18.04.2013 Views

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

São Clemente Maria Hofbauer (Insigne propagador da Congregação

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de e do erro, de Cristo e Calvino, <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>deira Igreja e <strong>da</strong> falsa, <strong>da</strong><br />

consolação que o católico tem na vi<strong>da</strong> e na morte, e do desespero do calvinismo<br />

que condena os seus adeptos, quer tenham culpa, quer não. Passado um quarto<br />

de hora, <strong>Clemente</strong> chama os amigos com as palavras: “O doente é católico,<br />

vou buscar a santa comunhão”, e ele recebeu o Corpo do Senhor com uma<br />

devoção tal, que arrancou lágrimas dos que presenciaram tão comovente cena.<br />

Depois de quatro horas de oração o enfermo entregou sua alma santifica<strong>da</strong> ao<br />

Senhor. — O irmão do falecido, calvinista como ele, ao saber <strong>da</strong> gentileza de<br />

<strong>Clemente</strong>, julgou seu dever visitar o Santo e agradecer-lhe quanto fizera por<br />

seu falecido irmão. O Servo de Deus compadeceu-se também <strong>da</strong>quela alma e<br />

aproveitou-se <strong>da</strong> ocasião, que Deus lhe man<strong>da</strong>va, para convertê-lo. <strong>Clemente</strong><br />

descreveu ao visitante a morte santa que tivera o jovem barão, e começou a<br />

falar de Calvino cuja vi<strong>da</strong> era cheia de vícios, e que por isso Deus não o podia<br />

ter escolhido para reformar sua Igreja etc. Passa<strong>da</strong> uma hora Carlos Rieger —<br />

assim se chamava ele — estava convertido, era católico; anos depois foi ordenado<br />

sacerdote trabalhando ain<strong>da</strong> muito tempo, em Viena, para a santa causa<br />

de Deus.<br />

Um velho funcionário público vivia em Viena ao lado de sua esposa, senhora<br />

distintíssima, que se desvelava dia e noite, para tornar agradável ao seu<br />

marido a vi<strong>da</strong> doméstica. O funcionário, porém, desejoso de uma vi<strong>da</strong> mais livre<br />

e diverti<strong>da</strong>, começou a sentir-se mal junto <strong>da</strong> sua esposa, cujas virtudes lhe<br />

exprobravam continuamente a vi<strong>da</strong> desregra<strong>da</strong> que levava. Achou melhor divorciar-se<br />

dela, o que fez sem se comover com as lágrimas e os pedidos de sua<br />

santa esposa; filiou-se à maçonaria 7 , que então era proibi<strong>da</strong> por lei na Áustria,<br />

como socie<strong>da</strong>de perigosa que ocultamente trabalha contra o trono e altar, embora<br />

proclame altamente filantropia e altruísmo. A pobre esposa, que tudo perdoara<br />

de coração, orava sem cessar pela conversão de seu marido, e, como<br />

penitente de <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, pediu-lhe que em suas orações não se esquecesse<br />

do infeliz esposo do santo Sacrifício <strong>da</strong> missa. Por uma casuali<strong>da</strong>de qualquer<br />

entrou o velho funcionário em uma igreja durante a pregação de <strong>Clemente</strong>.<br />

Empolgado pela eloqüência, convicção e unção do Servo de Deus, começou a<br />

sentir os remorsos <strong>da</strong> consciência, até que subjugado pela graça fez sua confissão<br />

geral e chamou a esposa para sua companhia depois de lhe pedir humildemente<br />

perdão. Como sua conversão era sincera entregou ao confessor as insígnias<br />

<strong>da</strong> maçonaria, vivendo <strong>da</strong>li por diante como bom católico. Pouco tempo<br />

depois <strong>da</strong> sua conversão, a tuberculose galopante o prostrou, tirando-lhe to<strong>da</strong> a<br />

esperança de restabelecimento. O convertido não se perturbou por isso; estava<br />

bem com Deus e assim poderia com tranqüili<strong>da</strong>de comparecer perante o seu<br />

Juiz Eterno. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> não cessou de o visitar, repeti<strong>da</strong>s vezes, a fim de<br />

assim melhor prepará-lo para a morte. Estando já em seus últimos momentos<br />

<strong>Clemente</strong> apresentou-lhe o Crucifixo, que ele beijou entre lágrimas e soluços<br />

aceitando de boa vontade a morte como expiação <strong>da</strong>s suas numerosas culpas;<br />

chamou sua esposa, agradeceu-lhe as orações, o generoso coração, os carinhos,<br />

e em segui<strong>da</strong> com voz entrecorta<strong>da</strong> de soluços disse-lhe: “Mulher, perdoa-me<br />

to<strong>da</strong>s as mágoas e dissabores que te causei”. E depois de receber o<br />

perdão de Deus e <strong>da</strong> sua esposa, entre os braços de <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong>, expirou<br />

placi<strong>da</strong>mente no Senhor.<br />

62<br />

Milhares de casos semelhantes poderíamos mencionar para a edificação<br />

dos leitores; mas esses bastem como prova <strong>da</strong> solicitude e do amor com que S.<br />

