18.04.2013 Views

Século XVI Terra A vista!!!

Século XVI Terra A vista!!!

Século XVI Terra A vista!!!

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

sobre a nova realidade observada. Fora as descrições sobre as riquezas minerais<br />

que não se encontram no mapa — e estas se constituíam na principal<br />

preocupação de Portugal —, as demais, em particular, a descrição do índio e da<br />

natureza, que aparece no mapa, foi descrita no referido Diário, ao dizer:<br />

(...) Traziam arcos não pode deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por<br />

o mar quebrar nas costas. (...) A feição deles é serem pardas, maneira de<br />

avermelhados, de bons rostos e bom nariz, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma<br />

cobertura. Nem estimam nenhuma coisa cobrir ou mostrar suas vergonhas. E estão<br />

acerca disso com tanta inocência como ter em mostrar o rosto. Traziam ambos os<br />

beiços de furados e, metidos por eles cada um seus ossos de uso, brancos, de<br />

cumprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, e agudos<br />

na ponta com um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço, e o que lhes fica<br />

entre o beiço e os dentes é feito como de roque-de-xadrez. E em tal maneira o trazem<br />

ali encaixado que lhes não da paixão, nem lhes estorva a fala, nem o comer nem o<br />

beber. [...] Os homens, como já dissemos, são baços, e andam nus sem vergonha,<br />

têm os seus cabelos grandes, e a barba pelada; as pálpebras e sobrancelhas são<br />

pintadas de branco, negro, azul, ou vermelho; (...) as mulheres andam igualmente<br />

nuas, são bem feitas de corpos, e trazem os cabelo compridos.(...) As suas casas são<br />

de madeira, cobertas de folhas e ramos de árvores, com muitas colunas de pau pelo<br />

meio, e entre elas e as paredes pregam redes de algodão, nas quais pode estar um<br />

homem; e debaixo de cada uma destas redes fazem um fogo, de modo que numa só<br />

casa pode haver quarenta ou cinquenta leitos armados a modo de teares. (...) Nesta<br />

terra não vimos ferro nem outro algum metal, e cortam as madeiras com uma pedra.<br />

(Cf. Ferreira, [1993], pp. 360-362)<br />

E assim, naquele século iniciado, não exatamente no dia 1º de janeiro,<br />

quando a Corte portuguesa em festa saudava D. Manuel, mas sim em 22 de abril<br />

desse ano de 1500, pois aí começa a se constituir mais uma nova cultura mundial,<br />

a qual, no silêncio do sentido do discurso da cultura ancestral (a européia),<br />

manifestava uma nova experiência totalmente diferente das demais enfrentadas<br />

por Portugal. Trata-se da consolidação do expansionismo colonial português,<br />

iniciado com o da ascensão da dinastia dos Avias ao poder, em 1385, e atingido o<br />

seu ponto máximo com D. Manuel. E este projeto colonial, segundo a concepção<br />

de Bosi, tinha como pano-de-fundo pregar em terras distantes que, pelas linhas<br />

imaginárias do Tratado de Tordesilhas, pertenciam a Portugal, uma nova fé: a<br />

católica. E esta, por ser hegemônica, se impunha às subalternas, eliminando-as,<br />

incorporando-as ou mesmo transmutando-as em algo diferente. E nesse cenário,<br />

como bem mostra Maria Yedda Linhares,<br />

(...) A apropriação da renda altamente concentrada fazia-se na metrópole e a pequena<br />

parte que ficava na colônia, nas mãos do senhor da grande propriedade exportadora,<br />

445

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!