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alguns testemunhos, foram uns navegadores anônimos do tempo do reinado de D.<br />
Afonso IV, que vão descobrir os Açores e as Canárias, embora alguns<br />
testemunhos acusem que esta última foi descoberta em 1402, ou seja, já na<br />
metade do reinado de D. João I.<br />
Mas isso não é o fator mais relevante neste processo. O que importa,<br />
é que o Infante navegado foi verdadeiramente o líder pioneiro da expansão<br />
portuguesa, a começar pela invasão e tomada, em 1415, da cidade de Ceuta, no<br />
Marrocos, seguida pela tomada do arquipélago da Guiné, na África, em 1416(?),e<br />
pelo achamento dos arquipélagos da Madeira, em 1418, e do Cabo Verde, em<br />
1456. Essa política expansionista feita graças ao melhoramento tecnológico, como<br />
foi salientado no capítulo anterior, foi seguida mais aguerridamente por D. João II<br />
(1481-1495) e consolidada, de fato, no reinado de D. Manuel I. Mesmo<br />
considerando que essa complexidade já foi bastante estudada e justificada pela<br />
ótica da acumulação originária mercantil, continua aqui interrogando se apenas<br />
isto justifica a ausência de interesse da Corte e da comunidade de nobres a ela<br />
vinculada, pelo saber-fazer agrário, em particular os vinculados à produção<br />
doméstica?<br />
Entre as fontes testemunhos consultadas para esta pesquisa,<br />
identificou-se apenas duas experiências mais importantes relacionadas com o<br />
passado transcendental do saber-fazer agrário português. Da mesma forma que<br />
se considerou esses fatores, no referente à organização social da produção e/ou<br />
participação na macro-estrutura econômica e política, tanto do Estado português,<br />
quanto das suas ex-colônias, essas classes foram e continuam sendo excluídas. À<br />
exceção de eventuais casos próprios do fenômeno da mobilidade social, como<br />
alguns ocorridos no início da colonização brasileira, quando certas pessoas<br />
degredadas de Portugal — a maioria delas não originária do ambiente da<br />
Sociedade da Corte desse país — constituíram no Brasil grandes fortunas e<br />
terminaram contribuindo com a origem da formação do caráter e temperamento<br />
das camadas hegemônicas brasileiras. À-propos desse modelo, originou-se uma<br />
diversidade de comportamentos sociais no interior de uma mesma classe social,<br />
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