<strong>Clemente</strong> procurava o bem-estar temporal e espiritual, mormente <strong>da</strong>queles que<br />

estavam prestes a ajustar suas contas com Deus.<br />

Quando percebia que seus esforços eram insuficientes, corria a Jesus no<br />

tabernáculo e não o deixava enquanto não sentisse em seu coração o pressentimento<br />

<strong>da</strong> conversão dos pecadores, por quem rezava. Era um outro Israel que<br />

não cedia em sua luta com Deus. Um dia <strong>Clemente</strong> trabalhara em vão na conversão<br />

de um moribundo: recorreu ao pastor de to<strong>da</strong>s as almas, escondido no<br />

sacrário. Era meio-dia, as Ursulinas estavam reuni<strong>da</strong>s no refeitório e a igreja<br />

vazia, inteiramente vazia; <strong>Clemente</strong> julgando-se só, ajoelhou ao pé do altar; sua<br />

oração não era tranqüila como de costume, era santamente violenta: “Senhor,<br />

<strong>da</strong>i-me essa alma... <strong>da</strong>i-m’a eu vo-lo peço; se não m’a derdes irei a vossa Mãe...”<br />

Mais não pôde compreender a Irmã Thadéa que nessa ocasião se conservava<br />

escondi<strong>da</strong> no coro <strong>da</strong> igreja. O rosto do Santo estava banhado em lágrimas,<br />

seus olhos fitos no sacrário, seus braços em forma de cruz, ora levantados, ora<br />

colocados sobre o altar; como que para obrigar a Jesus a conceder-lhe a alma<br />

prostra-se por terra osculando o pavimento sagrado do templo, humilhando-se,<br />

o mais possível, para mover o coração Daquele que disse: “Pedi e recebereis”.<br />

À cabeceira dos enfermos debatia-se muitas vezes para arrancar as almas à<br />

perdição eterna. Disso temos uma prova clássica no exemplo seguinte.<br />

Um oculista, lente <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Viena, intoxicado pelas más leituras<br />

e pelo espírito <strong>da</strong> época abandonou não só a prática <strong>da</strong> pie<strong>da</strong>de, mas também<br />

a fé, homenageando tão somente os sábios racionalistas; alistou-se na maçonaria<br />

e chegou até a negação <strong>da</strong> existência de Deus. Oculista do corpo precisava<br />

de alguém que lhe abrisse os olhos <strong>da</strong> alma. Chamaram o Servo de Deus,<br />

que conhecia remédios para semelhantes males — e o infeliz estava já às portas<br />

<strong>da</strong> eterni<strong>da</strong>de. <strong>Clemente</strong> entrou, e o oculista que se dedicara à estética<br />

desde os tenros anos, fitando o Santo, sua fronte alta, seu rosto espiritualizado,<br />

seus traços nobres, saudou-o: “Na ver<strong>da</strong>de, tem a cabeça de um apóstolo”, ao<br />

que o Santo replicou, pagando na mesma moe<strong>da</strong>: “Na ver<strong>da</strong>de, o sr. tem a<br />

cabeça de um Sócrates”. O doente sorriu, e <strong>Clemente</strong> lhe principiou a falar de<br />

Deus e <strong>da</strong> eterni<strong>da</strong>de. Tudo porém foi em vão. <strong>Clemente</strong> retirou-se de perto do<br />

pecador obstinado, o coração traspassado por uma espa<strong>da</strong> de dor, porém esperançoso<br />

ain<strong>da</strong> de ganhar aquela alma para Deus. Pouco depois volta novamente<br />

o Santo, saú<strong>da</strong> com to<strong>da</strong> a cortesia o doutor oculista que o cumula de<br />

palavras grosseiras, o injuria, protestando contra padres que só sabem enganar<br />

a humani<strong>da</strong>de e não deixam a gente sossega<strong>da</strong> nem na hora <strong>da</strong> morte;<br />

mandou-o retirar-se <strong>da</strong> casa antes que chegasse a polícia. <strong>São</strong> <strong>Clemente</strong> recebeu<br />

todo aquele destampatório com a costuma<strong>da</strong> calma, oferecendo tudo a<br />

Deus pela conversão do pecador obstinado; cheio de bon<strong>da</strong>de aproximou-se do<br />

leito do moribundo com a observação: “Meu amigo, quando alguém vai fazer<br />

uma viagem, leva dinheiro consigo; o senhor vai fazer uma longa viagem, e<br />

despreza os meios que lhe são necessários no caminho: os Sacramentos <strong>da</strong><br />

Igreja; não seja tolo”. O doente enfureceu-se novamente, apontando a porta ao<br />

Servo de Deus. <strong>Clemente</strong> vendo que aquela alma se achava to<strong>da</strong> em poder de<br />

Satanás, retirou-se um pouco, sentou-se em uma cadeira e pôs-se a desfiar as

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!