18.04.2013 Views

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

tar to<strong>da</strong>s as semanas. Enquanto, prostrado diante do altar, fazia suas preces à<br />

Mãe de Deus, compreendeu o mal <strong>da</strong> sua precipitação, arrependeu-se; quisera<br />

voltar, mas a sua posição de Superior não lhe permitia rebaixar-se diante de<br />

seus súditos. <strong>Clemente</strong> esperou que os padres arrependidos o fossem procurar.<br />

Seria essa a melhor solução; mas os dois padres nem se lembravam disso.<br />

Com o coração pesado e pesaroso levantou-se e devagar e pensativo dirigiu-se<br />

ao norte <strong>da</strong> Áustria rezando sempre. Já estava longe quando ouviu um rumor<br />

como de alguém que se aproximava: eram os dois padres que arrependidos lhe<br />

suplicavam que voltasse para casa. Nunca acedera <strong>Clemente</strong> de tão boa vontade<br />

a pedido algum como dessa vez. De caminho para Viena disse <strong>Clemente</strong>:<br />

“Infelizmente eu sou assim; dou graças a Deus que tenho esse defeito porque<br />

do contrário eu poderia ser tentado a beijar-me as próprias mãos por pura vai<strong>da</strong>de<br />

e consideração para comigo mesmo”.<br />

Em geral, porém, <strong>Clemente</strong> combatia-se e procurava tratar a todos com a<br />

maior mansidão possível a exemplo do divino Mestre. Um rapaz de seus 19<br />

anos, de muita boa vontade, mas de uma susceptibili<strong>da</strong>de única, desejava ardentemente<br />

tornar-se redentorista; pediu a <strong>Clemente</strong> que o recebesse e o Santo<br />

colocou-o entre os seus discípulos. Aconteceu que havendo o moço cometido<br />

uma falta qualquer, <strong>Clemente</strong> repreendeu-o como de costume não com luvas<br />

de pelica mas com termos claros e concisos. O jovem indignou-se interiormente,<br />

fechou carranca e silencioso retirou-se para seu quarto, onde se pôs a<br />

meditar sobre a injustiça <strong>da</strong> repreensão recebi<strong>da</strong>. Não demorou muito bateram<br />

à porta; era <strong>Clemente</strong> que ia ter com o moço; não tinha já a severi<strong>da</strong>de no olhar<br />

e no rosto, mas o sorriso nos lábios e um papel na mão; chegou-se e levantando<br />

um pouco a fronte ao jovem perguntou-lhe em tom suave: “Você conhece este<br />

cântico? vamos cantá-lo juntos” e em segui<strong>da</strong> lançou-lhe um olhar de ternura<br />

como se dissesse: “Não seja mau, eu não quis magoá-lo” <strong>Clemente</strong> pôs-se a<br />

cantar e o jovem acompanhou-o: era um dueto abençoado. No fim do cântico o<br />

moço estava outro, alegre e satisfeito.<br />

<strong>Clemente</strong> era não só respeitado mas também amado de seus súditos; alguns<br />

até quase se tornaram fanatizados por ele devido às boas quali<strong>da</strong>des do<br />

seu coração, como o provam as cartas dos súditos ausentes, que manifestam<br />

as sau<strong>da</strong>des e o desejo ardente de tornar a ver o pai e abraçá-lo ternamente. —<br />

<strong>Clemente</strong> conseguiu conservar o bom espírito entre os seus, conduzindo-os<br />

com brandura e energia à própria fonte: Jesus Sacramentado. Educou-os para<br />

a oração que dá força e coragem; na meditação de manhã, era ele quem fazia<br />

muitas vezes a consideração em voz alta. “Na meditação <strong>da</strong> manhã, escreve<br />

Czech, <strong>Clemente</strong> nos inspirava seu espírito, o seu amor a Jesus e <strong>Maria</strong>, a sua<br />

dedicação à <strong>Congregação</strong> e o seu zelo para to<strong>da</strong>s as virtudes”. É essa a chave<br />

de todo o segredo.<br />

CAPÍTULO XIII<br />

68<br />

O amigo <strong>da</strong>s crianças<br />

Porque amava a infância — O enxame de crianças — Honrosa excepção<br />

— Carlito obediente — A criança judia batiza<strong>da</strong> — O mais belo vestido — As<br />

alunas <strong>da</strong>s Ursulinas — Lição a um professor — O Colégio dos nobres — Promessas<br />

do arquiduque.<br />

Sendo certo que <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, em seu zelo apostólico, não se descuidou<br />

de nenhuma classe social procurando levá-la a Jesus, se trabalhou incansavelmente<br />

pela conversão dos pecadores, parece ter-se distinguido ain<strong>da</strong> mais no<br />

amor às crianças. E quem o diria! ele, o homem de têmpera de aço, de força<br />

máscula, de planos gigantescos, de relações íntimas com as ro<strong>da</strong>s mais aristocratas<br />

de Viena, sentia ver<strong>da</strong>deiro prazer em estar com as criancinhas, em<br />

passar com elas bons momentos de sua labuta apostólica. É que o lema <strong>da</strong> sua<br />

vi<strong>da</strong> era a imitação completa <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> do divino Mestre: e Jesus afagava as<br />

crianças e com elas se entretinha. Além disso <strong>Clemente</strong> subordinava também<br />

essa ativi<strong>da</strong>de ao plano grandioso, que se propusera de restaurar a socie<strong>da</strong>de<br />

pelos princípios sãos do Evangelho. Como for a infância e em geral a moci<strong>da</strong>de,<br />

também será a vi<strong>da</strong> futura; <strong>da</strong>s disposições e <strong>da</strong> educação <strong>da</strong>s crianças dependem<br />

os destinos <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de; e por isso <strong>Clemente</strong> devia começar pela infância.<br />

O Servo de Deus ligava à educação uma importância capital, porque, pensava<br />

ele, se acaso as más companhias vierem mais tarde, conjuntamente com<br />

as paixões, arrastar os pobres corações para o abismo, estes, nos momentos<br />

<strong>da</strong> reflexão e <strong>da</strong> desilusão, facilmente se recor<strong>da</strong>rão do que ouviram ou aprenderam<br />

na infância, e espontaneamente se lançarão nas mãos do Redentor<br />

mu<strong>da</strong>ndo de vi<strong>da</strong>.<br />

Como o Servo de Deus, em todos os seus trabalhos, não procurava senão<br />

o bem <strong>da</strong>s almas e a glória de Deus, gostava dos afazeres, que facilmente<br />

permanecem encobertos aos olhos do mundo; é também por mais essa razão<br />

que se dedicava de um modo todo especial à educação <strong>da</strong> infância. No alto do<br />

púlpito um dos assuntos mais freqüentemente tratados, explicados e inculcados<br />

era a educação dos filhos. “Pais e mães, disse ele uma vez, não vos esqueçais<br />

que é de vós que, em grande parte, depende a bênção ou a maldição <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

humana, porque a vós é que está confia<strong>da</strong> a educação <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de;<br />

formareis uma boa geração se souberdes reprimir a rebeldia de vossos filhos; o<br />

que se semeia no coração <strong>da</strong> criança produzirá fruto na velhice; convencei-vos<br />

de que, se fizerdes o que está em vós, Deus <strong>da</strong>rá o incremento e a prosperi<strong>da</strong>de”.<br />

O leitor ain<strong>da</strong> se recor<strong>da</strong>rá do quanto S. <strong>Clemente</strong> trabalhou e fez para as<br />

crianças, mormente para os órfãos de Varsóvia. Ora esse mesmo zelo desen-

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!