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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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ispos eram-lhe como anjos de Deus, ver<strong>da</strong>deiros príncipes, elevados a essa<br />

digni<strong>da</strong>de pelo Sacramento <strong>da</strong> ordem, que eles possuem em to<strong>da</strong> a plenitude;<br />

de coração e com alegria executava pontualmente as suas determinações e<br />

ordens, que considerava a expressão <strong>da</strong> vontade divina. Ao encontrar-se casualmente<br />

com algum sacerdote sau<strong>da</strong>va-o, onde quer que fosse, com todo o<br />

respeito e atenção. Dos padres só falava como convém a ministros de Deus;<br />

não consentia que em sua presença alguém faltasse à reverência devi<strong>da</strong> ao<br />

caráter e à digni<strong>da</strong>de sacerdotal. Sempre que algum sacerdote aparecia na<br />

igreja para celebrar, <strong>Clemente</strong> ia-lhe ao encontro, recebia-o com demonstrações<br />

de contentamento, aju<strong>da</strong>ndo-o, em pessoa, a paramentar-se para o Santo<br />

Sacrifício. Aos padres gostava de <strong>da</strong>r o nome tão lindo quão significativo que<br />

encontrara na Escritura Sagra<strong>da</strong>: “pupilas de Deus”. E realmente esse nome<br />

quadra admiravelmente com o sacerdote, quando encarado à luz <strong>da</strong> fé. Como a<br />

pupila dos olhos, embora pequenina, pode abranger um mundo de coisas que<br />

nele se refletem, e exerce uma força admirável sobre homens, que se deixam<br />

prender, muitas vezes, por um olhar, diante do qual tremem ou choram, assim o<br />

padre é, diante de Deus, uma pobre criatura, mas possui uma força sobrehumana,<br />

leva em suas mãos o Criador dos céus e <strong>da</strong> terra, com uma palavra<br />

faz baixar do céu o Filho de Deus, encerrando-o em uma hóstia, e com a mesma<br />

facili<strong>da</strong>de restitui a graça e a amizade de Deus ao coração arrependido. O<br />

sacerdócio é uma maravilha do poder e bon<strong>da</strong>de de Deus. O homem preza a<br />

menina dos seus olhos mais do que to<strong>da</strong>s as riquezas terrenas; assim Deus<br />

ama os seus ministros e quer vê-los amados e obedecidos por todos. “Quem<br />

vos ouve, a mim ouve; quem vos despreza, a mim despreza”. Não permite que<br />

alguém os maltrate ou ofen<strong>da</strong> “Nolite tangere Christos meos”, isto é, “não toqueis<br />

os meus sacerdotes”, e raras vezes deixa sem castigo, já neste mundo, a quem<br />

ofende a pessoa do padre, que lhe é consagrado.<br />

Mesmo quando um ou outro sacerdote, por fragili<strong>da</strong>de humana, se desviara<br />

do cumprimento do dever, tornando-se talvez uma pupila inflama<strong>da</strong>, ou encoberta<br />

por densa catarata, <strong>Clemente</strong> o venerava e pedia a Deus, se dignasse<br />

iluminá-lo e convertê-lo. Em 1816 apareceu no quarto do Santo um indivíduo<br />

maltrapilho, que <strong>da</strong>va aparência de um vagabundo de botas rotas, calças esquáli<strong>da</strong>s,<br />

paletó esburacado, chapéu amarrotado: era um sacerdote francês, que,<br />

seduzido pelos revolucionários, prestara o juramento à constituinte francesa, o<br />

que o papa proibira sob pena de suspensão. Pobre sacerdote! esperava grandes<br />

coisas <strong>da</strong> revolução, talvez uma colocação rendosa no novo governo, uma<br />

vi<strong>da</strong> flautea<strong>da</strong> como lhe tinha sido prometido. Mas o contrário se dera. Desprezado<br />

pelos seus e atormentado pelos remorsos <strong>da</strong> consciência, o pobrezinho<br />

não teve sossego desde aquele dia infeliz; peregrinava de um lugar para o outro<br />

sem descanso e definhava a olhos vistos. Não suportando mais a vi<strong>da</strong> em sua<br />

pátria, dirigiu-se ao Núncio Apostólico de Viena, a quem, arrependido, narrou<br />

sua triste história, a página negra <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>, pedindo remédio para seus grandes<br />

males. O Núncio compadeceu-se do infeliz e enviou-o a <strong>Clemente</strong>, a quem<br />

dera poder de o absolver <strong>da</strong> excomunhão em que incorrera. O Servo de Deus<br />

recebeu-o com amor, hospedou-o, matou-lhe a fome, cortou-lhe os cabelos,<br />

fez-lhe a tonsura e pregou-lhe durante uns dias o santo retiro preparatório para<br />

a execução <strong>da</strong> sentença, que era a absolvição <strong>da</strong> excomunhão e o perdão dos<br />

