epidemia no Brasil<br />

caso houvesse contato com o camarão vermelho, na<br />

opinião da entidade.<br />

– Mesmo que o camarão chegue congelado, o vírus<br />

sobrevive – alerta Giovani, presidente do Sindipi.<br />

Pós-doutor em Ecologia e Recursos Naturais, o<br />

professor Joaquim Olinto Branco, da Univali, afirma<br />

desconhecer estudos que comprovem a incidência<br />

de mancha branca no camarão argentino.<br />

– A espécie pleoticus muelleri já ocorre no Brasil,<br />

do Rio Grande do Sul a São Paulo, e costuma vir<br />

com a corrente fria das Malvinas. Ele já convive<br />

por aqui com camarões sete barbas, rosa e branco.<br />

O Ministério da Pesca e Aquicultura informou que<br />

o camarão não oferecerá riscos à biodiversidade<br />

nacional.<br />

Uma visita técnica à Argentina foi feita no<br />

dia 10 de janeiro, e o MPA está estabelecendo os<br />

condicionantes à importação.<br />

No mercado, preferência é nacional - A presença<br />

do pescado importado não é novidade no Brasil.<br />

Salmão, lula e congro estão entre os mais populares –<br />

mas são os filés, feitos de peixes como panga e polaca<br />

do Alaska, vindos de países como China e Vietnã,<br />

que incomodam os produtores. Com preços mais<br />

baixos do que os similares nacionais, como a corvina,<br />

os filés importados estão entre os mais procurados<br />

por restaurantes, diz Telma Canellas, comerciante do<br />

Mercado do Peixe.<br />

Mas entre os clientes que procuram peixe para<br />

preparar em casa o nacional é o preferido, até porque<br />

o importado vem congelado.<br />

– A maioria das pessoas prefere o peixe fresco.<br />

Acho que os armadores não deveriam se preocupar<br />

com a entrada dos importados porque o nacional


tem muita qualidade e, quando é época de safra, tem<br />

um preço muito bom – afirma Telma.<br />

Edson Mendes, administrador de 42 anos que<br />

costuma fazer compras no Mercado do Peixe, concorda<br />

com Telma. Segundo ele, não há comparação entre o<br />

peixe nacional e o importado:<br />

– Já comprei o importado e não gostei. O sabor é<br />

forte e o gosto não é igual ao do nacional. Se o que se<br />

espera é qualidade, o melhor é o peixe daqui.<br />

MiNiStro e<br />

CoMitivA De<br />

téCNiCoS<br />

eM SANiDADe<br />

viSitAM<br />

fáBriCAS De<br />

“lANGoStiNo”<br />

NA ArGeNtiNA<br />

Com o intuito de dar continuidade ao acordo,<br />

celebrado entre Brasil e Argentina, que prevê a<br />

exportação do “langostino” para o Brasil, o ministro<br />

Marcelo Crivella, da Pesca e Aquicultura, visitou<br />

no dia 10 de janeiro três fábricas do pescado na<br />

Província de Chubut, Sul do País.<br />

“Esta viagem é um dos passos para a importação<br />

do “langostino” argentino para o Brasil. Nossa<br />

comitiva é composta por técnicos em sanidade<br />

aquícola e pesqueira, que verificaram como a<br />

espécie é pescada, processada, e exportada. Eles<br />

apresentarão os relatórios que mostrarão se há<br />

padrões aceitáveis de tecnologia e sanidade”,<br />

afirmou o ministro Crivella.<br />

Acompanharam o ministro: os técnicos em<br />

sanidade pesqueira do MPA, Eduardo Cunha<br />

e Marina Delphino, que analisaram também os<br />

processos de garantias do serviço veterinário oficial<br />

argentino e inclusive em relação à rastreabilidade<br />

Saiba mais - Da espécie pleoticus muelleri, o<br />

camarão vermelho argentino, também chamado de<br />

langostino, que será importado para o Brasil, virá<br />

congelado e será em tamanho grande. O Brasil vai<br />

restringir a importação a crustáceos provenientes da<br />

pesca extrativa. Embora o setor produtivo acredite<br />

em baixo preço, comparado ao camarão brasileiro, o<br />

Ministério da Pesca e Aquicultura afirma que o valor<br />

deve ser mais elevado do que o do produto nacional.<br />

do langostino; o ministro da Agricultura, Pecuária e<br />

Pesca da Argentina, Norberto Yaguar; o subsecretário<br />

argentino de Pesca e Aquicultura, Nestor Bustamante;<br />

o conselheiro agrícola da Embaixada Argentina em<br />

Brasília, Fernando Luis Urbani; e da parte do Brasil,<br />

os secretários do MPA, Eloy de Souza (Infraestrutura<br />

e Fomento) e Maria Fernanda Nince Ferreira<br />

(Planejamento e Ordenamento da Aquicultura) e a<br />

assessora internacional, Lúcia Maierá.<br />

Em dezembro, o MPA finalizou a Análise de<br />

Risco de Importação do “langostino”, que avaliou a<br />

possibilidade da introdução e de disseminação de<br />

doenças em animais aquáticos do Brasil por meio da<br />

importação da espécie da pesca extrativa. O estudo<br />

técnico foi revisado e validado por epidemiologistas<br />

veterinários da Universidade de São Paulo. Após essa<br />

análise foi constatado que o “langostino” argentino<br />

não oferece riscos sanitários à biodiversidade<br />

nacional e à carcinicultura brasileira.<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 21


UE cobra firmeza<br />

do Brasil em reação<br />

à barreira argentina<br />

Um dos principais negociadores comerciais da<br />

União Europeia criticou a passividade do Brasil<br />

com o protecionismo da Argentina e desafiou o<br />

MERCOSUL a entregar logo uma proposta que<br />

permita avanços nas negociações de um acordo de<br />

livre comércio entre os dois blocos, sob risco de<br />

perder mercado para outros parceiros.<br />

Em tom de cobrança, as advertências foram<br />

dadas pelo diretor-geral-adjunto de Comércio<br />

da Comissão Europeia, João Aguiar Machado.<br />

“Estamos muito preocupados com a situação da<br />

Argentina”, comentou o funcionário europeu,<br />

durante o 6º Encontro Empresarial UE-Brasil, na<br />

sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI).<br />

Ele fez menções à desapropriação de empresas,<br />

como a petrolífera espanhola YPF Repsol, e à<br />

adoção sistemática de licenças não automáticas de<br />

importação pela Argentina.<br />

Machado deixou claro que, na avaliação europeia,<br />

o governo e os empresários brasileiros têm sido<br />

passivos demais diante das barreiras argentinas.<br />

22 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

“Como líderes regionais e globais, tanto a UE<br />

quanto o Brasil têm responsabilidade sobre essa<br />

questão. Mas enquanto o Brasil tem sido fortemente<br />

afetado pelo protecionismo da Argentina, não tem<br />

assumido uma posição pública contra essa questão”,<br />

afirmou o funcionário, diante de representantes da<br />

indústria. “Entendemos que é preciso tratar com<br />

cuidado as relações com a vizinhança, mas a UE<br />

tem a expectativa de que a comunidade empresarial<br />

brasileira faça ouvir mais fortemente a sua voz”,<br />

acrescentou.<br />

A Argentina aumentou, um ano e um mês depois<br />

de autorizada pela penúltima reunião de cúpula do<br />

MERCOSUL, a alíquota para importações de cem<br />

produtos, caso as compras sejam feitas fora do bloco<br />

econômico. De acordo com o jornal “Clarín”, a<br />

Argentina começará a cobrar 35% pelas importações<br />

de produtos de bens de consumo final, como<br />

motocicletas de até 800 cilindradas, brinquedos,<br />

cerâmicas, calçados, bijuterias, cafeteiras, isqueiros<br />

e cosméticos.<br />

Cristina Kirchner assina lei<br />

que nacionaliza controle da<br />

petroleira YPF (Foto: Estadão)


saBEMOs PEscar,<br />

Mas ainda nãO<br />

saBEMOs vEndEr<br />

PolÊMica<br />

O barco sai do cais, provisório há 22 anos, para pescar em alto mar. São 20 dias de<br />

trabalho. Os pescadores estão felizes porque os porões estão cheios de peixes. Mas<br />

na volta a alegria começa a virar preocupação. Será que vai ter mercado? Quanto<br />

vão valer essas toneladas de peixes no porão? O armador, em terra, também se<br />

preocupa com a boa notícia. Mas valeu a pena gastar uma grana alta nesta viagem?<br />

Estas toneladas de mercadoria que estão chegando vão dar lucro ou prejuízo?<br />

