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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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magnífico onde poderia servir a Deus com liber<strong>da</strong>de e amor, entregando-se às<br />

doçuras e às delícias <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> no século que lhe seria um paraíso, mostrou-lhe a<br />

incomparável beleza <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de, que nos dá direito de viver à vontade, os<br />

encantos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> familiar, os enlevos do matrimônio etc. Tenta<strong>da</strong> dessa forma a<br />

pobre donzela sentiu sau<strong>da</strong>des do mundo e asco <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> religiosa; lágrimas,<br />

em torrentes, lavavam-lhe as faces encova<strong>da</strong>s, lágrimas de arrependimento de<br />

haver entrado no convento. A única consolação que ain<strong>da</strong> lhe restava era a<br />

possibili<strong>da</strong>de de voltar ao mundo e aos seus encantos e divertimentos. A donzela<br />

aprontou a roupa e todos os seus apetrechos, resolvi<strong>da</strong> a voltar as costas a<br />

Jesus. Marca<strong>da</strong> a hora <strong>da</strong> saí<strong>da</strong>, sentia na ância de partir a vagareza do relógio.<br />

Momentos antes de abandonar o convento apareceu <strong>Clemente</strong> a quem ela<br />

não participara coisa alguma a respeito, aproximou-se dela e disse: “Francisca,<br />

fica no convento, porque foi Deus quem te chamou”. A donzela tremeu vendo-se<br />

conheci<strong>da</strong> por seu confessor, a quem tudo ocultara; percebeu que o Servo de<br />

Deus lia não só nos livros mas também nos corações, sentiu-se envergonha<strong>da</strong><br />

e implorou o perdão. Pouco depois a postulante pediu e recebeu o hábito, e<br />

viveu uma vi<strong>da</strong> santa e exemplar, atingindo a i<strong>da</strong>de de oitenta anos, sem compreender<br />

jamais como é que o demônio a podia enganar <strong>da</strong>quela forma.<br />

Havia em o convento uma Irmã por nome Jacoba, que entrara na <strong>Congregação</strong><br />

no mesmo dia em que o Servo de Deus tomara posse do cargo de confessor<br />

<strong>da</strong>s Irmãs. Sentia-se em extremo feliz no convento, donde não queria<br />

sair por coisa nenhuma deste mundo. Satanás, que não ignorava isso, começou<br />

a tratá-la por outra forma. Enfermi<strong>da</strong>des fortes abateram o físico <strong>da</strong> pobre noviça,<br />

que enfraqueci<strong>da</strong> e extremo temeu ser, por imprestável, expulsa do convento;<br />

a tristeza apoderou-se de sua alma, prostrando-a ain<strong>da</strong> mais que o corpo;<br />

sincera e franca, foi desabafar o coração junto do seu sábio Diretor espiritual<br />

que, o sorriso nos lábios, derramou em sua alma tortura<strong>da</strong> o suave bálsamo de<br />

real consolação dizendo-lhe: “Farás a profissão religiosa, recuperarás a saúde<br />

e sobreviverás a muitas que agora estão de faces rosa<strong>da</strong>s”. Essas palavras<br />

soaram doces e agradáveis aos ouvidos <strong>da</strong> boa noviça, que to<strong>da</strong>via não lhes<br />

deu muito crédito, por não terem nenhuma aparência de ver<strong>da</strong>de. A noviça, de<br />

fato, continuou a guar<strong>da</strong>r o leito, e a enfermi<strong>da</strong>de se agravava na medi<strong>da</strong> que se<br />

aproximava o dia <strong>da</strong> profissão. Desconfia<strong>da</strong> a noviça manifestou novamente<br />

seus temores ao santo Diretor, declarando ter pouca esperança de recuperar a<br />

saúde e permanecer na <strong>Congregação</strong>: O Santo, longe de se perturbar, disselhe<br />

ain<strong>da</strong> com mais energia:... “farás a profissão, e na i<strong>da</strong>de de 28 anos estarás<br />

inteiramente cura<strong>da</strong> e ficarás ain<strong>da</strong> uma bruaca velha”. A enferma necessitava<br />

<strong>da</strong> saúde aos 24 anos em que deveria professar, e o Santo só lhe prometia a<br />

cura quatro anos mais tarde!<br />

As irmãs conselheiras reuniram-se para tomar uma resolução definitiva a<br />

respeito de Jacoba e, a uma voz, declararam que o convento não é hospital,<br />

mas casa de oração e trabalho, e já que a condição para alguém ser recebido<br />

na <strong>Congregação</strong> é possuir não só boa vontade e nobre coração, mas também<br />

saúde bastante para executar os pesados deveres <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> religiosa, decidiram<br />

que a noviça Jacoba não podia fazer os votos, devendo voltar quanto antes para<br />

casa. Antes porém <strong>da</strong> execução definitiva, a Superiora pediu o parecer de <strong>Clemente</strong>,<br />

que disse sem mais preâmbulos: “Deixem-na fazer os votos, ela recupe-<br />

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rará a saúde e prestará relevantíssimos serviços à comuni<strong>da</strong>de”. A autori<strong>da</strong>de<br />

de <strong>Clemente</strong> foi decisiva e a noviça fez a profissão dos votos. A profecia de<br />

