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Prestes - TL Gomes portfolio

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Horieste gomes<br />

&<br />

Francisco Montenegro<br />

A COLUNA<br />

Miguel Costa/<strong>Prestes</strong> eM goiás<br />

goiânia<br />

2010


© 2010 Horieste gomes & Francisco Montenegro<br />

somos gratos pelo seu apoio e contamos com a sua cooperação<br />

na divulgação do nosso livro. também receberemos com alegria e<br />

levaremos em consideração suas apreciações críticas e sugestões.<br />

g633c<br />

enviar para:<br />

Horieste <strong>Gomes</strong><br />

rua C-263, nº 36, ed. Pontal Nova suíça, ap. 1504,<br />

bairro Nova suíça – goiânia-go – Cep: 74280-260<br />

e-mail: horieste@gmail.com<br />

Francisco Montenegro<br />

rua teresina, nº 389, ed. Flamingo gold, ap. 1202,<br />

bairro alto da glória – goiânia-go – Cep: 74815-715.<br />

e-mail: xico.montenegro@hotmail.com<br />

CaPa, Projeto gráFiCo e editoração:<br />

thiago luis gomes<br />

MaPas/roteiros:<br />

antônio teixeira Neto<br />

gomes, Horieste<br />

Montenegro, Francisco<br />

a Coluna Miguel Costa/<strong>Prestes</strong> em goiás/ Francisco<br />

Montenegro e Horieste gomes. goiânia: ed. do autor, 2010.<br />

288 p.: il.<br />

1. História – Brasil. 2. História – goiás. 3. Coluna <strong>Prestes</strong> –<br />

História – goiás. 4. revolução – Brasil. i. Montenegro,<br />

Francisco. ii. título<br />

impresso no Brasil<br />

Printed in Brazil<br />

2010<br />

Cdu: 94 (81)<br />

94 (817.3)


Dedicatória<br />

Ao Waldik Catão Pinto Montenegro, baiano<br />

de Caitité, que nutria simpatia pelos<br />

revoltosos da Coluna (in memoriam).<br />

A todos os combatentes, muitos deles heróis<br />

anônimos, que se aventuraram por um Brasil<br />

desconhecido e construíram uma das mais<br />

belas páginas de nossa História.


Não vencemos, nem fomos vencidos<br />

lourenço Moreira lima


Nossos agradecimentos<br />

8<br />

os cidadãos identificados com a história política do<br />

Brasil, alaor souza Figueiredo e juarez Costa Barbosa,<br />

que fizeram a leitura e análise do texto original<br />

e deram uma efetiva contribuição para a melhoria<br />

do conteúdo deste livro.<br />

ao prestimoso amigo Binômino da Costa lima (Meco), fazendeiro,<br />

ambientalista residente em jataí há várias décadas, e conhecedor<br />

profundo do sudoeste de goiás que, além de prestar uma valiosa<br />

entrevista sobre a marcha e o comportamento dos revolucionários<br />

da Coluna e de oferecer documentos e fotos de revoltosos, teve a cortezia<br />

de nos acompanhar até a fazenda do seu filho sérgio, onde fomos<br />

recebidos com o maior préstimo possível; além das visitas a pon-


10<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

te do Cedro, a invernada da fazenda Zeca lopes, local onde houve o<br />

combate frontal da Coluna contra as tropas do major Klinger, ocasião<br />

em que nos repassou lições de história e sabedoria.<br />

a ermelinda ribeiro <strong>Prestes</strong>, filha de luiz Carlos <strong>Prestes</strong> e de<br />

altamira rodrigues sobral, conhecida por Maria <strong>Prestes</strong>, que, gentilmente,<br />

respondeu as perguntas da entrevista por nós formuladas,<br />

além de nos repassar o poético e científico texto do seu irmão, luiz<br />

Carlos <strong>Prestes</strong> Filho, intitulado O Vento da Coluna <strong>Prestes</strong>.<br />

ao amigo, professor antônio teixeira Neto, dr. em Cartografia,<br />

que se incumbiu de mapear o itinerário da marcha da Coluna pelo<br />

Brasil, baseado nos relatos do diário de lourenço Moreira lima, A<br />

Coluna <strong>Prestes</strong> – Marchas e Combates (1934); no roteiro do mapa de escala<br />

1:15.000.000, elaborado por Miguel Costa, inserido no livro de Ítalo<br />

landucci, Cenas e Episódios da Revolução de 1924 e da Coluna <strong>Prestes</strong><br />

(1952); nos relatos e roteiros do comandante, joão alberto lins de Barros,<br />

em seu livro Memórias de um Revolucionário (1953); e, principalmente,<br />

nos roteiros que fazem parte do livro-tese de anita leocádia<br />

<strong>Prestes</strong>, A Coluna <strong>Prestes</strong> (1990).<br />

a pesquisadora cultural de santa Cruz de goiás, Fátima Paraguassú,<br />

que teve a gentileza de gravar o depoimento do sr. alberto<br />

da Paz (albertão) e de isabel teixeira, atinente a passagem dos revoltosos<br />

pela região. junta-se ao seu depoimento, o relato oral que obtivemos<br />

do sr. alberto, em santa Cruz, em 10 de julho de 2008 e 28 de<br />

janeiro de 2010.<br />

a todos aqueles que contribuiram com depoimentos, documentos,<br />

fotos, requisições, livros, outras mais doações e préstimos necessários<br />

à elaboração deste trabalho de pesquisa histórica, exemplificando<br />

com o musicista Vagner rosafa, que muito nos ajudou na<br />

busca de livros pioneiros sobre a Coluna; a Profª lídia gonçalves de<br />

araújo, pelo empréstimo de sua tese, A Coluna <strong>Prestes</strong>: Memória e Política<br />

em Goiás; o Prof./historiador tarcísio rossi arantes, pelas fotos<br />

e texto do diálogo de sua irmã Célia arantes com o comandante siqueira<br />

Campos; os advogados, josé divino alves e josé Honorato, de<br />

Piracanjuba, com informações; o sr. gildo Mundim, neto de antônio


Nossos agradecimentos<br />

Martins Mundin, que na época da passagem dos revoltosos em Pouso<br />

alto (Piracanjuba), era o intendente Municipal, repassando-nos cópia<br />

da foto histórica do siqueira e do imposto de guerra por ele cobrado;<br />

a eliane Brum, jornalista da revista Época, que nos enviou o<br />

livro de sua autoria, Coluna <strong>Prestes</strong>: O Avesso da Lenda (1994); o sr. Paulo<br />