Ele vai conseguir vender a produção a preço justo ou vai ter que negociar tudo a<br />

preço de banana para depois ver o seu peixe vendido com 500% de aumento nos<br />

supermercados e nas peixarias? Porque uma coisa é certa: nós sabemos pescar, mas<br />

não sabemos vender. Será que, no futuro, armadores e pescadores saberão vender seu<br />

peixe? Ou, pelo menos, terão uma vaga ideia de que seu peixe faz parte da bolsa de<br />

mercadoria global e que tem gente explorando sua produção e seu trabalho?<br />

Na pesca, o pescador não sabe que, no idioma<br />

inglês, commodity signifi ca mercadoria. Esse é um<br />

termo de referência de produtos de base em estado<br />

bruto, considerados “matéria-prima”. Além do nível de<br />

matéria-prima, é aquele produto que apresenta grau<br />

mínimo de industrialização.<br />

Em geral, as commodities são produzidas em<br />

grandes quantidades por vários produtores. São<br />

produtos “in natura” provenientes de cultivo ou de<br />

extração. Por serem mercadorias de nível primário,<br />

propensas à transformação em etapas de produção,<br />

apresentam nível de negociação global.<br />

Elas sofrem altos e baixos nas cotações de mercado,<br />

em virtude de perdas e ganhos nos fl uxos fi nanceiros<br />

no mundo. São negociadas no mercado físico, seja para<br />

exportação ou para mercado interno, e nos mercados<br />

derivativos das Bolsas de Valores e contratos futuros.<br />

Na lista dos dez maiores exportadores deste tipo de<br />

produto, o Brasil está em terceiro lugar, atrás dos EUA<br />

e da União Europeia. Segundo a FUNCEX (Fundação<br />

Centro de Estudos do Comércio Exterior), as principais<br />

commodities exportadas pelo Brasil são minérios de<br />

ferro, petróleo bruto, carne de frango, café em grão,<br />

carne bovina, soja e milho. E o peixe.<br />

Segundo especialistas, o peixe é agora o produto<br />

animal mais negociado no planeta, com cerca de 100<br />

milhões de toneladas. De repente a Europa se tornou o<br />

maior mercado mundial de pescado, no valor de mais de<br />

14 bilhões de euros, ou cerca de US$ 22 bilhões por ano.<br />

O apetite da Europa tem crescido à medida que seus<br />

estoques de peixes nativos têm diminuído, de forma<br />

que a Europa precisa importar 60 por cento do peixe<br />

vendido na região.<br />

Todo mundo sabe que a pesca do bacalhau caiu muito<br />

na Europa. Isso levou, como nos velhos tempos, os europeus<br />

para a África. Com isso, aconteceu o desaparecimento de<br />

proteína de peixe de subsistência para os africanos, e o<br />

aumento do preço do peixe em Londres.<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 23


