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São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

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volveu-o S. <strong>Clemente</strong> em Viena. Ele mesmo, em pessoa, reunia as crianças <strong>da</strong><br />

grande Ci<strong>da</strong>de, ensinava-lhes as ver<strong>da</strong>des principais <strong>da</strong> religião, instruía-as para<br />

a confissão e a santa comunhão. O Servo de Deus tinha sorte nessas suas<br />

pesquisas para Deus, via-se constantemente rodeado de crianças, que sabia<br />

agra<strong>da</strong>r e atrair, segredo esse que nem todos conhecem. A criança gosta de<br />

agrado e carinho, contanto que proce<strong>da</strong>m de um coração bondoso e sincero, e<br />

o Servo de Deus não regateava os presentes aos pequerruchos: santinhos,<br />

me<strong>da</strong>lhas, frutas e doces eram distribuídos com profusão entre a criança<strong>da</strong>. A<br />

Irmã Thadéa descrevendo o Santo nesse particular conta-nos que “quando o<br />

Servo de Deus an<strong>da</strong>va pelas ruas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, os meninos corriam para ele,<br />

beijavam-lhe as mãos e o rodeavam como um enxame de abelhas; e como<br />

<strong>Clemente</strong> se entretivesse muito alegre e familiarmente com eles, permaneciam<br />

em companhia do Santo um bom pe<strong>da</strong>ço de tempo e, não raro o acompanhavam<br />

até a residência, onde o Servo de Deus os instruía e os presenteava com<br />

santinhos, doces, frutas etc”.<br />

Quem toma em consideração o grande plano que S. <strong>Clemente</strong> se esboçara<br />

para a restauração religiosa <strong>da</strong> Europa, compreenderá facilmente porque é que<br />

o Santo se dedicara à educação <strong>da</strong> infância também nos colégios. É sabido que<br />

os Redentoristas se dedicam, por lei, exclusivamente às missões, aos retiros<br />

espirituais e a outras ocupações congêneres; e a fim que eles possam mais<br />

desimpedi<strong>da</strong>mente dedicar-se à vi<strong>da</strong> apostólica, S. Afonso proibiu-lhes ter a<br />

direção de colégios, de seminários etc. Ora <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> não podia pregar<br />

missões, por a <strong>Congregação</strong> não ser ain<strong>da</strong> reconheci<strong>da</strong> na Áustria e nos outros<br />

países do Norte, e por causa dos tempos turbulentos de então, que não lh’o<br />

permitiam. Com a licença expressa dos seus Superiores <strong>da</strong> Itália, que lh’a concederam<br />

como por exceção, foi-lhe permitido abrir colégios, cui<strong>da</strong>r de orfanatos,<br />

instruir as crianças nas escolas etc. Nesse ponto o zelo de <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong><br />

era inexcedível.<br />

As crianças, sentindo o afeto carinhoso do Servo de Deus, amavam-no<br />

com sinceri<strong>da</strong>de deixando-se influenciar grandemente pela palavra de <strong>Clemente</strong>,<br />

que aceitavam como se fora a palavra do próprio Deus. Ao voltar, uma vez,<br />

para casa numa sexta-feira, <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> teve, como sempre, a companhia de<br />

diversas crianças entre as quais se achava um rapazinho vistoso e de bons<br />

modos, por nome Carlos, filho do Conselheiro de Sua Majestade o imperador<br />

Francisco I. Como era de manhã, o Servo de Deus perguntou ao pequeno, que<br />

é que sua mãe lhe iria preparar para o almoço, ao que o menino ingenuamente<br />

respondeu que iria comer carne etc. como de costume. O Santo não perdeu<br />

vasa de ensinar o pequeno e disse-lhe compassa<strong>da</strong>mente: “Carlito, temos obrigação<br />

de executar todos os preceitos <strong>da</strong> Santa Igreja, e por isso não podemos<br />

comer carne nas sextas-feiras; temos de fazer esse pequeno sacrifício por amor<br />

de Nosso Senhor que morreu por nós em uma sexta-feira” 8 . Em segui<strong>da</strong> pôs-se<br />

a falar, com coração, na Paixão e Morte de Jesus descrevendo-a em vivas cores<br />

de modo acessível às crianças, e no direito que a Igreja tem de nos <strong>da</strong>r suas<br />

leis etc. Por fim o rapazinho depositou um ósculo na mão do venerando sacerdote,<br />

que conquistara um trono em seu pequeno coração, e foi-se para casa. —<br />

A hora do almoço percebeu o pequeno que a cozinheiro preparara carne e<br />

lembrou-se <strong>da</strong>s palavras de <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>; com to<strong>da</strong> a modéstia e respeito<br />

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aproxima-se do pai e diz-lhe: “Papai, hoje eu não como carne”. Supondo que o<br />

pequeno estivesse doente, perguntou-lhe a causa, ao que o menino respondeu:<br />