sampaio, de Pires do rio, pelas fotos cedidas sobre as fazendas Brejo<br />

e Moinho, visitadas pelos revoltosos de siqueira Campos, e da estação<br />

de Pires do rio, além de nos prestar importantes esclarecimentos;<br />

a equipe do Museu Ferroviário de Pires do rio – ercy rocha, Cláudia,<br />

Fidélio e ivani – que nos atenderam com a maior boa vontade e<br />

presteza; o professor de História, ubiratan Paulo galli Vieira, de urutaí,<br />

que gentilmente nos acompanhou pela cidade e ao campus do Ce-<br />

Fet, colocando-nos em contato com pessoas, informantes sobre a mencionada<br />

queda de um avião, no ano de 1926, a exemplo do diretor da<br />

instituição federal, o Prof. sebastião, e da gentil sra. Maria de lourdes<br />

Carneiro, que abriu o seu arquivo histórico sobre o suposto acontecido;<br />

ao sr. elson gonçalves de oliveira e senhora, dedicando-nos<br />

os livros Cristianópolis e Vianópolis de sua autoria; o sr. Fábio Viegas e<br />

senhora, de Pires do rio, que nos atenderam em nossas pretensões; a<br />

senhora Maria das graças Carvalho, filha de adauto e dalva Carvalho,<br />

neta de Zeca lopes, e proprietária da Fazenda Morada alta (conhecida<br />

por fazenda Zeca lopes, nome do antigo proprietário), pessoa,<br />

solícita, que abriu as portas de sua propriedade a nossa<br />

investigação, além de doar foto da sede da fazenda que leva o nome<br />

do seu pai; a senhora Maria eloá de souza lima, residente em jataí,<br />

que através do seu livro Serra do Cafezal, faz parte da memória da Coluna;<br />

ao Comando geral da Polícia Militar de Minas gerais e academia<br />

de Políca Militar, representadas na pessoa do tenente e historiador<br />

Francis albert Cotta que nos atendeu de maneira solícita, em nossa<br />

busca de informações; ao instituto do trópico subúmido da PuC-go,<br />

que se dedica à pesquisa e preservação do bioma cerrado, domínio<br />

de muitas maratonas dos revolucionários da Coluna Miguel Costa/<strong>Prestes</strong>,<br />

e aos que contribuíram, liberando arquivos, fotocopiando<br />

documentos, repassando-nos informações.<br />

11


Vamos começar pelo princípio<br />

joão alberto lins de Barros


Introdução<br />

8<br />

uando nos propusemos escrever a epopéia da<br />

marcha dos “revoltosos” pelo Brasil, mais especificamente<br />

pelo território de goiás e tocantins, tínhamos<br />

em conta, em certo sentido, o grande volume<br />

de publicações até então impressas sobre a Coluna <strong>Prestes</strong> ou<br />

Miguel Costa/<strong>Prestes</strong>.<br />

a tarefa inicial foi a de buscar as principais fontes escritas em<br />

goiás e em muitos dos estados brasileiros – rio grande do sul, são<br />

Paulo, Mato grosso do sul, Minas gerais, Bahia, tocantins, Maranhão,<br />

Piauí, Ceará, rio grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Bahia,<br />

distrito Federal –, missão essa cumprida com êxito, em grande<br />

parte por Francisco Montenegro, e fazer a leitura das mesmas.


14<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

o passo seguinte, dedicamos a análise criteriosa dos documentos<br />

através do emprego do método analógico, a fim de extrairmos a veracidade<br />

histórica inserida nas narrativas dos escritores, sejam as favoráveis<br />

a conduta dos homens da Coluna diante das circunstâncias<br />

dos fatos, sejam as contrárias ao comportamento dos colunardos.<br />

ao relato oral, atribuímos o valor correspondente de “verdade<br />

histórica” nele inserido, quando o depoimento prestado pelo informante<br />

revelou-se embasado em mais de uma fonte comprobatória,<br />

ou por testemunha(s) insuspeita(s) do mesmo acontecimento.<br />

levamos em consideração, também, a natureza da fonte ou fontes de<br />

informações utilizadas pelo depoente, por exemplo, o relato oral transmitido<br />

por familiares, parentes e amigos próximos, quando testemunha<br />

ou partícipe direto do fato acontecido. Procuramos avaliar o<br />

grau de subjetividade expresso na narrativa do depoente, o seu domínio<br />

da informação, local e geral, sobre o acontecimento, a idade<br />

em que presenciou a ocorrência do fato, o seu nível de compreenssão<br />

e discernimento para entender as ações dos envolvidos, principalmente<br />

nos atos tidos como “condenáveis”.<br />

Procuramos trabalhar os acontecimentos como um “processo<br />

histórico”, em que as falas e os fatos se articulam, propiciando ao leitor<br />

uma visão mais totalizadora do acontecido.<br />

a tarefa final, foi a de planejar a estrutura do trabalho a ser desenvolvido<br />

– começo, meio e fim – e produzir o texto histórico narrativo.<br />

Para tanto, além de inserirmos uma descrição geral, de síntese,<br />

da marcha da Coluna pelo Brasil, com o propósito do leitor ter<br />

uma visão de conjunto dessa marcha, concentramos o nosso trabalho,<br />

particularmente, na descrição regional no âmbito do antigo estado<br />

de goiás, que na época abrangia também o território do atual<br />

estado do tocantins.<br />

também, procuramos enfatizar situações e acontecimentos a<br />

que julgamos importantes na reconstituição do fato histórico, incluindo<br />

muitos deles que não mereceram uma atenção maior de muitos<br />

dos escritores que nos antecederam. o capítulo sobre o papel das<br />

Fazendas para a sobrevivência da Coluna; o que relata a Guerra de Mo-


Introdução<br />

vimento X Guerra de Posição; o relativo ao Papel das Mulheres na Coluna,<br />

são exemplos dessa nossa abordagem.<br />

Buscamos construir um livro de leitura fácil e agradável, oferecendo<br />

uma visão da Marcha da Coluna no âmbito de um nível didático,<br />

acessível a todos, especialmente aos jovens dos dias de hoje<br />

que necessitam ter melhor domínio sobre os acontecimentos históricos<br />

– muito deles delegados, propositamente, ao esquecimento –, para<br />

que possam, no presente, conhecer e discernir melhor sobre a verdadeira<br />

conduta dos homens que construíram a nossa história.<br />

Conhecer os valores dos passado, projetá-los no presente e deles extrair<br />

lições de sabedoria para que possamos construir o futuro irradiante<br />

de um novo Brasil.<br />

semelhante a outros episódios, a exemplo da Balaiada, de Canudos,<br />

de Zumbi dos Palmares, das lutas do Contestado, da revolução<br />

Farroupilha, da revolta da Chibata, dos 18 do Forte de Copacabana,<br />

das lutas de trombas e Formoso, da guerrilha do araguaia<br />

e tantos outros marcantes acontecimentos, este livro traz um pouco<br />

da recente História do Brasil que permaneceu ignorada durante muito<br />

tempo. ele faz parte das lutas do povo brasileiro.<br />

Finalmente, concluímos que a Marcha da Coluna é um fato histórico<br />

épico, uma verdadeira epopéia que não pode continuar a ser<br />

desconhecida por muitos segmentos de nossa sociedade, brasileiros<br />

que desejam ver esclarecidas as verdades históricas de nossa Pátria.<br />

Que a história brasileira seja pesquisada e estudada em todas<br />

as nossas escolas e centros de formação e qualificação dos jovens brasileiros,<br />