No Canadá, o peixe torna-se uma commodity global no<br />

momento em que sai da água (e, em alguns casos, antes<br />

mesmo de ser pescado). Ele entra direto na cadeia global<br />

de fornecimento de frutos do mar. Os preços são baixos<br />

e, para compensar, é preciso de grandes quantidades<br />

de pescado. Os especialistas dão um nome para isso: a<br />

maldição das commodities.<br />

Os compradores e vendedores ao longo da cadeia de<br />

fornecimento de informação não estão no mesmo barco.<br />

Os pescadores e armadores raramente sabem o preço que<br />

o consumidor final vai pagar pelo seu produto. Assim fica<br />

difícil um preço justo. E pior: os preços locais são definidos<br />

com referência a preços internacionais.<br />

Mudar a forma de compra e venda de peixe – aqui,<br />

na África, no Canadá - no momento é quase impossível.<br />

As cartas já estão marcadas.<br />

Consumo e peixe barato – Poucos armadores e<br />

pescadores sabem que o consumo per capita brasileiro é<br />

hoje quase metade da média global, e que o potencial de<br />

crescimento desperta interesse das empresas, que apostam<br />

no aumento da produção, para baratear o pescado, e em<br />

novos produtos, como alimentos semiprontos.<br />

Com um litoral de cerca de 8 mil quilômetros e<br />

alguns dos maiores rios do mundo, o Brasil poderia<br />

ser um dos maiores consumidores de peixe do mundo.<br />

Mas não é: o consumo per capita nacional, de 9,7 kg por<br />

ano, é quase metade da média global, de 17 kg anuais<br />

por habitante. Agora, as empresas nacionais do setor<br />

investem para tentar mudar esse quadro.<br />

É importante citar aqui a reportagem de Marina<br />

Gazzoni, publicada no jornal “O Estado de S. Paulo”.<br />

A M.Cassab, uma empresa focada principalmente<br />

na distribuição de produtos importados, entrou neste<br />

negócio em 2010, de olho nesse potencial de crescimento<br />

do consumo. A empresa começou a cultivar tilápias em<br />

26 tanques-rede na represa Jaguará, no Rio Grande, no<br />

Estado de São Paulo. Como o peixe leva quase um ano<br />

para crescer, o produto chegou ao varejo no ano passado.<br />

Hoje, a empresa produz 200 toneladas de peixe por<br />

mês (cerca de 2,5 mil toneladas por ano), mas pretende<br />

dobrar o volume no ano que vem. “O projeto total<br />

prevê uma produção de 1,6 mil toneladas de peixe por<br />

mês”, disse Silvio Romero Coelho, diretor comercial da<br />

M.Foods, divisão de alimentos da M.Cassab.<br />

Neste momento, a empresa vende apenas a carne in<br />

natura. No ano que vem, construirá um frigorífico em<br />

Rifaina (SP) e entrará no ramo de alimentos prontos, como<br />

hambúrguer e nugget de peixe. “Queremos aproveitar o<br />

máximo possível do produto. Só 30% do peixe é filé”, disse<br />

24 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

Coelho. A estratégia permitirá uma redução dos preços do<br />

pescado. “O brasileiro come pouco peixe porque o produto<br />

é caro no País”, afirmou.<br />

No Brasil, os pescados representam 8% das proteínas<br />

consumidas, menos do que aves (40%), bovinos (39%)<br />

e suínos (13%). “É mais fácil comprar e preparar<br />

produtos de carne bovina e de frango no País”, disse<br />

Rosana Diniz, gerente de marketing da Nativ Pescados,<br />

criada em 2008 por Pedro Furlan, um bisneto de Atílio<br />

Fontana, fundador da Sadia. A Nativ tenta mudar esta<br />

regra com a oferta de pescados prontos para o consumo.<br />

“O consumidor não quer ter de limpar o peixe. Quer o<br />

produto pronto para colocar no forno”, disse Rosana.<br />

A empresa investiu R$ 100 milhões para construir<br />

tanques em uma fazenda em Sorriso (MT), que hoje<br />

produz entre 5 mil e 6,4 mil toneladas por ano de<br />

pescado. Neste ano, a Nativ deve faturar R$ 43 milhões,<br />

cerca de 40% mais do que no ano anterior. “Existe uma<br />

tendência do consumidor de procurar alimentos mais<br />

saudáveis. Isso deve elevar o consumo de peixes”, disse<br />

a executiva da Nativ.<br />

O brasileiro consumiu 1,86 milhão de toneladas de<br />

pescados em 2010, um crescimento de 8% em relação ao<br />

ano anterior, segundo os últimos dados disponíveis do<br />

Ministério da Pesca e Aquicultura.<br />

A Gomes da Costa, que está há 60 anos no mercado<br />

de enlatados e fatura R$ 800 milhões, lançou neste ano<br />

uma linha de pizzas e lasanhas de pescados, com sabores<br />

atum, sardinha e salmão, por exemplo. “Queremos lançar<br />

produtos inovadores e aproveitar a tradição da marca<br />

no ramo de pescados”, disse o gerente de marketing<br />

corporativo da empresa, Luis Manglano.<br />

A catarinense Leardini segue estratégia semelhante.<br />

“O peixe in natura é commodity. É uma briga de preço. O<br />

nosso diferencial será nos produtos processados”, disse a<br />

gerente de marketing da empresa, Flávia Di Celio.<br />

A Leardini, fundada em 1988, começou a vender<br />

empanados de peixe em 2001 e lançou em 2010 sua linha<br />

de pratos prontos. “Algumas receitas não deram certo e<br />

reformulamos todo o portfólio neste ano. Das 26 opções,<br />

19 são novas”, disse Flávia.<br />

Rocambole de peixe com molho de laranja não<br />

vendeu bem, por exemplo. Pratos com salmão e<br />

camarão têm uma aceitação melhor entre o consumidor<br />

brasileiro, segundo ela.<br />

Voltando à vaca fria (ou ao peixe frio). Será que o<br />

armador e o pescador do Rio de Janeiro sabem como<br />

entrar nesse jogo e vender seu peixe a preço justo?<br />

Peixes, Preços, Especulação – Paulo Guimarães, em sua


O que vendemos O que é revendido<br />

coluna “De olho no mercado”, no “Jornal do Commercio”,<br />

informa como os alimentos pressionam preços.<br />

Apesar de a atividade econômica no planeta ter<br />

arrefecido em 2012, a inflação voltou a incomodar neste<br />

comecinho de 2013 em alguns países proeminentes, como<br />

China e Brasil. Novamente, um dos fatores que mais vem<br />

contribuindo para o encarecimento do custo de vida tem<br />

sido a alta expressiva dos alimentos. Na média, as cotações<br />

das commodities agrícolas estavam 7% mais salgadas em<br />

dezembro passado do que um ano antes. Tudo bem que<br />

houve a dramática seca nos Estados Unidos, um dos<br />

principais produtores mundiais de milho e soja, entre<br />

outros itens. Intempéries climáticas derrubaram também<br />

a safra de outras importantes regiões, como a de trigo na<br />

Rússia, a de soja na China e a de grãos, de modo geral, no<br />

sul e no nordeste do Brasil.<br />

Ao que parece, o ser humano vai ter que se acostumar e<br />

aprender a lidar com esse tipo de adversidade de forma quase<br />

constante daqui por diante. Cresce, todavia, a percepção de<br />

que outro vilão – a especulação – vem desempenhando<br />

papel crucial na escalada dos preços da comida.<br />

Segundo a organização não-governamental britânica<br />

World Development Movement (WDM), que se propõe a<br />

combater a pobreza, o banco Goldman Sachs é um dos<br />

maiores negociantes nos mercados futuros de matérias-<br />

Tecnologia ao seu alcance<br />

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Fábio de Assis<br />

primas alimentícias, tendo lucrado aproximadamente<br />

US$ 400 milhões com operações com milho, trigo e soja,<br />

entre outros produtos, em 2012. “O Goldman Sachs é<br />

o líder global em transações que vêm empurrando os<br />

preços da comida para cima, enquanto algo como um<br />

bilhão de pessoas passam fome. O banco fez lobby pela<br />

desregulamentação que possibilitou o aporte de bilhões<br />

nos mercados derivativos de commodities, criando-se os<br />

instrumentos necessários, e agora está colhendo os lucros”.<br />

De acordo com a Organização para Alimentação e<br />

Agricultura (FAO), das Nações Unidas, desde 2003 os<br />

preços de alimentos no mundo mais que dobraram.<br />

A tendência altista acelerou dramaticamente a partir<br />

de 2007, o que deu origem a uma série de protestos e<br />

revoltas populares ao redor do planeta. No total, foram<br />

registrados 28 países nos quais houve algum tipo de<br />

levante. Estudiosos afirmam que muitas das revoluções<br />

ocorridas nos últimos cinco anos, inclusive as da<br />

chamada ‘Primavera Árabe’, estão diretamente associadas<br />

aos períodos de picos de encarecimento dos gêneros<br />

alimentícios, alcançados entre 2008 e 2011.<br />

A partir de 1999, com a assinatura pelo então presidente<br />

norte-americano Bill Clinton do Ato de Modernização dos<br />

Mercados Futuros de Commodities (Commodity Futures<br />

Modernization Act), bancos de investimento e outras<br />

instituições financeiras passaram a apostar firmemente<br />

nas trajetórias dos preços das commodities, com nenhum<br />

propósito produtivo, afastando os contratos nas bolsas de<br />

mercadorias da sua função primordial, para a qual foram<br />

originalmente concebidos, que é a de servir como seguro<br />

para o produtor, entre outras coisas, contra intempéries<br />

climáticas. “A participação de instituições financeiras com<br />

práticas estritamente especulativas saltou de algo como<br />

12% do mercado, antes da desregulamentação, para cerca<br />

de 60% atualmente”, observa a economista Heidi Chow,<br />

da WDM. O volume da especulação é ampliado mediante<br />

a maior ocorrência de eventos climáticos ou de qualquer<br />

espécie que causem incertezas à produção. Até aí tudo<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 25


em, faz sentido. Essa premissa é compatível com a função<br />

original do especulador nos mercados – assumir os riscos<br />

do produtor. O problema é que a especulação cresce muito<br />

mais rápido do que o hedge.<br />

A principal justificativa para esta discrepância é a<br />

aleatoriedade, a imprevisibilidade de ocorrências que<br />

possam causar danos. Este fator em especial aguça<br />

assustadoramente o apetite pelo jogo, tornando-o, de<br />

certa forma, mais fácil e lucrativo. É a velha história<br />

da profecia autorrealizável. Outros elementos que<br />

reforçam o mantra da escassez são a demanda crescente<br />

por terras agriculturáveis para biocombustíveis e<br />

a massificação do consumo de carne em nações<br />

populosas, como China e Índia.<br />

O quadro alarmista resulta em um substancial<br />

agravamento da volatilidade. O New England Complex<br />

Systems Institute (NECSI) desenvolveu um modelo<br />

quantitativo, que vem antecipando corretamente a trajetória<br />

do Índice dos Preços de Alimentos (FPI). O modelo projeta<br />

26 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

“uma nova bolha especulativa, formada a partir do final de<br />

2012, que levará os preços dos alimentos a superarem os<br />

recentes picos.” De acordo com o NECSI, isto ocorreria,<br />

principalmente, devido à excessiva atividade especulativa.<br />

O Banco Mundial, ao seu modo, endossa este diagnóstico.<br />

Em seu relatório de novembro sobre o tema (Food Price<br />

Watch), a entidade alerta que “preços de alimentos altos<br />

e voláteis são a nova norma.” Só que, como bem observa<br />

Jomo Sundaram, diretor-assistente da FAO, em um planeta<br />

no qual cerca de um bilhão de pessoas – em uma estimativa<br />

conservadora – já passam fome, esta nova norma pode ser<br />

fatal. Já Kharunya Paramaguru, da Time Magazine, ressalta<br />

que em países como o Cazaquistão, a população chega a<br />

consumir 80% da sua renda com alimentação.<br />

Voltando ao peixe frio. Será que, no futuro, armadores<br />

e pescadores saberão vender seu peixe? Ou, pelo menos,<br />

terão uma vaga ideia de que seu peixe faz parte da bolsa<br />

de mercadoria global e que tem gente explorando sua<br />

produção e seu trabalho?


pESca dE atum<br />

continua um<br />

Enigma SEm<br />

Solução<br />

O jornal O GLOBO, de 23/01/13, publicou<br />

a matéria “Ambientalistas denunciam pesca<br />

predatória em Cabo Frio”. Diz a matéria:<br />

“Pescadores artesanais, ambientalistas e turistas<br />

voltaram a denunciar nesta quarta-feira a pesca<br />

predatória na área marinha do Parque Estadual<br />

da Costa do Sol, em Cabo Frio. Cinco barcos<br />

atuneiros (equipados para a pesca do atum) estão<br />

pescando sardinha (usada como isca) e jogando<br />

óleo no mar desde sexta-feira na enseada da Praia<br />

do Peró, junto ao Morro do Vigia, que divide o<br />

Peró da Praia das Conchas. Segundo donos de<br />

quiosques da Praia do Peró, manchas de óleo já<br />

podem ser vistas na areia”.<br />

E continua: “A ação dos atuneiros acontece<br />

a poucos metros da Praia das Conchas, onde<br />

biólogos descobriram várias espécies raras de<br />

animais marinhos. A pesca de arrasto está sendo<br />

isca viva<br />

A pesca de atum com vara e isca-viva no Brasil é praticada há mais de trinta<br />

anos em nosso litoral, com uma frota oceânica de 45 embarcações distribuídas ao<br />

longo do litoral sudeste e sul do país. Produz cerca de 30.000 toneladas de bonito<br />

listrado, abastecendo uma indústria de enlatados representada por diversas marcas<br />

do produto, que é consumido no mercado interno e de exportação. Esta atividade<br />

representa um importante papel no cenário econômico e social do setor pesqueiro,<br />

garantindo milhares de empregos diretos, recolhimento de impostos e divisas para o<br />

país. Mas continua sendo um enigma até para ambientalistas.<br />

feita em área de preservação ambiental. Apesar<br />

disso, de acordo com moradores, nenhum fiscal<br />

esteve no local para reprimir a infração. Cinco<br />

barcos foram vistos, e três deles seriam de Santa<br />

Catarina”.<br />

A matéria não diz em nenhum momento que a<br />

pesca de isca-viva é permitida por lei. E se precipita<br />

ao acusar as embarcações por derramamento de<br />

óleo.<br />

Turistas podem não entender de pesca. Mas<br />

ambientalistas não têm esse direito. A visão (ou<br />

falta de) de ambientalistas e de pessoas ligadas<br />

à pesca artesanal é a de que qualquer “barco<br />

grande” é predador. Poluição, esgoto in natura,<br />

derramamento de óleo, aquecimento global, nada<br />

disso é levado em conta. A culpa é sempre do<br />

“barco grande”.<br />

A seguir a resposta enviada à redação do jornal<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 27


