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A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />
Cumprido este dever, sr. general, volveremos novamente os olhos pa-<br />
ra V. excia. e seus dignos companheiros. Mais uma vez o afirmamos:<br />
parte-se de dor o nosso coração ao ver essa plêiade de jovens e distin-<br />
tos brasileiros metidos nessa luta insana, entranhados em nossos re-<br />
motos e bravios sertões, separados há tantos meses de seus pais, mães,<br />
esposas talvez e filhos, perseguidos pelo governo, e ignorando quan-<br />
do raiará para todos a aurora da paz.<br />
e o mesmo sentimento que nos tem obrigado a lamentar as misérias do<br />
nosso povo, excita-nos a procurar um meio de contribuirmos para a<br />
conclusão de tantas angústias.<br />
Por isso, sr. general, perguntamos a V. excia., se não haveria um meio<br />
de tentarmos, perante as altas autoridades da república, um entendimento<br />
entre o governo e os revolucionários. embora desconhecidos<br />
no Brasil, embora privados de meios de comunicações, não nos seria<br />
possível procurar alguns intermediários capazes de iniciarem ao menos<br />
uma troca de ideias?<br />
se V. excia, achar que este nosso propósito não é inoportuno nem exagerado,<br />
peço-lhe o obséquio de indicar-me qual deveria ser nossa atitude,<br />
quais nossas palavras, quais condições enfim que julgar convenientes,<br />
para iniciar alguma tentativa junto ao governo da república. [...]<br />
fr. josé M. a. audrin.<br />
Porto Nacional, 21 de outubro de 1925. (audrin, 1946, p. 254-255).<br />
já, o escrivão da Coluna, lourenço Moreira lima, dá outra<br />
interpretação como podemos extrair do seu diário. Vejamos dois<br />
exemplos:<br />
No Piauí, como aconteceu nos outros lugares por onde passamos, for-<br />
maram-se à nossa retarguarda, bandos de ladrões que saqueavam os<br />
povoados abandonados, praticando toda a sorte de tropelias.<br />
as tropas bernardescas, por sua vez, também arrasavam as proprieda-<br />
des e cometiam as maiores violências contra os habitantes, furtando,