desde o ensino fundamental ao superior; nas academias e nos<br />

quartéis, a fim de formar o cidadão de hoje e o homem do amanhã, é<br />

o nosso grande desejo.<br />

goiânia, fevereiro de 2010<br />

Os autores<br />

15


Sumário<br />

8<br />

Histórico da Coluna 21<br />

as revoltas militares e o movimento tenentista de 5 de julho de 1924 23<br />

a formação da Coluna Miguel Costa/<strong>Prestes</strong>:<br />

união da brigada Paulista com a brigada rio grande 28<br />

Objetivos táticos e estratégicos da Coluna 45<br />

a guerra de movimento pelos estados brasileiros:<br />

a Coluna como símbolo de resistência 45<br />

a redescoberta do Brasil pelo comando da Coluna 53<br />

o principal objetivo estratégico da Coluna:<br />

a derrubada do governo artur Bernardes 62


As forças inimigas da Coluna 67<br />

Militares legalistas e polícias estaduais 67<br />

Coronéis e jagunços 70<br />

Guerra de Moviemento X Guerra de Posição 75<br />

o sensacional “raid” empreendido por siqueira Campos 78<br />

Fazendas, fogões e potreadas 93<br />

Fazendas no território goiano 93<br />

Fogões e potreadas 112<br />

O papel das mulheres na Coluna 119<br />

A Coluna na “Terra das Águas Verdes” 131<br />

a Coluna no sudoeste goiano 131<br />

o combate na invernada Zeca lopes 137<br />

Circular aos comandantes dos destacamentos 151<br />

Bertoldo Klinger e sua “majestade”a gasolina 154<br />

a marcha da Coluna pelo Planalto Central:<br />

o combate de anápolis 174<br />

incursões de siqueira Campos pelo sudeste goiano 182<br />

a travessia da Coluna pelo Nordeste de goiás 189<br />

o Q.g. da Coluna em Porto Nacional:<br />

diálogos de convivência e sabedoria 191<br />

Bertoldo Klinger nas malhas da Justiça 209<br />

Apreciação crítica sobre a Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> 223<br />

Perfil dos comandantes da Coluna 258<br />

Entrevistas 265<br />

Binômino da Costa lima 265<br />

ermelinda ribeiro <strong>Prestes</strong> 273<br />

Referências bibliográficas 281


Todas as grandes causas tiveram seus mártires antes dos seus heróis,<br />

sejamos os mártires que os heróis hão de vir<br />

tenente Mário Portela Fagundes


Histórico da Coluna<br />

8<br />

aguncinho e aldo (mascotes do rio grande do sul e de goiás)<br />

que tinham apenas 12 anos quando se incorporaram a Coluna,<br />

Nestor Veríssimo, aníbal Benévolo, o tenente Modesto lafayette<br />

Cruz, o sargento aldo Manneti entre outros, o primeiro, como<br />

uma homenagem dos autores a todos os outros lutadores anônimos, alguns<br />

desertores, e, felizmente, poucos traidores. enfim, participantes em<br />

maior ou menor grau de envolvimento, na maior epopéia da história<br />

brasileira. os comandantes são, até aos dias de hoje, lembrados por seus<br />

feitos, como isidoro dias lopes, Miguel Costa, antônio siqueira Campos,<br />

djalma dutra, joão alberto, Cordeiro de Faria, juarez távora, lourenço<br />

Moreira lima, emygdio Miranda, ari Freire, andré trifino Corrêa,<br />

e, entre eles, o mais lembrado de todos, luiz Carlos <strong>Prestes</strong>.


22<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

Na perseguição sistemática à Coluna, o governo caricato de artur<br />

Bernardes, que governou o Brasil, sob estado de sítio, foram mobilizados<br />

milhares de soldados, sub-oficiais e oficiais, inclusive, o tenente<br />

que foi preso por dois meses por suspeita de ser rebelde, que participou<br />

da revolução Paulista de 1924; que declamava versos de olavo Bilac a<br />

seus companheiros legalistas de farda, e que viria a ser Presidente da<br />

república do Brasil com o advento do golpe político-militar de 31 de<br />

março de 1964, o marechal Humberto Castelo Branco, além de dezoito<br />

generais – Fernando setembrino de Carvalho, tasso Fragoso, antenor<br />

de santa Cruz Pereira de abreu, eurico de andrade Neves, Monteiro<br />

de Barros, Firmino antônio Borba, Cândido Mariano da silva rondon,<br />

azeredo Coutinho, Nestor sezefredo Passos, joão Nepumuceno da Costa,<br />

alfredo Malan d’angrogne, Pantaleão teles Ferreira, eduardo artur<br />

sócrates, joão gomes ribeiro Filho, álvaro guilherme Mariante, diógenes<br />

Monteiro tourinho, Marçal Nonato de Faria, Nicolau silva – e forças<br />

militares estaduais das polícias de são Paulo, do rio grande do sul,<br />

Mato grosso, Minas gerais, goiás e de outros estados. No conjunto, efetivos<br />

de forças públicas de 14 estados da união, por onde a Coluna transitou<br />

pelo território nacional em sua “guerra de movimento”, opondose<br />

à “guerra de posição”, também conhecida por guerra de trincheiras<br />

ou guerra de reserva, empreendida pelas forças legalistas.<br />

Não conseguindo dar combate real e efetivo a Coluna, que causava<br />

pânico por onde passava, pelo medo que a população do interior<br />

tinha de qualquer um que usasse farda (legalista ou revoltoso), e, acima<br />

de tudo, pela propaganda mentirosa e difamatória que era feita contra<br />

os “revoltosos”, o governo apelou para coronéis do sertão e seus jagunços<br />

que, cada qual, em seu domínio era senhor de “baraco e cutelo”.<br />

Nomes como Horácio de Matos, Franklin de albuquerque, abílio Wolney,<br />

aldo Borges, Floro Bartolomeu, totó Caiado e outros mais, muitos<br />

deles anistiados por crimes que cometeram e pelos quais respondiam<br />

processos, tendo os seus nomes incluidos como “oficiais” de forma vergonhosa<br />

no almanaque do exército, sob o repúdio verbal ou silencioso<br />

dos que compunham aquela força de caráter nacional. aos bandidos<br />

não faltaram dinheiro e nem condições para ação, além da cumplici-


Histórico da Coluna<br />

dade tácita aos bárbaros crimes que cometeram durante a caminhada<br />

em vão no sentido de derrotar a Coluna, a exemplo do “Capitão ludovico<br />

ou dr. aldo Borges que ao cometer estrupos, arrancava os lábios<br />

das estupradas com a peixeira, a fim de que elas ao se lembrarem<br />

da vileza cometida por seus algozes não demonstrassem tristezas, pois,<br />

estariam sempre sorridentes.” (liMa, l. M., 1979, p. 139-140).<br />

As revoltas militares e o movimento tenentista<br />

de 5 de julho de 1924<br />

a Coluna não será nunca bem entendida pelos que buscam compreendê-la<br />

em todo o seu contexto histórico, sem se retornar ao passado,<br />

à revolução Farroupilha, à Canudos, à revolução da Chibata, o episódio<br />

heróico dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922, e, principalmente,<br />

