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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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PARTE PRIMEIRA<br />

Luta pelo sacerdócio (1751-1786)<br />

CAPÍTULO I<br />

No lar paterno<br />

A pátria do Santo — Seu nascimento — Os pais de <strong>Clemente</strong> — Primeiras<br />

dores — É Ele o teu pai... — Ocupações prediletas — Passatempos — O futuro<br />

Apóstolo.<br />

Incontestavelmente um dos mais belos recantos <strong>da</strong> Europa é o sul <strong>da</strong><br />

Morávia, cujas campinas sorridentes se cobrem de on<strong>da</strong>s de trigo e lourejar, e<br />

cujos outeiros ostentam os vinhedos carregados, riqueza principal <strong>da</strong>quela zona.<br />

Tão lin<strong>da</strong> e poética é lá a paisagem que um dos melhores trovadores, depois de<br />

percorrer o mundo e lhe apreciar as belezas, exclamou como que estático diante<br />

dos encantos <strong>da</strong> Morávia: “Aqui quisera eu morar e passar o resto de minha<br />

vi<strong>da</strong>, tão atraente e sedutora me parece esta região, mesmo debaixo <strong>da</strong> neve”.<br />

Ora nesse pe<strong>da</strong>cinho do globo é que, em meados do século XVIII, viviam duas<br />

grandes e piedosas famílias, pobres quanto aos bens de fortuna, porém muito<br />

ricas dos dons sobrenaturais <strong>da</strong> virtude. Uma delas era oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> Boêmia e a<br />

outra, <strong>da</strong> Áustria.<br />

Tasswitz, pequena aldeia não longe de Znaim, era o lugar onde moravam<br />

na mais doce paz e harmonia essas abençoa<strong>da</strong>s famílias. Um jovem cortador,<br />

eslavo de nascimento por nome de Pedro Paulo Dworak, uniu-se em matrimônio<br />

com uma donzela alemã de Tasswitz chama<strong>da</strong> <strong>Maria</strong> Steer. Piedosos ambos<br />

viviam, no seio <strong>da</strong> família, mais contentes e satisfeitos do que se foram<br />

poderosos monarcas, embora não possuíssem senão a pobre casa, em que<br />

moravam, e um pequeno vinhedo com uns campos de trigo, onde derramavam<br />

os suores de seu rosto. Deus abençoou essa união com doze filhos, dos quais<br />

sete voaram para o céu ain<strong>da</strong> crianças; dos cinco sobreviventes <strong>Clemente</strong> foi o<br />

mais novo e o mais santo. O sr. Pedro Paulo Dworak, por ocasião do seu casamento,<br />

mudou o nome boêmio para o de <strong>Hofbauer</strong>.<br />

<strong>Clemente</strong> viu a luz do dia pela primeira vez a 26 de dezembro de 1751<br />

sendo batizado no mesmo dia com o nome do evangelista S. João, que deveria<br />

<strong>da</strong>r e que, de fato, deu a seu protegido, junto com a candura virginal do coração,<br />

o amor acendrado a Jesus Redentor. Esse nome de João foi mu<strong>da</strong>do para o de<br />

<strong>Clemente</strong> alguns anos mais tarde como veremos adiante. Como o Santo é quase<br />

só conhecido com esse segundo nome, nós nesta biografia chamá-lo-emos<br />

<strong>Clemente</strong> e não João.<br />

A mãe do pequeno <strong>Clemente</strong> soube <strong>da</strong>r-lhe uma educação firme mais pelo<br />

exemplo do que por palavras. Em to<strong>da</strong> a redondeza era ela conheci<strong>da</strong> como um<br />

modelo consumado de virtudes, salientando-se entre to<strong>da</strong>s a sua pie<strong>da</strong>de tão<br />

profun<strong>da</strong> quão esclareci<strong>da</strong>; a sua ocupação predileta era a oração; gostava de<br />

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demorar-se na igreja, sempre que suas ocupações domésticas o permitiam;<br />

ajoelha<strong>da</strong> diante de Jesus Sacramentado mais parecia um anjo do que uma<br />

criatura mortal. Termina<strong>da</strong>s as funções do culto, a missa, a reza etc, era ela a<br />

