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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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Úrsula; no quarto de <strong>Clemente</strong> achava-se somente o professor Dr. Madlener,<br />

seu discípulo predileto, que recebeu os três, a saber: o professor do direito<br />

canônico no Theresianum, o ex-beneditino Braig, vice-diretor dos estudos, e um<br />

outro sacerdote, relator do governo austríaco; com eles foi também um aju<strong>da</strong>nte<br />

ou secretário.<br />

Esperaram que o Santo chegasse, man<strong>da</strong>ram Madlener ausentar-se e fecharam<br />

a porta. Quatro horas inteiras ficou lá a comissão inspecionando tudo,<br />

remexendo to<strong>da</strong>s as gavetas, abrindo os armários, revistando to<strong>da</strong>s as cartas<br />

— mas não acharam coisa alguma em que se estribar para as suas acusações.<br />

Desesperados de suas pesquisas interrogaram o Santo, que não negou ser<br />

Redentorista, e como tal, súdito de um Superior na Itália. “Ipsi audivimus<br />

blasphemiam”. Os senhores estavam contentes, não era necessário mais na<strong>da</strong>;<br />

exclamaram: “A ordem não é reconheci<strong>da</strong> na Áustria, e superiores estrangeiros<br />

são proibidos pela lei; ele deve ou renunciar à Ordem ou abandonar a Áustria”.<br />

Procederam ao protocolo, e, termina<strong>da</strong> a revista, chamaram a <strong>Clemente</strong><br />

que em seu genuflexório rezava o rosário <strong>da</strong> Virgem, suplicando a sua proteção<br />

para aquela hora tão sinistra. Seguiu-se o interrogatório e a intimação, feitos a<br />

<strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> por Braig, o ex-beneditino.<br />

— O Senhor deve renunciar a sua Ordem ou abandonar os Estados austríacos.<br />

— A minha Ordem não renuncio, respondeu <strong>Clemente</strong>.<br />

— O senhor pode secularizar-se.<br />

— Nunca o farei.<br />

— Então abandone a Áustria.<br />

— Antes isso.<br />

— Mas para onde vai?<br />

— Para a América, somente peço que se adie a viagem para depois do<br />

inverno por causa <strong>da</strong> minha avança<strong>da</strong> i<strong>da</strong>de (<strong>Clemente</strong> tinha então 68 anos).<br />

Por fim o Santo teve de escrever tudo, de próprio punho, e prometer que<br />

abandonaria a sua Pátria.<br />

Depois de obedecer à comissão e assinar à sua expatriação, o Santo perguntou,<br />

se tinha mais alguma coisa a fazer, ao que responderam negativamente.<br />

— Ain<strong>da</strong> resta uma coisa, disse o Santo.<br />

— Qual? perguntou curioso o primeiro comissário.<br />

Levantando o dedo para o alto <strong>Clemente</strong> exclamou:<br />

— O juízo final.<br />

To<strong>da</strong> essa farsa não passava de uma detestável intriga; os comissários não<br />

tinham sido delegados por ninguém, nem pelo consistório nem pela polícia. O<br />

presidente do juízo de apelação declarou ser tudo isso uma vil e ilegal usurpação<br />

do poder.<br />

Os comissários retiraram-se pouco antes do almoço. <strong>Clemente</strong>, como de<br />

costume, deu o sinal para o exame particular e as la<strong>da</strong>inhas. À mesa, na palidez<br />

do rosto do Servo de Deus suspeitaram alguma coisa de anormal, mas de seus<br />

lábios não conseguiram arrancar palavra alguma; só depois <strong>da</strong> morte de <strong>Clemente</strong><br />

é que os discípulos souberam o que se passara dentro <strong>da</strong>s portas fecha<strong>da</strong>s.<br />

O Santo via aniquila<strong>da</strong> a esperança que há tempo, nutria de ver a sua<br />

99<br />

<strong>Congregação</strong> introduzi<strong>da</strong> na Áustria.<br />

Sendo a expatriação um direito imperial, era para isso necessária a licença<br />

do monarca, e por isso to<strong>da</strong> a história foi leva<strong>da</strong> ao conhecimento do Imperador,<br />

que declarou por intermédio de seu chanceler, que a expatriação só poderia se<br />

concedi<strong>da</strong> a pedido de <strong>Clemente</strong>, a quem deu liber<strong>da</strong>de de fazer o que bem<br />

entendesse. O chanceler, que estava inteiramente de acordo com os inimigos<br />

do Santo, participou ao Arcebispo o decreto, como tratando de uma ordem do<br />

monarca que exilava o Servo de Deus.<br />

Chamado pelo Arcebispo, <strong>Clemente</strong> compreendeu que não devia nem podia<br />

calar-se ocultando a ver<strong>da</strong>de, narrou-lhe todo o ocorrido. Enquanto isso se<br />

passava, de Santa Úrsula chegou ao palácio arquiepiscopal um pedido insistente<br />

pela conservação do Santo como Reitor <strong>da</strong> igreja. O Arcebispo foi ter com<br />

o Imperador declarando-lhe que com <strong>Clemente</strong> perderia o melhor sacerdote <strong>da</strong><br />

sua diocese, e o Monarca, ciente do ocorrido, confirmou a permanência do<br />

Santo... que não obstante ficou intimamente amargurado com o procedimento<br />

de seus adversários. “O Pe. <strong>Clemente</strong> está tão desgostoso e contrariado, escreveu<br />

um dos padres a Passerat, e tão aborrecido em Viena, que já por esse<br />

motivo se decidiu fazer sua viagem em maio”. Mas para onde? O Servo de Deus<br />

estava ain<strong>da</strong> indeciso, se para Friburgo ou para Roma. Nesse interim entregouse<br />

<strong>Clemente</strong> a seus trabalhos habituais. O jejum <strong>da</strong> quaresma enfraqueceu-o<br />

devido ao aumento do trabalho pela saí<strong>da</strong> de Sabelli; adoeceu tão gravemente<br />

que o Pe. Martinho, ao participar a Passerat a doença do Santo acrescentou<br />

recear muito pela vi<strong>da</strong> dele. Felizmente pôde resistir devido a sua forte e robusta<br />

constituição. Depois dessa doença recebeu o Santo a visita de uma senhora,<br />

que muito se congratulou pelo restabelecimento do Servo de Deus, que a sorrir<br />

exclamou: “Ora muito bem, como são bons os meus amigos, que nem sequer<br />

me desejam o a posse do céu”, e acrescentou em tom solene: “Desta vez eu<br />

quisera morrer, ah! seria esse o meu maior prazer; mas Deus não o quis, está<br />

bom assim”.<br />

A primeira metade do ano 1819 foi para o nosso Santo uma <strong>da</strong>s épocas<br />

mais penosas <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>; em to<strong>da</strong> a parte, para onde dirigia seus olhares, via<br />

esperanças desmorona<strong>da</strong>s, planos abatidos, cui<strong>da</strong>dos prementes, dificul<strong>da</strong>des<br />

e contrarie<strong>da</strong>des.<br />

É que Deus o preparava para o último e decisivo combate...

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