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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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Klinkowström não tardou a relacionar-se com a família de Frederico Schlegel,<br />

que embora católica, se afeiçoava ao protestante Klinkowström. Num domingo,<br />

além de ir a missa, como é obrigação de todo católico, Frederico quis também<br />

assistir à reza e levou consigo o amigo protestante, que o acompanhou com<br />

gosto. Era um pouco tarde e, termina<strong>da</strong> a reza, o padre voltava já para a sacristia.<br />

Ao avistar o sacerdote Klinkowström abriu os olhos como que a perguntar,<br />

se estava a sonhar ou acor<strong>da</strong>do; aquele padre era o mesmo que lhe aparecera<br />

em Hamburgo, o pluvial era <strong>da</strong> mesma cor, tinha os mesmos adornos e era do<br />

mesmo feitio, fitou o rosto do sacerdote e reconheceu os mesmos traços, porém<br />

um tanto mais amáveis. Ao sair <strong>da</strong> igreja o nobre sueco interessou-se pelo<br />

sacerdote que acabava de presidir às funções, perguntou por seu nome e sua<br />

residência. Frederico Schlegel, penitente de <strong>Clemente</strong>, deu naturalmente to<strong>da</strong>s<br />

as informações, fez-lhe as melhores referências a respeito do Santo, de sorte<br />

que Klinkowström não se demorou em fazer-lhe uma visita na igreja dos Italianos,<br />

em que ele então se achava. O protestante foi recebido com to<strong>da</strong> a amabili<strong>da</strong>de<br />

e delicadeza pelo Reitor <strong>da</strong> igreja que o cativou totalmente. Como essas<br />

visitas se reproduzissem muitas vezes, teve <strong>Clemente</strong> ocasião de falar-lhe sobre<br />

a Igreja Católica, que é a única arca de salvação, sobre a falsi<strong>da</strong>de do<br />

Protestantismo e sobre a obrigação de pertencer à ver<strong>da</strong>deira Igreja de Jesus<br />

Cristo.<br />

Klinkowström, temendo ofender sua esposa que o idolatrava, não teve coragem<br />

de <strong>da</strong>r o passo decisivo, mas de lá em diante deixou de freqüentar o<br />

templo protestante; sentia gosto especial pelo culto católico na igreja dos Servitas,<br />

tomava porém cui<strong>da</strong>do em ocultar tudo isso à sua esposa. Como as mulheres<br />

são em geral desconfia<strong>da</strong>s e finas nas suas observações, esta não tardou a<br />

perceber a mu<strong>da</strong>nça em seu marido e já o supunha católico. Cheia de malícia<br />

perguntou um dia a seu esposo, porque é que não freqüentava mais o culto<br />

protestante, e porque ia todos os domingos ao templo católico. Surpreendido e<br />

desapontado com a pergunta, procurou Klinkowström um pretexto qualquer,<br />

que não lhe foi difícil encontrar: “É que amo a música, e esta lá na igreja dos<br />

Servitas é celestial e quase divina”. Embora a mulher não acreditasse muito<br />

nessas palavras do seu esposo, Klinkowström deu graças a Deus por haver<br />

encontrado tão depressa uma desculpa tão verosímil. <strong>Clemente</strong> do seu lado<br />

não insistia com o sueco, porque queria <strong>da</strong>r tempo ao tempo. Em 1813 rebentou<br />

a grande guerra com os franceses e Klinkowström com seu cunhado João Pilat<br />

teve de pegar em armas para defender a Pátria, ficando as duas jovens esposas<br />

a chorar a ausência dos maridos e a consolar-se mutuamente; nesses duros<br />

transes era <strong>Clemente</strong> o anjo consolador <strong>da</strong>quele lar. Embora protestantes,<br />

essas duas senhoras passavam os dias na oração e prática <strong>da</strong>s virtudes, para<br />

que Deus se compadecesse dos seus maridos. Para a ceia de Quinta-feira Santa<br />

prepararam-se com especial desvelo e cui<strong>da</strong>do e em chegando o grande dia,<br />

com todo o respeito se aproximaram do templo, executando a cerimônia do<br />

ritual protestante; nas orações, porém, permaneceram frias não sentindo alegria<br />

espiritual nem paz <strong>da</strong> alma. Nós católicos, compreendemos perfeitamente<br />

a causa <strong>da</strong> aridez espiritual <strong>da</strong>s duas senhoras, pois que os protestantes não<br />

têm ver<strong>da</strong>deira comunhão, nem sacerdócio como nós o temos, consagrado a<br />

Deus por um sacramento especial. Entristeci<strong>da</strong>s voltaram as duas para casa<br />

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silenciosas e cabisbaixas, sem coragem de comunicar uma à outra o que se<br />

lhes passava na alma. Em casa recomeçaram seus trabalhos costumados, até<br />

que uma interrompeu o silêncio: “Hoje tudo me enfastiou no templo; que modos<br />

grosseiros tinham os fiéis ao aproximarem-se <strong>da</strong> ceia do Senhor, fiquei indigna<strong>da</strong>!”<br />