última a deixar o recinto sagrado, sentindo sempre dificul<strong>da</strong>de em abandonar a<br />

presença de Jesus no seu Sacramento de amor. Ao chegar e casa depois <strong>da</strong><br />

missa e <strong>da</strong> sagra<strong>da</strong> comunhão, longe de palestrar com os vizinhos para se<br />

informar <strong>da</strong>s novi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de ou <strong>da</strong>s famílias, encetava logo o trabalho que<br />

se prolongava até a tarde. Em as múltiplas devoções, porém, não se descui<strong>da</strong>va<br />

<strong>da</strong>s obrigações do seu estado; como esposa amava enterneci<strong>da</strong> o marido, e<br />

como mãe olhava desvela<strong>da</strong> para os filhinhos que procurava educar para o céu.<br />

O seu predileto era <strong>Clemente</strong>, porque mais piedoso e de índole mais dócil<br />

que os outros. Desvelava-se a boa mãe em desenvolver cautelosamente no<br />

coração do filhinho os germes do bem, que Deus nele implantara; ensinou-lhe<br />

bem cedo as orações e as devoções, que <strong>Clemente</strong> conservou até o fim <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong>. A boa mãe bem sabia que a pie<strong>da</strong>de não consiste apenas em pronunciar<br />

belas orações, baixar a cabeça, virar os olhos e ter uma aparência singular e<br />

atraente, mas que ela deve apoderar-se de todo o homem encaminhando para<br />

o bem tanto a inteligência como a vontade; eis porque lhe ensinara a abnegação<br />

e a mortificação, insistindo com ele para que amasse o jejum e guerreasse<br />

a vontade própria. To<strong>da</strong>s as vezes que o pequeno <strong>Clemente</strong> se mostrava extraordinariamente<br />

bem comportado, a mãe o recompensava permitindo-lhe jejuar<br />

ou <strong>da</strong>r alguma esmola aos pobres.<br />

Quando Deus ama alguém, não deixa de visitá-lo com sofrimentos e dissabores<br />

para mais o purificar, desprender do mundo e tornar semelhante a seu<br />

divino Filho que tomou sobre si as nossas dores. Ora, sendo a família de <strong>Clemente</strong><br />

agradável a Deus, devia passar desde cedo pelo crisol de duras provações.<br />

Contava o nosso Santo apenas sete anos quando perdeu o extremoso e<br />

carinhoso pai. Fortemente golpea<strong>da</strong> sentiu-se a pobre viúva com a morte do<br />

esposo que idolatrava ,mas como o seu coração era todo de Deus não se deixou<br />

perturbar pelo duro golpe, resignou-se docilmente, beijando com carinho a<br />

mão de Deus que a feria, e depositando to<strong>da</strong> a sua confiança na Providência<br />

que tudo dirige com a maior sabedoria e acerto. O pequeno <strong>Clemente</strong> que,<br />

embora criança, já amava seu pai, chorou sentido a per<strong>da</strong> <strong>da</strong>quele que tanto o<br />

acariciava e tanta ternura lhe mostrava. A pobre mãe tomando-o um dia pela<br />

mão levou-o para a igreja onde se achava um lindo e devoto Crucifixo; mãe e<br />

filho contemplavam resignados o Redentor pendente <strong>da</strong> cruz, haurindo conforto<br />

e alívio <strong>da</strong>s chagas rubras de Jesus. No auge do fervor e <strong>da</strong> fé, a mãe sentiu<br />

subitamente o coração palpitar-lhe fortemente no peito e to<strong>da</strong> enleva<strong>da</strong> disse<br />

ao filhinho apontando para o Cristo pregado na Cruz: “Meu filho, de hoje em<br />

diante é Ele o teu pai, não te afastes nunca do caminho que lhe agra<strong>da</strong>”. O<br />

pequeno <strong>Clemente</strong> compreendeu essa palavra saí<strong>da</strong> dos lábios maternos em<br />

hora tão solene, e conservou-a profun<strong>da</strong>mente grava<strong>da</strong> em seu coração. A recor<strong>da</strong>ção<br />

dessa cena íntima foi para <strong>Clemente</strong>, mais tarde, como que uma fonte<br />

de luz que o conservou no caminho <strong>da</strong> virtude e o confortou em os penosos<br />

transes <strong>da</strong> sua trabalhosa vi<strong>da</strong>.<br />

<strong>Clemente</strong> recebeu de Deus um coração extraordinariamente propenso para<br />

o bem, um coração reto e sincero, que odiava to<strong>da</strong> hipocrisia. Amava sincera-

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