a revolução Paulista de 5 de julho de 1924, data do aniversário do levante<br />

do Forte de Copacabana, que foi o grande responsável pelo surgimento<br />

da Brigada Paulista. juntamente com os levantes militares do<br />

rio grande do sul, e da consequente formação da Brigada riograndense,<br />

dá-se o surgimento da Coluna Miguel Costa/<strong>Prestes</strong>.<br />

Nos dois últimos levantes, o movimento conhecido por “tenentismo”<br />

exerceu invulgar influência nos destinos da Coluna. Quase todos<br />

os oficiais, tantos os rebeldes quanto os repressores, em termos de<br />

atuação, tanto no episódio do levante de 5 de julho dos cadetes do Forte<br />

de Copacabana contra as tropas da Vila Militar, quanto na revolução<br />

Paulista, tiveram formação militar na escola da Praia Vermelha, ou<br />

na escola Militar de realengo. a mesma formação militar vamos encontrar<br />

em muitos dos combatentes na epopéia que mudaria, no futuro<br />

próximo, os rumos do Brasil, conhecida por Coluna <strong>Prestes</strong>. entretanto,<br />

no dizer de anita leocádia <strong>Prestes</strong> (1991, p. 313) em sua pesquisa<br />

histórica que redundou em sua brilhante tese de doutorado, “se a presença<br />

da jovem oficialidade se fez sentir, principalmente, na fase de for-<br />

23


24<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

mação e direção da Coluna <strong>Prestes</strong>, a sua participação nas fileiras rebeldes<br />

foi numericamente muito reduzida. a Coluna não se configurou,<br />

portanto, como uma força armada de elite.”<br />

o começo, 5 de julho de 1924 – exatamente dois anos após o 5 de<br />

julho de 1922, no rio de janeiro, com a revolta do Forte de Copacabana<br />

– eclodiu em são Paulo com a revolução Paulista sob o comando do<br />

general isidoro dias lopes, com o apoio da Força Pública de são Paulo<br />

comandada pelo major Miguel Costa. o combinado, era que nessa data<br />

eclodiriam rebeliões em diversos quartéis do país, fato que não aconteceu,<br />

pois, os levantes previstos ocorreram em datas diversas: 12 de julho<br />

em Mato grosso, 18 de julho em sergipe, 23 em Manaus, 28 e 29 de<br />

outubro no rio grande do sul, revelando-se “a falta de coordenação entre<br />

os diversos movimentos, o que facilitou a tarefa repressiva do governo.”<br />

(MoCeliN, 1958, p. 19). Foram, 22 dias de resistência dentro da<br />

capital paulista, inclusive na estação da luz para onde o Quartel-general<br />

havia se mudado, mobilizando cerca de 6 mil homens sendo que dois<br />

mil eram civis e mal municiados, em luta contra as forças bernardenses<br />

que contavam com 18 mil soldados, avançavam e fechavam o cerco à cidade,<br />

o chamado “Círculo de Ferro”, além de aguardar reforços, em marcha,<br />

que deveriam totalizar o efetivo de 30.000 combatentes.<br />

Nesse palco de luta o governador de são Paulo, Carlos Campos,<br />

já havia se retirado da cidade, instalando-se num local seguro, e, com<br />

o apoio do governo Bernardes determinou que a cidade fosse bombardeada,<br />

e, se preciso fosse, arrasada. Mais de 500 mortos, a maioria<br />

de civis, e quase 5 mil feridos é o balanço trágico da cidade de são Paulo<br />

castigada pelos bombardeios e os combates de infantaria.<br />

diante desse quadro sombrio e sem possibilidade de êxito, o general<br />

isidoro dias lopes optou pela retirada de suas tropas no dia 28<br />

de julho, a fim de evitar o esmagamento de seus companheiros. o embarque<br />

na estação da luz e o trajeto escolhido foi o de seguir pela estrada<br />

de ferro Paulista até a cidade de Campinas, depois, deslocar a tropa<br />

pela estrada de ferro sorocabana rumo à cidade de Bauru, e desta<br />

até às margens do rio Paraná próximo a Porto epitácio. o percurso foi<br />

feito em luta constante, quase diária, por cerca de três meses. diz lou-


Histórico da Coluna<br />

renço Moreira lima (1979, p. 62): “o exército revolucionário, que contava<br />

perto de seis mil homens, ao sair de são Paulo, chegou ao Paraná<br />

com três mil e oitocentos, tendo na fuga perdido uns dois mil e duzentos<br />

por mortes, deserções, extravios e aprisionamentos.”<br />

No sul as adesões tardavam. eram adiadas pelos mais diversos<br />

motivos, até que na noite de 28 para 29 de outubro de 1924, levantouse<br />

o 1º Batalhão Ferroviário de santo Ângelo sob o comando do capitão<br />

luiz Carlos <strong>Prestes</strong> e do tenente Mário Portela Fagundes. Foi o começo<br />

de uma série de levantes que se sucederam por regimentos e<br />

batalhões: o 3º regimento de Cavalaria independente, de são luiz<br />

gonzaga, sob o comando do tenente joão Pedro gay; o 2º regimento<br />

de Cavalaria independente, de são Borja, sob o comando dos tenentes<br />

sandoval Cavalcante de albuquerque e aníbal Benévolo, este considerado<br />

o principal articulista do movimento conspirador, além de<br />

contar com a participação de antônio siqueira Campos, que viera da<br />

argentina, país onde estivera exilado; o 5º regimento de Cavalaria independente,<br />

de uruguaiana, sob as ordens do capitão juarez távora,<br />

que repassa o comando dos rebeldes ao caudilho maragato, Honório<br />

leme; a bateria do 2º regimento de artilharia a Cavalo, de alegrete,<br />

sob o comando do tenente joão alberto lins de Barros; o 3º Batalhão<br />

de engenharia, aquartelado em Cachoeira, sob o comando do capitão<br />

Fernando távora. (<strong>Prestes</strong>, a. l., 1991, p. 119).<br />

ocorridos os levantes, as tropas rebeldes dirigiram-se para são<br />

luiz gonzaga, ponto de convergência de todos os que se rebelaram no<br />

sul com o apoio dos maragatos, a exemplo de Honório leme e de vários<br />

outros “caudilhos” ligados a assis Brasil (Felipe e joão Fortinho,<br />

leonel rocha, Pedro aarão, Zeca Neto, inocêncio e joão silva, juca raimundo,<br />