pelo presidente do <strong>SAPERJ</strong>, Leonardo Marques<br />

Torres, e pelo do SINDIPI, Giovani Monteiro.<br />

“Com referência à matéria veiculada no<br />

O Globo, edição de 23/01/2013, que trata da<br />

presença de barcos atuneiros na Área Marinha do<br />

Parque Estadual da Costa do Sol – Cabo Frio –, o<br />

Sindicato dos Armadores e da Indústria da Pesca<br />

de Itajaí e Região – SINDIPI -, que congrega os<br />

armadores de atum com vara e isca-viva do estado<br />

de SC, e o Sindicato dos Armadores de Pesca do<br />

Estado do Rio de Janeiro – <strong>SAPERJ</strong> –, que abriga<br />

os armadores do Rio de Janeiro, têm a esclarecer<br />

o seguinte:<br />

1. A pesca de atum com vara e isca-viva no<br />

Brasil é praticada há mais de trinta anos em nosso<br />

litoral, com uma frota oceânica de 45 embarcações<br />

distribuídas ao longo do litoral sudeste e sul do<br />

país. Produz cerca de 30.000 toneladas de bonito<br />

listrado, abastecendo uma indústria de enlatados<br />

representada por diversas marcas do produto, que<br />

é consumido no mercado interno e de exportação.<br />

28 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

Esta atividade representa um importante papel<br />

no cenário econômico/social do setor pesqueiro,<br />

garantindo milhares de empregos diretos,<br />

recolhimento de impostos e divisas para o país.<br />

2. É uma pesca oceânica que possui duas fases:<br />

uma de captura da isca-viva, que deve ser realizada<br />

na zona costeira; e outra, após o abastecimento<br />

de isca, em alto mar, onde estão os cardumes de<br />

bonito listrado. As embarcações atuneiras estão<br />

permissionadas para a captura da isca-viva com<br />

redes de cerco e também para a pesca oceânica com<br />

vara e anzol. A atividade é plenamente dependente<br />

da captura da isca-viva nas áreas costeiras.<br />

3. É, portanto, uma atividade legal, reconhecida<br />

e licenciada pelas instituições responsáveis<br />

pela gestão pesqueira nacional (MMA e MPA),<br />

respeitadas as áreas de restrição legalmente<br />

instituídas na legislação ambiental.<br />

4. No caso desta reportagem, são feitas acusações<br />

às embarcações atuneiras presentes na área citada<br />

de prática de pesca predatória por arrasto, o que<br />

não é verdade, pois a captura é realizada com rede<br />

de cerco, sem arrastar no fundo marinho, e também


de “jogar óleo no mar”, o que é questionável, uma<br />

vez que estas embarcações obedecem a normas<br />

internacionais de recolhimento de resíduos, tanto<br />

líquidos como sólidos, somente descartando-os<br />

em terra.<br />

5. Com relação à acusação de pesca<br />

predatória no citado parque, conforme declara<br />

o chefe do parque, não há restrições à captura<br />

de isca-viva na área até que seja implantado<br />

plano de manejo da PECS. Mesmo assim o<br />

citado plano poderá contemplar a possibilidade<br />

da atividade, caso haja entendimento entre as<br />

partes envolvidas.<br />

Vazamento de óleo<br />

6. Concluindo, alertamos que as denúncias<br />

publicadas na reportagem são precipitadas,<br />

carecendo de informações técnicas (pesca<br />

predatória) e de provas materiais (derramamento<br />

de óleo no mar), sendo oriundas de informações<br />

produzidas por pessoas leigas no assunto, sem<br />

conhecimento de causa, que se aproveitam da<br />

mídia para promover suas opiniões, motivadas<br />

por ideologias e que desconhecem a importância<br />

da pesca oceânica para o desenvolvimento do País.<br />

Solicitamos, portanto, a divulgação destas<br />

informações por meio do mesmo veículo utilizado<br />

para a denúncia em tela”.<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 29


inFraestrUtUra<br />

portos modernos<br />

Governo prepara a licitação de 150 áreas em terminais portuários. A iniciativa<br />

faz parte do programa de modernização dos portos, que prevê investimentos de<br />

R$ 54,2 bi até 2017.<br />

O governo pretende desenvolver estudos para<br />

o arrendamento de mais de 150 áreas dos portos<br />

organizados do país destinadas à operação de terminais<br />

e instalações portuárias. Os projetos estão sendo<br />

definidos pela Secretaria Especial dos Portos (SEP) em<br />

conjunto com o Banco Nacional de Desenvolvimento<br />

Econômico e Social (BNDES). Estão sendo avaliadas<br />

áreas ociosas — que ainda não foram exploradas pelo<br />

setor privado — e terminais já em operação, cujos<br />

contratos de arrendamento estão prestes a vencer.<br />

30 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

A perspectiva é a de que os estudos fiquem prontos<br />

nos próximos seis meses, como parte do programa de<br />

modernização dos portos, lançado no ano passado<br />

pela presidente Dilma Rousseff e que deve atrair R$<br />

54,2 bilhões para o setor portuário até 2017. Segundo<br />

fontes ouvidas pelo Brasil Econômico, esse valor pode<br />

ser ampliado caso todos os projetos de arrendamento<br />

saiam do papel. O motivo é que, por enquanto, ainda<br />

falta a conclusão dos estudos para saber se todas as<br />

áreas observadas podem de fato ser alvo de licitações.


Por enquanto, a prioridade do governo é para a<br />

regularização de 55 contratos de arrendamento que<br />

foram assinados antes da Lei dos Portos de 1993. A<br />

legislação reformulou as regras do setor, mas estes<br />

arrendatários não tiveram seus contratos adaptados.<br />

O impasse tem gerado insegurança jurídica no setor<br />

e foi responsável pela paralisação dos investimentos<br />

nos terminais. Apesar do pedido dos operadores para<br />

que seus contratos sejam prorrogados por um novo<br />

período de 25 anos, o governo avalia que a maioria<br />

deles terá que ser relicitada. Existem apenas alguns<br />

casos em que a renovação é permitida, mas isto só será<br />

feito mediante o compromisso dos atuais operadores<br />

de realizar investimentos nos terminais.<br />

Além dos arrendamentos, também fazem parte<br />

dos estudos da SEP as concessões dos portos<br />

previstas no programa de investimentos. O governo<br />

licitará nos portos organizados em Manaus, no<br />

Amazonas, em Ilhéus, na Bahia, e em Vitória, no<br />

Espírito Santo. Além deles, há o porto de Imbituba,<br />

em Santa Catarina, único do país que já tem<br />

administração privada, mas, por conta do prazo de<br />

Abertura dos Portos<br />

concessão já ter vencido, deverá passar por uma<br />

nova licitação.<br />

Da lista de portos, o de Manaus foi o escolhido<br />

para inaugurar o novo modelo de concessão de<br />

portos, destinado à construção e operação da unidade,<br />

e cujo vencedor da licitação será definido por meio<br />

da oferta de menor tarifa para a movimentação de<br />

cargas. Segundo a ANTAQ, o edital de Manaus é o<br />

que está mais adiantado e deve ser publicado ainda<br />

no primeiro trimestre deste ano. Logo após Manaus,<br />

o porto de Imbituba irá a leilão. Os demais portos a<br />

serem concedidos deverão ter seus editais publicados<br />

apenas no segundo semestre deste ano.<br />

Os estudos elaborados pela SEP não contemplam<br />

locais que estão fora dos portos públicos e que podem servir<br />

para a construção de Terminais de Uso Privativo (TUP’s).<br />

Estas áreas serão concedidas por meio de autorizações da<br />

Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ).<br />

Os operadores serão definidos por meio de processo<br />

seletivo e as chamadas públicas realizadas pela ANTAQ.<br />

Fonte: Brasil Econômico<br />

Em 28 de janeiro de 1808, Dom João VI endereçou ao Conde da Ponte, João de Saldanha<br />

da Gama de Melo e Tôrres — governador da capitania da Bahia —, a carta declarando<br />

abertos os portos brasileiros às nações amigas, embora em caráter provisório. Na<br />

carta, que deu liberdade ao comércio do Brasil colônia, o Príncipe Regente ordenou a<br />

abertura dos portos a todas as mercadorias transportadas por navios de seus vassalos<br />

e de estrangeiros de nações amigas; estabeleceu o pagamento de direitos por entrada<br />

(precursor do imposto de importação) de 24%, com exceção dos vinhos, aguardentes e<br />

azeites doces, sujeitos ao pagamento em dobro dos “direitos” até então pagos; e liberou<br />

a exportação de mercadorias coloniais, com exceção do pau-brasil e outros produtos<br />

estancados, por navios de seus vassalos e de estrangeiros de nações amigas, para todos os<br />

portos que lhes aprouvesse.<br />

Em um mundo globalizado e crescentemente interligado — econômica, comercial<br />

e culturalmente —, em que o comércio exterior cada vez mais ganha importância,<br />

cabe refletir sobre o que queremos e precisamos fazer para que a abertura dos portos<br />

brasileiros seja perene e atenda à necessidade e aos anseios de um Brasil desenvolvido,<br />

com crescimento econômico consistente e autossustentável, que permita desenvolvimento<br />

social acelerado e equânime, sem que tenhamos que esperar mais 200 anos.<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 31


tecnoloGia<br />

CoMiSSão<br />

foMeNtArá o DeSeNvolviMeNto<br />

teCNolóGiCo PArA torNAr o<br />

BrASil UM GrANDe ProDUtor De<br />

PeSCADo<br />

Os ministros Marcelo Crivella, da Pesca e Aquicultura, e Marco Antonio Raupp,<br />

da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), assinaram, no dia 16 de janeiro,<br />

em Brasília, uma Portaria Interministerial que instituiu Comissão Técnica,<br />

com a participação das duas pastas, para promover ações de desenvolvimento<br />

tecnológico nas áreas de pesca e aquicultura.<br />

Embora os dois ministérios já sejam parceiros –<br />

sobretudo por meio de ações que envolvem as agências<br />

de fomento do MCTI, como o CNPq e a FINEP, e os<br />

Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia –, a referida<br />

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Comissão deverá ter papel estratégico para o setor<br />

pesqueiro e aquícola nacional. A pauta de pesquisa é<br />

extensa, e envolve melhoramento genético, cultivo e<br />

manejo, equipamentos, ração, avaliação dos estoques<br />

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32 - P&M Janeiro Fevereiro 2013


