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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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mente sua mãe e gostava de falar dela com respeito e veneração. Quando já<br />

avançado em anos, agradecia ain<strong>da</strong> a Nosso Senhor o ter-lhe <strong>da</strong>do uma mãe<br />

tão santa e virtuosa; ca<strong>da</strong> vez que, mais tarde, em suas viagens empreendi<strong>da</strong>s<br />

para o bem <strong>da</strong> <strong>Congregação</strong> ou <strong>da</strong>s almas, passava por perto do lugar, onde se<br />

achava a sepultura de sua queri<strong>da</strong> mãe, fazia uma visita, breve embora, ao seu<br />

túmulo, ajoelhava-se respeitosamente umedecendo com suas lágrimas a terra<br />

que ocultava o precioso tesouro do seu coração.<br />

Para o coração filial de <strong>Clemente</strong>, em extremo impressionável para o bem,<br />

tinham grande valor e importância os exemplos de sua mãe. Como esta, amava<br />

<strong>Clemente</strong> a oração e a casa de Deus; ao vê-lo ajoelhado ao lado <strong>da</strong> queri<strong>da</strong><br />

progenitora, as mãozinhas postas, o rosto inocente inspirando santa serie<strong>da</strong>de<br />

e os olhos fitos no tabernáculo ou em alguma imagem <strong>da</strong> Santíssima Virgem,<br />

não havia quem não se comovesse tomando-o por um anjinho descido do céu.<br />

Sentia viva alegria em aproximar-se o mais possível, de Jesus a quem<br />

tanto amava; gostava de servir à missa por se achar assim mais perto do Menino<br />

Deus, vivo sobre o altar debaixo <strong>da</strong>s espécies sacramentais. Já nessa i<strong>da</strong>de<br />

era o rosário a sua oração predileta; aos sábados, consagrados à Santíssima<br />

Virgem, não sossegava enquanto não fizesse alguma devoção especial em louvor<br />

de sua mãe celestial. Se, às vezes, recebia alguma gratificação por seus<br />

servicinhos ao altar, economizava o dinheiro para depois ir ter com o vigário e<br />

man<strong>da</strong>r celebrar uma missa por intenção dos seus ou <strong>da</strong>s almas do purgatório.<br />

A sua vocação de apóstolo do bem, recebeu-a <strong>Clemente</strong> em seus verdes<br />

anos. Um belo dia, acompanhando sua mãe a um lugar um pouco retirado de<br />

Tasswitz, encontrou de caminho algumas pessoas de seu parentesco que se<br />

distraíam em agradável passeio. Como de costume em tais ocasiões, perguntou-lhes<br />

a mãe de <strong>Clemente</strong>, como iam de saúde, para onde se dirigiam e o que<br />

estavam a fazer; a esta última pergunta os parentes responderam: “Estamos<br />

passando o tempo”. <strong>Clemente</strong> não compreendeu bem essa última expressão;<br />

feitas as despedi<strong>da</strong>s retiraram-se, mas o menino preocupado puxa de leve o<br />

vestido de sua mãe e pergunta-lhe: “Mamãe, que quer dizer isto: ‘estamos passando<br />

o tempo’?” Ao receber a explicação encheu-se o pequeno de santa indignação<br />

e, com ar de indescritível gravi<strong>da</strong>de disse: “Mamãe, quando a gente não<br />

tem o que fazer, deve rezar!” Que bela palavra! que ensinamento salutar para<br />

tantos adultos que, esquecidos <strong>da</strong> eterni<strong>da</strong>de, se preocupam quase que exclusivamente<br />

com a terra pensando encontrar nela o paraíso! Essa palavra, pronuncia<strong>da</strong><br />

por <strong>Clemente</strong> em tão tenra i<strong>da</strong>de, foi a norma de sua vi<strong>da</strong>, como<br />

veremos mais tarde; sempre se manifestou inimigo <strong>da</strong> expressão “passatempos<br />

e divertimentos” etc.<br />

Bela educação essa, <strong>da</strong><strong>da</strong> por uma mulher simples do meio do povo! e ela<br />

soube, segundo os ditames do seu coração reto, desenvolver e educar rica e valorosamente<br />

as disposições sobrenaturais coloca<strong>da</strong>s tão prodigamente por Deus no<br />

coração de seu filhinho. Já na infância de <strong>Clemente</strong> se revelaram claramente os<br />

traços que o distinguiram mais tarde: a sensibili<strong>da</strong>de extraordinária para as orações<br />

do Espírito Santo, a vi<strong>da</strong> num mundo superior, a clara e profun<strong>da</strong> compreensão <strong>da</strong><br />

ver<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fé, o apóstolo <strong>da</strong> oração, o relacionamento com as grandes e as pequenas<br />

questões <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, o herói <strong>da</strong> mortificação, o pai dos pobres e dos órfãos. Eis o<br />

que vale a educação <strong>da</strong><strong>da</strong> por uma mãe virtuosa e santa.<br />