júlio Barrios, Mário garcia, sezefredo aquino, Nestor Veríssimo<br />

e outros), veteranos de 1893 e de 1923, em luta permanente contra<br />

o governo de Borges Medeiros.<br />

desta cidade, o itinerário traçado era de ir ao encontro das forças<br />

paulistas que se encontravam acantonadas no Paraná, próximo à Catanduvas.<br />

entretanto, havia necessidade de furar o cerco de são luís<br />

que se antevia pela aproximação de 14 mil homens das tropas gover-<br />

25


34<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

de rio Pardo, a Coluna realiza uma manobra de 90°entre essa cidade e<br />

Campo grande, faz a travessia da estrada de ferro Noroeste e se concentra<br />

na vila de jaraguari, local onde ocorre uma reestruturação do comando<br />

militar. lourenço Moreira lima e juarez távora registram que<br />

a nova reorganização militar pôs término às divergências que existiam<br />

entre soldados paulistas e rio-grandenses, e se deu um pouco mais a<br />

frente, no lugar conhecido por “deserto de Camapuã”, que realmente<br />

não se tratava de uma região com características desérticas, mas sim,<br />

um território êrmo.<br />

da vila de jaraguari, feita a travessia do “deserto” numa caminhada<br />

em diagonal/Ne rumo ao estado de goiás, chega ao povoado<br />

de Baús, e deste a Cabeceira alta, de onde seria efetuada a passagem<br />

para goiás.<br />

Nesta caminhada, antes de penetrar no território goiano, ocorre<br />

várias escaramuças, confrontos com agrupamentos de soldados da<br />

Polícia Mineira, a exemplo dos combates em Couto Magalhães e dois<br />

Córregos. sempre há perdas de ambos os lados.<br />

em Mato grosso, ainda por ocasião dos primeiros embates na<br />

Cabeceira do apa, Klinger havia enviado uma carta aos comandantes<br />

da Coluna, propondo a cessão da luta armada, com a não punição dos<br />

oficiais subordinados e garantia de liberdade a todos, extensiva a um<br />

décimo dos praças. o portador da missiva, o motorista e o automóvel<br />

foram aprisionados pela Coluna. segue abaixo o teor da carta, datada<br />

de 21 de maio de 1925:<br />

sr. Major Miguel Costa, Capitão <strong>Prestes</strong><br />

e demais chefes dos revolucionários em Mato grosso.<br />

Meus destemidos camaradas.<br />

apresento-lhes meus cumprimentos com o propósito de convidá-los a<br />

por termo à inglória luta pelas armas.<br />

o destacamento onde sirvo está, só ele, com um efetivo equivalente ao<br />

total dos vossos combatentes.<br />

já vos rodeiam outros destacamentos e continua crescendo o efetivo das


Retaguarda da Coluna<br />

Histórico da Coluna<br />

==<br />

ESTRUTURA DE COMANDO DA COLUNA<br />

Coronel<br />

Oswaldo Cordeiro de Farias<br />

Comandante do 1º destacamento<br />

general Comandante<br />

Miguel Alberto C. R. da Costa<br />

Comandante-geral da Coluna<br />

Coronel<br />

Antônio de Siqueira Campos<br />

Comandante do 3º destacamento<br />

Vanguarda da Coluna<br />

Fazia o reconhecimento<br />

do terreno (estradas,<br />

fazendas, cidades) e<br />

das forças inimigas<br />

Estado-Maior<br />

Central de comando,<br />

de onde saíam todas<br />

as decisões. Concentrava<br />

o grosso da Coluna<br />

Coronel<br />

Juarez Fernandes do N. Távora<br />

subchefe do estado-Maior<br />

Cobriam também os flancos<br />

da Coluna. a cada 20, 30 Km,<br />

os destacamentos se<br />

revezavam nas posições<br />

Coronel<br />

Djalma Soares Dutra<br />

Comandante do 4º destacamento<br />

general de Brigada<br />

Luiz Carlos <strong>Prestes</strong><br />

Comandante-militar da coluna<br />

Coronel<br />

João Alberto Lins de Barros<br />

Comandante do 2º destacamento<br />

35


36<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

tropas fiéis ao governo, que de toda a parte vêm chegando, inclusive<br />

do rio grande do sul.<br />

se não for pois uma completa subversão da lógica dos fatos, não mais<br />

podeis pretender êxito para a vossa causa.<br />

apelo pois para o vosso patriotismo, que tem sido certamente o supremo<br />

móvel da vossa ação, a fim de ter afinal um termo esta luta ingrata,<br />

que já agora só pode, sem outro resultado, aumentar a desgraça do país<br />

e de seus filhos, cavar mais fundo a cisão e aumentar os ódios.<br />

ofereço de iniciativa exclusiva minha que será imediatamente posta em<br />

aplicação sob minha responsabilidade pessoal se aceitardes o seguinte:<br />

1 – todas as forças revolucionárias de Mato grosso entregam suas armas,<br />

munições, cavalos e todo o material de qualquer espécie que tenham<br />

em seu poder;<br />

2 – todos os oficiais e um décimo dos praças, a critério dos chefes revolucionários,<br />

terão livre trânsito para passarem incontinente a fronteira<br />

mais próxima;<br />

3 – Pormenores a fixar entre um chefe representante dos revolucionários<br />

e um representante meu.<br />

Vosso camarada<br />

Bertoldo Klinger<br />

Major comandando um destacamento<br />

Como não houve resposta, Klinger enviaria da cidade de Mineiros<br />

uma segunda correspondência aos comandantes das forças revolucionárias,<br />

vazada nos seguintes termos:<br />

Mineiros, 29-junho-1925.<br />

snrs. Chefes das Forças revolucionárias em goiáz.<br />

Meus camaradas.<br />

saudação.


Histórico da Coluna<br />

37


Ora, se a estratégia pedia uma luta longa,<br />

e se nossas forças eram obviamente minoritárias,<br />

a opção natural seria a tática de guerrilhas<br />

osvaldo Cordeiro de Farias


Objetivos táticos e<br />

estratégicos da Coluna<br />

8<br />

A guerra de movimento pelos estados brasileiros:<br />

A Coluna como símbolo de resistência<br />

guerra de movimento está muito presente nos estados<br />

sulinos, particularmente no rio grande do sul,<br />

palco de duas sangrentas revoluções: a Federalista<br />

de 1893, e a revolução de 1923, contra o governo<br />

de Borges Medeiros, além de incontáveis contendas entre chefes<br />

caudilhos maragatos e chimangos.<br />

Como já citamos anteriormente, em carta enviada ao general<br />

isidoro dias lopes, escrita de Barracão (Paraná), em fevereiro de 1925,<br />

<strong>Prestes</strong> já definira muito bem a tática a ser empregada na luta contra<br />

as tropas dos governo artur Bernardes. disse ele:


46<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

a guerra no Brasil, qualquer que seja o terreno, é a guerra do mo-<br />

vimento. Para nós revolucionários o movimento é a vitória.<br />

a guerra de reserva é a que mais convém ao governo que tem fábricas<br />

de munição, fábricas de dinheiro e bastante analfabetos para<br />

jogar contra as nossas metralhadoras. Com menos de 1.000 homens<br />

armados e, tendo para mais de 4.000 cavalos, consegui passar,<br />

em pleno campo, por entre mais de 10.000 homens do governo. Nunca<br />

foi possível determinar qual a minha verdadeira direção de marcha<br />

e impraticável se tornou a perseguição. [<strong>Prestes</strong> está se referindo<br />

a manobra da travessia do cerco de são luiz gonzaga].<br />

Com a minha coluna armada e municiada, sem exagero, julgo não<br />

ser otimismo afirmar a V. exa. que conseguirei marchar para o Norte<br />

e dentro de pouco tempo atravessar o Paraná e são Paulo, dirigindo-me<br />

ao rio de janeiro, talvez por Minas gerais.<br />

se a divisão de são Paulo igualmente movimentar-se e marchamos<br />

em ligação estratégica e, talvez, em algumas circunstâncias, mesmo<br />

tática, impossível será o governo obstar a nossa marcha. (<strong>Prestes</strong>,<br />

a. l., 1991, p. 421).<br />

No entanto, se logo após o encontro das duas divisões, o apelo<br />

de <strong>Prestes</strong> não conseguiu convencer a maior parte da oficialidade que<br />

comandavam as tropas da divisão de são Paulo, da necessidade do enfrentamento<br />

com as tropas bernardenses por meio da guerra de movimento,<br />

seu posicionamento de dar sequência a luta prevaleceu. Havia<br />

a necessidade de se “manter acesa a chama da revolução.” (<strong>Prestes</strong>,<br />

a. l., 1991, p. 174).<br />

em sua histórica série de entrevistas à pesquisadora aspásia Camargo<br />

e ao jornalista Walder de góes, entre 1976 a 1980, o general osvaldo<br />

Cordeiro de Farias, referindo-se a estratégia e a tática adotadas<br />

pela Coluna, assim se expressou:<br />

Cedo percebemos que, embora muito mais fortes, as forças do governo<br />

só não nos haviam destruído porque nós adotávamos a guerra de movimento.<br />

em grande parte, agradecemos esse aprendizado aos caudi-


Objetivos táticos e estratégicos da Coluna<br />

lhos. em todos aqueles combates do passado, eles haviam sido forçados<br />

pelas circunstâncias a se movimentar com grande rapidez, assimilando<br />

métodos da guerra de movimento, que é a guerra de guerrilha. Para en-<br />

tender a Coluna <strong>Prestes</strong> é preciso discernir o que era a nossa estratégia<br />

e o que era a nossa tática. Queríamos uma luta prolongada. a estratégia<br />

da Coluna, portanto, era durar [...]. ora, se a estratégia pedia uma luta<br />

longa, e se nossas forças eram obviamente minoritárias, a opção natural<br />

seria a tática de guerrilha. e foi assim que tivemos por norma não enfrentar<br />

em condições desvantajosas forças superiores às nossas [...]. a característica<br />

principal da guerrilha é o movimento, uma luta em que o<br />

atacante aparece, desaparece e só reaparece bem mais adiante. jamais,<br />

na guerra de movimento, assume-se uma posição defensiva, esperando<br />

recursos materiais da retaguarda. (CaMargo; góes, 1981, p. 102-105).<br />

o combate na Fazenda Zeca lopes, no qual as tropas da Coluna<br />

sediadas na invernada tiveram que enfrentar, nos moldes de guerra de<br />

posição, um inimigo poderoso, bem armado e municiado, além de bem<br />

comandado por um competente oficial do exército, Bertoldo Klinger,<br />

deixou um saldo de elevado número de mortos e feridos de ambas as<br />

partes, em quantidade maior do lado dos revoltosos, e serviu de advertência<br />

aos comandantes da Coluna no sentido de jamais abandonarem<br />

a guerra de movimento, única tática possível para “manter viva a revolução<br />

libertadora.” (liMa, l. M., 1979, p. 155). ela já tinha sido experimentada<br />

no noroeste do rio grande do sul, em 1924, por <strong>Prestes</strong> e<br />

seus comandados da divisão rio grande, muito embora a guerra de<br />

trincheiras tenha sido mantida, por força das circunstâncias, em iguaçú.<br />

No dia 26 de junho de 1925, o destacamento de joão alberto dá<br />

entrada na cidade de Mineiros. No dia 27, pelas 16 horas, a retaguarda<br />

do destacamento de Cordeiro de Farias que vigiava a ponte do Cedro,<br />

sobre o rio Verde, próxima à cidade, foi atacada por soldados de<br />

Klinger. ocorreu combate e antes de prosseguir a marcha, os soldados<br />

da Coluna atearam fogo na referida ponte que era de madeira,<br />

com o intuito de retardar a perseguição dos legalistas. No dia 29, a<br />

Coluna estava acampada na invernada Zeca lopes, protegida pelos<br />

47


52<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

o governo concentrou mais de 20 mil homens em Montes Claros<br />

(Minas gerais), temendo que dessa região os revoltosos caminhassem<br />

rumo ao rio de janeiro. uma outra coluna legalista margeava a<br />

leste do rio são Francisco em direção a montante, e, pela retarguarda,<br />

duas colunas de mais de mil homens iam em perseguição à Coluna. o<br />

Ministro da guerra, general setembrino de Carvalho, já havia designado<br />

o general álvaro guilherme Mariante para comandar as operações<br />

das tropas bernardenses em goiás, Minas gerais e oeste da Bahia.<br />

a leste do são Francisco, no estado de Bahia, as tropas legalistas ficaram<br />

sob o comando do general diógenes Monteiro tourinho. o comando<br />

supremo, em todo o Nordeste ficou sob as ordens do general<br />

joão gomes ribeiro Filho que, desde são luís, no Maranhão, dirigia as<br />

operações de combate contra os revoltosos.<br />

É nesse momento, em que a Coluna estava sendo cercada por<br />

tropas inimigas de todos os lados, que <strong>Prestes</strong>, em comum acordo com<br />

a sua oficialidade, executa uma manobra inesperada para os legalistas:<br />

em vez de seguir em frente adentrando o território mineiro rumo<br />

a riachão, norte de Minas gerais, amoita-se atrás de montes existentes<br />

na região – enquanto a coluna inimiga perseguidora passa – e faz<br />

um retorno imediato, em marcha rápida, acelerada, de 60 a 70 Km por<br />

dia para o interior da Bahia, operação militar esta conhecida por “laço<br />

húngaro” ou “oito de contas” 1 que se fecha em lençóis, (de jatobá<br />

a rio Pardo, ituaçu e lençóis, na Chapada diamantina), remanso e<br />

1 o trajeto percorrido se assemelhava ao ornamento vistoso e dourado, em forma de laço, costurado nos<br />

ombros da túnica do uniforme do exército, cujo nome é “laço húngaro”.