pesqueiros, bioeconomia, beneficiamento de pescado,<br />

conservação, transporte e comercialização.<br />

“Apesar de contar com um litoral extenso e ser<br />

o País que possui mais água doce no mundo, ainda<br />

temos uma produção pesqueira muito abaixo de<br />

nossas potencialidades”, lembrou o ministro Raupp.<br />

O conhecimento científico, para ele, pode favorecer a<br />

“melhoria das condições de produção” e “colocar mais<br />

peixe na mesa do brasileiro”. O ministro de Ciência,<br />

Tecnologia e Inovação ressaltou que a parceria firmada<br />

também envolve a aplicação de recursos do MCTI, além<br />

das dotações do MPA, para projetos de pesquisa na área.<br />

O ministro Crivella acredita que os novos<br />

conhecimentos devem fortalecer a cadeia produtiva<br />

do pescado. “Em 20 anos, a Embrapa desenvolveu<br />

tecnologias tropicais que tornaram o País um dos<br />

maiores produtores do mundo de carne e grãos”,<br />

lembrou, acreditando que um desenvolvimento<br />

semelhante, com o apoio do MCTI, deve acontecer com<br />

o setor de pescado. Com tecnologias melhores e mais<br />

bem adaptadas às condições e espécies brasileiras, o<br />

País poderá atender a demanda doméstica e se tornar<br />

uma plataforma de exportação de pescado, a proteína<br />

animal mais consumida no mundo.<br />

“Apesar de contar com um litoral extenso e ser o<br />

País que possui mais água doce no mundo, ainda<br />

temos uma produção pesqueira muito abaixo de<br />

nossas potencialidades”<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 33


notÍcias do MPa<br />

Ministro participa do ii grito<br />

da Pesca e aquicultura<br />

O ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella,<br />

participou, no dia 26 de janeiro, do II Grito da Pesca e<br />

Aquicultura. O evento organizado pela Confederação<br />

Nacional dos Pescadores e Aquicultores - CNPA -, no<br />

município de Rio do Fogo, no Rio Grande do Norte,<br />

reuniu mais de dez mil pescadores, representantes de<br />

federações e de colônias e autoridades políticas, entre<br />

elas a governadora do Estado, Rosalba Ciarlini, e o<br />

ministro da Previdência Social, Garibaldi Filho.<br />

Na abertura, o presidente da CNPA, Abraão<br />

Lincoln, falou sobre as reivindicações dos pescadores<br />

e aquicultores e ressaltou a importância de uma revisão<br />

acerca da lei ambiental.<br />

“A lei do jeito que está impede o crescimento do País.<br />

A questão de ordem ambiental não dá autonomia para<br />

viabilização do crédito se não tiver a licença ambiental<br />

para entregar no banco. Estamos lutando pelo fim do<br />

compartilhamento das decisões do Ministério da Pesca<br />

e Aquicultura com o Ministério do Meio Ambiente,<br />

da retirada do PIS/COFINS para o setor industrial<br />

da pesca e aquicultura, e pelo fim do licenciamento<br />

para a pesca da lagosta. Queremos que o Brasil passe a<br />

trabalhar com cotas”, afirmou Abraão.<br />

Em seu discurso, Crivella tranquilizou os pescadores<br />

34 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

O ministro da Pesca e Aquicultura,<br />

Marcelo Crivella, participou, no dia<br />

26 de janeiro, do II Grito da Pesca e<br />

Aquicultura. O evento organizado pela<br />

Confederação Nacional dos Pescadores<br />

e Aquicultores – CNPA -, no município<br />

de Rio do Fogo, no Rio Grande do Norte,<br />

reuniu mais de dez mil pescadores,<br />

representantes de federações e de colônias<br />

e autoridades políticas, entre elas a<br />

governadora do Estado, Rosalba Ciarlini,<br />

e o ministro da Previdência Social,<br />

Garibaldi Filho.<br />

com relação à licença para a pesca da lagosta, no<br />

Estado. Segundo o ministro, um subcomitê científico<br />

está estudando a viabilidade de cotas.<br />

“Os nossos cientistas estão vendo como é que<br />

podemos implantar a questão das cotas, que vai ser<br />

uma questão redentora para acabar com a briga, com<br />

a diferença de rico pra pobre. Assim, cada um terá sua<br />

cota”, disse o ministro.<br />

O ministro Crivella terminou seu discurso lendo a<br />

oração que fez pelos pescadores:


“Quando o pescador sair pra pescar e for pra bem<br />

longe no mar, que Deus o ajude a voltar.<br />

Quando o pescador sair pra pescar, que Deus o<br />

proteja da chuva, da força das ondas, do vento frio<br />

a soprar.<br />

Quando o pescador sair pra pescar, que a rede que<br />

ele lançar traga peixes para comer, para vender, e se um<br />

pobre com fome encontrar, ajudar.<br />

Quando o pescador sair pra pescar, que Deus lhe<br />

dê paciência quando no lixo do mar a sua rede rasgar.<br />

Quando o pescador sair pra pescar, que Deus lhe<br />

proteja a família, na sua ausência do lar, que é o preço<br />

mais alto que o peixe lhe obriga a pagar.<br />

Quando o pescador sair pra pescar, que haja fartura<br />

nas águas e gaivotas no céu a voar, que haja vento na<br />

vela e as ondas que cruzam o mar, que resplandeça a<br />

esperança no brilho do seu olhar.<br />

Quando o pescador sair pra pescar, que Deus abra<br />

seus olhos para ver o peixe no mar e a ternura no olhar<br />

de quem ama quando pra casa voltar, mas, acima de<br />

tudo, ele veja a graça do seu Criador e o amor de Jesus<br />

lá na cruz, por onde quer que andar.<br />

Quando o pescador sair pra pescar e nada pegar,<br />

e na volta cansado no seu barco chorar, que cada<br />

lágrima vertida seja dada ao mar, que delas há de<br />

lembrar quando amanhā novamente o pescador sair<br />

para pescar.<br />

E quando o pescador, enfim, não puder mais sair<br />

pra pescar, que Deus o guarde da maresia da alma, da<br />

melancolia, e não lhe tire a alegria de olhar o mar e<br />

orar, quando um outro pescador, em seu lugar, sair<br />

pra pescar.<br />

Foi Deus quem te fez pescador, tua alma e o mar se<br />

unir. Tu pensas que és dono do mar, mas o mar é que<br />

é dono de ti.<br />

Senhor, abençoai o pescador!”.<br />

Entrega de Unidade Móvel Odontológica - Em<br />

seguida, o ministro entregou uma unidade móvel<br />

odontológica para pescadores do município. A<br />

ambulância possui equipamentos de raio-X, cadeira<br />

odontológica de última geração, gerador de energia, ar<br />

condicionado de 9 mil BTU, reservatório de água e tem<br />

condições de realizar tratamentos complexos.<br />

Durante todo o dia, o evento teve uma extensa<br />

programação com shows e várias atividades para os<br />

pescadores e aquicultores.<br />

Homenagens - A Confederação Nacional dos<br />

Pescadores e Aquicultores homenageou o Comandante<br />

da Polícia Militar do Estado, Coronel Francisco Araújo,<br />

e o Comandante da Companhia Independente da<br />

Polícia Ambiental, Major Castelo Branco, com a<br />

Comenda “Café Filho”, que foi concedida a eles pela<br />

boa relação da polícia militar com os pescadores.<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 35


