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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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até hediondos os paramentos, porque isso não era questão de religião, mas só<br />

de sentimentos estéticos. Uma terceira dificul<strong>da</strong>de, a maior de to<strong>da</strong>s, causavalhe<br />

espanto, não podia compreender, como é que alguém pode rezar aos Santos<br />

e implorar-lhes a proteção; achava que era uma ingratidão monstruosa para<br />

com Deus, depositar em outros e não nele a sua confiança. Na hora não quis o<br />

Servo de Deus <strong>da</strong>r-lhe uma explicação completa e teológica sobre a veneração<br />

dos Santos, contentou-se em dizer-lhe: “Se a senhora não quiser invocar os<br />

Santos, não os invoque; isso não impede que a senhora seja católica”.<br />

Augusta estava satisfeita, não tinha já dúvi<strong>da</strong>s em seu espírito: não precisava<br />

adorar o papa, nem louvar os paramentos, nem rezar aos Santos, e podia<br />

assim mesmo ser católica como suas duas irmãs. Em pouco tempo abjurou a<br />

heresia e, anos depois, entrou no convento <strong>da</strong>s Visitandinas onde professou e<br />

morreu santamente. — Enquanto tudo isso se passava Pilat, achava-se na França<br />

e ignorava o ocorrido em Viena. Ao voltar estranhou a mu<strong>da</strong>nça, mas não se<br />

perturbou; embora católico de batismo, pouco ou na<strong>da</strong> se incomo<strong>da</strong>ra com a<br />

religião, nunca sofrera dor de cabeça nem reumatismo nos joelhos por causa<br />

de orações demasia<strong>da</strong>s, nem dor de estômago por rigorosos jejuns; era um<br />

desses que acham a religião boa para as mulheres que não têm o que fazer e<br />

para as crianças que se deixam facilmente atemorizar, mas nunca para os homens,<br />

espíritos fortes, que só crêem o que vêem, e que não têm tempo a perder<br />

nas igrejas, reuniões etc; achava que to<strong>da</strong> a religião é boa, contanto que se seja<br />

um homem honesto. Essa idéia que bebera na maçonaria, acompanhou-o sempre,<br />

fazendo dele um adorador <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de e <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> cômo<strong>da</strong>. Sua esposa<br />

tornou-se-lhe anjo <strong>da</strong> guar<strong>da</strong> e incansável apóstola. E Pilat a idolatrava! Suplicou-lhe<br />

com lágrimas nos olhos, renunciasse à maçonaria que sob o manto <strong>da</strong><br />

humani<strong>da</strong>de e filantropia, só tem por fim exterminar a Igreja, derrubar os altares<br />

e os tronos e sobre as suas ruínas levantar o trono <strong>da</strong> revolução, pediu-lhe que<br />

se tornasse católico prático, para assim possuir a paz <strong>da</strong> alma. Aos pedidos<br />

pessoais uniu orações fervorosas e por fim levou-o ao Santo para que o instruísse<br />

e arrancasse <strong>da</strong>s garras <strong>da</strong> maçonaria. <strong>Clemente</strong> não tardou a ouvi-lo de<br />

confissão, tomou-lhe as insígnias <strong>da</strong> maçonaria: o avental, a colher, o diploma.<br />

Desde esse dia Antônio Pilat foi um dos mais assíduos penitentes de <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>,<br />

e isso não obstante a posição nobre que ocupava na quali<strong>da</strong>de de secretário<br />

do príncipe Metternich.<br />

Para se fazer idéia <strong>da</strong> probi<strong>da</strong>de de Pilat, basta ouvir o que escreveu dele<br />

seu confessor depois de <strong>Clemente</strong>: “Para ir ao escritório, Antônio Pilat tinha de<br />

passar perto <strong>da</strong> Bolsa; um dia chegou-se perto dele um cambista que lhe sussurrou<br />

alguma coisa ao ouvido. Prometeu-lhe enorme quantia, se, quando passasse<br />

no dia seguinte, lhe dissesse uma palavra ao ouvido, ain<strong>da</strong> que fosse só<br />

‘Bom dia’. Embora com essa única palavra pudesse ganhar uma boa fortuna,<br />

Pilat não a quis pronunciar para não concorrer para um manejo injusto. Compreendeu<br />

que o homem se queria servir <strong>da</strong> palavra, que ele, secretário do príncipe<br />

Metternich, lhe diria com ar misterioso para lançar uma notícia de sensação<br />

a assegurar assim o êxito de uma especulação arrisca<strong>da</strong>”.<br />

Na casa de Pilat encontrou-se <strong>Clemente</strong> com um senhor muito conhecido<br />

nas altas ro<strong>da</strong>s sociais, por nome Frederico Schlosser, aparentado com o célebre<br />