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pecados que cometera em sua vi<strong>da</strong>.<br />

Amor é <strong>Congregação</strong>. Entre to<strong>da</strong>s as coisas <strong>da</strong> terra o que lhe ficava mais<br />

perto do coração, a receber as suas cáli<strong>da</strong>s pulsações, era, sem dúvi<strong>da</strong>, a <strong>Congregação</strong>.<br />

<strong>Clemente</strong> era Redentorista e gloriava-se dessa honra; pela <strong>Congregação</strong><br />

estava pronto a <strong>da</strong>r seu sangue e sua vi<strong>da</strong>. Não se esquecia jamais do<br />

momento em que, pobre padeiro de Viena, fora em Roma recebido no noviciado<br />

de <strong>São</strong> Julião, onde se preparou para a vi<strong>da</strong>, emitindo, depois do noviciado, os<br />

santos votos que o prenderam para sempre à <strong>Congregação</strong>. Em Roma bebera,<br />

em largos tragos, o espírito de Sto. Afonso, que não é outro senão o espírito de<br />

oração e de amor ardente a Jesus e a Virgem Santíssima. A <strong>Congregação</strong> ficou<br />

sendo sua mãe espiritual, e as santas Regras, o livro santo, que lhe interpretava<br />

a vontade divina , o código pelo qual seria julgado um dia pelo Juiz eterno.<br />

Lia e decorava esse complexo de leis e avisos, observava-os com o maior<br />

escrúpulo, não só nos pontos capitais e de maior importância, mas em todos os<br />

pormenores e no espírito, com que foram confeccionados. Embora nos últimos<br />

anos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> não pudesse residir em um convento propriamente dito, mas só<br />

em uma casa particular, nunca deixou de observar o horário prescrito pela Regra,<br />

mesmo nos dias de maior trabalho e ocupação. Com seus Superiores em<br />

Roma entretinha a mais exata correspondência epistolar, pondo-os sempre ao<br />

par de tudo quanto se passava na Áustria e na Suíça, ou consultando-os a<br />

respeito dos mais importantes projetos. Isso é tanto mais admirável, quanto<br />

mais difíceis eram as circunstâncias do tempo, em que o josefismo procurava<br />

impedir to<strong>da</strong> e qualquer comunicação com Roma.<br />

Quanto à observância regular era ele de uma exatidão admirável. Aos<br />

Redentoristas é proibido, pela Regra, o uso <strong>da</strong> se<strong>da</strong>, por ser esta objeto de luxo<br />

e não ficar bem a um simples Religioso. Aconteceu ficar <strong>Clemente</strong> atacado na<br />

laringe de um incômodo, proveniente dos esforços feitos na pregação <strong>da</strong> palavra<br />

de Deus. Embora vítima de dores atrozes por causa dessa enfermi<strong>da</strong>de,<br />

nem por isso deixava de pregar oferecendo esses sofrimentos a Nosso Senhor<br />

pela conversão dos pecadores. Uma nobre senhora de Viena, notando que a<br />

voz lhe saia com dificul<strong>da</strong>de, teve compaixão e comprou-lhe um cache-nez de<br />

se<strong>da</strong>, para o defender do frio e <strong>da</strong> constipação. <strong>Clemente</strong> meneou a cabeça, a<br />

sorrir, e disse: “Minha filha, a um Redentorista não é permitido o uso de objetos<br />

de se<strong>da</strong>”. Notando que a pobre senhora se entristecera com essa palavra, não<br />

querendo magoá-la, acrescentou: “Se a senhora deseja obsequiar-me e faz<br />

questão disso, eu aceito um cache-nez de lã”. Em outro lugar desta obra temos<br />

já considerado o Santo como Superior, e visto o seu zelo pela observância<br />

regular entre os confrades, mormente em se tratando do amor à pobreza, que é<br />

a essência <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> religiosa. <strong>Clemente</strong> não deixava de repreender qualquer<br />

defeito ou falta contra a santa obediência. O Pe. Sabelli era um tanto voluntarioso,<br />

e não poucas vezes gostava de seguir a sua opinião com prejuízo <strong>da</strong> observância<br />

e <strong>da</strong> ordem; estando ele um dia já paramentado para começar a missa,<br />

o Santo, querendo provar-lhe a obediência, entrou na sacristia e sem outros<br />

preâmbulos mandou-o desparamentar-se. Sabelli que estava então de bom<br />

humor, tirou os paramentos sem nem franzir a fronte em sinal de desaprovação.<br />

O Santo ficou satisfeito com a obediência do padre e permitiu-lhe celebrar. Em<br />

outra ocasião mandou chamar à sacristia o padre Martinho Stark, que estava

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