aMaZÔnia aZUl<br />

MAriNhA Do BrASil eM<br />

trANSforMAção<br />

Na Proposta de Lei Orçamentária Anual (PLO)<br />

para 2013, encaminhada ao Congresso em 30/8/2012, a<br />

dotação inicial do Ministério da Defesa é de R$ 66.368,7<br />

milhões. Deste total, R$ 1.257,6 milhões destinam-se à<br />

administração central; R$ 15.586,4 milhões ao Comando<br />

da Aeronáutica (Força Aérea); R$ 27.210,7 milhões ao<br />

Comando do Exército; R$ 17.856,8 milhões ao Comando<br />

da Marinha; e R$ 4.457,2 milhões às demais unidades<br />

orçamentárias.<br />

Dos R$ 17.856,8 milhões destinados à Marinha, as<br />

36 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

despesas correntes ficarão com R$ 13.478,7 milhões,<br />

sendo R$ 11.867 milhões para gastos de pessoal e encargos<br />

sociais; R$ 241,9 milhões para juros e encargos da dívida;<br />

e R$ 1.369,8 milhões para outros gastos correntes. As<br />

despesas de capital terão R$ 3.952,9 milhões, dos quais<br />

R$ 3.199,9 milhões para investimentos e R$ 753 milhões<br />

para amortização da dívida. A reserva de contingência será<br />

de R$ 425 milhões.<br />

Os principais aspectos do Plano de Articulação e<br />

Equipamento da Defesa (PAED), que consolida projetos


do Ministério da Defesa e das três forças singulares para<br />

o período 2012-2031, são mostrados no Livro Branco de<br />

Defesa Nacional (LBDN), apresentado ao Congresso em<br />

17/07/2012, com as atualizações da Política Nacional de<br />

Defesa (PND) e da Estratégia Nacional de Defesa (END).<br />

A publicação do LBDN e a elaboração do PAED<br />

inserem-se no processo de transformação da Defesa no<br />

Brasil. Os projetos de transformação de nossas Forças<br />

Armadas englobam investimentos totais de R$ 557.734,5<br />

milhões, dos quais R$ 143.722 milhões estão destinados<br />

aos projetos de articulação e R$ 414.012 milhões aos de<br />

equipamento.<br />

Dos R$ 557.734,5 milhões previstos no PAED, os<br />

projetos da Marinha representam R$ 211.682,3 milhões,<br />

sendo R$ 37.922,5 milhões para os projetos de articulação<br />

e R$ 173.759,8 milhões para os de equipamento. Alguns<br />

projetos excedem o período até 2031, enquanto que<br />

outros já estavam em andamento.<br />

À recuperação da capacidade operativa estão<br />

destinados R$ 5.372,3 milhões em 2009-25; ao programa<br />

nuclear da Marinha, R$ 4.199,0 milhões em 2009-31;<br />

à construção do núcleo do Poder Naval, R$ 175.225,5<br />

milhões em 2009-2047; ao Sistema Gerencial da Amazônia<br />

Azul (Sisgaaz), R$ 12.095,6 milhões em 2013-24; ao<br />

complexo naval da 2ª Esquadra/2ª Força de Fuzileiros da<br />

Esquadra, R$ 9.141,5 milhões em 2013-31; à segurança da<br />

navegação, R$ 632,80 milhões em 2012-31; e ao pessoal,<br />

R$ 5.015,6 milhões em 2010-31.<br />

Em novembro, será inaugurada a Unidade de<br />

Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), para<br />

construção das seções de casco dos novos submarinos.<br />

As quatro unidades de propulsão convencional (S-BR)<br />

devem receber os nomes de Riachuelo, Humaitá, Tonelero<br />

e Angostura. O submarino de propulsão nuclear (SN-<br />

BR) deverá se chamar Álvaro Alberto, em homenagem<br />

ao almirante que trouxe para o Brasil as primeiras<br />

ultracentrífugas de enriquecimento de urânio.<br />

A futura localização do complexo da 2ª Esquadra/2ª FFE<br />

deve ser decidida em breve, a fim de cumprir o cronograma<br />

de projeto. A baía de São Marcos, em São Luís (MA), é<br />

apontada por especialistas como o local mais adequado. No<br />

decorrer da primeira metade deste século, parte substancial<br />

da Marinha deverá migrar para o litoral Norte/Nordeste do<br />

Brasil, em função da nova realidade estratégica.<br />

Na estrutura militar de Defesa criada em 2010, os<br />

comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica<br />

passaram a ter como atribuição principal o preparo das<br />

respectivas forças. O emprego de elementos das três<br />

forças singulares, em operações conjuntas no Atlântico<br />

Sul, ficaria subordinado ao comando de um Teatro de<br />

Operações Marítimo (TOM), e o papel do Comando de<br />

Operações Navais (ComOpNav) na estrutura do setor<br />

operativo da Marinha teria que ser reavaliado.<br />

O ComOpNav, ao qual atualmente se subordinam<br />

a Esquadra e a FFE, além de nove distritos navais e<br />

alguns outros componentes, poderia ser acrescido<br />

de componentes adicionais ou ser substituído por<br />

dois comandos de área autônomos: o Comando Naval<br />

Meridional (Coname), com sede no Rio de Janeiro (RJ),<br />

e o Comando Naval Setentrional (Conase), possivelmente<br />

sediado em São Luís (MA).<br />

Ao Coname estariam subordinadas a 1ª Esquadra e a<br />

1ª FFE, além dos 1º, 2º, 5º, 6º, 7º e 8º Distritos Navais. O<br />

Conase incluiria a 2ª Esquadra, a 2ª FFE e os 3º, 4º e 9º<br />

Distritos Navais. Os submarinos poderiam ser integrados<br />

às duas Esquadras ou ficar sob um comando de força<br />

autônomo, sediado em Itaguaí (RJ). Neste caso, as 1ª e<br />

2ª Esquadras seriam constituídas apenas por meios de<br />

superfície e aeronavais.<br />

Nos conflitos assimétricos do século XXI, a Marinha<br />

do Brasil deve estar apta a realizar operações nas quais<br />

o “inimigo” pode não ser um Estado organizado, como<br />

as de interdição marítima ou de combate à pirataria. Em<br />

períodos de paz, deve garantir a presença do Brasil nas<br />

águas jurisdicionais que constituem a Amazônia Azul,<br />

assim como em outras áreas marítimas de interesse<br />

nacional, dissuadindo ameaças e atuando na segurança<br />

marítima ou em apoio à política externa.<br />

Por ter mais de 70% de sua superfície coberta pelos<br />

oceanos, nosso mundo poderia ser chamado de Planeta<br />

Água. A distribuição desigual das terras pelos hemisférios<br />

caracteriza a existência de um “hemisfério de terra” ao<br />

Norte e um “hemisfério de água” ao Sul. O Brasil é a maior<br />

potência marítima do Hemisfério Sul, e a ampliação de<br />

sua projeção internacional, além do nível regional, tende<br />

a consolidar tal posição.<br />

Nosso país integra o grupo de potências emergentes,<br />

denominado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e<br />

África do Sul). No século XXI, será necessário capacitar<br />

plenamente a Marinha do Brasil, assim como o Exército e a<br />

FAB, para a defesa da soberania e dos interesses nacionais.<br />

A transformação das Forças Armadas brasileiras depende<br />

da concretização dos projetos que constam do PAED.<br />

Eduardo Italo Pesce é especialista em Relações<br />

Internacionais, professor no CEPUERJ e colaborador<br />

permanente do Centro de Estudos Político-Estratégicos<br />

da Escola de Guerra Naval (CEPE/EGN).<br />

Fonte: Monitor Digital<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 37


literatUra<br />

Garopaba no<br />

mapa da ficção<br />

Lançado no fim do ano passado, o romance Barba Ensopada de Sangue já chega<br />

com grande expectativa e sucesso antecipado. O livro de Daniel Galera vai ganhar<br />

um filme, além de já ter garantido a venda de seus direitos de publicação para pelo<br />

menos 4 países – Itália, Alemanha, EUA e Inglaterra. O livro colocou no mapa da<br />

ficção brasileira a cidade pesqueira de Garopaba (SC). A economia de Garopaba<br />

gira em torno do veraneio, pois a cidade, que tem pouco mais de 18 mil habitantes<br />

no inverno, tem esse número multiplicado cerca de seis vezes no verão.<br />

Garopaba foi denominada município somente em<br />

19 de dezembro de 1961, quando deixou de ser Distrito<br />

de Palhoça. Origem do nome: este nome vem grafado<br />

‘gahopapaba’ na carta Turin, em 1523, ou assim: ygá,<br />

upaba, guarupeba. Significa enseada de barcos, do<br />

descanso ou, ainda, o lugar abençoado. A verdadeira<br />

definição está no guarani, a língua local: ygá, ygara,<br />

ygarata significa barco, embarcação, canoa; e mpaba,<br />

paba significa estância, lugar, enseada.<br />

Nos anos 1970, com a chegada dos primeiros hippies<br />

e surfistas, inicia-se a transformação da pequena cidade<br />

pesqueira em atrativo ponto turístico. A economia de<br />

Garopaba gira em torno do veraneio, pois a cidade, que<br />

tem pouco mais de 18 mil habitantes no inverno, tem<br />

38 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

esse número multiplicado cerca de seis vezes no verão.<br />

É em Garopaba que se passa a ação de Barba<br />

Ensopada de Sangue, romance de Daniel Galera<br />

lançado pela editora Companhia das Letras com<br />

sucesso de público e de crítica. O livro vai ganhar<br />

um filme, além de já ter garantido a venda de seus<br />

direitos de publicação para pelo menos 4 países – Itália,<br />

Alemanha, EUA e Inglaterra. Considerado uma<br />

das grandes promessas da literatura nacional, o autor<br />

deve ver sua obra ser dirigida por Karim Aïnouz no<br />

cinema.<br />

A história – Eis a sinopse oficial do “Barba”:<br />

um professor de educação física busca refúgio em<br />

Garopaba, um pequeno balneário de Santa Catarina,


após a morte do pai. O protagonista se afasta da relação<br />

conturbada com os outros membros da família e<br />

mergulha em um isolamento geográfico e psicológico.<br />

Ao mesmo tempo, ele empreende a busca pela verdade<br />

no caso da morte do avô, o misterioso Gaudério,<br />

que teria sido assassinado décadas antes na mesma<br />

Garopaba, na época apenas uma vila de pescadores.<br />

Sempre acompanhado por Beta, cadela do falecido<br />

pai, o professor esquadrinha as lacunas do pouco<br />

que lhe é revelado, a contragosto, pelos moradores<br />

mais antigos da cidade. Portador de uma condição<br />

neurológica congênita que o obriga a interagir com as<br />

outras pessoas de modo peculiar, ele estabelece relações<br />

com alguns moradores: uma garçonete e seu filho<br />

pequeno, os alunos da natação, um budista histriônico,<br />

a secretária de uma agência turística de passeios. E, aos<br />

poucos, vai reunindo as peças que talvez lhe permitam<br />

entender melhor a própria história.<br />

Crítica – Mario Sérgio Conti publicou uma excelente<br />

matéria na revista “Piauí” (nº 74, novembro). Ele foi a<br />

Garopaba e fez um retrato do autor e da cidade. Vale a<br />

pena citá-lo.<br />

“Com 33 anos, Galera tem altura média, talhe de<br />

atleta, cabelo e barba castanhos e tatuagem no braço.<br />

Estava de camiseta verde-escura, sandália de dedo<br />

e calção preto. O cotidiano que viveu em Garopaba<br />

começava muitas vezes por tomar café, descer a escada<br />

das rochas na frente do apartamento e entrar no mar.<br />

Nos dias mais frios, vestia roupa de neoprene para cair<br />

na água.<br />

Nadava ao longo de galpões de barcos de pesca e de<br />

bancas onde a garoupa, a tainha e o polvo são estripados<br />

e vendidos. Dos restaurantes Duna’s, Setenta e Sete,<br />

Aconchego e Al Andaluz. Da Tropical Modas e da Padaria<br />

Santos. Da Pousada da Praia e da Acqua-Viva. Nadava<br />

até o ponto onde rareiam as construções costeiras e<br />

desaparece a algaravia de nomes. Então retornava. Ao<br />

todo, percorria cerca de 4 quilômetros, a depender do<br />

capricho de correntes, ventos, maré e ondas.<br />

Comia algo e saía de bicicleta – que ele chama de<br />

bike –, percorria a cidade e ia a praias mais distantes.<br />

De volta ao apartamento, lia o que estivesse à mão. Ou<br />

fazia anotações para o romance que pretendia escrever<br />

(uma delas dizia: ‘Barba Ensopada de Sangue. Um bom<br />

título. Mas para o quê?’). Ou traduzia, o seu ganha-pão.<br />

Foi publicado há pouco um livro do americano David<br />

Foster Wallace, no qual traduziu alguns ensaios, cujo<br />

título largado e indeterminado capta a frouxidão de seu<br />

dia a dia em Garopaba: ‘Ficando Longe do Fato de Já<br />

Estar Meio que Longe de Tudo’.<br />

Galera me explicou que em Garopaba há na verdade<br />

duas cidades no mesmo lugar. Uma existe de março a<br />

dezembro. É um vilarejo pacato, de gente remota e de<br />

poucas palavras. Até as crianças das escolas públicas,<br />

vestindo uniformes azuis e brancos impecáveis, andam<br />

pelas ruas em fila dupla sem fazer algazarra.<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 39