Goethe. Poliglota e poeta, escreveu numerosas obras sobre poesia, arte e<br />

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política, merecendo ser encarregado pela ci<strong>da</strong>de de Frankfurt de importantes<br />

negócios no congresso de Viena. O caráter de Schlosser era nobre, e seu coração<br />

bondoso e amigo dos pobres e necessitados. Era protestante somente por<br />

ter nascido e ser educado na heresia. Sua esposa, francesa e calvinista, levava<br />

o belo nome de Sofia. Deus chamou-os à Igreja por caminhos bem diversos dos<br />

outros. Sofia notou logo com bastante dissabor que as pessoas, que a rodeavam,<br />

não tinham ver<strong>da</strong>deira paz, nem encontravam alegria para o seu coração,<br />

embora fossem abasta<strong>da</strong>s e se pudessem conceder todos os gozos imagináveis.<br />

Compreendendo que a paz <strong>da</strong> alma não se compra com dinheiro nem se<br />

aspira como o ar, por ser ela uma flor que só nasce no jardim do coração, pôsse<br />

a refletir sobre a causa de ela não nascer nos corações protestantes. Frederico<br />

também carecia dessa tranqüili<strong>da</strong>de íntima e de bom grado <strong>da</strong>ria tudo para<br />

consegui-la. Desanima<strong>da</strong> pôs-se Sofia a rezar e a freqüentar com mais assidui<strong>da</strong>de<br />

o templo calvinista; porém debalde. Em Viena, na residência de Pilat, teve<br />

ocasião de considerar a estranha visão que tanto procurava; lá foi-lhe <strong>da</strong>do<br />

contemplar um homem de cujos olhos transparecia a calma e a tranqüili<strong>da</strong>de<br />

d’alma: era <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, que sempre a sorrir possuía o condão de atrair os<br />

corações com suas palavras serenas e seus modos delicados. Sofia pôs-se a<br />

estu<strong>da</strong>r aquele sacerdote católico e não tardou a descobrir que aquela paz era<br />

o efeito do amor de Deus e <strong>da</strong> dedicação à Santa Igreja; assistiu às pregações<br />

do Servo de Deus em Sta. Úrsula que lhe satisfizeram plenamente tanto pela<br />

simplici<strong>da</strong>de do fraseado como pela profundeza <strong>da</strong> argumentação. Um dia ouviu<br />

<strong>Clemente</strong> sobre o seu trema predileto: a Igreja Católica, sua beleza celeste,<br />

e glória admirável, salientando-a com a destreza de seu pincel de mestre e as<br />

chamas <strong>da</strong> sua fé; na peroração disse o Santo: “Conhecem-na, porém, só aqueles<br />

que nela vivem e que têm a felici<strong>da</strong>de de ser seus filhos”. Sofia sentiu-se toca<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> graça, foi ter com <strong>Clemente</strong>, levou-lhe também seu esposo, e depois de<br />

instruídos foram recebidos os dois no mesmo dia, na Igreja Católica. Tornaramse<br />

amigos do Servo de Deus, que muitas vezes os convidou ao café, servindoos<br />

por suas próprias mãos e entretendo-os familiarmente, de sorte que mais<br />

tarde Sofia pôde afirmar, nunca ter tido horas tão felizes na vi<strong>da</strong> como aquelas<br />

que passaram em companhia de <strong>Clemente</strong>. O Santo sacrificava seu tempo atendendo<br />

a essa família, porque previa o grande bem espiritual que dos seus esforços<br />

proviria às almas. E de fato, essa senhora tornou-se benemérita do culto<br />

religioso pelas inúmeras poesias sacras que traduziu do italiano, espanhol, português,<br />

francês, inglês etc. Essas poesias, belíssimas na forma, foram publica<strong>da</strong>s<br />

por ma<strong>da</strong>me Schlosser em 7 volumes.<br />

Entre as muitas almas reconduzi<strong>da</strong>s por <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> ao seio <strong>da</strong> Igreja<br />

Católica, contava-se a esposa de A<strong>da</strong>m Müller, célebre filósofo, estadista consumado,<br />

e homem de confiança de Metternich, que o encarregara de negócios<br />

e cargos importantíssimos. O próprio A<strong>da</strong>m Müller no meio de tantas honrarias<br />

conservou-se sempre humilde e deixou-se guiar em tudo como uma criança por<br />

<strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, seu diretor espiritual. Sua esposa porém era luterana; ao ouvir<br />

as pregações e instruções do Servo de Deus começou a admirar a beleza <strong>da</strong><br />

Igreja e a compreender o erro do protestantismo, mas receava passar ao catolicismo<br />

pelo temor de uma bagatela que lhe causava extraordinária impressão:<br />

temia a penitência que <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> lhe iria impor na confissão por ela se

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