18.04.2013 Views

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

convenceu-se de que o caso <strong>da</strong> criança judia era um caso de extrema necessi<strong>da</strong>de,<br />

porque do contrário, a criança nunca seria batiza<strong>da</strong> e por isso nunca veria<br />

a Deus no céu por to<strong>da</strong> a eterni<strong>da</strong>de. Fechando-se no quarto com a criança,<br />

tomou água limpa e despejando-a sobre a cabeça <strong>da</strong> menina pronunciou ao<br />

mesmo tempo, as palavras: “Eu te batizo em nome do Padre e do Filho e do<br />

Espírito Santo”. Idéia tão geniosa ela nunca a tivera em sua vi<strong>da</strong>, guardou segredo<br />

inviolável e o coração a transbor<strong>da</strong>r de contentamento pela ação heróica<br />

e generosa que acabava de praticar, foi triunfante participar tudo a uma <strong>da</strong>s<br />

Irmãs Ursulinas, que não sabendo o que dizer a respeito, mandou-lhe expor<br />

todo o caso ao Servo de Deus, o que ela fez sem o menor acanhamento, esperando<br />

receber do Santo os mais rasgados elogios. Ao ouvir o caso, porém,<br />

<strong>Clemente</strong> abriu os olhos, mostrando admiração, que não era na<strong>da</strong> sinal de aprovação.<br />

A criança estava batiza<strong>da</strong>, era pois necessário registrar-lhe o nome no<br />

livro dos batizados, participar o caso à autori<strong>da</strong>de, <strong>da</strong>r-lhe uma educação cristã;<br />

ora tudo isso comprometia a pobre emprega<strong>da</strong> que tudo fizera com tão boa<br />

intenção. Que fazer em semelhantes conjunturas? <strong>Clemente</strong> teve uma idéia<br />

singular. Não querendo que a criança batiza<strong>da</strong> fosse educa<strong>da</strong> no ju<strong>da</strong>ísmo e<br />

vivesse como os hebreus, disse à emprega<strong>da</strong>: “Recomendemos o caso a Nosso<br />

Senhor; talvez queira Deus levar a criancinha para o céu. “Em segui<strong>da</strong> pôsse<br />

a rezar e mandou que as Ursulinas também rezassem nesse sentido. E de<br />

fato, poucas semanas depois veio a pequena a falecer e Deus levou-a ao paraíso.<br />

Esse caso encerra uma bela instrução e ao mesmo tempo uma grande<br />

consolação para os pais. A alma vale infinitamente mais do que o corpo, a vi<strong>da</strong><br />

no céu é imensamente preferível à vi<strong>da</strong> terrena cheia de misérias e amarguras.<br />

Quando Deus chama a si uma criança, na flor dos anos, Ele o faz por misericórdia<br />

prevendo talvez a perdição futura <strong>da</strong> criancinha. É pois justo, que os pais se<br />

conformem com as disposições divinas, e longe de se rebelarem contra os juízos<br />

de Deus, se curvem reconhecidos diante Dele, aceitando de suas mãos benignas<br />

essa provação. É escusado dizer que somente por causa <strong>da</strong> salvação <strong>da</strong><br />

alma <strong>da</strong> pequena criança é que S. <strong>Clemente</strong> pedira a Deus, se dignasse tirá-la<br />

deste mundo. Só assim é que nos compreendemos a palavra do Espírito Santo:<br />

“Foi arrebatado para que a malícia não lhe mu<strong>da</strong>sse o entendimento, ou para<br />

que não seduzisse sua alma o aparente” (Sb 4,11).<br />

Prazer especial sentia <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, quando podia preparar alguma criança<br />

para fazer com fruto sua confissão e receber pela primeira vez a santa<br />

comunhão. Entre essas crianças havia uma menina galante chama<strong>da</strong> Carolina<br />

Zichy, filha de uma rica e nobre condessa. Essa menina esteve sob a sábia<br />

direção de S. <strong>Clemente</strong> até a morte dele e sentiu sempre um ardente desejo de<br />

abandonar o mundo e voar para um convento, o que porém não conseguiu, por<br />

ter de tratar de uma tia que dela não podia prescindir; quando esta porém veio<br />

a falecer, Carolina, embora avança<strong>da</strong> em anos, entrou para o convento <strong>da</strong>s<br />

Visitandinas em Bruxelas. Quando menina era ela de uma ingenui<strong>da</strong>de encantadora.<br />

Uma vez numa <strong>da</strong>s aulas de catecismo, S. <strong>Clemente</strong> falou sobre o céu,<br />

mostrou a beleza empolgante, arrebatadora dos Anjos e Santos, animando as<br />

crianças com as palavras: “To<strong>da</strong>s as crianças boas para lá irão, pois que lá<br />

mora Jesus com sua Mãe e os Santos e os Anjos; a beleza do céu é sempre<br />

nova, lá não há doenças nem morte, nem fadigas nem trabalhos, mas só alegria<br />