Segundo Manoel Valentim, autor de História de<br />

Garopaba: De Armação Baleeira a Comarca, índios<br />

carijós teriam construído aldeias na região. Américo<br />

Vespúcio passou por ali em 1502, e foi seguido por outras<br />

expedições que dilataram a fé e o império e deixaram<br />

desgarrados. No século seguinte vieram padres jesuítas<br />

que, dizem lendas locais, enterraram tesouros de objetos<br />

sacros. Chegaram depois colonos dos Açores, enviados<br />

pela metrópole lusa, que cultivaram roças de mandioca<br />

e laranja e começaram a pescar baleias.<br />

O sargento-mor Manoel Marques Guimarães,<br />

nascido em Lisboa, é tido como fundador da Armação<br />

Garopaba, no fi nal do século XVIII. Morreu em 1824,<br />

com a patente de major, e foi enterrado na capela de São<br />

Joaquim de Garopaba, que ajudou a erigir. Segundo o<br />

registro ofi cial, tinha ‘65 anos mais ou menos’.<br />

40 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

ANUNCIE NA REVISTA QUE, HÁ 23 ANOS,<br />

ACOMPANHA A PESCA ONDE QUER QUE ELA VÁ.<br />

Ele administrava a pesca e o comércio da baleia, um<br />

negócio que envolvia barcos, armazéns, barris e arpões.<br />

O óleo da baleia servia para gerar a iluminação e de<br />

liga para a argamassa de casas, igrejas e fortes. Com as<br />

barbatanas se confeccionavam espartilhos, segundo<br />

Manoel Valentim muito usados pelas ‘grã-fi nas da<br />

época’. Tudo era feito com trabalho escravo. Integrada<br />

a um circuito econômico de maior alcance, Garopaba<br />

importava africanos vivos e exportava retalhos de<br />

baleias mortas.<br />

Valentim é um senhor arredio (procurado por<br />

desconhecidos, fala para a mulher dizer que não<br />

está) que nasceu e mora em Garopaba. Ele pesquisou<br />

documentos dos arquivos de freguesias e descobriu<br />

que a maior parte dos escravos era casada e tinha fi lhos<br />

regularmente. Constatou também que viviam bastante<br />

e concluiu que os cativos ‘recebiam tratamento<br />

humanitário e condigno’. Mesmo assim, há hoje<br />

pouquíssimos negros na cidade”.<br />

Leia o livro – Um breve trecho de “Barba”: “Isso<br />

aqui foi uma carnifi cina por um século e meio e<br />

mesmo assim elas [as baleias] voltam e recebem as<br />

pessoas, diz Jasmim. Sem instinto de defesa, sem<br />

história, sem rancor nenhum. Acho incrível como<br />

elas chegam pertinho da praia pra ter os fi lhotes.<br />

Ano passado tinha algumas quase na rebentação ali<br />

em Garopaba, bem no rasinho. Os bebês precisam<br />

aprender a respirar fora d´água. Porque a coisa mais<br />

maluca é que isso não é um peixe, é um mamífero”<br />

(p. 250-251).<br />

Não espere pelo fi lme. Leia Barba Ensopada de<br />

Sangue, o livro que colocou Garopaba no mapa da<br />

fi cção brasileira e do mundo.<br />

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Pesca Mar anos 23


Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 41


ciÊncia<br />

bioluminEScência<br />

abre novos<br />

caminhos<br />

na pesquisa<br />

científica<br />

A bioluminescência, ou o processo biológico pelo qual animais, como o vagalume<br />

e a água-viva, emitem luz a partir de suas células, já provocou revoluções<br />

importantes na ciência, especialmente na área da saúde. Mas, agora, muitos<br />

cientistas estão tentando aplicar os conceitos dessa “luz natural” em atividades<br />

como a melhoria do cultivo de alimentos, a detecção da poluição ou até mesmo a<br />

iluminação pública.<br />

A bioluminescência, ou o processo biológico<br />

pelo qual animais, como o vaga-lume e a água-viva,<br />

emitem luz a partir de suas células, já provocou<br />

revoluções importantes na ciência, especialmente<br />

na área da saúde. As proteínas da bioluminescência<br />

foram usadas como ferramentas na descoberta<br />

de novos medicamentos e têm sido aplicadas<br />

amplamente na pesquisa biomédica, na qual são<br />

usadas para estudar os processos biológicos das<br />

células vivas.<br />

Mas, agora, muitos cientistas estão tentando<br />

aplicar os conceitos dessa “luz natural” em<br />

atividades como a melhoria do cultivo de alimentos,<br />

a detecção da poluição ou até mesmo a iluminação<br />

pública. Uma das ideias, por exemplo, é desenvolver<br />

árvores que emitam luz e, dessa forma, possam ser<br />

usadas para iluminar as ruas de uma cidade.<br />

O professor Anthony Campbell, da Universidade<br />

de Cardiff, no País de Gales, realizou uma pesquisa<br />

pioneira durante os anos 1970 e 1980, levando à<br />

descoberta de que criaturas vivas produzem luz<br />

usando enzimas especiais, chamadas luciferases.<br />

42 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

Essas enzimas participam de uma reação química nas<br />

células, que são responsáveis pela emissão de luz.<br />

“Quando comecei a pesquisar bioluminescência,<br />

40 anos atrás, na Escola de Medicina de Cardiff, muitas<br />

pessoas me olharam estranho”, conta Campbell.<br />

Mas o cientista estava prestes a explicar o potencial<br />

daquele fenômeno. Tendo descoberto as enzimas<br />

envolvidas na bioluminescência, Campbell percebeu<br />

que, combinando luciferases com outras moléculas,<br />

era possível aproveitar a emissão de luz para<br />

mensurar processos biológicos. Isso pavimentaria o<br />

caminho para uma revolução na pesquisa médica e<br />

no diagnóstico clínico.<br />

“Esse mercado é agora avaliado em 20 bilhões<br />

de libras (R$ 65 bilhões). Qualquer um que vá a<br />

um hospital e se submeta a um exame de sangue<br />

que meça proteínas virais, proteínas do câncer,<br />

hormônios, vitaminas, proteínas de bactérias ou<br />

drogas certamente estará usando essa técnica”,<br />

afirmou Campbell à BBC. “Um departamento<br />

universitário que atualmente não recorra a tais<br />

técnicas não pode ser considerado de ponta”.


Os principais culpados da prisão de ventre (ou<br />

constipação intestinal) já são bem conhecidos, como má<br />

alimentação, sedentarismo e estresse. “Na maioria das<br />

vezes, o aumento da quantidade de fibras e da ingestão<br />

de água e a prática de exercícios já conseguem reverter<br />

esse problema”, conta o gastroenterologista José<br />

Roberto de Almeida, presidente da Federação Brasileira<br />

de Gastroenterologia.<br />

No entanto, há casos em que apenas essas medidas<br />

não são suficientes porque as causas envolvem<br />

medicamentos e até outras doenças, como o diabetes.<br />

Confira o que médicos também apontam como motivos<br />

da temida prisão de ventre e saiba como revertê-los.<br />

Hipotireoidismo - A tireoide é uma glândula<br />

localizada no pescoço responsável por produzir<br />

naveGar coM saúde<br />

conStipação<br />

intEStinal<br />

Fábio de Assis<br />

Conheça 11 causas pouco conhecidas da prisão de ventre. Descubra doenças e<br />

medicamentos que podem estar por trás do incômodo.<br />

hormônios que regulam o funcionamento de diversos<br />

órgãos do corpo. Dados do IBGE apontam que por<br />

volta de 15% dos brasileiros sofrem de problemas nessa<br />

glândula. Um deles é o hipotireoidismo, que é a baixa<br />

produção dos hormônios. “Todo o corpo pode sofrer<br />

com essa alteração hormonal, incluindo o intestino”,<br />

explica a gastroenterologista Débora Dourado Poli. A<br />

digestão pode ficar mais lenta, por exemplo, provocando<br />

a constipação intestinal.<br />

Se você já faz tratamento para problemas na<br />

tireoide, converse com o seu médico e verifique se há a<br />

necessidade de mudar hábitos ou tomar medicamentos<br />

que combatem a prisão de ventre.<br />

Hiperparatireoidismo - Esse problema é menos<br />

comum que o hipotireoidismo e está ligado a uma<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 43


