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8.1.1.1 Da extensão para o interior e de<br />
algumas riquezas que nesta <strong>Terra</strong> tem<br />
Um dado comum a todos os testemunhos daquele século <strong>XVI</strong> até<br />
aproximadamente início do <strong>XVI</strong>II, é quanto à constatação de tipos variados de<br />
floresta, clima, índice pluviométrico, bacias fluviais, hábitos, costumes e saberes<br />
da população autóctone, identificados ao longo do litoral: do Pára ao Rio da Prata.<br />
Porém, quanto à dimensão territorial brasileira na direção leste-oeste, ficou por<br />
muito tempo indefinida. Por isso, faz-se aqui uma síntese sobre o conhecimento<br />
que os colonizadores, não apenas os portugueses, mas também os demais povos<br />
europeus tinham da extensão territorial brasileira nos séculos <strong>XVI</strong> e <strong>XVI</strong>I. O frei<br />
Vicente, por exemplo, diz, no início do século <strong>XVI</strong>I, que<br />
(...) da largura que a terra do Brasil tem para o sertão não trato, porque até agora não<br />
houve quem a andasse por negligência dos portugueses, que, sendo grandes<br />
conquistadores de terras, não se aproveitam delas, mas contentam-se de as andar<br />
arranhando ao longo do mar como caranguejos”. (Cf. Frei Vicente do Salvador, Op. cit.<br />
p. 61)<br />
Nesse mesmo século, depois da descrição do Frei, Gaspar Barlaeus,<br />
que com toda certeza não conhecia a obra da qual se fez estes breves<br />
comentários — pois a mesma só foi publicada, de fato, no século XIX, por<br />
Varnhagen —, dá a seguinte localização para o Brasil:<br />
(...) É o Brasil limitado a oeste pelas invias terras dos caraibas, e pelo Peru, a mais<br />
nobre Província de todo o Novo Mundo, e de longe por elevada cordilheira: ao sul, por<br />
ignotas regiões, ilhas, mares e estreitos. O Oceano Atlântico banha-lhes as costas<br />
orientais, e o Oceano Setentrional 16 as do norte. Demarcam-nas os portugueses com<br />
o rio Maranhão e com o estuário do rio da Prata. Tem o Brasil a configuração de um<br />
triângulo, cuja base, voltada para o Equador e para o Setentrião, se dirige em linha<br />
reta do Oriente para o Ocidente, até o cabo Humos 17 ou até o Maranhão, ou se<br />
16 Nota de Geraldo Prado: Berlaeus está se referindo ao rio Amazonas.<br />
17 Nota 38, de Cláudio Brandão: Nenhuma ponta ou cabo existe no litoral brasileiro com tal nome<br />
— Humos. O autor quer dizer talvez PONTA DOS FUMOS, mencionada por Gabriel Soares: “Das<br />
Barreiras Vermelhas à Ponta dos Fumos são quatro léguas, a qual está em dois graus e 1/3”.<br />
Tratado Descritivo do Brasil, cap. VII, Rio (1879), edição de Varnhagen. São estas as palavras do<br />
Pe. Nicolau de Oliveira que é citado por Berlaeus: ... “he a pouincia de sancta Cruz que por outro<br />
nome se chama o Brazil o qual fica em sitio fronteyro a costa da Africa & cabo de boa Sperãnça Eq<br />
(como fica dito) começa no PARÁ, que é uma fortaleza que está no boca do Ryo Amazonas, que<br />
fica debayxo da linha Equinocial & acaba em trinta & sinco graos da mesma linha da parte do Sul...<br />
(Cf. Livro das Gradezas de Lisboa, págs. 172, edição de Lisboa, 1620. In: Berlaeus, 1980, p. 372)<br />
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