70<br />

e regozijo em N. Senhor”. A menina era to<strong>da</strong> olhos e ouvidos às palavras fluentes<br />

e interessantes de <strong>Clemente</strong>; de repente porém uma como nuvem sombria<br />

passou-lhe pela fronte. A pequena lembrou-se do seu vestidinho e temendo<br />

não o receber novamente no céu, perguntou interessa<strong>da</strong> ao Santo: “Lá no céu a<br />

gente também tem um vestidinho bonito?” O catequista sorriu-se <strong>da</strong> ingenui<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> interlocutora dizendo-lhe: “Ó tolinha, o mais belo vestido que pudesses<br />

ter neste mundo, não passaria de uma hediondez em comparação <strong>da</strong> glória que<br />

tu receberás um dia no céu”. Esse belo vestido a que se referiu o Santo é a<br />

glória celeste teci<strong>da</strong> dos raios puríssimos do céu, reduzindo às sete cores do<br />

arco-íris, mais fulgurante que o esplendor do sol no auge do seu brilho, é a<br />

graça santificante que nos tornará semelhantes aos Anjos de Deus.<br />

Considerável era a influência exerci<strong>da</strong> pelo Santo sobre as alunas <strong>da</strong>s<br />

Ursulinas, embora não fosse ele o seu professor. As boas irmãs reconhecendo<br />

a fundo a santi<strong>da</strong>de do Diretor espiritual não deixavam facilmente passar uma<br />

ocasião sem levar a S. <strong>Clemente</strong> as numerosas alunas a fim que as abençoasse<br />

e assim a bênção do céu pairasse sobre o instituto. O Santo do seu lado,<br />

grande amigo <strong>da</strong>s crianças, era todo desvelo e solicitude para com as meninas,<br />

que o veneravam e lhe obedeciam como a um pai e protetor. Entre outras havia<br />

uma natural <strong>da</strong> Silésia prussiana, que ouvia sempre com a maior atenção e<br />

interesse os sermões do Servo de Deus deixando seu coração receber em<br />

cheio os ensinamentos tão prudentes e salutares do Santo, os quais a haviam<br />

de acompanhar a vi<strong>da</strong> inteira; não poucas vezes dirigia-se ao Santo para lhe<br />

expor suas dúvi<strong>da</strong>s e receber os seus conselhos e a sua bênção. Terminado o<br />

curso colegial, a pequena teve de voltar para casa; o pai foi buscá-la, mas ao<br />

chegar a hora <strong>da</strong> despedi<strong>da</strong>, a menina pôs-se a chorar, desatou-se em prantos<br />

ao pensamento <strong>da</strong> separação <strong>da</strong>s boas irmãs e <strong>da</strong>s companheiras do colégio, e<br />

mais ain<strong>da</strong>, do seu pai espiritual. De na<strong>da</strong> porém valeram suas lágrimas, foi<br />

forçoso partir; ao aproximar-se do Santo a quem queria agradecer os bons conselhos<br />

e cuja bênção desejava receber pela última vez, não pôde proferir palavra;<br />

soluçando de dor ajoelhou-se aos pés de <strong>Clemente</strong>, que colocando a mão<br />

sobre a fronte <strong>da</strong> menina, levantou os olhos ao céu, como se quisesse arrancar<br />

as bênçãos de Deus para a sua dirigi<strong>da</strong>, e disse: “Minha filha, guar<strong>da</strong> profun<strong>da</strong>mente<br />

em teu coração os ensinamentos recebidos nesta casa; serás sempre<br />

feliz e chegarás a uma i<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong>”. Essa bênção teve efeito duradouro e<br />

as palavras de <strong>Clemente</strong> foram uma profecia que se realizou à risca. A moça<br />

casou-se com o barão de Pongrácz e, sessenta anos depois desse acontecimento<br />

ela ain<strong>da</strong> contava, com gratidão, os benefícios recebidos de seu santo<br />

Diretor. Mais tarde ela deixou tudo escrito afirmando que a devoção a S. <strong>Clemente</strong><br />

se tornara o patrimônio <strong>da</strong> família, que nos transes difíceis sempre recorria<br />

a sua valiosa proteção.<br />

A narração seguinte é mais uma prova do seu zelo pela educação religiosa<br />

<strong>da</strong> infância. “Uma vez, escreve a Irmã Thadéa, encontrou S. <strong>Clemente</strong> um rapaz<br />

completamente abandonado; a fome transparecia de seus olhos fundos e de<br />

suas faces encova<strong>da</strong>s, a pobreza mostrava-se nos farrapos e trapos miseráveis<br />

que o cobriam, o descuido via-se no rosto imundo do pobrezinho; isso tudo<br />

<strong>da</strong>va a entender que o menino não tinha nem podia ter uma educação decente.<br />

Depois de lhe matar a fome, foi conversando com ele pelas ruas de Viena,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!