glândula que fica perto da tireoide, chamada paratireoide.<br />

Ela excreta o paratormônio (PTH), que é responsável<br />

por regular os níveis de cálcio e fósforo no organismo.<br />

No hiperparatireoidismo, o PTH é produzido em<br />

excesso, aumentando a quantidade de cálcio no sangue<br />

- problema chamado hipercalcemia - e provocando a<br />

prisão de ventre. Um médico endocrinologista poderá<br />

indicar o teste e o tratamento adequados para combater<br />

essa condição.<br />

Analgésicos - Pessoas que se recuperam de uma<br />

cirurgia ou estão controlando uma dor crônica costumam<br />

ser receitadas com analgésicos chamados opioides, que<br />

equivalem à morfina. “Esse tipo de analgésico pode<br />

levar a uma constipação intestinal, sendo preciso rever<br />

os hábitos alimentares para tentar reverter o quadro e,<br />

em casos mais extremos, indicar o uso de um laxante”,<br />

explica a gastroenterologista Débora.<br />

Uso indevido de laxantes - Alguns laxantes apáticos<br />

- que irritam mais as mucosas intestinais - podem<br />

gerar uma lesão nos nervos que comandam o intestino,<br />

criando uma dependência ao uso do remédio. Quanto<br />

mais a pessoa usar esse medicamento, mais o intestino<br />

pode ficar tolerante e precisar de ainda mais laxante para<br />

funcionar. “Faltam mais estudos para comprovar essa<br />

relação, mas mesmo assim é importante que as pessoas<br />

façam uso de laxante com orientação médica adequada”,<br />

afirma a gastroenterologista Débora.<br />

Antidepressivos - “Medicamentos para depressão<br />

chamados antidepressivos tricíclicos costumam provocar<br />

a constipação intestinal”, diz Débora Poli. Uma possível<br />

explicação para isso é que esses remédios afetam a<br />

transmissão dos nervos para que o intestino funcione<br />

corretamente. Se você toma esses medicamentos,<br />

converse com o seu médico para verificar se realmente<br />

pode ser essa a causa da sua constipação. Ele pode<br />

indicar a mudança de alguns hábitos e até a troca do tipo<br />

de antidepressivo.<br />

Antiácidos - Débora Poli explica que o antiácido feito<br />

com hidróxido de magnésio costuma prender o intestino,<br />

enquanto o hidróxido de alumínio costuma soltar. “Há<br />

antiácidos que possuem uma combinação dessas duas<br />

substâncias para deixar o intestino regulado”, conta. Por<br />

isso, cheque o rótulo antes de comprar o seu remédio<br />

contra azia e má digestão.<br />

Doença do intestino irritável - A síndrome do<br />

intestino irritável (SII) é uma doença que envolve<br />

alterações nos movimentos intestinais, provocando dor<br />

abdominal e cãibras. “Esse problema pode trazer tanto<br />

constipação quanto diarreia, depende do organismo<br />

44 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

da pessoa”, explica o gastroenterologista José Roberto.<br />

Quando há prisão de ventre, a pessoa tem dificuldade na<br />

passagem das fezes e sente muita cólica.<br />

A Doença de Crohn, um processo inflamatório<br />

intestinal que envolve as paredes do órgão, também pode<br />

causar prisão de ventre, embora seja pouco comum.<br />

“A maioria das pessoas com essa doença costuma ter<br />

diarreia durante as crises”, afirma José Roberto.<br />

Gravidez - A gestante passa por uma montanha russa<br />

hormonal durante os nove meses que antecedem o parto.<br />

Tantas alterações podem interferir no funcionamento<br />

do intestino, provocando a prisão de ventre. No último<br />

trimestre da gravidez, a pressão do bebê sobre o intestino<br />

e outros órgãos também pode atrapalhar a digestão. Por<br />

isso, é importante que a futura mamãe adote hábitos<br />

alimentares saudáveis e pratique exercícios leves com<br />

frequência para manter o intestino em dia desde os<br />

primeiros meses de gestação.<br />

Diabetes - Caracterizado pela dificuldade de<br />

metabolizar a glicose do sangue, o diabetes pode causar<br />

danos nos nervos do corpo (neuropatia diabética),<br />

incluindo os nervos que transmitem estímulos para que<br />

o intestino se movimente corretamente. Como resultado,<br />

surge a desagradável prisão de ventre. Controlar o<br />

diabetes, portanto, é fundamental para evitar esse<br />

prejuízo aos nervos.<br />

Uso errado de suplementação - Quem usa<br />

suplementos alimentares sem orientação médica pode<br />

ter problemas de saúde, incluindo o intestino preso.<br />

O problema acontece, principalmente, com o excesso<br />

de cálcio e ferro, que sobrecarregam e prejudicam o<br />

trabalho do intestino. Consulte sempre um médico<br />

antes de investir na suplementação e jamais ultrapasse a<br />

quantidade que ele recomendar.<br />

Hemorroida - A prisão de ventre favorece o<br />

surgimento de hemorroida: quando a pessoa está com o<br />

intestino preso e faz força demais para evacuar, as veias<br />

do ânus podem ficar doloridas e inchadas. Uma vez que<br />

a hemorroida aparece, pode acontecer o inverso: como<br />

a pessoa está com dores na região anal, tende a ficar<br />

mais tensa. Essa tensão pode interferir nos movimentos<br />

intestinais, fazendo com que a prisão de ventre aumente<br />

ainda mais. Por isso, o tratamento médico adequado é<br />

fundamental para se livrar desse problema.<br />

Leia mais:<br />

http://www.minhavida.com.br/saude/galerias/15972conheca-11-causas-pouco-conhecidas-da-prisao-deventre#conteudoTxt


Peixe assado à moda caiçara<br />

Peixe combina com verão. O cheiro de peixe assando<br />

no forno é algo delicioso. Mas como fazer para assar um<br />

peixe inteiro sem que a carne fique mole e sem tempero?<br />

A resposta pode estar no modo de cozinhar dos caiçaras,<br />

moradores do litoral brasileiro que desde o século XVI<br />

aperfeiçoam as técnicas para se preparar peixe.<br />

Essas comunidades nasceram da mistura de brancos<br />

de origem portuguesa com grupos indígenas,<br />

principalmente na região litorânea de São Paulo. A<br />

junção de conhecimento culinário dos dois povos fez<br />

com que a comida tradicional caiçara fosse rica em<br />

peixes, frutos do mar, farinha de mandioca, azeite e<br />

legumes como cebola e batata.<br />

Voltando ao peixe assado, esta receita usa três dicas<br />

dos caiçaras: salgar o peixe de um dia para o outro,<br />

assá-lo em uma cama de vegetais e recheá-lo com<br />

temperos e especiarias. Tudo isso faz com que a carne<br />

fique tenra e muito saborosa.<br />

Ingredientes<br />

coM áGUa na Boca<br />

•1 peixe inteiro, limpo e sem escamas,<br />

de cerca de 600 gramas ( tainha, corvina ou cioba)<br />

•1 talo de alho-poró cortado em rodelas<br />

•1 cebola pequena cortada em rodelas<br />

•1 limão em fatias<br />

•2 dentes de alho<br />

•1 colher de chá de coentro em grão<br />

•1 colher de chá de açafrão em pó<br />

•2 colheres de sopa de azeite<br />

•½ de maço de salsinha limpo e seco<br />

•2 batatas<br />

•Sal e pimenta-do-reino a gosto<br />

Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 45


Como fazer<br />

Na noite anterior, passe o peixe por água corrente e sequeo<br />

com um pano limpo. Tempere-o com sal, espalhando<br />

por toda a pele e também dentro de sua cavidade. Leve<br />

à geladeira coberto por filme plástico até o dia seguinte.<br />

Preaqueça o forno a 200 graus. Passe o peixe por água corrente<br />

para tirar o excesso de sal e seque-o. Num pilão ou<br />

no mini-processador coloque o alho, os grãos de coentro,<br />

o açafrão, a pimenta-do-reino e o azeite. Bata até que vire<br />

uma pasta. Espalhe-a por dentro e por fora do peixe.<br />

Recheio.<br />

Coloque o peixe por cima das batatas. Use metade do<br />

alho-poró, da cebola, da salsinha e das fatias de limão<br />

para rechear o peixe, certificando-se de que estão es-<br />

46 - P&M Janeiro Fevereiro 2013<br />

palhados por toda a cavidade. Use o restante para espalhar<br />

por cima, finalizando com mais um fio de azeite.<br />

Cama de batatas. Unte levemente o fundo de uma<br />

assadeira com azeite. Corte as batatas em rodelas de<br />

cerca de 1 cm. e disponha em uma camada, formando<br />

uma “cama” para o peixe. Tempere com sal, pimenta<br />

e um fio de azeite.<br />

Tempero final.<br />

Leve ao forno por cerca de 45 minutos, ou até que a<br />

carne solte-se facilmente com um garfo.<br />

Fonte<br />

http://br.mulher.yahoo.com/peixe-assado-moda-caiara-192000891.html


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Janeiro Fevereiro 2013 - P&M - 47


atrás de UM Belo Prato<br />

eXiste UM Grande Mestre<br />

um bom gelador e alguns tripulantes que ficam muitos dias longe da família. ficam em um mar que poucos<br />

conhecem, com muitos metros de profundidade. existe também um armador, que é responsável por todos eles.<br />

um armador que investe milhares de reais em diesel, rancho, equipamentos de pesca, de segurança em cada<br />

uma das saídas para o mar. um armador que recolhe muitos impostos. esses homens, todos eles, fazem isso para<br />

que todos nós possamos consumir um dos alimentos mais saudáveis que existem. uma das melhores fontes de<br />

proteína. para que possamos nos deliciar em casa e nos restaurantes com pratos como este da foto.<br />

a pesca é boa, mas pode ficar ainda melhor.<br />

UMa caMPanha eM Prol da Pesca e do setor PesqUeiro.

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