Enquanto assim desabafavam seus corações, ouviram bater à porta; era<br />

<strong>Clemente</strong> que ia curar as duas almas. Notando a mu<strong>da</strong>nça opera<strong>da</strong> naquela<br />

casa, perguntou pela causa <strong>da</strong> tristeza inconcebível naquele dia de alegria, dia<br />

<strong>da</strong> ceia do Senhor, para a qual elas tanto se haviam preparado; as senhoras<br />

abriram os corações e não deixaram na<strong>da</strong> por contar. Foi para <strong>Clemente</strong> uma<br />

ocasião aza<strong>da</strong> para falar <strong>da</strong> insipidez do protestantismo; discorreu com entusiasmo<br />

e fogo e por fim acrescentou: “Se quiserdes a paz, fazei o que já vos tenho<br />

dito tantas vezes, despi as meias pretas 9 e renunciai ao protestantismo”. As<br />

senhoras ficaram pensativas; a Igreja Católica com suas belas cerimônias agra<strong>da</strong>va-lhes<br />

deveras, mas encontravam um grande empecilho para a sua conversão:<br />

era a confissão. Elisa, a mulher de Pilat, a sorrir, um tanto maliciosa levantou<br />

a voz e acentuou: “Mas a confissão... a confissão!” ao que S. <strong>Clemente</strong><br />

respondeu: “A confissão não vos custará a cabeça; fica por minha conta”. Experimentado<br />

na arte de dissipar temores, <strong>Clemente</strong> pôs-se a in<strong>da</strong>gar delas as<br />

circunstâncias pormenoriza<strong>da</strong>s <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong>, as alegrias e as tristezas que houveram<br />

no mundo etc. Percebendo que o Servo de Deus se interessava por elas,<br />

contaram muito mais do que <strong>Clemente</strong> perguntara. Termina<strong>da</strong> a conversa o<br />

Santo dirigindo-se à Elisa disse: “Que quer mais? a senhora já fez a sua confissão,<br />

pouca coisa falta ain<strong>da</strong>”. Foi água na fervura, a nobre <strong>da</strong>ma caiu em si,<br />

reconheceu que suas dúvi<strong>da</strong>s não passavam de preconceitos, estreiteza de<br />

idéias, orgulho herético; estudou ain<strong>da</strong> mais recebendo de <strong>Clemente</strong> instruções<br />

especiais, e poucas semanas depois foram as duas senhoras acolhi<strong>da</strong>s no grêmio<br />

<strong>da</strong> Igreja Católica. Luiza, a esposa de Klinkowström, tornou-se tão piedosa,<br />

que, na expressão de <strong>Clemente</strong>, poderia transportar montes em sua fé tão profun<strong>da</strong>.<br />

A alegria de Klinkowström foi indizível; ao voltar do campo de batalha<br />

abjurou, com prazer, o protestantismo nas mãos de seu amigo.<br />

Elisa e Luiza tinham ain<strong>da</strong> uma irmã solteira, por nome Augusta que, apesar<br />

de conhecer a falsi<strong>da</strong>de do protestantismo e a sublimi<strong>da</strong>de divina <strong>da</strong> Igreja<br />

Católica, não se animava a abandonar a sua religião por ser filha de um pastor<br />

protestante, cuja crença julgava dever seguir por ser ain<strong>da</strong> solteira. Sincera e<br />

muni<strong>da</strong> de boa vontade expôs to<strong>da</strong> a dificul<strong>da</strong>de a S. <strong>Clemente</strong> e mais algumas<br />

coisas que a desanimavam. A primeira dificul<strong>da</strong>de que a abatia era o dever de,<br />

como católica, adorar o papa, porque ela só adorava Deus, Criador do céu e <strong>da</strong><br />

terra, e não podia prestar essa homenagem a uma criatura, como fazem os<br />

católicos segundo o catecismo.<br />

<strong>Clemente</strong> sorriu-se, com to<strong>da</strong> paciência fê-la ver que, segundo o catecismo,<br />

nós só adoramos Deus e mais ninguém, pois que o contrário seria crime de<br />

idolatria, e que por isso, se ela se fizesse católica, não precisaria adorar o papa,<br />

mas respeitá-lo e obedecer-lhe como representante de N. Senhor. — Uma outra<br />

dificul<strong>da</strong>de impedia-lhe a entra<strong>da</strong> na Igreja Católica: não lhe era possível<br />

gostar dos paramentos com que os padres celebram por terem a forma de<br />

rabecão. O Servo de Deus revestiu-se ain<strong>da</strong> de paciência e respondeu, que<br />

isso não tinha importância e que ela podia ser católica fervorosa e achar feios e

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