“É por ser sexta-feira; a Santa Igreja proíbe comer carne no dia de hoje em<br />

memória <strong>da</strong> sagra<strong>da</strong> Paixão de Nosso Senhor”. O pai, despeitado pela lição<br />

que o próprio filho lhe passava, cerrou os sobr’olhos, como que a mostrar superiori<strong>da</strong>de<br />

e a abafar os remorsos <strong>da</strong> consciência, e perguntou: “Quem foi que t’o<br />

disse?” — “O Pe. <strong>Clemente</strong>”. — O nobre senhor indignou-se, enraiveceu-se,<br />

exasperou-se afirmando que nenhum padre man<strong>da</strong>va em sua casa, que não<br />

era o padre que comprara a carne e que não tinha que determinar o que devia<br />

ser preparado na cozinha; em segui<strong>da</strong> com um tom de espantar, dirigindo-se ao<br />

menino, intimou-o: “Põe-te já a comer!” O pequeno pôs as mãozinhas e, os<br />

olhos a derramar lágrimas, pediu ao pai que por amor de Deus o dispensasse<br />

<strong>da</strong>quela ordem. Mais enfurecido ain<strong>da</strong> com a resistência do pequeno, com voz<br />

imperiosa e sobr’olhos carregados diz ao pequeno: “Retira-te <strong>da</strong> minha vista;<br />

hoje não comerás mais coisa alguma”. O menino levanta-se e, os olhos baixos,<br />

arrasados de lágrimas, vai ter com a mãe e enxuga as lágrimas no avental dela.<br />

Enterneci<strong>da</strong> pergunta esta ao filho o que se passara. Ao tomar conhecimento<br />

do caso, consola-o dizendo: “Não chores, meu filho; vou preparar-te uma comi<strong>da</strong><br />

de farinha”. Carlito, porém, sacudindo bran<strong>da</strong>mente a cabecinha inocente<br />

diz: “Não, mamãe, papai disse que eu não comesse na<strong>da</strong> hoje, devo e quero<br />

obedecer-lhe; o Pe. <strong>Clemente</strong> nos disse tantas vezes ‘meninos, obedecei a vossos<br />

pais’; mamãe, não tenho medo, eu agüento passar o dia sem comer”. A<br />

mãe, tomando as dores do filho tão obediente e amoroso, dirige-se ao pai, e<br />

depois de eloqüente filípica pergunta-lhe na certeza do triunfo: “Então queres<br />

que nosso filho morra de fome? carne ele não come, e outro alimento não quer<br />

tomar porque tu lh’o proibiste; isso estão é coisa que se faça?” Ao perceber a<br />

obediência do filho o coração paterno enterneceu-se; o pai chamou o pequeno,<br />

louvou-o dizendo: “Pois bem, meu filho, às sextas-feiras não comerás carne de<br />

hoje em diante, e agora come o que tua mãe te vai <strong>da</strong>r”. O conselheiro do<br />

imperador encheu-se de admiração e respeito para com o Pe. <strong>Clemente</strong> que<br />

soube infiltrar no ânimo <strong>da</strong> criança tanto respeito e obediência aos pais, e em<br />

própria pessoa levou o pequeno a Santa Úrsula para que fosse o coroinha do<br />

Pe. <strong>Clemente</strong>.<br />

O que atraía <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> para as crianças, não era nenhum motivo natural<br />

de sentimentalismo doentio, mas unicamente a inocência que via estampa<strong>da</strong><br />

no rosto <strong>da</strong> criança e que queria conservar e adornar. Nos primeiros anos <strong>da</strong><br />

esta<strong>da</strong> de <strong>Clemente</strong> em Viena deu-se lá um caso edificante, mas singular. Uma<br />

família judia tinha uma emprega<strong>da</strong> católica de grande pie<strong>da</strong>de, mas também de<br />

inconcebível ingenui<strong>da</strong>de. Na família havia uma menina em extremo galante de<br />

seus dois anos de i<strong>da</strong>de. A emprega<strong>da</strong>, amiga íntima <strong>da</strong> criança, contristou-se<br />

com o pensamento de que a menina, embora tão boa e tão formosa, não poderia<br />

nunca entrar no céu por não ser batiza<strong>da</strong>; e esse pensamento a contrariava<br />

e incomo<strong>da</strong>va dia e noite. Por fim julgou encontrar uma solução, que lhe pareceu<br />

uma inspiração do céu. quando criança aprendera nas aulas de catecismo,<br />

que em caso de necessi<strong>da</strong>de qualquer pessoa pode e deve batizar, e isso sem<br />

haver distinção de homem ou mulher, cristão ou pagão, sem padrinhos ou<br />

velas, sem cerimônias e, mesmo, sem ser <strong>da</strong> Igreja. Raciocinou, como pôde, e

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