Objetivos táticos e estratégicos da Coluna<br />

santo sé às margens do rio são Francisco. Não sendo possível efetuar<br />

a travessia do rio por estar muito cheio, em plena estação das águas (o<br />

livro de anita, cita 30 Km de largura), a Coluna agora dirige-se para<br />

dentro do estado em direção à cidade de Mundo Novo, e desta ruma<br />

para Monte alegre, corta a linha da estrada de ferro e passa por tucano,<br />

Pombal, Cícero dantas, jeremoabo, salgado do Melão e rodelas,<br />

faz a travessia e penetra novamente no estado de Pernambuco.<br />

A redescoberta do Brasil pelo comando da Coluna<br />

diante da realidade que enfrentou, sem condições concretas<br />

de efetuar sua marcha rumo à capital federal (rio de janeiro), não<br />

mais procurando obter uma vitória militar propriamente dita contra<br />

os seus adversários, a Coluna se preserva, sendo concebida para<br />

“fustigar, desaparecer e renascer periodicamente. e conseguiu.”<br />

(druMMoNd, 1999, p. 59).<br />

os novos rumos que a Coluna revolucionária tomaria após a<br />

sua travessia pelo Planalto Central goiano, fez com que o seu comando<br />

militar tomasse contato direto com a realidade econômica-social reinante<br />

no Brasil interiorano: uma população pobre, carente e desprovida<br />

de tudo, dos mínimos recursos para se manter e totalmente dessasistida<br />

pelo poder público, além de alarmada pela propaganda que<br />

os governistas e chefes locais difundiam sobre a má conduta dos revoltosos,<br />

taxando-os como malfeitores da pior espécie. Quando, em<br />

verdade, a não ser casos de comportamentos de indivíduos de má índole<br />

– que não se justificam – e que quando descobertos foram punidos<br />

com rigor pelo comando da Coluna, os malfeitores da população<br />

civil de cidades, povoados e fazendas foram, em grande número, policiais<br />

de baixo nível de conduta, jagunços e “patriotas”que se aproveitavam<br />

da situação da má fama criada contra os revoltosos, para cometer<br />

atrocidades e saquear bens de pessoas.<br />

53


72<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

amigo particular de Bernardes e dono do jornal carioca a Noite – re-<br />

giamente pagos pelo governo Federal e armados pelo Ministério da<br />

guerra, empenhar-se-iam em mover, a partir dos sertões baianos,<br />

uma perseguição atroz e permanente aos rebeldes.<br />

diante dos repetidos insucessos sofridos pelas forças militares go-<br />

vernistas no combate à Coluna <strong>Prestes</strong>, os jagunços dos coronéis nor-<br />

destinos passaram a ser o principal instrumento do governo artur<br />

Bernardes na luta contra os revoltosos.<br />

Com o objetivo de destroçá-los, todos os meios seriam válidos. Para<br />

isso, o dinheiro correria a rodo, sendo fartamente distribuído entre os<br />

“coronéis” a serviço da legalidade.<br />

assim, geraldo rocha, primo do deputado federal Francisco<br />

rocha, que servia de intermediário entre Bernardes e os demais coronéis<br />

na distribuição do dinheiro público e repasso das ordens para<br />

perseguir os revoltosos, telegrafava a deocleciano teixeira, de Caitité,<br />

em 7 de abril de 1926: “estou autorizado pelo dr. presidente da<br />

república a assegurar aos chefes civis que quem liquidar esse movimento<br />

terá o prêmio de 500 contos de réis e autorizo a oferecer esse<br />

prêmio aos seus amigos.” (<strong>Prestes</strong>, a. l., 1991, p. 362).<br />

geralmente, durante a marcha da Coluna, os coronéis e seus<br />

jagunços foram<br />

[...] inimigos tenazes e eficientes, mas nem por isso deixaram de cair<br />

numa das várias ciladas que a estratégia de <strong>Prestes</strong> soube armar. em<br />

goiás, em setembro de 1926, por exemplo, uma série de manobras<br />

rápidas fez com que tropas legalistas da Força Pública de são Paulo<br />

trocassem cerrado tiroteio em olhos d’Àgua, rio dos Bois, com um<br />

grupo de jagunços que vinha seguindo os rebeldes [...]. aliás, essa<br />

não foi a única vez que a Coluna provocou combates sangrentos entre<br />

forças que a reprimiam. (druMMoNd, 1999, p. 72-73).


Foto: Reprodução<br />

As forças repressivas da Coluna<br />

Estado-Maior do Batalhão Patriótico “Lavras<br />

Diamantinas” : Comandante-chefe coronel Horácio de<br />

Matos (sentado) e de pé os capitães Ezequiel de Matos,<br />

Francisco Costa e Franklin de Queiróz<br />

73


146<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

um capote de uniforme e tinha no bolso um bilhete, escrito a lápis, en-<br />

dereçado a “Modesto”e assinado “távora”.<br />

esse bilhete era uma ordem para o combate. referia-se ao ataque geral,<br />

que seria acompanhado de gritos, e dava indicação para retirada [...].<br />

o morto era lafaete a. W. Modesto [o correto é Modesto lafayette<br />

Cruz], um dos veteranos revolucionários, incorporado desde são Paulo.<br />

tombou a uns metros da linha de fogo do pelotão Pires Ferreira,<br />

conduzindo pessoalmente um F. M.; e a poucos metros dele, já visivelmente<br />

desgarrado, morreu o seu municiador, quase menino.<br />

durante a tarde de 30 ainda ouve inquietações esporádicas.<br />

a última seria uma das 21 horas; tanto que no dia 1° de julho, desde<br />

o clarear, nossas sondagens acusavam livre nas imediações.<br />

Nessa noite de 30 ainda recebemos reforço de pessoal, víveres e munição;<br />

gasolina, não! somávamos agora 120 infantes mais as guarnições<br />

das 5 Mtr. P.; no início dos combates, a 29, éramos apenas 80<br />

infantes, com as 5 Mtr.<br />

até alta noite ouvíamos do lado adversário o ruído característico do<br />

ferro de picaretas contra o chão duro: provavelmente abriam covas<br />

para os mortos.<br />

aí se insere um caso vivido de “mentira como terra, em tempo de<br />

guerra”: mais tarde, sobretudo em rio Verde, nas palestras da soldadesca<br />

com os moradores, quando pouco a pouco foram chegando<br />

e passando mais elementos do “meu” dst., até o total duns 300 homens,<br />

todos eles tinham figurado naqueles 80! 2<br />

tivermos onze feridos, ao todo, nos 2 dias de combate. um deles veio<br />

a morrer. No dia 30 fomos forçados a enterrar junto à linha de fogo,<br />

porque demasiado incomodava a decomposição, o morto abatido no<br />

volante do nosso caminhão ponteiro; aos demais, em número de 12,<br />

os reunimos e queimamos à falta de material de sapa e de tempo.<br />

2 No seu informe de n° 39, o major Klinger registraria que, “no dia 29, partiu com mais 7 caminhões vg carro<br />

socorro e um faetom, de Cedro para Mineiros distante uma légua. daí prossegui às sete horas com 12 caminhões<br />

de tropa inclusive 5 Mtp. antes mandei emissário oferecer mais uma vez a cessação da luta mediante<br />

unicamente garantia de vida”(KliNger, 1949, p. 135). Pelo número de caminhões, dá para deduzir<br />

que, provavelmente, havia um efetivo maior do que os 80 homens citados.


