INSTRUÇÕES: - Cave

* A Z U L 7 5 DOM 2 *
QUESTÃO 131
Pode-se dizer que a origem das emboladas está na tradição
das cantigas satíricas medievais. Nesse sentido,
assinale o conjunto de versos cujo tom adotado remete
ao universo desse tipo de composição poética.
a) “A dona que eu sirvo e que muito adoro
mostrai-ma, ai Deus! pois que vos imploro,
se não, daí-me a morte”.
b) “Já nem prazer já nem pesar me acodem,
que nunca mais, senhora, algum senti
depois que dos meus olhos vos perdi”.
c) “Se eu não a tenho, ela me tem
o tempo todo preso, Amor,
e tolo e sábio, alegre e triste,
eu sofro e não dou troco”.
d) “Sobre vós, senhora, eu quero dizer verdade
e não já sobre o amor que tenho por vós:
senhora, bem maior é vossa estupidez
do que a de quantas outras conheço no mundo;”
e) “Ah! Tanto julguei saber
De amor e menos que supus
Sei, pois amar não me faz ter
Essa a que nunca farei jus”.
CORREIA, Natália [Sel., intr. e notas]. Cantares dos trovadores
galego-portugueses. Lisboa: Editorial Estampa, 1978. p. 85.
QUESTÃO 132
A incapacidade de ser verdadeiro
LC - 2º dia | Caderno 5 - AZUL - Página 18
Carlos Drummond de Andrade
Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em
casa dizendo que vira no campo dois dragões-da-independência
cuspindo fogo e lendo fotonovelas.
A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte
ele veio contando que caíra no pátio da escola um
pedaço de lua, todo cheio de queijo. Desta vez Paulo
não só ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar
futebol durante quinze dias.
Quando o menino voltou falando que todas as borboletas
da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia
e queriam formar um tapete voador para transportá-lo
ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o
exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:
– Não há nada a fazer, Dona Coló. Este menino é
mesmo um caso de poesia.
A narrativa de Drummond, de aparente simplicidade,
mostra-nos uma reflexão sobre a poesia e a sua recepção
na sociedade. O conto permite inferir que
a) poesia pode ser uma forma diferente de ver os fatos
ou acontecimentos do mundo.
b) ficção é mentira, e não um modo de ver criativo e
criador de novas realidades.
c) o personagem demonstra habilidades com trabalhos
pragmáticos, por ser capaz de ver o que a realidade
concreta configurava aos seus olhos.
d) poesia não é ficção, tendo em vista que suas manifestações
são cópias do real ou do estado de espírito
de um eu-lírico autobiográfico.
e) o ponto de vista da mãe é o mais distante do senso
comum, que valoriza a literatura como um modo de
representar a realidade sem o automatismo da vida
cotidiana.
Textos para as questões 133 e 134.
Texto 1
CORO
Já que nos fazes esta confidência, queremos, por
nossa vez, dar-te um útil conselho, tornando a defesa
das leis humanas: não faças aquilo que premeditas.
MEDEIA
Não posso agir de outro modo, mas compreendo que
useis essa linguagem, não fostes ultrajadas como eu.
CORO
O que, mulher! Ousarias matar teus dois filhos?
MEDEIA
Não tenho outro meio para dilacerar o coração do
pai deles?
CORO
Mas irás tornar-te a mais desgraçada das mulheres!
MEDEIA
Seja! Vosso discurso agora é supérfluo. (À ama).
Vai, pois, e traze-me Jasão [...].
EURÍPEDES, Medeia.
Texto 2
JASÃO (Agora aparecendo:)
Joana, me desculpe o que vou dizer, mas
eu chego lá. Inda vou vencer
na porra desta vida, me ouviu bem?
Você vai ver... As crianças não vão
ser esquecidas...
JOANA (Para si, aterrorizada diante da descoberta:)
Não fale mais nada,
não Jasão, não me deixe alucinada
Você sabe que eu te odeio, Jasão
Mas contra você todas as vinganças
seriam vãs, seu corpo está fechado
Você só tem, pra ser apunhalado,
duas metades de alma: essas crianças
É só assim que eu posso te ferir,
Jasão? É essa a dor que você não
suportaria? Que é isso, Jasão?
Me aponta outro caminho...
CHICO BUARQUE e PAULO PONTES. Gota d’água.