CAPÍTULO II<br />

8<br />

Os primeiros estudos<br />

Procura um ofício — Os sentimentos nobres — O <strong>São</strong> Cristóvão — No<br />

convento dos Premonstratenses — A grande carestia — Entre os seminaristas<br />

do Convento — Dificul<strong>da</strong>de nos estudos.<br />

<strong>Clemente</strong> havia já entrado nos seus catorze anos. Depois de abandonar o<br />

banco escolar onde fora um dos alunos mais aplicados e estudiosos, pôs-se a<br />

aju<strong>da</strong>r sua mãe no cultivo do vinhedo e do campo, alegrando sempre a todos<br />

com o seu semblante risonho e com o seu comportamento exemplar; não havia<br />

quem não sentisse viva satisfação em se achar na companhia do filho do cortador<br />

de Tasswitz. Mas na medi<strong>da</strong> que os anos se iam, mu<strong>da</strong>va-se tudo ao redor de<br />

<strong>Clemente</strong>. Seu pai, já de há muito, havia falecido e junto dele repousavam no<br />

silêncio do túmulo quatro irmãs e três irmãos de <strong>Clemente</strong>. Os outros, pobres<br />

também, já se haviam espalhado em direções diversas a cata de negócios ou<br />

ocupações que lhes garantissem a subsistência. Era pois tempo de <strong>Clemente</strong><br />

decidir-se a começar a carreira de sua vi<strong>da</strong>. Um único ideal pairava então ante<br />

o seu espírito: sua alma inocente e pura sentia ternas sau<strong>da</strong>des do interior do<br />

Santuário do Senhor e ele só desejava alistar-se entre os ministros do Altíssimo<br />

pelo Sacerdócio. <strong>Clemente</strong> queria ser padre para oferecer a Deus o santo Sacrifício<br />

dos nossos altares, anunciara do alto do púlpito a palavra divina, converter<br />

os pecadores, perdoar as culpas ao pecador contrito depois de investido <strong>da</strong><br />

digni<strong>da</strong>de sacerdotal, superior à dos reis e imperadores. Esse era também o<br />

sonho dourado <strong>da</strong> sua mãe, cujo coração estremecia de júbilo só em pressentir<br />

a dita de ver um dia o seu filho sacerdote, intermediário <strong>da</strong>s bênçãos celestes<br />

entre Deus e o homem! Mas — pobrezinho! — <strong>Clemente</strong> não dispunha dos<br />

meios, sem os quais o estudo se torna impossível e por isso, o coração sangrava-lhe<br />

no peito; teve de renunciar, talvez para sempre, à mais queri<strong>da</strong> aspiração<br />

de sua alma — não podia ser padre. Não havia outro remédio, era forçoso aprender<br />

um ofício qualquer para o sustento <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. O ofício de seu pai não lhe era<br />

simpático, parecia-lhe demasiado cruel; preferiu o ofício de padeiro. Entrou pois<br />

como aprendiz na casa de um dos melhores e mais afamados padeiros <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de, senhor de uma honesti<strong>da</strong>de a to<strong>da</strong> prova, católico praticante Estava<br />

pois bem colocado; seu novo mestre não queria fazer dele somente um bom<br />

padeiro mas, sobretudo, um cristão adornado de virtudes, alheio às tabernas,<br />

aos divertimentos perigosos e aos princípios subversivos que conduzem o pobre<br />

operário ao desprezo <strong>da</strong> autori<strong>da</strong>de, ao ouvido de Deus, às blasfêmias e à<br />

vi<strong>da</strong> dissoluta. <strong>Clemente</strong> lá esteve três anos a trabalhar e a exercer-se na prática<br />

<strong>da</strong>s virtudes necessárias a um operário piedoso. Trabalhava sim, mas seu

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