Fotos: Valdik Montenegro<br />

A Coluna na “Terra das Águas Verdes”<br />

Mausoléu no Cemitério<br />

Bonfim, em Belo<br />

Horizonte (MG),<br />

dedicado à memória dos<br />

soldados mineiros,<br />

muitos deles mortos em<br />

combate com os rebeldes<br />

da Coluna<br />

147


198<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

Cumprido este dever, sr. general, volveremos novamente os olhos pa-<br />

ra V. excia. e seus dignos companheiros. Mais uma vez o afirmamos:<br />

parte-se de dor o nosso coração ao ver essa plêiade de jovens e distin-<br />

tos brasileiros metidos nessa luta insana, entranhados em nossos re-<br />

motos e bravios sertões, separados há tantos meses de seus pais, mães,<br />

esposas talvez e filhos, perseguidos pelo governo, e ignorando quan-<br />

do raiará para todos a aurora da paz.<br />

e o mesmo sentimento que nos tem obrigado a lamentar as misérias do<br />

nosso povo, excita-nos a procurar um meio de contribuirmos para a<br />

conclusão de tantas angústias.<br />

Por isso, sr. general, perguntamos a V. excia., se não haveria um meio<br />

de tentarmos, perante as altas autoridades da república, um entendimento<br />

entre o governo e os revolucionários. embora desconhecidos<br />

no Brasil, embora privados de meios de comunicações, não nos seria<br />

possível procurar alguns intermediários capazes de iniciarem ao menos<br />

uma troca de ideias?<br />

se V. excia, achar que este nosso propósito não é inoportuno nem exagerado,<br />

peço-lhe o obséquio de indicar-me qual deveria ser nossa atitude,<br />

quais nossas palavras, quais condições enfim que julgar convenientes,<br />

para iniciar alguma tentativa junto ao governo da república. [...]<br />

fr. josé M. a. audrin.<br />

Porto Nacional, 21 de outubro de 1925. (audrin, 1946, p. 254-255).<br />

já, o escrivão da Coluna, lourenço Moreira lima, dá outra<br />

interpretação como podemos extrair do seu diário. Vejamos dois<br />

exemplos:<br />

No Piauí, como aconteceu nos outros lugares por onde passamos, for-<br />

maram-se à nossa retarguarda, bandos de ladrões que saqueavam os<br />

povoados abandonados, praticando toda a sorte de tropelias.<br />

as tropas bernardescas, por sua vez, também arrasavam as proprieda-<br />

des e cometiam as maiores violências contra os habitantes, furtando,


Foto: Arquivo Público Mineiro<br />

A Coluna na “Terra das Águas Verdes”<br />

Foto histórica que reúne o comando da Coluna, em Porto Nacional (GO), em<br />

1925. Da esquerda para a direita, sentados: Djalma Dutra, Siqueira Campos,<br />

Luiz Carlos <strong>Prestes</strong>, Miguel Costa, Juarez Távora, João Alberto e Cordeiro de<br />

Farias. Atrás, em pé: Pinheiro Machado, Atanagildo França, Emygdio<br />

Miranda, João Pedro, Paulo da Cunha Cruz, Ari Salgado Freire, Nelson<br />

Machado, Manoel Lira, Sadi Machado, Trifino Correia e Ítalo Landucci<br />

roubando, incendiando, estuprando mulheres e matando os homens<br />

com uma ferocidade inaudita.<br />

Não procuro com isso eximir as nossas forças da responsabilidade de<br />

muitos prejuízos causados ao povo, mas mostrar que a maioria das acusações<br />

que nos foram feitas eram caluniosas.<br />

Como tive oportunidade de dizer, as nossas forças foram obrigadas à<br />

prática de certas medidas extremas de represálias, mas somente naquelas<br />

localidades cujos habitantes se armavam e nos receberam à bala.<br />

Nos lugares em que fomos recebidos sem hostilidade, mantivemos a<br />

ordem e garantimos, escrupulosamente, o respeito à vida e à propriedade,<br />

fazendo apenas, por escrito, as requisições indispenssáveis. (li-<br />

Ma, l. M., 1979, p. 221-222).<br />

199


Os tenentes foram surpreendidos não pelos combates que encontraram,<br />

mas pelo atraso por onde passaram<br />

Binômino da Costa lima


Entrevistas<br />

8<br />

Binônimo da Costa Lima<br />

inômino da Costa lima, mais conhecido por “seu Meco”,<br />

nasceu na fazenda alto do Bonfim, município<br />

de jataí, em 13 de julho de 1930, data bem próxima<br />

da passagem dos revoltosos pelo sudoeste goiano. Fazendeiro,<br />

apreciador da leitura, grande conhecedor e pesquisador<br />

sobre os povos e costumes da região, é fonte de informações, principalmente,<br />

históricas e geográficas. essa breve entrevista – feita entre<br />

os dias 17 e 18 de agosto de 2009 – tenta resgatar, através das palavras<br />

de “seu Meco”, alguns fatos preciosos e sua opinião sobre a<br />

passagem da Coluna pelo sudoeste goiano.


270<br />

A Coluna Miguel Costa / <strong>Prestes</strong> em Goiás<br />

Quando o rondon constatou o blefe mandou a notícia para o <strong>Prestes</strong><br />

dizendo que tinha sitiado o grupo do siqueira e que iria aniquilar<br />

o “dodói” dele. o <strong>Prestes</strong> caiu na armadilha e tornou a pular<br />

o araguaia para trás, numa travessia extremamente difícil e<br />

dramática, para salvar seu companheiro.<br />

Nessa volta do siqueira ele veio mais para o oeste e passou<br />

em jataí no dia 31 de dezembro de 1926. Para receber os cem contos<br />

de réis por não passar em jataí. Pagaram outra vez. em sua saída,<br />

os rapazes de uma fazenda, entrincheirados debaixo do assoalho<br />

da casa, abriram fogo quando os últimos da retaguarda iam<br />

passando e conseguiram balear dois, um morreu logo adiante e o<br />

outro morreu no pernoite.<br />

Você tem conhecimento de alguma pessoa em Jataí, Rio Verde, enfim,<br />

no Sudoeste, que possui em seu poder, como relíquia, uma<br />

“requisição” assinada por comandante da Coluna?<br />

Quem poderá ter alguma coisa assim é o senhor Pedro Malaquias,<br />

comerciante em Mineiros.<br />

Como Você justificaria os excessos cometidos pela “rabeira” da<br />

Coluna?<br />

relatam que a rabeira da Coluna, chegando a uma fazenda<br />

em Caiapônia, encontrou um rapaz que perguntado pela estrada<br />

para se chegar à Caiapônia, não respondeu. depois de perguntarem<br />

várias vezes e não tendo resposta deram-lhe um pescoção, sendo<br />

revidado com uma facada no peito. Mataram o rapaz e incendiaram<br />

a fazenda. depois ficaram sabendo que o rapaz era<br />

surdo-mudo.<br />

Que fato ocorrido durante a marcha da Coluna que, por sua singularidade,<br />

despertou a sua maior atenção?<br />

o que sempre me intrigou foi o fato de ter havido o combate<br />

na fazenda do Zeca lopes. Por tudo me leva a crer que os revoltosos<br />

queriam esse combate. a Coluna, deslocando a cavalo, saben-

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