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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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meio-dia.<br />

Aos sábados abstinha-se de todo e qualquer alimento até à noitinha, em<br />

louvor <strong>da</strong> Santíssima Virgem; a sua única bebi<strong>da</strong> era a água fresca. “Olha, disse<br />

ele uma vez a um de seus padres, o missionário deve ser mortificado, porque<br />

do contrário não <strong>da</strong>rá conta do recado; até a i<strong>da</strong>de de 40 anos eu não provei<br />

uma gota de vinho”. Só nos últimos três anos de vi<strong>da</strong> é que tomava, à noite, um<br />

pequeno cálix de vinho quando voltava muito cansado e extenuado de alguma<br />

visita aos doentes ou aos pobres de Viena. Nessas ocasiões levantava os olhos<br />

ao céu em sinal de gratidão para com Deus e dizia: “O vinho é um dom de Deus<br />

para restabelecer as forças aos velhos”. O gosto <strong>da</strong> cerveja o Santo não chegou<br />

a conhecer nos setenta anos <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>. Quando convi<strong>da</strong>do a outras casas<br />

para as refeições, nunca louvava as comi<strong>da</strong>s, como geralmente se faz, nem<br />

procurava adular o cozinheiro; comia pouco deixando intactos os pratos delicados<br />

e de luxo.<br />

Não queremos terminar estes capítulo, sem <strong>da</strong>r aos leitores uma explicação<br />

necessária. As expressões fortes que conhecemos de <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> a respeito<br />

do sexo feminino, como as já menciona<strong>da</strong>s e outras como esta: “Dou graças<br />

a Deus que não sou mulher nem tenho mulher” não denotam, absolutamente,<br />

aversão do Santo ao sexo feminino e às suas excelentes quali<strong>da</strong>des. Seria<br />

um engano pensar assim. Para compreendermos bem essas expressões devemos<br />

ter ante os olhos o fim pe<strong>da</strong>gógico delas; foram dirigi<strong>da</strong>s geralmente a<br />

estu<strong>da</strong>ntes ou a jovens clérigos. Além disso <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> queria acentuar,<br />

com elas, as fraquezas do caráter feminino, que podem ser um perigo tanto<br />

para a mulher como para o homem. Mas quem é que ignora os grandes elogios,<br />

a ilimita<strong>da</strong> admiração que ele tinha e exprimia a respeito dos grandes vultos<br />

femininos de Viena, que se impunham por suas excelsas virtudes e profun<strong>da</strong><br />

pie<strong>da</strong>de? É certo que no trato com senhoras ele era bem mais retraído do que<br />

quando li<strong>da</strong>va com homens ou rapazes. E justamente esse retraimento, em vez<br />

que se manifestava a sua iliba<strong>da</strong> pureza, é que atraía irresistivelmente para<br />

Deus as senhoras santas e piedosas, infiltrando-lhes ilimita <strong>da</strong> confiança no<br />

Santo.<br />

CAPÍTULO XX<br />

91<br />

O Coração bondoso<br />

Os princípios mun<strong>da</strong>nos — Humil<strong>da</strong>de necessária — O defensor dos oprimidos<br />

— O coração grato — Deogratias — Louvores humanos — Humil<strong>da</strong>de de<br />

fato — Oculta os dons sobrenaturais — Humilhações na vi<strong>da</strong> — O blasfemador<br />

arrependido — O perdão generoso.<br />

Não há coisa tão desprezível aos olhos dos mun<strong>da</strong>nos como a humil<strong>da</strong>de.<br />

Outrora humil<strong>da</strong>de era sinônimo de baixeza e vileza — aos pagãos modernos é<br />

ela um atentado contra a razão humana, uma indigni<strong>da</strong>de para o homem. Com<br />

os princípios do mundo contrasta a idéia <strong>da</strong> virtude cristã. A humil<strong>da</strong>de como<br />

virtude é o conhecimento efetivo <strong>da</strong> completa sujeição <strong>da</strong> criatura ao Criador e<br />

<strong>da</strong>s imperfeições, fraquezas e pecaminosi<strong>da</strong>de do nosso ser. Para que a humil<strong>da</strong>de<br />

seja uma virtude cristã, deve conter não só o reconhecimento do nosso<br />

na<strong>da</strong>, mas ain<strong>da</strong> a aceitação voluntária desse reconhecimento, e a sua aplicação<br />

à vi<strong>da</strong>. Essa virtude brilhou de modo heróico em todos os Santos que procuraram<br />

imitar a Jesus que disse: “Aprendei de mim que sou humilde de coração”.<br />

Modelo consumado dessa virtude era o nosso <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>.<br />

Esquecido de quanto fizera em Varsóvia e em Viena dizia com convicção:<br />

“Na<strong>da</strong> posso fazer; o pouco que trabalhei e consegui, foi Deus quem fez por<br />

mim; não passo de indigno instrumento nas mãos de Deus”. Sempre que lhe<br />

acontecia algum mau resultado atribuía-o a seus pecados e à sua inabili<strong>da</strong>de:<br />

“Oh! se em to<strong>da</strong> a minha vi<strong>da</strong> eu tivesse correspondido à graça, dizia ele, quanto<br />

bem não teria Deus operado por meu intermédio!” Isso não era só amplificação<br />

retórica ou frase vazia nos lábios de <strong>Clemente</strong>, mas pura convicção pessoal,<br />

embora saibamos ser isso simplesmente fruto <strong>da</strong> sua profun<strong>da</strong> humil<strong>da</strong>de.<br />

<strong>Clemente</strong> era de natureza irascível, possuía um temperamento fogoso que logo<br />

fazia o sangue ferver nas veias; o Santo porém vencia-se, domava o seu natural,<br />

e mesmo que a alma sentisse os ímpetos furibundos de uma cólera violenta,<br />

não perdia o equilíbrio conservando-se tranqüilo no meio <strong>da</strong>s tempestades,<br />

e até nessas horas críticas, muitas vezes, o sorriso enflorava-lhe os lábios, como<br />

se nenhuma luta sentisse interiormente. Nos momentos mais difíceis, nos combates<br />

mais renhidos, percebendo que a força resistente se lhe esgotava, levantava<br />

os olhos ao céu pedindo a proteção d’Aquele que estendia seus braços e<br />

as on<strong>da</strong>s encapela<strong>da</strong>s e revoltosas se acalmavam. “A mortificação <strong>da</strong> carne,<br />

dizia ele, não é absolutamente necessária à salvação, nem é tão difícil, mas a<br />

repressão interna <strong>da</strong> própria vontade e do amor próprio é penosa, e não obstante,<br />

imprescindível para a aquisição <strong>da</strong>s virtudes cristãs”. O Servo de Deus longe de<br />

se entristecer com o seu temperamento ríspido e colérico, conformava-se com

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