<strong>Clemente</strong> realizou-se à risca: Jacoba sobreviveu a to<strong>da</strong>s as irmãs que naquela<br />

época se achavam no convento; cinqüenta anos mais tarde festejou as bo<strong>da</strong>s<br />

de ouro de sua profissão religiosa com saúde perfeita e força invejável, embora<br />

contasse então na<strong>da</strong> menos de 76 anos de i<strong>da</strong>de!<br />

Os cui<strong>da</strong>dos paternais de <strong>Clemente</strong> não se limitavam apenas ao convento<br />

<strong>da</strong>s Ursulinas, estendiam-se em geral a to<strong>da</strong>s as religiosas procurando suavizar-lhes<br />

o jugo <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> claustral. A Irmã Jacoba, <strong>da</strong> qual acabamos de falar,<br />

nobre de nascimento, era extremamente nervosa e irascível. Ao voltar uma vez<br />

<strong>da</strong> escola achou-se exausta de forças e sentia necessi<strong>da</strong>de de repouso no silêncio<br />

<strong>da</strong> sua cela. Possuidora porém de grande força de vontade, venceu-se e<br />

obedeceu à Regra que a chamava, e na capela diante de Jesus Sacramentado,<br />

desabafou, em fervorosas preces, o seu coração. Inespera<strong>da</strong>mente chega a<br />

Mestra <strong>da</strong>s noviças e man<strong>da</strong>-a ao confessionário. Ah, isso era demais para a<br />

nobre baronesa que enfraqueci<strong>da</strong> cai de nervosia e susto. Obediente e virtuosa,<br />

faz um esforço sobre-humano, levanta-se e dirige-se ao confessionário, onde<br />

declara suas culpas com a sinceri<strong>da</strong>de de uma criança, mas não diz palavra<br />

sobre sua doença e fraqueza. <strong>Clemente</strong> que conhecia bem a penitente e ouvira<br />

quanto se passara na capela, quis <strong>da</strong>r-lhe uma boa lição de que nunca se esquecesse<br />

em sua vi<strong>da</strong>; no fim <strong>da</strong> confissão acrescentou: “As mulheres têm um<br />

gosto especial de prorromper em suspiros e lamentações”.<br />

A noviça meditou nas palavras do Santo e achou que realmente as mulheres<br />

se servem <strong>da</strong>s lágrimas e dos soluços como armas poderosas, para mover<br />

os corações dos homens, para os dominar e para chamar sobre si a atenção de<br />

todos. Jacoba sentiu-se envergonha<strong>da</strong> dessa fraqueza e <strong>da</strong>li por diante esforçou-se<br />

por sofrer cala<strong>da</strong> e com calma por amor de Deus.<br />

O sonho dourado de <strong>Clemente</strong> era de transformar os corações <strong>da</strong>s suas<br />

dirigi<strong>da</strong>s em outros tantos jardins mimosos, onde brotassem e medrassem as<br />

mais belas flores <strong>da</strong>s virtudes cristãs e religiosas. Além <strong>da</strong> obediência e humil<strong>da</strong>de<br />

aprazia-se em inculcar-lhes o amor <strong>da</strong> cruz, que ele próprio pregava constantemente<br />

com o seu exemplo; costumava dizer: “Amar a Deus é um bem tão<br />

grande que não o poderemos descrever com palavras humanas, porém um<br />

bem ain<strong>da</strong> maior é sofrer por amor de Jesus. Deus e os sofrimentos são bemaventurança<br />

suprema”. Sempre que alguma Irmã conversa tinha de carregar<br />

lenha, esca<strong>da</strong> acima, <strong>Clemente</strong> man<strong>da</strong>va rezar: “Ó Jesus, permiti que eu vos<br />

ajude um pouco carregando convosco esta cruz pesa<strong>da</strong>”.<br />

A Irmã Thadéa nos deixou escritas as admoestações que o Servo de Deus<br />

costumava fazer às irmãs: “Amar a Deus é um bem indizível; o amor de Jesus<br />

seja o motivo de to<strong>da</strong>s as vossas boas ações; a vontade divina seja a vossa lei;<br />

a honra e o contentamento divino o vosso alvo; nas tentações não percais a<br />

paciência, mas alegrai-vos; atirai-vos nos braços <strong>da</strong> Providência; não murmureis<br />

nunca contra as disposições divinas, mesmo que vos sintais interior e exteriormente<br />

abandona<strong>da</strong>s; a tristeza vem do inferno e oprime o coração”.

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